A Voz da Igreja

"Quem se comunica com multidões, das duas uma: ou abre o leque ou terá que fechar os microfones".

Por Pe. Zezinho

Uma Igreja cristã conseguiu com enorme esforço a concessão de uma emissora de rádio. Uniu forças, aplicou o dízimo e conseguiu uma programação de 24 horas por dia, sem anúncios, exceto os de editoras e de livrarias de sua religião. Determinou que, na programação, só falassem pessoas da sua Igreja, só tocassem músicas da sua Igreja e só divulgassem livros da sua Igreja.

Assim, os fiéis daquela Igreja teriam, 24 horas por dia, a mensagem dos seus pregadores e o cristianismo visto por aquele ângulo. Por isso de 00:00 horas a 23:59 horas do dia, os fiéis recebiam mensagens, louvores, incentivos, promoções, leituras, pregações da sua Igreja.

Ia tudo maravilhosamente bem quando, dois anos depois, caiu drasticamente a audiência e as pessoas deixaram de colaborar nas campanhas e em todas as promoções da emissora. Feita a pesquisa, descobriram porquê: grande número dos que falavam naquela emissora eram pessoas despreparadas.

Tinham sacrificado a riqueza de conteúdo de outras igrejas, jogado fora canções de qualidade de outras igrejas, para, o tempo todo, colocar a voz dos seus três principais pregadores e de novatos totalmente despreparados para evangelizar. Até os mais simples começaram a perceber que a emissora caíra na mesmice. Não havia cultura religiosa; o leque não se abria.

No contacto com outras pessoas e com outras emissoras os fiéis percebiam muito mais conteúdo. O conselho de pregadores demitiu a direção e colocou lá pessoas mais abertas, mais ecumênicas, mais capazes de diálogo com o mundo. A emissora voltou a agradar.

Moral da história: quem se comunica com multidões, das duas uma: ou abre o leque ou terá que fechar os microfones.



(1) Comentário

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''determinou que, na programação, só falassem pessoas da sua Igreja, só tocassem músicas da sua Igreja e só divulgassem livros da sua Igreja''. Sábias palavras...grande padre Zezinho. parabéns pelo artigo!

 
João Bassin em 01 de novembro de 2011 às 18:08