Aborto de caso pensado


Se alguém não crê num criador, é natural que ele se considere criador e dono das vidas que gerou ou fez acontecer. Não havendo alguém acima dele ou da natureza, a decisão soberana e sem contestação é dele: se planta, se colhe, se cultiva, se enxerta ou se mata a plantinha que começa a despontar. Faz o mesmo com o peixe, o cãozinho e o bezerro. Ele decide porque aquela criação lhe pertence. É vida que ele fez!

Lógico, não é? Então por que prestar contas ao Estado e à religião. Nem governantes, nem juízes, nem religiosos devem interferir no que consideram da alçada do casal. O Governo é pago para ajudar e não atrapalhar o casal. Que ofereça hospitais para ela afim de que o aborto seja menos traumático! A religião? Que ela interfira apena na vida dos seus fiéis, porque é isso o que significa fiel... Se eles aceitam, tudo bem! Mas o casal que não crê em alguém maior, não tem que ouvir alguém menor ou do mesmo tamanho.

Então ela decidiu tirar de dentro dela alguém do tamanho de uma unha, porque não estava diante de um alguém. Era apenas um feto que um dia se tornaria pessoa, mas ainda não era. Não faria isso com uma pessoa, mas aquele feto ainda não era um ser humano! Uma semente de manga não é uma mangueira. Seria crime derrubar a mangueira, mas não há nada de errado em impedir um caroço de manga de virar mangueira...

Lógico, não é? Não é o que se ouve em reuniões de senhoras e de casais pró-escolha? Escolhem entre deixar viver ou matar, mas é direito do qual não abrem mão. Os criadores são eles. Criarão uma vida humana se quiserem. Ninguém pode ser obrigado a criar o que não quer.

Pois foi esta lógica que levou uma senhora a dizer na televisão, e não faz muito tempo, que fizera aborto de caso pensado. Descreveu sua situação e a do seu marido na época da concepção e os dois pensaram por uma semana se levariam adiante aquela vida concebida, ou se a abortariam. Afinal, nem eles seriam felizes com um filho indesejado que tivessem que criar, nem a criança seria feliz crescendo numa casa sem os recursos necessários para uma vida a mais... Alegou desemprego dos dois e dificuldades financeiras, na época insuperáveis, para interromper aquele feto.

Lógico, não? Para quem não vê nada além da montanha e não crê que haja mais nada além do que se vê, a decisão só podia ser pragmática e imediatista. Não tinham esperança e, realistas até o último fio de cabelo, decidiram sofrer apenas os dois. Pouparam o feto de futuros sofrimentos, matando-o agora, porque feto não sofre. Se sofre, não reclama! O nascituro já estava na 12ª semana de sua jornada.

Lógico ou ilógico? E desde quando matar é lógico? Esta reflexão é para quem crê em Deus. Se você crê que veio do Criador maior, e até descreve Deus com D maiúsculo, então o dono da sua vida e de todas as vidas é ele. Você não pode interferir numa vida que nasceu do seu afeto, supostamente de um ato de amor e de entrega, porque aquela vida tem dono e os donos não são vocês. Milhões de homens e mulheres tentam, em lágrimas, frutificar e não conseguem. Vocês foram premiados. Uma nova vida se formou em vocês.

Romântico, mas pouco lógico, não é? Então escolha entre o romantismo, a fé, o sentimento e a fria lógica. Mas é a fria lógica que faz os ditadores fuzilarem os inimigos, massacrarem a oposição, calarem os jornalistas, amordaçarem os religiosos, prenderem até os companheiros por vinte anos em fétidos cárceres e aniquilar quem se opôs aos seus projetos de melhoria para o seu país.

O amor que ultrapassa a lógica, perdoa, assume, quer mais vida, dá mais uma chance! Se há quem faça aborto de caso pensado, você que crê assuma, também de caso pensado, o feto que concebeu em hora difícil. Terá salvo mais uma vida humana. E isso não é pouco, em se considerando que eliminar é bem mais fácil do que criar e cuidar!


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