As torres de setembro


Da CNBB

O fatídico 11 de setembro marcou nossa história. Quem enxerga os sinais dos tempos percebe o ensino moral indelével. Dos grandes males Deus tira lições para o bem! Entre confusas contradições e incertezas, as torres gêmeas tornaram-se um signo emblemático do dinamismo da história definindo seus rumos. As torres gêmeas constituem-se um marco histórico contraditório no início do século XXI, que esperávamos esplendoroso.

A hecatombe contrasta com o estágio avantajado da ciência e da tecnologia moderna, convivendo com a ignorância cega do ódio desumano. A forma cruel, primitiva, vingativa, delineia aquele espaço como memorial da contradição do coração do ser humano (humano?).

As torres abatidas revelam quem está por trás. A figura dos déspotas que se julgam acima de todo bem e todo mal. Déspotas são também esquizofrênicos. São árbitros e algozes de quem lhes ameacem conquistar o poder. A sede insaciável do poder pelo poder os levou a utilizar a ciência e a tecnologia para destruir, não para promover a solidariedade fraterna, a finalidade natural de todo líder autêntico.

Déspotas criam impérios totalitários. Conseguem manter-se no poder pelas vias da ameaça, perseguição e terror. As torres gêmeas simbolizam a disputa acirrada pela hegemonia do poder financeiro. O dinheiro e o poder são os propulsores do velho esquema da violência. Desde que mundo é mundo, a grana multiplica ódio e provoca divisões entre os povos.

A mentalidade retrógrada dos déspotas encarna o atraso dos povos. Sempre seremos tentados a praticar a violência, na ilusão de garantia de autonomia e liberdade. O inimigo encontra-se dentro de casa, diz um sábio ditado, significando o nosso interior, nosso coração. Num ambiente de trabalho há quem planeje derrubar o colega, como se fossem torres gêmeas.

Quem não ama a si próprio, de verdade, afasta-se dos outros e não conseguirá amar os outros que são diferentes. Quem ama somente para tirar vantagens é oportunista. Quem se afasta do convívio humano será tentado a praticar atos desumanos. Quem não ama permanece na morte! Muitos desconhecem o amor de Deus e, por isso, não amam a si nem a ninguém.

Se os pais se omitem, quem haverá de transmitir valores éticos e morais aos filhos? Eles correrão o risco de levar a vida na base da disputa de interesses egoístas, criando mentalidade adversa à partilha dos bens familiares e sociais. Sem o exercício prático do amor de Deus, vivido como serviço aos nossos semelhantes, nossa tendência será reproduzir esquemas de rivalidades que geralmente têm duas vertentes: orgulho e sensualidade.

Jesus encarnou-se assumindo a condição de servo para curar nossa humanidade desequilibrada e para libertar a humanidade das contradições. Jesus veio reunir os filhos e povos de Deus dispersos pelo ódio, fonte das contradições. Jesus veio para restaurar a imagem da semelhança divina que a humanidade desfigurou e abrutalhou.

Dom Aldo Di Cillo Pagotto


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