Cuidado: o céu pode ser o inferno!


Dom Redovino Rizzardo, cs

Não faz muito, um amigo me enviou um bonito conto de Paulo Coelho. Transcrevo-o – comentando-o e adaptando-o – para os leitores que não o conhecem.

Um homem caminhava tranquilamente, acompanhado de seu cavalo e de seu cão. Ao passarem perto de uma árvore, aconteceu o pior: caiu um raio e os três morreram na hora.

O pobre homem, porém, não se deu conta de que já tinha deixado este mundo, e prosseguiu o seu caminho com os dois animais. (Às vezes, os mortos demoram certo tempo antes de tomarem consciência da sua nova condição…).

O sol brilhava intensamente e, colina acima, o caminho se tornava muito longo; os viajantes estavam suados e sedentos. Numa curva do caminho, viram um magnífico pórtico de mármore, que conduzia a uma praça pavimentada, com portais de ouro.

O caminhante dirigiu-se ao homem que guardava a entrada e o saudou:

«Bom dia! Como se chama este lugar tão bonito?» «Aqui é o Céu!» «Que bom termos chegado ao Céu, pois estamos cansados e sedentos!» «Você pode entrar e beber quanta água queira». E o guardião apontou a fonte. «Mas o meu cavalo e o meu cão também têm sede...». «Sinto muito» – respondeu o guarda –, «mas aqui não é permitida a entrada de animais».

Sem nada retrucar, o homem levantou-se com grande desgosto, visto que tinha muita sede, mas não queria beber sozinho. Agradeceu ao guardião e seguiu adiante.

Depois de caminhar um bom pedaço de tempo encosta acima, já exaustos, os três chegaram a outro sítio, cuja entrada era assinalada por uma porta velha, que dava para um caminho de terra ladeado por árvores. À sombra de uma das árvores estava deitado um homem, com a cabeça tapada por um chapéu. Provavelmente dormia.

«Bom dia!», disse o caminhante. O homem respondeu com um aceno. «Temos muita sede, o meu cavalo, o meu cão e eu». «Há uma fonte no meio daquelas rochas», disse o homem apontando o lugar. «Podem beber toda a água que quiserem». O homem, o cavalo e o cão foram até à fonte e mataram a sua sede. O viandante voltou atrás para agradecer ao homem. «Podem voltar sempre que quiserem», respondeu este. «A propósito, como se chama este lugar?», perguntou o caminhante. «Céu». «Céu? Mas o guarda do portão de mármore disse que o Céu era lá atrás!». «Lá não é o Céu, é o Inferno», explicou a sentinela. O caminhante ficou perplexo e preocupado: «Deveriam proibir-lhes de utilizar esse nome! É uma informação falsa, que deve provocar muitas confusões!». «De modo nenhum», respondeu o vigia. «Na realidade, eles nos fazem um grande favor, porque ficam ali todos os que abandonam os seus amigos». Com essa conclusão, Paulo Coelho sintoniza com uma recomendação dada pela Bíblia: «Nunca abandones teus amigos!» (Pr 27,10). Com efeito, para ela, «o amigo fiel é refúgio seguro; quem o encontra, encontra um tesouro. O amigo fiel não tem preço: seu valor é incalculável. O amigo fiel é bálsamo que cura. Quem teme ao Senhor terá amigos verdadeiros, pois tal e qual ele é, assim será o seu amigo» (Eclo 6, 14-17).

Muito acertadas e felizes as palavras do autor sagrado: «Tal e qual ele é, assim será o seu amigo». Seus amigos são o espelho do que você é, pensa e vive! Não era isso que afirmavam os antigos ao advertirem: «Dize-me com quem andas e eu te direi quem és?». Os amigos que escolhemos revelam as opções de vida que fazemos...

Há pessoas que vivem se queixando porque ninguém gosta delas, sem amigos que as compreendam e apoiem. Contudo, o que deveriam é se perguntarem: o que faço eu para ser um amigo de verdade? Mas, o que significa ser amigo de verdade? Ninguém melhor do que Jesus revelou a resposta certa: «Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos. Vós sois meus amigos se fizerdes o que estou pedindo. Já não vos chamo de servos, pois o servo não sabe o que o seu patrão faz. Eu vos chamo de amigos porque vos comuniquei tudo o que recebi de meu Pai» (Jo 15,13-15).


(4) Comentários

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Muito bom texto! Eu sempre tive dúvidas de se os animais tinha almas.. Agora eu sei que tem!

As pessoas que não são amigas dos animais vão pro inferno mesmo, porque é só ver o que tã ofazendo hoje em dia com os animais! Deus concertesa manda eles pro inferno..

Só uma dúvida que se alguem pode me esclarecer é sobre a vida e morte.. Porque eu acredito em espíritos na terra. Sempre me ensinaram assim.. Mas conversando me falaram que não existe espíritos vagando na terra. Agora já nao sei. Mas pelo texto, ja to mais esclarecido.. Eles estão mesmo entre nós, que nem no filme do chico xavier...

Interessantissimo! Parabens!
Obrigado! Me ensinou bastante!
amem?




 
João Pedro em 05 de abril de 2011 às 14:20

O texto de Paulo Coelho tem elementos incompatíveis com a doutrina católica. A primeira parte fala do morto que continua pensando que está vivo é fundamentada em doutrina espírita. Outro problema é o representante do céu dizendo que o inferno faz um favor quando fica com os que abandonam os amigos. Pelo que sei Deus não quer a perdição, mas a salvação das pessoas. É só ler o Catecismo da Igreja Católica - sobre o Juízo particular - que dá para ver que Paulo Paulo está destoando da doutrina católica. Não sei se vale a pena usar um texto como esse para falar do valor da amizade. Existem melhores na própria Igreja.

 
Vitor Nunes em 04 de abril de 2011 às 17:14

parabens dom redovino que linda essa reflexao ,principamente nesse momento de quaresma e um exemplo para nos vivenciar nao e mesmo !!!!!???/gostaria q sempre tivesse pensamentos edificantes como esse q so faz crescer ...abraços fraterno de paz e bem !!!

 
Mariá Mattos em 23 de março de 2011 às 11:19

parabens ! muito lindo este proberbio. gostaria de continuar à recebe-lo em meu E-mail

 
jose antonio em 07 de março de 2011 às 15:43