O veneno nosso de cada dia!


Da Diocese de Dourados

No início de outubro, os noticiários do Mato Grosso do Sul informaram que, devido ao crescimento vertiginoso de cancerosos e à escassez de postos de atendimentos no Estado, continua em ritmo crescente a romaria de doentes para Barretos, no interior de São Paulo. De janeiro a setembro deste ano, foram 2.474 os pacientes sul-mato-grossenses que se deslocaram para aquela cidade.

Dentre as causas do aumento da doença, uma das principais é o consumo de agrotóxicos e o consequente envenenamento da natureza. O recurso aos inseticidas, herbicidas e fungicidas dobrou nos últimos dez anos. De acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola, no ano passado, mais de um bilhão de litros de venenos foram jogados nas lavouras brasileiras. O nosso país ocupa o primeiro lugar na lista de países consumidores desses produtos químicos.

Com sua aplicação nas lavouras no Brasil, os agrotóxicos deixam de ser uma questão econômica e se transformam num problema de saúde pública. Não é apenas a sobrevivência do ser humano que está em perigo, mas também do meio-ambiente e do planeta Terra. Se morrem as lagartas e as ervas daninhas, morrem também as águas, as plantas, as aves, os animais e... o próprio ser humano! O que se verifica é um suicídio coletivo, do qual poucos parecem se dar conta.

Como se sabe, em todo o mundo, a produção e a venda de sementes são controladas por apenas seis ou sete indústrias. Elas são manipuladas, de forma que nenhum cultivo é possível sem a ação de venenos e de fertilizantes químicos.

Outra fonte de envenenamento do homem e da natureza é a grande concentração de mercúrio presente no ecossistema e na cadeia alimentar. Os garimpos da floresta amazônica põem em risco a sobrevivência da população local, já que as águas, os peixes e as matas acabam contaminados. Como se tudo isso não bastasse, a nutricionista Michelle Schoffro Cook – membro da Organização Internacional de Consultores de Nutrição, da Sociedade Internacional de Medicina Ortomolecular e da Sociedade Canadense de Medicina –, acaba de divulgar a lista dos “dez piores alimentos de todos os tempos”. Apesar de ignorar se são realmente os mais nocivos, não me furto à tentação de enumerá-los...

O primeiro é o refrigerante diet. Além dos problemas comuns aos congêneres, as versões diet produzem efeitos parecidos com alzheimer, epilepsia e esclerose múltipla.

O segundo é... o próprio refrigerante. Uma latinha possui, em média, 150 calorias, entre 30 e 55 mg de cafeína, corantes artificiais e sulfitos. Talvez foi por isso que, em artigo publicado no dia 24 de outubro, a revista “Injury Prevention” sugere que o alto consumo de refrigerantes entre os adolescentes influi na sua agressividade. O terceiro são os donuts. Dotados de muita gordura trans – a pior que se possa ingerir –, eles provocam doenças cardíacas, câncer, diabetes e obesidade.

O cachorro-quente é o quarto. Seu vilão é a salsicha, rica em nitrito de sódio, uma substância que aumenta o risco de hipertensão e de câncer no pâncreas e no intestino.

O quinto é o bacon. Seu consumo favorece o aparecimento de doenças cardíacas em 42%, e de diabetes em 19%.

O sexto são os salgadinhos de batata. Por não conterem nem vitaminas nem minerais, não trazem nenhum benefício nutricional; apenas gorduras... A batata frita é o sétimo alimento a ser evitado por exceder em gorduras trans e acrilamida e ser uma substância cancerígena.

O oitavo são as pizzas. Não todas são nocivas à saúde, mas apenas as congeladas, devido aos conservantes. A farinha branca usada na massa é logo absorvida pelo organismo e transformada em açúcar.

O nono lugar é ocupado pelos salgadinhos de milho. Provocam obesidade e aumentam o nível de açúcar no sangue.

O último é o sorvete. Seus açúcares, aromatizantes artificiais, corantes e gordura trans aumentam o nível do colesterol ruim.

A todos esses problemas, uma das respostas mais inteligentes é a produção e o consumo de produtos orgânicos. Mas, toda essa contaminação em andamento na sociedade e na natureza não será fruto da contaminação que se aninha no coração humano? Se somente «os puros de coração veem a Deus» (Mt 5,8), é neles que se deve investir para salvar a criação...

Dom Redovino Rizzardo, cs
Bispo da Diocese de Dourados



(1) Comentário

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Parabéns pela reflexão. Agora me sinto fortalecido para continuar a divulgação de formas alternativas ao processo de destruição em que se encontra a agricultura no Brasil e no mundo.
Obrigado!

 
Antonio Weber em 28 de outubro de 2011 às 22:28