O sinal da anencefalia
O Concílio Ecumênico Vaticano II em sua atualidade nos convida a perceber os “sinais dos tempos” e irradiar a Luz de Cristo aos homens e mulheres de todos os séculos, isso significa que a Igreja, que resplandece a vitalidade de Cristo, deve orientar e iluminar as ações e decisões dos homens a fim de que estes não firam os princípios da reta racionalidade. A Igreja, portanto se coloca a serviço da vida do homem em sua totalidade.
É impressionante saber que em plena oitava da Páscoa o supremo tribunal irá colocar em julgamento a possibilidade da descriminalização do aborto em caso de anencefalia. Diante deste antagonismo precisamos perguntar sobre qual princípio a sociedade contemporânea pretende ser regida, ou melhor, qual princípio está orientando as suas escolhas: o princípio de vida ou o princípio de morte? Esta pergunta nos remete ao Dt 30, 19: “Diante de ti coloco a vida e a morte. Se escolhes a vida, viverás, mas se escolhes a morte, morrerás.” Nós sabemos que tudo aquilo que está implicado traz implicações, deste modo, o que escolhemos determina o nosso modo de ser e de agir.
Descartar uma criança com anencefalia nos leva a questionar sobre o real valor da pessoa humana. Ao admitir esta possibilidade estamos afirmando que o material, isto é, o biológico determina totalmente o ser pessoa, porém nos esquecemos que a materialidade é uma das suas dimensões. No fundo o problema não é com a anencefalia, mas com o modo que compreendemos a dignidade do ser humano. Contudo, podemos tentar resgatar uma correta compreensão de ser a partir do ser anencefálo. Para isso, coloco a seguinte pergunta: Será que uma criança com anencefalia, em sua brevidade existencial, não tem algo a dizer ou a ensinar àqueles que defendem e promovem o aborto? Quem de fato é “anencéfalo”? Quem, então deveríamos abortar? Tendo em vista que a Igreja é contra toda e qualquer prática abortiva sugiro, portanto, que devemos abortar a Ideia da discriminalização do aborto de anencéfalos.
Fernando Lorenz
Licenciado em Filosofia pela Universidade Católica Dom Bosco e graduando em Teologia pelo Instituto Teológico João Paulo II em Campo Grande/MS. Seminarista da Diocese de Dourados.
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