Do Oriente à America Latina


Pe. Crispim Guimarães
Pároco da Paróquia Cristo Rei – Laguna Carapã

No mundo globalizado as notícias circulam de modo concomitante, às vezes, mais visíveis para quem está longe do que para quem está perto, pois sobre o ângulo das imagens, a TV, por exemplo, é capaz de trazer o mundo para dentro da nossa casa e, por conseguinte, para dentro do nosso imaginário.

Nestes dias, acompanhamos uma avalanche de protestos no Oriente Médio, conhecida pela presença nefasta de ditadores à décadas no poder. Este lugar geográfico do planeta tem como característica a presença religiosa da população muçulmana, até então complacente com tais governantes.

Ao falar de revoltas e mostrá-las insistentemente, a grande média não o faz de modo a demonstrar que tais governos também foram eleitos e que usaram de vários artifícios, estes sim, ditatoriais para se manterem no poder. Outros, como é o caso da Líbia, de Muammar Gaddafi, onde mesmo se fez ditador derrubando uma realeza e prometendo democracia, lá se vão 42 anos de massacre. Outros casos são monarquias teocráticas, às vezes, com séculos governo.

É alentador ver o que ocorre no Oriente Médio, em países da África e Ásia, de fato, o desejo de liberdade humana não pode ser suplantado. Nesta região, um caso a ser explorado é o Irã, onde há eleições para o parlamento, mas o país é governado com mãos de ferro pelos Aiatolás, onde a liberdade de expressão e religiosa não pode se comparar a muitos países onde se vive sob as mais ferrenhas ditaduras. País, inclusive, muito defendido pelo Brasil, como democracia.

Mas e a nossa América Latina o que tem a ver com isso? Muitos fatos nos aproximam da realidade propagada nestes dias. Primeiro porque somos um Continente dado às ditaduras, inúmeras nos últimos séculos machucaram nossas nações: Brasil, Chile, Uruguai, Argentina, etc. Mas existem algumas características muito semelhantes ainda hoje no nosso Continente com o Oriente Médio. O que dizer de Cuba? 50 anos governada por um único partido e praticamente por uma mesma pessoa, Fidel Castro, onde existem incontáveis presos políticos que, por discordarem do governo, são mantidos na cadeia como criminosos. Qual diferença da Líbia? A Vezenuela, sob Chaves, que muda a Constituição quando se sente ameaçado, que usa as eleições para manipular, expulsar do país seus críticos, fechar canais de TV, jornais, etc., poderia se considerada uma democracia? É bom lembrar que foram estes governos, agora contestados nas ruas, aqueles que o Venezuelano mais se aproximou durante o seu “reinado”, sim, reinado, porque ele não admite outra coisa, a não ser o chefe supremo da nação. O Irã é seu grande parceiro! O que não dizer da Nicarágua? Da Bolívia? Esta que presenciou momentos de intensos protestos contra o atual governo.

Destas considerações, surgem outras interrogações. Onde estão os Governos, Brasileiro, Argentino, e todos os outros alinhados com o pensamento da esquerda continental, que não protestam contra os massacres que ocorrem nestes países, como fizeram com Manuel Zelaia, em Honduras, quando este quis desobedecer a Constituição? Ao contrário, as mesmas atitudes ditatoriais no nosso Continente, são defendidas como expressões de defesa dos povos latinos americanos!


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