Bebidas em festas católicas

Na maioria das vezes, a venda está associada ao lucro em prol das nossas obras.

Por Pe. Crispim Guimarães

A psicóloga e professora universitária, Silvia Muraki, na sua dissertação de mestrado, muito trabalhou pesquisando a vida de pessoas envolvidas com drogas lícitas e ilícitas, dentre as chamadas lícitas encontramos as bebidas alcoólicas, que viciam assim como as outras, e talvez, por serem permitidas podem até provocar maior mal que as demais. A comprovação científica constatou que muitos que dizem beber socialmente, na verdade já são viciados, e imaginei o que seria dizer “fumo maconha socialmente” ou “cheiro cocaína socialmente”.

Há muito tempo discutimos a moralidade da venda de bebidas alcoólicas em festas católicas. Na maioria das vezes, a venda está associada ao lucro em prol das nossas obras. Muitos são os fiéis que se comportam dignamente nestes momentos, mas aparecem alguns que, infelizmente, nem sempre bebem dentro dos chamados limites do socialmente correto.

Bem, além daquilo que conhecemos como beber socialmente, que pode estar muito longe da realidade, quero partir para outra reflexão, que a meu ver é mais importante, falo da imagem de uma instituição que é a maior responsável no Brasil (se não no mundo) pelos estabelecimentos de recuperação; ninguém trabalha tanto com dependentes químicos, dentre os quais os alcoólatras, como a Igreja Católica, cito só como exemplo, as “Fazendas da Esperança”, com dezenas de obras espalhadas pelo Brasil e pelo mundo, onde milhares de pessoas já reencontraram sua libertação.

Como pregar para jovens alcoólatras que se recuperam nas nossas obras e depois retornam amando a Igreja e vão participar justamente das nossas festas que vendem bebidas para sustentar suas atividades? Como dizer que isto é ruim se a própria Instituição a incentiva? Mas não terminamos a reflexão com estas perguntas. Recentemente um juiz, na Assembleia da Diocese de Dourados, nos chamou a atenção para a questão, porque nós criticamos a sociedade que vende, e através da bebida em excesso, vemos acidentes, assassinatos, etc.

E se ocorrer um problema nos nossos ambientes paroquiais exatamente por causa da bebida?

Diante desta pergunta surgiu outra questão, pois se acontecer um problema seja por bebida ou não, seremos penalizados, isto é fato.

Mas a pena, salientou o juiz, por exemplo, para quem cometeu um acidente de trânsito é uma, e para quem cometeu um acidente de trânsito alcoolizado é bem maior, não seria diferente nas igrejas.

Outra consideração que muitos usam, é que não vão mais ajudar a Igreja se esta abolir a bebida.

Meus irmãos, se eu deixar de ajudar a Igreja ou até abandoná-la porque esta não vende bebidas nas suas festas, isto sim caracterizaria uma surpresa desagradável, pois o correto seria o contrário, deixar de ajudar porque introduzimos a bebida, ou deixar a Igreja porque acreditamos que ela não oferece bons exemplos se suas festas forem regadas a bebidas, até aí seria compreensível deixá-la.

Como fica um pai de família que está se recuperando deste vício, ou um jovem, dependente que, não pode vir a uma festa paroquial porque muitos bebem? Estamos excluindo alguns ou impedindo que outros viciados que ainda não largaram, não encontrem justamente na Igreja este exemplo.

Não podemos esquecer, não é a bebida que dá lucro, temos como provas várias igrejas que já trabalham sem este artifício e o lucro não diminuiu, ao contrário, aumentou, o que diminuiu foi o trabalho daqueles que estão à frente.

De agora em diante, toda a Diocese de Dourados vai se empenhar, para progressivamente, e com conscientização, tirar das nossas festas as bebidas alcoólicas, sem atropelo. Portanto, não é mais a decisão de um padre, mas da Igreja, é também fruto do bom senso.

Pe. Crispim Guimarães
Pároco da Cristo Rei, Laguna Carapã


(1) Comentário

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VERDADE PADRE CRISPIM devagar mas com uma boa consientizaçao penso que como catequistas poderiamos fazer um bom trabalho a nivel de diocese com nossos catequisandos se o senhor tiver algum material que possa ajudarnos pode nos enviar um abraço CICERA PAROQUIA BOM JESUS

 
cicera maria froes ariose em 07 de abril de 2011 às 11:46