07 de abril

São João Batista de La Salle

Nasceu na França, em Reims, no ano de 1651, dentro de uma família abastada. Perdeu muito cedo seus pais, e foi ele, com este amor alimentado na oração, na vivência dos mandamentos, na vida sacramental, que educou os seus irmãos. E o carisma da educação foi brotando naquele coração chamado à vida religiosa e sacerdotal.

Estudou em Paris, e deu passos concretos de encontro às necessidades no campo da educação: cuidar e educar de maneira virtuosa os homens. Sendo assim, foi uma resposta de Deus para a Igreja.

La Salle teve uma santidade reconhecida pela sociedade. Doze ‘irmãos’ se uniram a ele nesse projeto de Deus. Esse sacerdote, centrado na Eucaristia, teve suas escolas populares espalhadas pela França, Europa, e hoje, pelo mundo.

São João Batista de La Salle, fundador dos “irmãos das escolas cristãs”, nos prova que quando se tem uma inspiração, e como Igreja, ela fará bem à sociedade, vale a pena nos doarmos, mesmo que a incompreensão nos visite.

Faleceu com quase 70 anos, e é intercessor dos mestres e educadores, para que sejamos na sociedade um sinal de esperança.

São João Batista de La Salle, rogai por nós!


Leitura

Leitura(Daniel 13,1-9.15-17.19-30.33-62 ou 41-62)

Naqueles dias, 13 1 havia um homem chamado Joaquim, que habitava em Babilônia. 2 Tinha desposado uma mulher chamada Suzana, filha de Helcias, de grande beleza, e piedosa,

3 porque havia sido educada segundo a lei de Moisés por pais honestos.

4 Joaquim era sumamente rico. Junto à sua casa havia um pomar. Os judeus reuniam-se freqüentemente em casa dele, porque gozava de uma particular consideração entre seus compatriotas.

5 Haviam sido nomeados juízes, naquele ano, dois anciãos do povo, aos quais se aplicava bem a palavra do Senhor: "A iniqüidade surgiu, em Babilônia, de anciãos juízes que passavam por dirigentes do povo".

6 Esses dois personagens freqüentavam a casa de Joaquim, aonde vinham consultá-los todos aqueles que tinham litígio.

7 Lá pelo meio-dia, quando toda essa gente tinha ido embora, Suzana vinha passear no jardim de seu marido.

8 Os dois anciãos viam-na portanto todos os dias durante seu passeio, tanto que se apaixonaram por ela e,

9 perdendo a justa noção das coisas, desviaram os olhos para não ver mais o céu e não ter mais presente no espírito a verdadeira regra de comportamento.

15 Enquanto calculavam qual seria o momento propício, eis que Suzana chegou como de costume, com duas empregadas, e tomou a resolução de banhar-se, pois fazia calor.

16 Lá não havia ninguém, salvo os dois anciãos escondidos, que a espreitavam.

17 "Trazei-me", disse ela às duas empregadas, "óleo e ungüentos, e fechai as portas do jardim, para eu me banhar".

19 Apenas saíram, os dois homens precipitaram-se em direção de Suzana.

20 As portas do jardim estão fechadas, disseram-lhe, "ninguém nos vê. Ardemos de amor por ti. Aceita, e entrega-te a nós.

21 Se recusares, iremos denunciar-te: diremos que havia um jovem contigo, e que foi por isso que fizeste sair tuas servas".

22 Suzana exclamou tristemente: "Que angústias me envolvem por todos os lados! Consentir? Eu seria condenada à morte! Recusar? Nem assim eu escaparia de vossas mãos!

23 Não! Prefiro cair, sem culpa alguma, em vossas mãos, do que pecar contra o Senhor".

24 Suzana soltou grandes gritos, e os dois anciãos gritavam também contra ela.

25 E um deles, correndo às portas do jardim, abriu-as.

26 Com essa balbúrdia, os criados precipitaram-se pela porta do fundo para ver o que havia acontecido.

27 Os anciãos se puseram a falar, e os criados enrubesceram, pois jamais nada de semelhante fora dito de Suzana.

28 No dia seguinte, os dois anciãos, cheios de criminosas intenções contra a vida de Suzana, vieram à reunião que se realizava em casa de Joaquim, marido dela.

29 Disseram, diante da assembléia: "Mandem buscar Suzana, filha de Helcias, a mulher de Joaquim!" Foram-na buscar,

30 e ela chegou com seus pais, seus filhos e os membros de sua família.

33 Os seus choravam, assim como seus amigos.

34 Os dois anciãos levantaram-se à vista de todos, e pousaram a mão sobre sua cabeça,

35 enquanto ela, debulhada em lágrimas, mas com o coração cheio de confiança no Senhor, olhava para o céu.

36 Os anciãos disseram então: "Quando passeávamos pelo jardim, ela entrou com duas servas; depois fechou a porta e mandou embora suas acompanhantes.

37 Então, um jovem que se achava escondido ali, aproximou-se e pecou com ela.

38 Nós nos encontrávamos num recanto do jardim. Diante de tal desvergonhamento, corremos para eles e os surpreendemos em flagrante delito.

39 Não pudemos agarrar o homem, porque era mais forte do que nós, e fugiu pela porta aberta.

40 Ela, nós a apanhamos; mas quando a interrogamos para saber quem era o jovem, recusou-se a responder. Somos testemunhas do fato".

41 Confiando nesses homens, que eram anciãos e juízes do povo, condenaram Suzana à morte.

42 Então ela exclamou bem alto: "Deus eterno, vós que penetrais os segredos, que conheceis os acontecimentos antes que aconteçam,

43 sabeis que isso é um falso testemunho que levantaram contra mim. Vou morrer, sem nada ter feito do que maldosamente inventaram de mim".

44 Deus ouviu sua oração.

45 Como a levassem para a morte, o Senhor suscitou o espírito íntegro de um adolescente chamado Daniel,

46 que proclamou com vigor: "Sou inocente da morte dessa mulher!"

47 Todo mundo virou-se para ele: "O que significa isso?", perguntaram-lhe.

48 Então, no meio de um círculo que se formava, disse: "Israelitas, estais loucos! Eis que condenais uma israelita sem interrogatório, sem conhecer a verdade!

49 Recomeçai o julgamento, porque é um falso testemunho a declaração desses dois homens contra ela".

50 O povo apressou-se em voltar. Os anciãos disseram a Daniel: "Vem sentar conosco e esclarece-nos, pois Deus te deu o privilégio da velhice!"

51 "Separai-os um do outro", exclamou Daniel, "e eu os julgarei". Foram separados.

52 Então Daniel chamou o primeiro e disse-lhe: "Velho perverso! Eis que agora aparecem os pecados que cometeste outrora em julgamentos injustos,

53 condenando os inocentes e absolvendo os culpados; no entanto, é Deus quem diz: ‘não farás morrer o inocente e o íntegro’.

54 Vamos! Se realmente a viste, dize-nos debaixo de qual árvore os viste juntos?" "Debaixo de um lentisco", respondeu.

55 "Ótimo!", continuou Daniel, "eis a mentira, que pagarás com tua cabeça. Eis aqui o anjo do Senhor que, segundo a sentença divina, vai dividir teu corpo pelo meio".

56 Afastaram o homem. Daniel mandou vir o outro e disse-lhe: "Filho de Canaã! Tu não és judeu: foi a beleza que te seduziu, e a concupiscência que te perverteu.

57 Foi assim que sempre fizeste com as filhas de Israel, as quais, por medo, entravam em relação convosco. Mas eis uma filha de Judá que não consentiu no vosso crime.

58 Vamos, dize-me sob qual árvore os surpreendeste em intimidade". "Sob um carvalho".

59 "Ótimo!", respondeu Daniel, "tu também proferiste uma mentira que vai te custar a vida. Eis aqui o anjo do Senhor, que empunha a espada, prestes a serrar-te pelo meio para te fazer perecer".

60 Logo a assembléia se pôs a clamar ruidosamente e a bendizer a Deus por salvar aqueles que nele põem sua esperança.

61 Toda a multidão revoltou-se então contra os dois anciãos os quais, por suas próprias declarações, Daniel provou terem dado falso testemunho.

62 De acordo com a lei de Moisés, aplicaram o tratamento que tinham querido infligir ao seu próximo: foram mortos. Assim, naquele dia, foi poupada uma vida inocente.

  • Palavra do Senhor!

  • Graças a Deus.


Salmos

Salmo responsorial22/23

Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,

nenhum mal eu temerei, estais comigo.

O Senhor é o pastor que me conduz;

não me falta coisa alguma.

Pelo prados e campinas verdejantes

ele me leva a descansar.

Para as águas repousantes me encaminha

e restaura as minhas forças.

ele me guia no caminho mais seguro,

pela honra do seu nome.

Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso,

nenhum mal eu temerei.

Estai comigo com bastão e com cajado,

eles me dão a segurança!

Preparais à minha frente uma mesa,

bem à vista do inimigo;

com óleo vós ungis minha cabeça,

e o meu cálice transborda.

Felicidade e todo bem hão de seguir-me

por toda a minha vida;

e na casa do Senhor habitarei

pelos tempos infinitos.


Evangelho

Evangelho (João 8,1-11)

— O Senhor esteja convosco.

— Ele está no meio de nós.

— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 8 1 dirigiu-se Jesus para o monte das Oliveiras.

2 Ao romper da manhã, voltou ao templo e todo o povo veio a ele. Assentou-se e começou a ensinar.

3 Os escribas e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher que fora apanhada em adultério.

4 Puseram-na no meio da multidão e disseram a Jesus: "Mestre, agora mesmo esta mulher foi apanhada em adultério.

5 Moisés mandou-nos na lei que apedrejássemos tais mulheres. Que dizes tu a isso?"

6 Perguntavam-lhe isso, a fim de pô-lo à prova e poderem acusá-lo. Jesus, porém, se inclinou para a frente e escrevia com o dedo na terra.

7 Como eles insistissem, ergueu-se e disse-lhes: "Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra".

8 Inclinando-se novamente, escrevia na terra.

9 A essas palavras, sentindo-se acusados pela sua própria consciência, eles se foram retirando um por um, até o último, a começar pelos mais idosos, de sorte que Jesus ficou sozinho, com a mulher diante dele.

10 Então ele se ergueu e vendo ali apenas a mulher, perguntou-lhe: "Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou?"

11 Respondeu ela: "Ninguém, Senhor". Disse-lhe então Jesus: "Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar".

  • Palavra da Salvação.

  • Glória a Vós, Senhor!


Comentário do Evangelho

QUEM NÃO TIVER PECADO...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Não sei se colocaram alguma câmera oculta ou o marido traído contratou algum espião, o fato é que aquela mulher fora pega com a “boca na botija” em flagrante adultério. Que prato cheio para os fofoqueiros de plantão!

Quando ouvimos alguma notícia de alguém da nossa igreja, que cometeu algum pecado na área da sexualidade, parece que é o maior de todos os pecados e nos apressamos em passar a notícia para frente. “Bem que desconfiei que essa mulher não valia nada!” - “Pois é, tinha uma aparência de santinha, mas de santa não tinha nada” – “Ah isso eu já desconfiava faz tempo, essa nunca me enganou!”.

Tenho séria desconfiança de que isso aconteceu na comunidade do evangelista João e que também já ocorreu em nossa comunidade em nível de paróquia ou de diocese. Como é que reagimos diante de um escândalo?

A coisa é tão grave, que dependendo da pessoa, nos alegramos interiormente, se dela já fazíamos mau juízo. Julgamos e condenamos, usurpando de um direito que só pertence a Deus. E se encontrarmos a pessoa na comunidade ficaremos horrorizados “Meu Deus, como é que pode, será que ainda não avisaram o padre?”

Assim aconteceu com a mulher adúltera que já estava presa nas mãos dos seus acusadores, que decidiram levá-la até Jesus, só para verem como é que ele iria reagir diante de um caso que não tinha saída. É verdade que ela ainda não tinha sido julgada pelo conselho do sinédrio, mas não tinha escapatória, seria condenada à morte por apedrejamento em praça pública.

Pediram a opinião de Jesus, mas antes já tinham feito o julgamento “ela foi apanhada em flagrante adultério e a lei de Moisés manda que seja apedrejada em praça pública até a morte. E o senhor, o que é que diz?”

Quando vamos falar sobre o pecado que o irmão cometeu, também fazemos assim: já o julgamos e condenamos, não importa o que o outro vá dizer...

Mas Jesus passou de caça a caçador, concordou com o apedrejamento como mandava a lei porém, mudou o foco da conversa, que até aquele momento era o pecado da mulher “quem entre vós não tiver nenhum pecado, que atire a primeira pedra”.

Como muda o que pensamos da pessoa do próximo, quando olhamos para o nosso pecado! O evangelho afirma que começando pelos mais velhos, todos se foram. Os mais velhos da comunidade não têm direito de julgar e condenar a ninguém porque a referência não é uma pessoa, por mais virtuosa que ela seja, mas Jesus! Ele é a cabeça da igreja, nós somos apenas os membros. Ele é o tronco, nós simplesmente os ramos!

Jesus não a condenou “Se ninguém te condenou nem eu te condeno. Vá e não tornes a pecar”. A palavra “condenar” é própria do ser humano, mas não de Deus, ele jamais irá condenar a ninguém. Quando em nossa mente projetamos a imagem de um Deus que nos condena, estamos na verdade recusando todo o amor e a misericórdia que ele manifestou no seu Filho Jesus.

O amor e a misericórdia que Jesus manifestou para essa mulher pecadora, não foi motivado pelo arrependimento, em nenhum momento o evangelho fala que a pecadora estava arrependida, estava sim humilhada porque seu pecado fora descoberto, parece que a dor moral era maior do que o medo das pedradas que estavam por vir. Todos contra ela, apoiados no rigorismo da lei, porém Jesus coloca a vida e a dignidade humana acima da lei, quando ficou a sós com a mulher, não lhe perguntou se estava arrependida do que fizera, não lhe lembrou a gravidade do seu pecado e não fez nenhum discurso moralista, apenas a orientou para que não mais pecasse.

Às vezes o nosso perdão dado ao próximo que errou, é acompanhado de tanto palavrório e discurso, que faz ficar mais pesado o sentimento de culpa do outro. O verdadeiro perdão cura a dor da culpa e resgata ao pecador a dignidade perdida. É assim que Deus age conosco, foi precisamente para isso que Jesus veio ao mundo, missão definida pelo precursor João Batista “eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo”.

Portanto, antes de olharmos para o pecado do irmão, com uma boa lupa de aumento, olhemos para a nossa vida e sintamos o quanto Deus nos ama, sem nunca nos ter julgado e condenado.


Oração

Pai, tira do meu coração a maldade e a hipocrisia que me tornam juiz iníquo do meu semelhante, não me permitindo ver a necessidade de pôr em ordem a minha vida.