São Miguel Febres


Quinta-feira, 09 de fevereiro de 2012

Nascido no Equador, em 1854, São Miguel Febres recebeu como nome de batismo Francisco. Nasceu com uma grave deformação física nos pés, mas seus pais amaram, acima de tudo, aquele filho do Senhor. Sua deficiência não o impediu de dar passos concretos para a vontade de Deus.

O santo entrou para a Congregação dos Lassalistas depois de conhecer a vida religiosa e, ali, foi dando frutos para o Reino de Deus. Dotado de muitos dons para lecionar e escrever, pertenceu à Academia de Letras do Equador. Prestou um grande serviço em Quito, no colégio de La Salle coordenando 1200 crianças. Em tudo buscou a vontade de Deus.

Numa pobreza interior muito grande, a infância espiritual foi o seu segredo; colocou-se no lugar do ser humano, que é o coração de Deus. Totalmente dependente d'Ele e amando o próximo, seu nome de batismo era Francisco, mas seu nome religioso era Miguel. Mais do que uma mudança de nome, uma mudança constante de vida.

Como todos os santos, conseguiu corresponder ao belo chamado do Senhor. São Miguel Febres deu o seu testemunho até o último instante. Quando, no Equador, rompeu-se a perseguição aos cristãos e um grande levante anticlerical, por obediência este santo foi para a Europa. Lá, ele pôde lecionar línguas.

Em 1910, ele partiu para a glória. Suas últimas palavras foram: “Jesus, José e Maria, eu vos dou o meu coração e a minha alma”. Palavras essas que bem representam toda uma vida entregue nas mãos de Deus.

Rezemos, pedindo a intercessão desse santo para que a nossa vida seja assim também.

São Miguel Febres, rogai por nós!


Salmo responsorial 105/106

Lembrai-vos, ó Senhor, de mim, lembrai-vos, segundo o amor que demonstrais ao vosso povo!

Felizes os que guardam seus preceitos e praticam a justiça em todo o tempo! Lembrai-vos, ó Senhor, de mim, lembrai-vos, pelo amor que demonstrais ao vosso povo!

Misturaram-se, então, com os pagãos e aprenderam seus costumes depravados. Aos ídolos pagãos prestaram culto, que se tornaram armadilha para eles.

Pois imolaram até mesmo os próprios filhos, sacrificaram suas filhas aos demônios. Acendeu-se a ira de Deus contra o seu povo, e o Senhor abominou a sua herança.


EVANGELHO (Marcos 7,24-30)

— O Senhor esteja convosco. — Ele está no meio de nós. — Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos. — Glória a vós, Senhor!

7 24 Em seguida, Jesus, deixando aquele lugar, foi para a terra de Tiro e de Sidônia. E tendo entrado numa casa, não quis que ninguém o soubesse. Mas não pôde ficar oculto, 25 pois uma mulher, cuja filha possuía um espírito imundo, logo que soube que ele estava ali, entrou e caiu a seus pés. 26 (Essa mulher era pagã, de origem siro-fenícia.) Ora, ela suplicava-lhe que expelisse de sua filha o demônio. 27 Disse-lhe Jesus: "Deixa primeiro que se fartem os filhos, porque não fica bem tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cães". 28 Mas ela respondeu: "É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos debaixo da mesa comem das migalhas dos filhos". 29 Jesus respondeu-lhe: "Por causa desta palavra, vai-te, que saiu o demônio de tua filha". 30 Voltou ela para casa e achou a menina deitada na cama. O demônio havia saído.


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. "A Fé não tem rótulo..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

A Fé em Jesus, nosso Deus e Senhor, Redentor e Salvador, nunca teve e nem terá rótulo ou marca diferenciada, pois ela é um dom que Deus concede a quem Ele quiser, seja Católico, Evangélico, Pentecostal, Espírita ou Kardecista e vai por aí afora. Não podemos confundir expressão de Fé com a Fé em si, pois são coisas diferentes, e nem se pode dizer que esta é mais eficiente do que aquela, a expressão de Fé Católica tem sua raiz apostólica, e os elementos embrionários da Fé Cristã, transmitidos pelo próprio Jesus, mas isso não nos dá o direito de julgar que a Fé dos que não pertencem á nossa Igreja, não é autentica.

Jesus e seus discípulos se encontram em uma terra pagã na região de Tiro e Sidônia, ali uma mulher Fenícia caiu a seus pés suplicando pela Filha que estava possessa de um espírito imundo, a mulher acredita em se coração que Jesus é maior do que o demônio que oprime a filha, portanto vê nele o libertador e clama por esta ação libertadora de sua parte.

Sendo Judeu, primeiro Jesus manifesta o modo de pensar do Judeu "pela ordem estabelecida os Judeus são os primeiros a serem beneficiados com a ação libertadora do Messias, os pagãos são de segunda categoria e por isso mesmo denominados "cães", em palavras mais simples, Jesus está dizendo aqui, que não se deve queimar vela para mau defunto.

A mulher concorda que está inferiorizada em relação aos judeus, Raça escolhida e Nação Santa, mas Jesus é tão importante em sua vida, que qualquer gesto ou palavra que vier dele, trará a ela os efeitos da Graça da qual ele é portador, isso é o que ela crê com sinceridade. E Jesus não resistiu a tão grande Fé, e saindo do contexto judaico, proclama que a Fé é universal e não têm rótulo, "por causa dessa palavra, vai-te, que saiu o demônio da sua filha".

Quem crê em Cristo e se compromete com Ele, vendo-o como libertador e vivendo nessa liberdade de Filhos de Deus, jamais estará preso ou escravo do demônio, presente em certas estruturas humanas, que escravizam e alienam o ser humano, em vez de o libertá-lo. Portanto, essa experiência libertadora com Jesus em nossa vida, não depende da fachada religiosa que ostentamos, é algo íntimo e pessoal, que começa com o nosso desejo e abertura de coração, mas se realiza unicamente por iniciativa dele. Essa mulher, que não era religiosa, abriu seu coração para essa possibilidade e assim mudou a sua vida...

2. Jesus entra na casa
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Tiro é uma região de gentios. Jesus entra na casa de um deles. Os judeus eram proibidos a isto por ela ser considerada impura. Uma mulher gentia vem e atira-se a seus pés. O espírito impuro de sua filha indica estar excluída pelo espírito discriminatório judaico. Ela pede a intervenção de Jesus. Em diálogo, fala-se de pão, filhos e cachorrinhos. Os filhos são os judeus. Os cachorrinhos são os gentios. O pão é o alimento que sustenta a vida. Neste diálogo discriminatório pode-se até ver uma interpretação tradicional das comunidades sob a influência das pretensões judaicas. A fala insistente e ousada da mulher é o centro da narrativa. A ela curva-se Jesus. Ela tem direito ao pão. A seguir Marcos narra a partilha dos pães, também em território gentio. Fica bem caracterizada a missão de Jesus entre os gentios.

Oração Pai, cria em meu coração uma fé profunda como a da mulher pagã que demonstrou total confiança em Jesus. Por isso, foi atendida por ele.

3. A PERSISTÊNCIA RECOMPENSADA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

O encontro de Jesus com a mulher cananéia contém uma série de elementos atípicos.

O Mestre encontrava-se em território pagão, dentro de uma casa, pensando poder passar despercebido. Seu anonimato foi revelado pela presença de uma mulher que, tendo ouvido falar dele, veio lançar-se-lhe aos pés.

Sendo mulher, estrangeira e pagã, a atitude mais natural de Jesus seria de mantê-la à devida distância, porque, segundo a tradição da época, um mestre que se prezava não contactava com mulheres, com estrangeiros, nem com pagãos. Apesar disso, o Mestre aceitou dialogar com ela, embora, tenha sido um diálogo um tanto ríspido.

Jesus não mostrou nenhuma intenção de atendê-la. Mas a mulher ficou firme no seu propósito: obter a cura de sua filhinha, vítima de um espírito maligno. Tampouco se dobrou aos argumentos do Mestre, segundo os quais os destinatários de seu poder taumatúrgico eram, preferencialmente, os "filhos", ou seja, os judeus. Sentia-se no direito de partilhar, pelo menos, as migalhas dos bens oferecidos aos "filhos". Por isso, estava disposta a ser tratada como os cachorrinhos que comem as migalhas caídas da mesa de seus donos.

Segura do que queria, e sabendo que tinha recorrido à pessoa certa, a mulher não cedeu. Resultado: sua persistência foi recompensada.