São Ricardo


Terça-feira, 07 de fevereiro de 2012

Nasceu na Inglaterra, no século VII e teve três filhos que também foram reconhecidos pela Igreja como santos. Ao descobrir a sua vocação para a vida matrimonial, quis ser santo, mas também quis que seus filhos o fossem, formando uma família santa para Deus. Ele fez, diariamente, a sua opção, porque a santidade passa pela adesão da nossa liberdade. Somos livres, somos todos chamados a canalizar a nossa liberdade para Deus, o autor da verdadeira liberdade.

O santo inglês quis fazer uma peregrinação juntamente com os seus filhos chamados Winebaldo, Wilibaldo e Walberga. Mas, ao saírem da Inglaterra rumo à Terra Santa, passaram por Luca, norte da África, onde São Ricardo adoeceu gravemente e faleceu no ano de 722. Para os filhos, ficou o testemunho, a alegria do pai, a doação, o homem que em tudo buscou a santidade; não apenas para si, mas para os outros e para seus filhos.

São Bonifácio, parente muito próximo, convocou os filhos de São Ricardo para a evangelização na Germânia. Que linda contribuição! Walberga tornou-se abadessa; Wilibaldo, Bispo e Winebaldo fundou um mosteiro. Todos eles, como o pai, viveram a santidade.

São Ricardo foi santo no seu tempo. De família nobre, viveu uma nobreza interior, que precisa ser a de todos os cristãos; aquela que muitos podem nem perceber, mas que Deus está vendo.

Os frutos mais próximos que podemos perceber na vida desse santo são seus filhos que, assim como o pai, também foram santos. Ele quis ser santo e batalhou para sê-lo como Nosso Senhor Jesus Cristo foi, é e continuará sendo.

Sejamos santos. São Ricardo, rogai por nós!


Salmo responsorial 83/84

Quão amável, ó Senhor, é vossa casa!

Minha alma desfalece de saudades e anseia pelos átrios do Senhor! Meu coração e minha carne rejubilam e exultam de alegria no Deus vivo!

Mesmo o pardal encontra abrigo em vossa casa, e a andorinha ali prepara o seu ninho para nele seus filhotes colocar: vossos altares, ó Senhor Deus do universo! Vossos altares, ó meu rei e meu Senhor!

Felizes os que habitam vossa casa; para sempre haverão de vos louvar! Olhai, ó Deus, que sois a nossa proteção, vede a face do eleito, vosso ungido!


Evangelho (Marcos 7,1-13)

— O Senhor esteja convosco. — Ele está no meio de nós. — Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos. — Glória a vós, Senhor!

7 1 Os fariseus e alguns dos escribas vindos de Jerusalém tinham sereunido em torno dele. 2 E perceberam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as lavar. 3 Com efeito, os fariseus e todos os judeus, apegando-se à tradição dos antigos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos; 4 e, quando voltam do mercado, não comem sem ter feito abluções. E há muitos outros costumes que observam por tradição, como lavar os copos, os jarros e os pratos de metal. 5 Os fariseus e os escribas perguntaram-lhe: "Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos antigos, mas comem o pão com as mãos impuras?" 6 Jesus disse-lhes: "Isaías com muita razão profetizou de vós, hipócritas, quando escreveu: ´Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. 7 Em vão, pois, me cultuam, porque ensinam doutrinas e preceitos humanos. 8 Deixando o mandamento de Deus, vos apegais à tradição dos homens´". 9 E Jesus acrescentou: "Na realidade, invalidais o mandamento de Deus para estabelecer a vossa tradição. 10 Pois Moisés disse: ´Honra teu pai e tua mãe; e: Todo aquele que amaldiçoar pai ou mãe seja morto´. 11 Vós, porém, dizeis: ´Se alguém disser ao pai ou à mãe: Qualquer coisa que de minha parte te pudesse ser útil é corban, isto é, oferta´, 12 e já não lhe deixais fazer coisa alguma a favor de seu pai ou de sua mãe, 13 anulando a palavra de Deus por vossa tradição que vós vos transmitistes. E fazeis ainda muitas coisas semelhantes´".


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. "Contrariando a Tradição..."

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Tradição em si não é coisa ruim que causa algum mal, ao contrário, a tradição é uma riqueza para a nossa vida e a nossa cultura, é no fundo a preservação de valores considerados importantes como elementos sócio culturais na vida de uma nação.

Jesus não é inimigo da tradição, aliás, em relação a Lei Mosaica, que está no centro da tradição religiosa de Israel, ele irá dizer "Não vim para abolir a lei, mas para levá-la á plenitude" isso é, mostrar o seu real significado. O que ele critica na condita dos Fariseus e Escribas é exatamente esta má compreensão daquilo que na lei é essencial. Vamos dar um, exemplo, alguém que comemora o aniversário, faz bolo, realiza um,a festa, chama os amigos, canta-se o Parabéns á Você mas esta pessoa não dá valor ao dom da vida, vive de maneira irresponsável, não preservando a saúde, ingere bebidas alcoólicas e outras drogas, está sempre infeliz e deprimido. Para estes a festa de aniversário que estão fazendo ou que outros fizeram, não passa de um mero ritual ou formalismo social, porque o sentido verdadeiro da comemoração foi deixado de lado.

Assim faziam os Escribas e Fariseus, praticavam ou ensinavam a prática meticulosa de toda lei, entretanto não se davam conta de que aquele que é o verdadeiro sentido da Vida já está no meio deles. Comer com as mãos sujas ou contaminadas, e o judeu não usava talher, poderia no máximo contaminar-se com alguma doença provocada por algum vírus ou bactéria, mas nada tem a ver com uma conduta religiosa quando Aquele que irá purificar a toda humanidade já está no meio deles.

O homem não pode ser macaco de imitação, em uma liturgia, por exemplo, tem que se conhecer o sentido e o significado de cada gesto, ficar em pé, ajoelhar-se, inclinar-se, sentar-se, dar as mãos, dar o ósculo da paz, tudo isso não são apenas gestos, mas há por trás dele um significado muito rico que não pode ser ignorado por aquele que o faz, senão o que é símbolo sagrado torna-se ridículo e um preceito meramente humano, como nos diz o evangelho.

Em resumo, Jesus transmite uma religião intimista, presente no coração do homem em sua relação sincera com Deus, e ao mesmo tempo condena o formalismo religioso, hoje muito presente em alguns sacramentos onde os cristãos que os recebem têm também esse comportamento farisaico, haja vista nossos crismandos e batizados, que somem da comunidade ou só aparecem em algumas ocasiões, levando uma vida totalmente desconectada com o evangelho, nessa mesma linha entram os Casamentos no Religioso onde ninguém quer mais compromisso e depois da cerimônia e da festa, cada um vive como quer e faz o que quer....

Como se percebe, escribas e fariseus é uma raça que se perpetuou e ainda está presente em n osso tempo infestando nossas comunidades, dizendo -se membros de uma Igreja, com a qual nunca se comprometeram, e portadores de uma Fé marcada pela superstição e magia.

2. O questionamento sobre puro e impuro (O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Temos aqui um longo texto de contestação das observâncias judaicas. O questionamento é sobre a lei de pureza no comer com mãos impuras. A resposta de Jesus é abrangente, removendo o mérito das leis de pureza e das demais tradições opressoras. Abandonam a lei de Deus, lei do amor, pelas tradições dos homens, isto é, tradições ideologizadas, criadas para garantir interesses pessoais. As centenas de exigências de pureza implicavam situações que os pobres não tinham condições de observar devido a suas carências e necessidades. Assim os pobres eram humilhados como impuros e submetiam-se à exploração econômica das elites religiosas e sociais. As leis eram criadas para gerar a exclusão e submissão que abriam as portas para a exploração dos pobres.

3. DOIS GESTOS DE MISERICÓRDIA

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Jesus não se furtava de mostrar-se misericordioso com quem dele se aproximava. Não havia quem recorresse a ele e não fosse atendido. A única condição que exigia era a fé.

A misericórdia de Jesus manifestava-se, fundamentalmente, em forma de restauração da vida. Por isso, sensibilizou-se com o pedido comovente de um pai, cuja filhinha estava à beira da morte. Jesus foi salvá-la, exigindo do pai apenas a fé. A multidão incrédula ridicularizava Jesus por ter afirmado que a menina não estava morta, mas apenas dormindo. Mas, a fé daquele pai não ficou sem resposta. A misericórdia de Jesus devolveu-lhe a filha sã e salva.

Na mesma circunstância, uma mulher que sofria de uma hemorragia, há muito tempo, também recorreu a Jesus, para ser curada. Diferentemente do chefe da sinagoga, ela agiu às escondidas: pensou em ser agraciada, com o dom da cura, sem que Jesus mesmo percebesse. Entretanto, ele não se deixou pegar de surpresa, pois a mulher, já curada, foi obrigada a sair do anonimato.

Jesus não deixou passar em silêncio aquele gesto de profunda fé. Ele mesmo declarou ter sido a fé quem a levara a obter a cura, conduzindo-a à vida, cuja fonte é o próprio Jesus.