Jesus no Rosto do Irmão
Fonte: Gilmar Curioni
Presidente da Fundação Terceiro Milênio
Quando vamos à missa, o padre nos fala: “O senhor esteja convosco”, e nós respondemos: “Ele está no meio de nós”. Se Ele está no meio de nós, significa que Sua presença está em nosso meio. E, com certeza, está! Os católicos conhecem e creem na presença real de Jesus na Eucaristia. Também já falamos aqui neste espaço sobre a Bíblia ou “Jesus Palavra”, que no princípio era verbo e agora é Deus. “Eu Sou a Palavra e a Palavra Sou Eu”. Hoje, quero usar este espaço para refletirmos sobre a presença de Deus no rosto de seu povo. A presença de Jesus na pessoa do nosso próximo, dentro de nossas vidas e da vida da comunidade. De forma muito especial, Jesus mostra sua face no rosto sofrido dos que vivem nas ruas, no rosto dos migrantes, dos enfermos, dos dependentes de drogas e dos detidos nas prisões. Esses pobres e excluídos da sociedade nem sempre têm a oportunidade de viver em comunhão com outros que, como nós, vivem, ou ao menos têm a chance de ser igreja, viver em uma comunidade cristã, onde o partir e o repartir do pão pode alimentar nosso corpo e nossa alma. O que fica claro é o fato que Deus dá a todos a oportunidade de uma proximidade muito grande com Ele. Ele está junto de seu povo e se quisermos nos aproximar de Deus, devemos fazer parte do Seu povo. Veja o que nos diz Mt 25, 34 -36: “Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; estive nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estive na prisão e viestes a mim”.
De forma muito especial, Jesus mostra sua face no rosto sofrido dos que vivem nas ruas, no rosto dos migrantes, dos enfermos, dos dependentes de drogas e dos detidos nas prisões".
___________Gilmar Curioni
Os discípulos de Jesus, assim como nós hoje, tinham dúvidas a respeito dos ensinamentos do Mestre e questionaram da seguinte forma, como está escrito em Mt 25,38: “Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos? Quando foi que te vimos enfermo ou na prisão e te fomos visitar? Responderá o Rei: “ Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes”. A vontade de Deus para com a humanidade é que vivamos em paz, partilhando e trabalhando na implantação do Reino de Deus, ou seja,o reino do amor e do perdão sobre a face da terra. Abrir o coração para amar, fazer sair do papel os discursos sobre políticas sociais, como igualdade e fraternidade, são passos fundamentais para que nosso cristianismo passe da teoria para a prática. São João, em sua primeira carta, nos ensina: “Quem possuir bens desse mundo e vir o seu irmão sofrer necessidades, mas lhe fechar o coração, como pode estar nele o amor de Deus”? Falar com Deus, tocar em Deus e até ter o privilégio de ajudar na concretização do reino de Deus, pode se concretizar na pessoa dos necessitados. Amá-los significa amar a Deus. “Se alguém disser que ama a Deus, mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê”. I Jo 4,20. Passamos uma vida procurando ser feliz, nos dirigindo a Deus como “o cara lá de cima” e não sentimos Sua presença em nossa vida. Esquecemos que o Deus verdadeiro está todos os dias batendo a nossa porta, esperando nossa sensibilidade e atitude. Deus está no meio de nós de várias maneiras! Basta abrir os olhos e enxergá-lo no rosto do Seu povo sofrido, na Sua Palavra e na Eucaristia.