Beatos Domingos Jorge, Isabel Fernandes e Inácio

Sexta-feira, 18 de novembro de 2011


Domingos Jorge nasceu em Vermoim da Maia, perto do Porto (Portugal). Muito jovem, partiu para a Índia, onde combateu pela fé e pela Pátria. Aventureiro por natureza, empreendeu viagem para o Japão, onde nesse tempo reinava perseguição furiosa. Todos os missionários eram mortos, e mortos também todos aqueles que os acolhessem em suas casas. Apesar de todos os riscos, não quiseram os missionários estrangeiros abandonar para os instruir, animar e lhes administrar os sacramentos.

Domingos Jorge, membro da Companhia do Rosário, casou com uma jovem japonesa, à qual o missionário português, Padre Pedro Gomes, oito dias após o nascimento, deu o nome de Isabel Fernandes. Vivia este casal modelo no amor de Deus, na paz e na felicidade, perto da cidade de Nagazáki. Por bondade e piedade, receberam em sua casa dois missionários jesuítas e, naquela noite (era o dia da festa de Santa Luzia), o governador de Nagasáki ordenou que fossem presos os dois missionários juntamente com Domingos Jorge. Após um ano de prisão, foram condenados à morte. Domingos Jorge, após escutar a sentença, pronunciou estas palavras: "Mais aprecio eu esta sentença do que me fizessem Senhor de todo o Japão".

Era o ano de 1619. Domingos Jorge foi amarrado ao poste no chamado "Monte Santo" de Nagasáki, onde tantos cristãos deram a vida por Deus, e, ali, juntamente com outros mártires rezando a oração do Credo, Domingos Jorge foi queimado vivo.

Passados três anos, na manhã de 10 de novembro de 1622, o "Monte Santo" de Nagasáki, regado com o sangue de tantas centenas de cristãos, apresentava um aspecto solene e comovedor. Ali se apinhavam mais de 30.000 pessoas para assistirem ao Grande Martírio, isto é, à morte de 56 filhos da Santa Igreja Católica. Entre eles, encontravam-se Isabel Fernandes, de uns 25 anos de idade, viúva do Beato Domingos Jorge, e seu filhinho Inácio, de quatro anos. Os mártires foram divididos em dois grupos: 24 religiosos de várias Ordens, condenados a morrer a fogo lento; os outros 32 eram constituídos por 14 mulheres e 18 homens (a maioria deste segundo grupo recebeu como condenação serem decapitados). Isabel Fernandes, antes de ser degolada juntamente com seu filhinho Inácio, exclamou: "De todo o coração ofereço a Deus as duas coisas mais preciosas que possuo no mundo: a minha vida e a do meu filhinho".

Domingos Jorge, com a esposa Isabel Fernandes e o filho Inácio, foram beatificados pelo Papa Pio IX em julho de 1867.

Beatos Domingos Jorge, Isabel Fernandes e Inácio, rogai por nós!


Hoje:

Dia do Conselheiro Tutelar


Leituras

Primeira Leitura (1 Macabeus 4,36-37.52-59)
Leitura do segundo livro dos Macabeus.

4 36 Judas e seus irmãos disseram então: Eis que nossos inimigos estão aniquilados; subamos agora a purificar e consagrar de novo os lugares santos.
37 Reunido todo o exército, subiram à montanha de Sião.
52 No dia vinte e cinco do nono mês, isto é, do mês de Casleu, do ano cento e quarenta e oito, eles se levantaram muito cedo,
53 e ofereceram um sacrifício legal sobre o novo altar dos holocautos, que haviam construído.
54 Foi no mesmo dia e na mesma data em que os gentios o haviam profanado, que o altar foi de novo consagrado ao som de cânticos, das harpas, das liras e dos címbalos.
55 Todo o povo se prostrou com o rosto em terra para adorar e bendizer no céu aquele que os havia conduzido ao triunfo.
56 Prolongaram por oito dias a dedicação do altar, oferecendo com alegria holocaustos e sacrifícios de ações de graças e de louvores.
57 Adornaram a fachada do templo com coroas de ouro e com pequenos escudos, consagraram as entradas do templo e os quartos, nos quais colocaram portas.
58 Reinou uma alegria imensa entre o povo e o opróbrio das nações foi afastado.
59 Foi estabelecido por Judas e seus irmãos, e por toda a assembléia de Israel que os dias da dedicação do altar seriam celebrados cada ano em sua data própria, durante oito dias, a partir do dia vinte e cinco do mês de Casleu, e isto com alegria e regozijo.


Salmo 1Cr 29

Queremos celebrar o vosso nome glorioso.

Bendito sejais vós, ó Senhor Deus,
Senhor Deus de Israel, o nosso pai,
desde sempre e por toda a eternidade!

A vós pertencem a grandeza e o poder,
toda a glória, esplendor e majestade,
pois tudo é vosso: o que há no céu e sobre a terra!

A vós, Senhor, também pertence a realeza,
pois sobre a terra, como rei, vos elevais!
Toda glória e riqueza vêm de vós!

Sois o Senhor e dominais o universo,
em vossa mão se encontra a força e o poder,
em vossa mão tudo se afirma e tudo cresce!


Evangelho (Lucas 19,45-48)

19 45 Naquele tempo, Jesus entrou no templo e começou a expulsar os mercadores.
46 Disse ele: "Está escrito: A minha casa é casa de oração! Mas vós a fizestes um covil de ladrões".
47 Todos os dias ensinava no templo. Os príncipes dos sacerdotes, porém, os escribas e os chefes do povo procuravam tirar-lhe a vida.
48 Mas não sabiam como realizá-lo, porque todo o povo ficava suspenso de admiração, quando o ouvia falar.


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. "Os Ladrões do Templo"

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

___Olha São Lucas, a gente aqui do Terceiro Milênio da Era Cristã, está achando que podemos trabalhar esta reflexão em cima dessa acusação muito grave que Jesus faz contra os mercadores "Fizestes da minha casa um esconderijo de Ladrões". ___Vocês estão no caminho certo, mas falta incluir a frase inicial que é também muito importante "A minha casa é casa de oração...". ___Então há uma relação entre essas duas afirmações? ___Claro que há, pense que uma casa de oração é antes de tudo um lugar de encontro... ___Certo! Encontro com os irmãos e irmãs e também com Deus. Mas encontro para que? ___Ótima pergunta, tem gente que pensa que é um encontro para rezar. ___Mas não é ? ___O Rezar junto é apenas conseqüência de quem vive em comunhão e só está em comunhão com Deus e os irmãos quem se doa, dando algo de si para os outros. Quando você faz o contrário e tira algo dos outros para si, isso se chama "Roubo". ___Ah....! Quer dizer que ainda tem muitos "mercadores" em nossas comunidades? ___Claro que tem, como tinha nas comunidades primitivas do primeiro século... sempre que nos trabalhos pastorais somos um obstáculo para que os irmãos e irmãs não tenham acesso á esta Vida Nova oferecida por Jesus, estamos na verdade tirando algo que lhes pertence. Sempre que a Igreja não cumpre sua missão primária que é evangelizar, está também roubando algo valioso que não lhe pertence. ___É por isso que os Escribas, os Príncipes dos Sacerdotes e Chefes do Povo estavam querendo acabar com Jesus? Ele estava atrapalhando seus "negócios"...

___Isso mesmo., Jesus é alguém que se doa, seus ensinamentos não são apenas retórica e discurso bonito, olhando para ele e prestando atenção naquilo que fala e faz, a comunidade facilmente irá se dar conta dos mercenários disfarçados de pastores que há em seu meio.

2. O Templo é a comunidade de discípulos e cada discípulo que faz a vontade do Pai

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

A ida de Jesus a Jerusalém e a denúncia ao Templo é o desfecho dos conflitos com as sinagogas durante o seu ministério na Galiléia. As palavras e a prática de Jesus, ao longo de seu anúncio do Reino, orientam-se para a restauração da vida, onde ela está ameaçada (é o "levantar-se", ou "ressurreição").

Assim Jesus denuncia todo sistema que oprime as pessoas e rouba-lhes a vida. No mundo judaico o povo era oprimido e explorado pelas castas religiosas e latifundiárias. O judaísmo era uma teocracia, isto é, um poder religioso, político e econômico. A sede desta teocracia era Jerusalém e, em Jerusalém, o Templo.

No Templo havia uma dependência, o Tesouro, onde eram depositadas as riquezas acumuladas das ofertas dos fieis. As inúmeras e minuciosas observâncias legais, impossíveis de serem observadas, pesavam sobre o povo, que, oprimido, era taxado de "pecador". Os inúmeros tributos e ofertas exigidos pelo Templo eram uma extorsão sobre o povo empobrecido.

O ataque de Jesus ao Templo visa abalar este núcleo de poder, em vista da libertação de seu povo, e merece sua sentença de morte. O Templo devia ser casa de oração. Com Jesus, o Templo é a comunidade de discípulos e cada discípulo que faz a vontade do Pai, vivendo em comunhão fraterna com os irmãos.

3. A FUNÇÃO DO TEMPLO É RECOBRADA

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Jerusalém era a meta da longa marcha de Jesus. Aí, o Templo constituía seu ponto final. Por que? Porque o Templo, na religião judaica, era o lugar da morada de Deus no meio do povo. Para Jesus, é a casa do Pai. E, como Filho, é para a casa do Pai que ele se dirige.

O Mestre decepcionou-se com o que viu: o Templo fora transformado num antro de exploradores inescrupulosos, que se serviam do espaço sagrado para enriquecer, lançando mão dos mais vis artifícios de exploração. Na mais total impunidade, e com a cobertura dos sacerdotes, davam a impressão de estar prestando um grande serviço aos peregrinos. Situação, porém, insuportável para Jesus!

A expulsão dos vendedores e compradores teve a finalidade de fazer o Templo recobrar sua verdadeira função: ser casa de oração, portanto, lugar de encontro com o Pai e reabastecimento espiritual, espaço de vivência da fraternidade e da igualdade. Enquanto "casa", seria o espaço do encontro dos filhos de Deus.

Uma vez purificado, o Templo tornou-se lugar privilegiado da pregação de Jesus. Ao ouvi-lo, o povo ficava extasiado, e se apinhava ao seu redor. Agora, sim, voltara a ser casa do Pai, onde o Filho se sente à vontade para falar das coisas de Deus. Os projetos malévolos dos sacerdotes e dos escribas não o intimidavam. Afinal, enquanto Filho, aquele lugar lhe pertencia.