Frei Gonçalo de Amarante

Terça-feira, 10 de janeiro de 2012


Nasceu no século XIII, em Arriconha, freguesia de Tagilde, próximo a Guimarães, norte de Portugal. Muito cedo, ele se viu chamado ao sacerdócio. Em sua formação humana e cristã, Frei Gonçalo passou pelo Convento Beneditino, depois por Braga, lugar onde foi ordenado pelo Arcebispo. Não demorou muito para ser abade em São Paio.

Frei Gonçalo de Amarante pôde fazer várias peregrinações que muito enriqueceram sua vida espiritual e também apostólica. Ele foi a Roma, visitou os túmulos de São Pedro e São Paulo e tomou um "banho" de Igreja. Visitou a Terra Santa, conheceu os lugares santos por onde Jesus passou. Seu amor foi crescendo cada vez mais por Nosso Senhor.

Depois de voltar dessas peregrinações, ele teve ainda mais ardor para evangelizar. Discerniu sua vida religiosa e entrou para a família dominicana, daí vem o "frei". Quanto ao "Amarante", com seus irmãos de comunidade, ele foi para a cidade de Amarante em missão. Ele ficou conhecido como um segundo fundador dessa cidade, porque o seu amor apostólico o levava a ser um sinal no meio da sociedade.

Em 1262, partiu para a glória, deixando para o povo de Amarante, para todas as gerações ao norte de Portugal, para toda Europa e para todo o mundo, um testemunho de santidade que colabora para uma civilização mais justa.

Frei Gonçalo de Amarante, rogai por nós!


Leituras

Primeira Leitura (1 Samuel 1,9-20)
Leitura do primeiro livro de Samuel.

1 9 Ana levantou-se, depois de ter comido e bebido em Silo. Ora, o sacerdote Heli estava sentado numa cadeira à entrada do templo do Senhor.

10 Ana, profundamente amargurada, orou ao Senhor e chorou copiosamente.

11 E fez um voto, dizendo: "Senhor dos exércitos, se vos dignardes olhar para a aflição de vossa serva, e vos lembrardes de mim; se não vos esquecerdes de vossa escrava e lhe derdes um filho varão, eu o consagrarei ao Senhor durante todos os dias de sua vida, e a navalha não passará pela sua cabeça".

12 Prolongando ela sua oração diante do Senhor, Heli observava o movimento dos seus lábios.

13 Ana, porém, falava no seu coração, e apenas se moviam os seus lábios, sem se lhe ouvir a voz.

14 Heli, julgando-a ébria, falou-lhe: "Até quando estarás tu embriagada? Vai-te e deixa passar o teu vinho".

15 "Não é assim, meu Senhor, respondeu ela, eu sou uma mulher aflita: não bebi nem vinho, nem álcool, mas derramo a minha alma na presença do Senhor.

16 Não tomes a tua escrava por uma pessoa frívola, porque é a grandeza de minha dor e de minha aflição que me fez falar até aqui".

17 Heli respondeu: "Vai em paz, e o Deus de Israel te conceda o que lhe pedes".

18 "Encontre a tua serva graça aos teus olhos", ajuntou ela. A mulher se foi, comeu, e o seu rosto não era mais o mesmo.

19 No dia seguinte pela manhã, prostraram-se diante do Senhor, e voltaram para a sua casa em Ramá.

20 Elcana conheceu Ana, sua mulher, e o Senhor lembrou-se dela. Ana concebeu, e, passado o seu tempo, deu à luz um filho que chamou Samuel; porque, dizia, "eu o pedi ao Senhor".


Salmo 1Sm 2

Meu coração se alegrou em Deus, meu salvador.

Exulta no Senhor meu coração,
e se eleva a minha fonte no meu Deus;
minha boca desafia os meus rivais
porque me alegro com a vossa salvação.

O arco dos fortes foi dobrado, foi quebrado,
mas os fracos se vestiram de vigor.
Os saciados se empregaram por um pão,
mas os pobres e os famintos se fartaram.
Muitas vezes deu à luz a que era estéril,
mas a mãe de muitos filhos definhou.

É o Senhor quem dá a morte e dá a vida,
faz descer à sepultura e faz voltar;
é o Senhor quem faz o pobre e faz o rico,
é o Senhor quem nos humilha e nos exalta.

O Senhor ergue do pó o homem fraco,
e do lixo ele retira o indigente,
para fazê-los assentar-se com os nobres
nem lugar de muita honra e distinção.


Evangelho (Marcos 1,21-28)

1 21 Jesus e seus discípulos dirigiram-se para Cafarnaum. E já no dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e pôs-se a ensinar.

22 Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.

23 Ora, na sinagoga deles achava-se um homem possesso de um espírito imundo, que gritou:
24 "Que tens tu conosco, Jesus de Nazaré? Vieste perder-nos? Sei quem és: o Santo de Deus!

25 Mas Jesus intimou-o, dizendo: "Cala-te, sai deste homem!"

26 O espírito imundo agitou-o violentamente e, dando um grande grito, saiu.

27 Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: "Que é isto? Eis um ensinamento novo, e feito com autoridade; além disso, ele manda até nos espíritos imundos e lhe obedecem!"

28 A sua fama divulgou-se logo por todos os arredores da Galiléia.


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. "Comunidade lugar de libertação"

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Ninguém vai sair por aí falando que na comunidade tem uma pessoa possuída por um espírito imundo, ao contrário, sempre se procura fazer um bom marketing da nossa Igreja mesmo porque, sempre achamos que todo bem supremo está lá, e que temos de combater o Espírito do Mal que está presente no mundo e na sociedade.

O evangelista São Marcos não ficou tentando "tapar o sol com a peneira", e afirma no texto que na sinagoga ( comunidade judaica) havia um homem possesso de um espírito imundo.

Mas de início ele fez um bom marketing, lá estava também o melhor de todos os pregadores: Jesus de Nazaré que ensinava com autoridade, maravilhando a assembléia, que fazia comparação entre Jesus e os Escribas, concluindo que Jesus era um pregador coerente que vivia tudo o que pregava.

De um lado a presença de Jesus, Nosso Deus e Senhor, de outro aquele homem possuído por um Espírito impuro. Dizer que hoje também não é assim, estaríamos mentindo e enganando, temos as Fofocas , obra do Espírito Impuro, temos as calúnias e maledicências, obra do Espírito Impuro, temos as inimizades e divisões, obras do Espírito Imundo, temos as divisões e grupos fechados e sem comunhão com a Igreja, obra do Espírito Imundo.Temos adultérios, mentiras, disputas de cargos e concorrências, obra do espírito imundo, temos as Vaidades que desfilam na comunidade seus "Super Egos", sempre buscando aplauso e prestígio, isso é obra do Espírito Imundo.

Interessante porque as pessoas possessas do Espírito Impuro (manifestado nessas e em outras obras que elencamos) são da comunidade, conhecem Jesus, sabem quem ele é e até, de boca para fora , testemunham que ele é de fato o Santo de Deus!

Mas Jesus o manda calar a boca e sair daquele homem. As nossas comunidades têm poder e autoridade para fazer calar as forças do mal e eliminá-las do coração e da vida das pessoas, ou nos deixamos dominar por elas? Jesus apresenta um ensinamento novo e feito sempre com autoridade. Se pregarmos velharias cheirando a mofo, e não interpretamos a Santa Palavra de Deus na Vida do Povo, com a força do Espírito Santo, vamos continuar a ter que engolir os Espíritos Impuros que hoje deitam e rolam em muitas comunidades cristãs... Sem serem incomodados.

2. A palavra de Jesus é motivo da admiração de todos

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

As narrativas de milagres são uma das características dominantes dos evangelhos. Estas narrativas de milagres, em geral, vistas como afirmação de poder, são uma manifestação do amor libertador de Jesus. Com esta narrativa do evangelho, Marcos, após o chamado dos primeiros discípulos, apresenta o primeiro embate entre Jesus e a estrutura religiosa do judaísmo de seu tempo. O destaque, na narrativa, é o "ensinamento novo, com autoridade".

Isto significa que o "espírito impuro" é afastado pelo ensinamento de Jesus. É o "espírito impuro" da doutrina presente na sinagoga que discrimina e oprime o povo. Este espírito é afastado pela palavra de Jesus, cheio do Espírito de Deus, com seu novo ensinamento, sempre acompanhado de sua prática acolhedora. A palavra de Jesus é motivo da admiração de todos e da difusão de sua fama em toda a Galileia. O destaque está na palavra libertadora e amorosa e não no poder, e o povo é acolhedor desta palavra.

3. ENSINAVA COM AUTORIDADE

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

A autoridade com que Jesus falava e realizava milagres chamava a atenção das pessoas. Embora houvesse muitos mestres e se tivesse notícia de indivíduos capazes de operar prodígios, ele se distinguia de todos os demais. Não era um milagreiro qualquer, nem um rabi como tantos outros. Em que consistia a sua originalidade?

As palavras e a ações de Jesus apontavam para algo que o superava. Não correspondiam àquilo que se podia esperar de um ser humano comum. Por exemplo, o modo como se defrontava com os espíritos imundos, e os submetia destemidamente, tinha algo de insólito.

O segredo de tudo isto é que Jesus era detentor de um poder, recebido de Deus. Era o Pai mesmo quem agia por meio do Filho. Por isso, o povo percebia existir algo de especial no que ele fazia. O próprio Jesus afirmava não agir por conta própria, e sim, por iniciativa divina. Jamais dissera estar nele a fonte de seu poder. Antes, buscava sempre levar seus ouvintes e espectadores a atribuir a para Deus tudo o que viam e ouviam. As ações do Mestre eram verdadeira revelação do Pai.

Ao constatar que Jesus ensinava, com autoridade, uma doutrina nova, as pessoas podiam reconhecer, logo, a ação de Deus no meio delas.