Natal do Senhor
Domingo, 25 de dezembro de 2011
Neste dia especial, em que toda a Igreja celebra o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, acompanhemos o testemunho da Palavra de Deus a respeito deste acontecimento que transformou a história da humanidade:
"...José subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à Cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, para se alistar com a sua esposa Maria, que estava grávida. Estando eles ali, completaram-se os dias dela. E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia nos arredores uns pastores, que vigiavam e guardavam seu rebanho nos campos durante as vigílias da noite. Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu ao redor deles, e tiveram grande temor. O anjo disse-lhes: 'Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor'." (Lc 2,4-11)
Por isso hoje celebramos a eterna solidariedade do Pai das Misericórdias que, no seu plano de amor, quis o nascimento de Jesus, que é o verdadeiro Sol, a Luz do mundo. Este não é um dia de medo e nem de desespero, é dia de confiança e de esperança, pois Deus veio habitar no meio de nós, e assim encher-nos da certeza de que é possível um mundo novo. Solidário conosco, Ele nos quer solidários neste dia de Glória que refulge ao redor de cada um de nós!
Sendo assim, tudo neste dia só tem sentido se apontar para o grande aniversariante deste dia: o Menino Deus! Presépios, árvores, enfeites, banquetes e os presentes natalícios representam os presentes que os Reis Magos levaram até Jesus, mas não são estes símbolos a essência do Natal. O importante, o essencial, é que Cristo realmente nasça em nossos corações de uma maneira nova, renovadora, e que a partir daí, possamos sempre caminhar na sua luz solidária deste Deus Único e Verdadeiro, que nos quer também solidários uns com os outros!
Vivamos com muita alegria este dia solidário, que o Senhor fez para nós!
Um Santo Natal para você e para a sua família!
Hoje:
Natal
Leituras
Primeira Leitura (Is 52,7-10)
Leitura do Livro do Profeta Isaías
7Como são belos, andando sobre os montes, os pés de quem anuncia e prega a paz, de quem anuncia o bem e prega a salvação, e diz a Sião: “Reina teu Deus!”
8 Ouve-se a voz de teus vigias, eles levantam a voz, estão exultantes de alegria, sabem que verão com os próprios olhos o Senhor voltar a Sião.
9 Alegrai-vos e exultai ao mesmo tempo, ó ruínas de Jerusalém, o Senhor consolou seu povo e resgatou Jerusalém.
10 O Senhor desnudou seu santo braço aos olhos de todas as nações; todos os confins da terra hão de ver a salvação que vem do nosso Deus.
Salmos Sl 97 (98)
Hoje uma luz brilhou para nós, * hoje nasceu nosso Rei, o Senhor.
Os confins do universo contemplaram * a salvação do nosso Deus. * Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, * alegrai-vos e exultai!
Cantai salmos ao Senhor ao som da harpa * e da cítara suave! * Aclamai, com clarins e as trombetas, * ao Senhor, o nosso Rei!
Aplauda o mar com todo ser que nele vive, * o mundo inteiro e toda a gente! * As montanhas e os rios batam palmas * e exultem de alegria
Na presença do Senhor, pois ele vem, * vem julgar a terra inteira. * Julgará o universo com justiça * e as nações com equidade.
Evangelho (Jo 1,1 -18)
P. 1No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus.
2 No princípio estava ela com Deus.
3 Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez de tudo que foi feito.
4 Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
5 E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la.
6 Surgiu um homem enviado por Deus: seu nome era João.
7 Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele.
8 Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz: 9daquele que era a luz de verdade, que, vindo ao mundo, ilumina todo ser humano.
10 A Palavra estava no mundo – e o mundo foi feito por meio dela – mas o mundo não quis conhecê-la.
11 Veio para o que era seu, e os seus não a acolheram.
12 Mas, a todos que a receberam, deu-lhes capacidade de se tornarem filhos de Deus isto é, aos que acreditam em seu nome,
13pois estes não nasceram do sangue nem da vontade da carne nem da vontade do varão, mas de Deus mesmo.
14 E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe do Pai como Filho unigênito, cheio de graça e de verdade.
15 Dele, João dá testemunho, clamando: “Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim passou à minha frente, porque ele existia antes de mim”.
16 De sua plenitude todos nós recebemos graça por graça.
17 Pois por meio de Moisés foi dada a Lei, mas a graça e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo.
18 A Deus, ninguém jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-lo deu a conhecer.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "NATAL DO SENHOR (Missa do dia) - “O VERBO DIVINO SE FEZ HOMEM E HABITOU ENTRE NÓS” Jo 1, 1-18"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Mais do que um teólogo, acho que o evangelista João era um poeta dos melhores, essa frase é a palavra chave do seu evangelho, proclamado na Missa do dia de Natal, mais parece uma poesia, coisa de quem sentiu um encantamento com o nascimento de Jesus. O evangelho da missa da vigília mostra-nos como Deus vai se movendo em meio a situações desencontradas na vida de duas pessoas: Maria e José. O noivado com José, a gravidez inesperada, a reação de José, que abre mão do seu direito de denunciar Maria, para não lhe causar nenhum mal e resolve abandoná-la. Um amor que quer o bem da esposa, ainda que isso signifique viver longe dela, um amor que não quer dominar ser o dono da verdade, ter toda a razão, mas um amor que quer preservar a vida de quem ama, ainda que isso lhe traga dores, dúvidas e amarguras. Deus escolheu o homem certo, José era justo, mesmo que não entendesse os fatos envolvendo sua noiva, fez prevalecer o amor. O amor a Deus e aos irmãos não explica, mas aceita e só quer o bem do outro.
E por trás de um amor puro e devotado, está à vontade de Deus, que vai realizar tudo o que os profetas haviam falado – eis que a virgem conceberá e dará a luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa “Deus conosco”. José aceita, não porque compreende racionalmente os fatos, mas porque sabe que Deus está agindo e isso lhe basta.
Costuma-se dizer sempre que “Deus escreve sempre certo, por linhas tortas” e isso é mesmo a mais pura verdade, o grande rei Davi havia nascido em Belém, e seria lá também que o messias haveria de nascer, José e Maria não são pessoas especiais, diferentes das demais, mas vivem em meio a história, dentro das estruturas do mundo, o cristão não pode alienar-se do mundo e fugir do seu destino humano, José e Maria,
Sujeito às leis do império romano, sobem até Belém para serem recenseados, e lá Jesus acaba nascendo em uma estrebaria, nas grandes cidades nem sempre há um cantinho para o migrante que tem de se virar em qualquer canto, no banco de uma praça ou em baixo de uma ponte, nos barracos e favelas e assim, do mesmo modo que os moradores de rua partilham suas alegrias, quando as tem, Deus quis partilhar com uma classe marginalizada a grande alegria do nascimento do seu filho – e assim, os pastores são os primeiros a serem informados. Logo eles, que tinham fama de serem brigões e mentirosos, homens sem palavra que jamais seriam ouvido como testemunhas nos tribunais, foram os privilegiados.
Para gente simples o sinal é também simples, encontrareis um menino envolto em faixas e deitado nas palhas de uma estrebaria. Não é uma criança sobrenatural, mas excluído e rejeitado igual eles, que eram proibidos de entrarem no templo ou na sinagoga.
Deram glória a Deus porque sentiram a alegria de serem lembrados por ele, chegou enfim a salvação, que não vem da corte ou dos palácios, que não vem das pomposas cerimônias do templo, mas de uma criancinha deitada em uma humilde estrebaria.
Infelizmente o natal do consumismo vai por outro caminho, e só leva boas notícias aos ricos e poderosos, que podem se banquetear na noite de natal, e trocar ricos presentes, pois ainda temos entre nós tantos “pastores” banidos da sociedade e das igrejas, gente desprezada e deixada de lado por um sistema injusto e pecaminoso, gente que não conhece e nem faz idéia de que Deus os ama apaixonadamente e que essa declaração de amor acontece e é renovada na noite de natal. A igreja é por excelência portadora desse anúncio onde os últimos da sociedade deverão ser os primeiros a receber esta boa nova.
José da Cruz é diácono permanente da
Paróquia Nossa S. Consolata-Votorantim/SP
e-mail: [email protected]
2. Deus entre nós
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
A encarnação é o supremo ato de amor de Deus, que assume a condição humana, transformando-a pelo dom do amor pleno. Em Jesus não é assumida apenas a sua corporeidade individual, mas a condição corpórea de toda a humanidade, integrada em todos os valores de dignidade, justiça e verdade, que, no amor, são revestidos de eternidade.
"Deus é amor, e aquele que permanece no amor, permanece em Deus, e Deus, nele" (1 Jo 4,16). A encarnação real, amorosa e eterna, vivificante e eterna, de Deus entre os homens e mulheres, pequenos e humildes. O prólogo do evangelho de João apresença a origem divina de Jesus como a Palavra eterna que procede de Deus, faz-se carne, morando entre nós, e, por graça, torça-nos filhos de Deus filhos de Deus e eternos.
3. NASCEU-NOS UM MENINO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Lucas e Mateus, começando seus evangelhos com a narrativa do nascimento de Jesus na cidade de Belém, vinculada à memória de Davi, têm a intenção de atribuir a Jesus uma origem davídica. Nos evangelhos de Marcos e de João não há referências ao nascimento em Belém. Lucas destaca as condições de despojamento e pobreza neste nascimento. Enquanto Mateus narra a visita dos magos do oriente trazendo ricos presentes, Lucas narra a visita dos humildes pastores em vigília dos rebanhos de seus patrões. Lucas é o evangelista dos pobres amados por Deus. Em um mundo marcado pelas injustiças dos poderosos, o povo oprimido vislumbra a libertação e a vida plena.