Nossa Senhora da Imaculada Conceição
Quinta-feira, 08 de dezembro de 2011
Mais do que memória ou festa de um dos santos de Deus, neste dia estamos solenemente comemorando a Imaculada Conceição de Nossa Senhora, a Rainha de todos os santos.
Esta verdade, reconhecida pela Igreja de Cristo, é muito antiga. Muitos padres e doutores da Igreja oriental, ao exaltarem a grandeza de Maria, Mãe de Deus, usavam expressões como: cheia de graça, lírio da inocência, mais pura que os anjos.
A Igreja ocidental, que sempre muito amou a Santíssima Virgem, tinha uma certa dificuldade para a aceitação do mistério da Imaculada Conceição. Em 1304, o Papa Bento XI reuniu na Universidade de Paris uma assembleia dos doutores mais eminentes em Teologia, para terminar as questões de escola sobre a Imaculada Conceição da Virgem. Foi o franciscano João Duns Escoto quem solucionou a dificuldade ao mostrar que era sumamente conveniente que Deus preservasse Maria do pecado original, pois a Santíssima Virgem era destinada a ser mãe do seu Filho. Isso é possível para a Onipotência de Deus, portanto, o Senhor, de fato, a preservou, antecipando-lhe os frutos da redenção de Cristo.
Rapidamente a doutrina da Imaculada Conceição de Maria, no seio de sua mãe Sant'Ana, foi introduzido no calendário romano. A própria Virgem Maria apareceu em 1830 a Santa Catarina Labouré pedindo que se cunhasse uma medalha com a oração: "Ó Mariaconcebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós".
No dia 8 de dezembro de 1854, através da bula Ineffabilis Deus do Papa Pio IX, a Igreja oficialmente reconheceu e declarou solenemente como dogma: "Maria isenta do pecado original".
A própria Virgem Maria, na sua aparição em Lourdes, em 1858, confirmou a definição dogmática e a fé do povo dizendo para Santa Bernadette e para todos nós: "Eu Sou a Imaculada Conceição".
Nossa Senhora da Imaculada Conceição, rogai por nós!
Hoje:
Dia Mundial da Imaculada Conceição, Dia da Família, Dia da Justiça
Leituras
Primeira Leitura (Gênesis 3,9-15.20)
Leitura do livro do Gênesis.
3 9 Mas o Senhor Deus chamou o homem, e disse-lhe: "Onde estás?"
10 E ele respondeu: "Ouvi o barulho dos vossos passos no jardim; tive medo, porque estou nu; e ocultei-me."
11 O Senhor Deus disse: "Quem te revelou que estavas nu? Terias tu porventura comido do fruto da árvore que eu te havia proibido de comer?"
12 O homem respondeu: "A mulher que pusestes ao meu lado apresentou-me deste fruto, e eu comi."
13 O Senhor Deus disse à mulher: Porque fizeste isso?" "A serpente enganou-me,– respondeu ela – e eu comi."
14 Então o Senhor Deus disse à serpente: "Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais e feras dos campos; andarás de rastos sobre o teu ventre e comerás o pó todos os dias de tua vida.
15 Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu ferirás o calcanhar."
20 Adão pôs à sua mulher o nome de Eva, porque ela era a mãe de todos os viventes.
Salmo 97/98
Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
porque ele fez prodígios!
Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
porque ele fez prodígios!
Sua mão e o seu braço forte e santo
alcançaram-lhe a vitória.
O Senhor fez conhecer a salvação
e, às nações, sua justiça;
recordou o seu amor sempre fiel
pela casa de Israel.
Os confins do universo contemplaram
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,
alegrai-vos e exultai!
EVANGELHO (Lucas 1,26-38)
1 26 No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,
27 a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria.
28 Entrando, o anjo disse-lhe: "Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo".
29 Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação.
30 O anjo disse-lhe: "Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus.
31 Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus.
32 Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, 33 e o seu reino não terá fim".
34 Maria perguntou ao anjo: "Como se fará isso, pois não conheço homem?"
35 Respondeu-lhe o anjo: "O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus.
36 Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril,
37 porque a Deus nenhuma coisa é impossível".
38 Então disse Maria: "Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra". E o anjo afastou-se dela.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Imaculada Conceição de Maria"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Em 08 de Dezembro de 1854 o Papa Pio XI tinha proclamado solenemente o dogma da Imaculada Conceição de Maria, declarando que Maria foi concebida sem a mancha do pecado original.. Então, quatro anos depois, a própria Virgem Maria, em pessoa, quis confirmar este dogma. Foi quando em 25 de março de 1858, na festa da Anunciação, revelou seu Nome a Santa Bernadete nas aparições de Lourdes. Disse-lhe ela: “Eu sou a Imaculada Conceição”.
Um Dogma não pode ser jamais questionado, pois é um Verdade da nossa Fé, mas deve e precisa sempre ser interpretado, para que não se fomente no coração do Povo de Deus uma Fé sem conexão com a Natureza humana e sem compromisso com a história.
Por muito tempo na vida da Igreja, uma corrente excessivamente moralista defendeu a idéia absurda de que o pecado original estava ligado a sexualidade humana e a partir disso, passou-se a olhar a Imaculada Virgem Maria, como mulher que Deus preservou do pecado da sexualidade, uma vez que foi concebida pelo poder do Espírito Santo, sem a participação de José e daí, colocou-se Castidade e Virgindade em uma mesma “Gaveta”, e Maria começou a ser exaltada, não por aquilo que ela ERA, mas por aquilo que NÃO ERA (Maria não tinha tido relação com São José e por isso estava acima de todas as mulheres da terra)
O resultado disso foi no mínimo catastrófico: o sexo era, e para muitos ainda é, o mais grave de todos os pecados, conceito inculcado por uma catequese equivocada. A própria Igreja em sua história chegou a considerar o sexo no casamento, como um “mal” necessário, permitia-se a relação sexual entre homem e mulher, apenas para a preservação da espécie. Olhando-=se então por esse viés, os Filhos gerados em um casamento eram frutos do pecado, menos Jesus Cristo, gerado por obra do Espírito Santo. Nesse caso, não há como fundamentar o Dogma da Imaculada Conceição, pois Maria nasceu da união carnal de Santa Ana e São Joaquim, portanto, como todos os mortais: Fruto do “Pecado” da sexualidade foi de fato concebida sem a mancha do pecado original, mas não foi gerada pelo Espírito Santo...
A questão é que, se olharmos para Jesus na Teologia Joanina, fica mais fácil de entendermos não só esse como todos os demais Dogmas Marianos, se para os sinóticos Mateus, Marcos e Lucas, o ponto de partida da Cristologia é a Encarnação, João o coloca em seu devido lugar, como a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, então a pré existência do Verbo Divino dà ênfase a precedência sobre Maria de Nazaré, tudo em Maria nos leva a Jesus, inclusive os Dogmas proclamados solenemente pela Santa Igreja e não o contrário.
Os Dogmas da Imaculada Conceição, e da Virgindade de Maria, revelam a autenticidade do Messianismo de Jesus, Ele é o Messias Salvador de toda humanidade, não só dos Judeus como até então se pensava. O Pecado do qual ele nos libertou, não é do pecado da sexualidade e nem foi este o pecado original de Adão e Eva, mas sim o da DESOBEDIÊNCIA, da não submissão aos Desígnios Divinos, e á sua Santa Vontade, aliás, há aqui uma grande ironia: o Homem quis ser Deus, ocupando o lugar que lhe pertence, e Deus se tornou Homem em Jesus Cristo, invertendo a ordem estabelecida pelo pecado: o Grande se faz pequeno, justamente para mostrar a sua Grandeza, presente concretamente no Amor que se rebaixa para Servir (Kénose).
Aí está o verdadeiro sentido desse Dogma, Maria é imaculada, sem nenhuma mancha ou culpa, não pelo seu próprio esforço ou por algum detalhe a mais ou a menos no seu organismo, mas sim porque nela, Jesus antecipou a Salvação de toda humanidade, o Pai a preservou, Aquele que veio para nos libertar não poderia nascer de alguém submetida ao pecado, Eva, que prefigura a humanidade, e Maria de Nazaré foram em sua origem preservadas de todo mal, entretanto, Maria, Obediente e Fiel á sua origem, assim se manteve, enquanto que Eva, usando mal da sua liberdade, fez uma escolha contrária ao Plano Divino, perdendo para a Serpente, que Maria esmagou sob os pés.
O que caracteriza Maria como Imaculada é precisamente essa vitória sob as forças do mal, representadas pelo dragão, esmagado pelos seus pés (quase sempre representado pela serpente) e a meia-lua. Dois símbolos fortes, oriundos tanto da cultura universal quanto das páginas bíblicas.
O termo Imácula, vem do latim Imaculare ( sem mancha alguma) assim se manteve Maria, e assim também se mantém todo aquele que crê em Jesus Cristo – Filho de Deus, pois quando se permite que Deus preencha todo o nosso ser, submetendo-nos a ele como servos e servas, o mal não nos domina, apesar da concupiscência da carne, e assim, primeiro Maria, que nos precedeu como a primeira a ser Salva, um dia em nós também a Salvação será uma feliz e acabada realidade, quando a Graça se tornar plena, após a purificação da Santa Morte. Maria já viveu essa feliz e eterna realidade nesta terra e depois dela , também viverá todos os que crêem...
O Dogma da Assunção confirma que Maria era mesmo Imaculada e não teve necessidade da purificação da morte, como todos nós mortais teremos que experimentar, para concluir a passagem para a Comunhão Plena e Definitiva com Deus Pai na Trindade Santa, com todos os anjos e santos... Depois de vencidas as Forças do Mal, que Maria derrotou por primeiro, como conseqüência da Salvação nela antecipada.
Imaculada Conceição de Maria... ROGAI POR TODOS NÓS, AMÉM!
2. O dogma da Imaculada Conceição
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
O título de "Imaculada Conceição" atribuído a Maria exprime a definição dogmática de que Maria foi concebida sem pecado original. O dogma foi proclamado pelo papa Pio IX, em 1854. Comemora-se a concepção de Maria, isto é, sua geração como fruto da união de amor entre seus pais, Joaquim e Ana. Contudo, Maria é concebida sem o pecado original, diferentemente do comum dos mortais, os quais, também por definição dogmática, são pecadores já ao serem concebidos. Nesta celebração são enaltecidos os casais que com amor e responsabilidade geram filhos, glorificando a Deus na sua criação.
3. ALEGRA-TE, CHEIA DE GRAÇA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A saudação do anjo Gabriel surpreendeu Maria. Quem era ela senão uma humilde habitante de Nazaré, cidade sem importância das montanhas da Galiléia? Mulher sem maiores pretensões do que a de ser fiel a Deus; uma virgem já prometida em casamento a José, mas sem viver conjugalmente com ele, conforme as tradições de seu povo? Afinal, que méritos tinha para ser uma "agraciada", "plena da graça" divina?
Maria estava longe de compreender o projeto de Deus a seu respeito. Sua humildade de mulher simples do interior não lhe permitia pensar grandes coisas a respeito de si mesma. Quiçá tenha sido este o motivo por que fora escolhida por Deus para ser mãe do Messias. Livre de toda forma de orgulho e autosuficiência, Maria podia abrir seu coração para receber a graça de Deus que haveria de torná-la templo do Espírito Santo. Ela tornou-se objeto da atenção divina, no seu anseio de salvar a humanidade. Deus queria contar com alguma pessoa disposta a se tornar "escrava do Senhor", e permitir que a vontade divina acontecesse em sua vida, sem objeções. Foi para Maria que se voltaram os olhares de Deus!
Tudo quanto o anjo comunicara a Maria era grande demais para o seu entendimento, e superava sua capacidade de pô-lo em prática. Abriu-se para ela uma perspectiva nova, ao lhe ser prometida a assistência do Espírito Santo. Este seria a força que lhe permitiria levar a bom termo a missão divina que lhe fora comunicada pelo anjo.