Nossa Senhora do Carmo
Sábado, 16 de julho de 2011
Ao olharmos para a história da Igreja encontramos uma linda página marcada pelos homens de Deus, mas também pela dor, fervor e amor à Virgem Mãe de Deus: é a história da Ordem dos Carmelitas, da qual testemunha o cardeal Piazza: "O Carmo existe para Maria e Maria é tudo para o Carmelo, na sua origem e na sua história, na sua vida de lutas e de triunfos, na sua vida interior e espiritual".
Carmelo (em hebraico, "carmo" significa vinha; e "elo" significa senhor; portanto, "Vinha do Senhor"): este nome nos aponta para a famosa montanha que fica na Palestina, donde o profeta Elias e o sucessor Elizeu fizeram história com Deus e com Nossa Senhora, que foi pré-figurada pelo primeiro numa pequena nuvem (cf. I Rs 18,20-45). Estes profetas foram "participantes" da Obra Carmelita, que só vingou devido à intervenção de Maria, pois a parte dos monges do Carmelo que sobreviveram (século XII) da perseguição dos muçulmanos, chegaram fugidos na Europa e elegeram São Simão Stock como seu superior geral; este, por sua vez, estava no dia 16 de julho intercedendo com o Terço, quando Nossa Senhora apareceu com um escapulário na mão e disse-lhe: "Recebe, meu filho, este escapulário da tua Ordem, que será o penhor do privilégio que eu alcancei para ti e para todos os filhos do Carmo. Todo o que morrer com este escapulário será preservado do fogo eterno".
Vários Papas promoveram o uso do escapulário e Pio XII chegou a escrever: "Devemos colocar em primeiro lugar a devoção do escapulário de Nossa Senhora do Carmo - e ainda - escapulário não é 'carta-branca' para pecar; é uma 'lembrança' para viver de maneira cristã, e assim, alcançar a graça duma boa morte". Neste dia de Nossa Senhora do Carmo, não há como não falar da história dos Carmelitas e do escapulário, pois onde estão os filhos aí está a amorosa Mãe.
Nossa Senhora do Carmo, rogai por nós!
Hoje: Dia do Comerciante
Leituras
Primeira Leitura (Zacarias 2,14-17)
"Solta gritos de alegria, regozija-te, filha de Sião. Eis que venho residir no meio de ti - oráculo do Senhor. Naquele dia se achegarão muitas nações ao Senhor, e se tornarão o meu povo: habitarei no meio de ti, e saberás que fui enviado a ti pelo Senhor dos exércitos.
O Senhor possuirá Judá como seu domínio, e Jerusalém será de novo (sua cidade) escolhida. Toda criatura esteja em silêncio diante do Senhor: ei-lo que surge de sua santa morada.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Lc 1
O Poderoso fez por mim maravilhas e santo é o seu nome.
A minha alma engrandece ao Senhor
e se alegrou o meu espírito em Deus, meu salvador.
Pois ele viu a pequenez de sua serva,
desde agora as gerações hão de chamar-me de bendita.
O Poderoso fez por mim maravilhas
e santo é o seu nome!
Seu amor, de geração em geração,
chega a todos os que o respeitam.
Demonstrou o poder de seu braço,
dispersou os orgulhosos.
Derrubou os poderosos de seus tronos
e os humildes exaltou.
De bens saciou os famintos
e despediu, sem nada, os ricos.
Acolheu Israel, seu servidor,
fiel ao seu amor,
como havia prometido aos nossos pais,
em favor de Abraão e de seus filhos para sempre.
Evangelho (Mateus 12,46-50)
Naquele tempo, Jesus falava ainda à multidão, quando veio sua mãe e seus irmãos e esperavam do lado de fora a ocasião de lhe falar.
Disse-lhe alguém: "Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te". Jesus respondeu-lhe: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: "Eis aqui minha mãe e meus irmãos.
Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe".
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Mais uma armação dos Fariseus...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
A “Fariseusada” estava doida com Jesus, que falava a Verdade sem ter o rabo preso com qualquer sistema religioso ou econômico, anunciava a Justiça do Reino e denunciava a Injustiça dos Homens. Era preciso fazer aquele homem calar a boca e então foram procurar sua Mãe e seus irmãos, isso é, seus primos e demais parentes, e dá até para imaginar o “jeitinho” com que falaram com eles “Olha, nos queremos o bem daquele seu parente chamado Jesus de Nazaré, mas ele deve estar louco porque está falando contra a Lei de Moisés e é perigoso algo de ruim acontecer com ele, vão lá agora, e tragam-no embora para casa, pois os Chefes já estão “Por aqui” com ele...
Mas quem disse que Jesus iria cair em uma armadilha daquela, ou que iria se intimidar diante dos Fariseus?
Ao contrário, aproveitou a ocasião para dizer a todos o que é mais importante nessa vida, Fazer a Vontade do Pai que está nos céus,que está acima de qualquer lei ou norma, mesmo religiosa. Uma observação muito importante, não sabemos se essa MÃE a que o texto se refere, era realmente Maria, ou se tratava da Matriarca da Família, uma mulher mais idosa, que passava por MÃE de todos.
De qualquer modo, Jesus estabelece com a comunidade, laços mais fortes que os de Família, onde, quem ouvir a sua palavra e se fazer seguidor dela, lhe será tão íntimo como a Mãe e os irmãos. Uma relação de amor é a base de toda Vontade de Deus.
Os parentes de Jesus tiveram de voltar para casa sem ele, quanto aos Fariseus, devem ter sentido o ódio e a rejeição por ele, crescer ainda mais.
Fazer a Vontade de Deus não é coisa fácil, mas o Cristão discípulo de Jesus, não terá outra escolha, se quiser fazer parte dos seguidores de Jesus, ou então, que bata em retirada e volte para casa sem a companhia de Jesus, como fizeram aqueles seus parentes...
2. Maria une-se à vontade do Pai
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Este episódio que envolve a família de Jesus é narrado nos três evangelhos sinóticos. O evangelho de Marcos o insere em um contexto de incompreensão da missão de Jesus por sua família e de forte rejeição da parte dos escribas, em Cafarnaum. Mateus introduz este episódio após quatro narrativas de conflitos com fariseus e escribas, preparando a série de parábolas que o seguem.
O núcleo da narrativa é o argumento fundamental colocado por Jesus: se os próprios laços familiares são superados pelo compromisso em fazer a vontade do Pai, na construção do Reino dos Céus, tanto mais o serão os demais laços e compromissos. Jesus, em vista da promoção da vida que é a realização concreta desta vontade do Pai, já excluíra o sábado, a mais preciosa observância dos fariseus.
Os simples vínculos carnais não são motivo de motivo de ufania ou glória. A maternidade carnal de Jesus é grandiosa para Maria. Porém esta grandiosidade resultou de algo maior que foi a sua fé. Por sua fé, ao aceitar ser a mãe do Filho de Deus e assumir os encargos decorrentes desta maternidade, Maria une-se à vontade do Pai estando, assim, integrada na família divina, que dela teve origem.
3. QUEM É MINHA MÃE E QUEM SÃO MEUS IRMÃOS?
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A ruptura com os laços familiares foi uma das exigências do serviço ao Reino, com as quais Jesus se defrontou. Também por exigência do Reino, foi levado a constituir, sobre novas bases, uma comunidade cujo relacionamento interpessoal deveria ter a profundidade do relacionamento familiar. A comunidade dos discípulos de Jesus pode ser definida como a família do Reino, cuja característica são os laços fraternos que unem seus membros.
Nesta perspectiva, fica em segundo plano a consangüinidade. Doravante, ser mãe ou irmão de sangue não tem importância. O critério de pertença à família do Reino consiste em submeter-se à vontade do Pai, sendo-lhe obediente em tudo. Importa mostrar, com ações concretas, esta submissão. Aí o agir do discípulo identifica-se com o agir do Mestre, a ponto de Jesus poder considerá-lo como irmão: a vontade do Pai é o imperativo na vida de ambos.
Assim, a ligação entre Jesus e os seus discípulos era muito mais profunda do que a sua convivência física com eles. Havia algo de superior que os unia, sem estar na dependência de elementos conjunturais, quais sejam, a pertença a uma determinada família, raça ou cultura. Basta alguém viver um projeto de vida fundado na vontade do Pai, para que Jesus o reconheça como pertencente à sua família. Para ele, estes são seus irmãos, suas irmãs, suas mães. São irrelevantes outros títulos de relação com Jesus, quando falta este pré-requisito.