Nossa Senhora do Rosário
Domingo, 07 de outubro de 2012
Esta festa foi instituída pelo Papa Pio V em 1571, quando celebrou-se a vitória dos cristãos na batalha naval de Lepanto. Nesta batalha os cristãos católicos, em meio a recitação do Rosário, resistiram aos ataques dos turcos otomanos vencendo-os em combate.
A celebração de hoje convida-nos à meditação dos Mistérios de Cristo, os quais nos guiam à Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição do Filho de Deus.
A origem do Rosário é muito antiga, pois conta-se que os monges anacoretas usavam pedrinhas para contar o número das orações vocais. Desta forma, nos conventos medievais, os irmãos leigos dispensados da recitação do Saltério (pela pouca familiaridade com o latim), completavam suas práticas de piedade com a recitação de Pai-Nossos e, para a contagem, o Doutor da Igreja São Beda, o Venerável (séc. VII-VIII), havia sugerido a adoção de vários grãos enfiados em um barbante.
Na história também encontramos Maria que apareceu a São Domingos e indicou-lhe o Rosário como potente arma para a conversão: "Quero que saiba que, a principal peça de combate, tem sido sempre o Saltério Angélico (Rosário) que é a pedra fundamental do Novo Testamento. Assim quero que alcances estas almas endurecidas e as conquiste para Deus, com a oração do meu Saltério".
Essa devoção, propagada principalmente pelos filhos de São Domingos, recebe da Igreja a melhor aprovação e foi enriquecida por muitas indulgências. Essa grinalda de 200 rosas - por isso Rosário - é rezado praticamente em todas as línguas, e o saudoso Papa João Paulo II e tantos outros Papas que o precederam recomendaram esta singela e poderosa oração, com a qual, por intercessão da Virgem Maria, alcançamos muitas graças de Jesus, como nos ensina a própria Virgem Santíssima em todas as suas aparições.
Nossa Senhora do Rosário, rogai por nós!
Hoje:
Dia do Compositor
Leituras
Primeira Leitura (Gênesis 2,18-24)
Leitura do Livro do Gênesis
2 18 O Senhor Deus disse: "Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada."
19 Tendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todos os animais dos campos, e todas as aves dos céus, levou-os ao homem, para ver como ele os havia de chamar; e todo o nome que o homem pôs aos animais vivos, esse é o seu verdadeiro nome.
20 O homem pôs nomes a todos os animais, a todas as aves dos céus e a todos os animais dos campos; mas não se achava para ele uma ajuda que lhe fosse adequada.
21 Então o Senhor Deus mandou ao homem um profundo sono; e enquanto ele dormia, tomou-lhe uma costela e fechou com carne o seu lugar.
22 E da costela que tinha tomado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher, e levou-a para junto do homem.
23 "Eis agora aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne de minha carne; ela se chamará mulher, porque foi tomada do homem."
Salmo 127/128
O Senhor te abençoe de Sião cada dia de tua vida.
Feliz és tu se temes o Senhor
e trilhas seus caminhos!
Do trabalho de tuas mãos hás de viver,
serás feliz, tudo irá bem!
A tua esposa é uma videira bem fecunda
no coração da tua casa;
os teus filhos são rebentos de oliveira
ao redor de tua mesa.
Será assim abençoado todo homem
que teme o Senhor.
O Senhor te abençoe de Sião
cada dia de tua vida.
Para que vejas prosperar Jerusalém
e os filhos dos teus filhos.
Ó Senhor, que venha a paz a Israel,
que venha a paz ao vosso povo!
Segunda Leitura (Hebreus 2,9-11)
Leitura da carta aos Hebreus.
2 9 Mas aquele que fora colocado por pouco tempo abaixo dos anjos, Jesus, nós o vemos, por sua Paixão e morte, coroado de glória e de honra. Assim, pela graça de Deus, a sua morte aproveita a todos os homens.
10 Aquele para quem e por quem todas as coisas existem, desejando conduzir à glória numerosos filhos, deliberou elevar à perfeição, pelo sofrimento, o autor da salvação deles,
11 para que santificador e santificados formem um só todo. Por isso, (Jesus) não hesita em chamá-los seus irmãos.
Evangelho (Marcos 10,2-16)
Naquele tempo, 10 2 chegaram os fariseus e perguntaram a Jesus, para o pôr à prova, se era permitido ao homem repudiar sua mulher.
3 Ele respondeu-lhes: "Que vos ordenou Moisés?"
4 Eles responderam: "Moisés permitiu escrever carta de divórcio e despedir a mulher."
5 Continuou Jesus: "Foi devido à dureza do vosso coração que ele vos deu essa lei;
6 mas, no princípio da criação, Deus os fez homem e mulher.
7 Por isso, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher;
8 e os dois não serão senão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne.
9 Não separe, pois, o homem o que Deus uniu."
10 Em casa, os discípulos fizeram-lhe perguntas sobre o mesmo assunto.
11 E ele disse-lhes: "Quem repudia sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira.
12 E se a mulher repudia o marido e se casa com outro, comete adultério."
13 Apresentaram-lhe então crianças para que as tocasse; mas os discípulos repreendiam os que as apresentavam.
14 Vendo-o, Jesus indignou-se e disse-lhes: "Deixai vir a mim os pequequinos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham.
15 Em verdade vos digo: todo o que não receber o Reino de Deus com a mentalidade de uma criança, nele não entrará."
16 Em seguida, ele as abraçou e as abençoou, impondo-lhes as mãos.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. QUE O HOMEM NÃO SEPARE...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
Não há quem não goste de originalidade, é assim no mundo das artes e no processo de produção principalmente no ramo de auto peças. Peça original custa mais caro, justamente porque é original. Nas artes há o direito autoral, que visa assegurar entre outras coisas que a obra não será descaracterizada, pois caso isso venha a ocorrer, ela se torna uma falsificação e perde o seu valor.
Sobre a importância de uma peça original em um veículo, por exemplo, nem é preciso argumentar sobre a qualidade e o desempenho, além da sua vida útil, que é bem maior quando a mesma é original.
Nos anos 70, durante a “febre” dos produtos importados, quando se queria desdenhar do objeto de alguém, a gente dizia de maneira irônica que aquele objeto era do Paraguai, isso significava falsificado.
Fiz essa introdução porque me parece ser esta a “queixa” de Jesus em relação a Lei do divórcio, que tinha um embasamento religioso “no princípio Deus os fez Homem e Mulher, e o homem deixará pai e mãe, se unirá à sua mulher e os dois serão uma só carne”.
O texto é uma denúncia explícita sobre a “falsificação” que os homens fizeram da união do homem e da mulher, idealizada pelo Criador. Ás vezes deparo com casais em segunda união, cuja primeira fui eu quem assisti em nome da Igreja, que fazem questão de dizer que agora sim, são felizes. Na misericórdia ensinada por Jesus, não nos deve faltar a compreensão, mas lá no fundo eu volto aos meus tempos de jovem e digo para mim mesmo “É do Paraguai, não tem nada de original”.
Uma lei, mesmo de caráter religioso como era a Lei de Moisés, nunca poderá permitir a separação do casal, porque vai contra o Plano do Criador ao falsificar sua obra prima, tirando dela o seu traço mais original: o amor ágape, da entrega e doação um ao outro, do amor que busca o bem e a felicidade do outro, do amor capaz de renunciar-se a si mesmo, do amor que sabe ser fiel sem que isso represente um peso insuportável, do amor que busca constantemente o diálogo, a compreensão, o perdão, do amor que se alegra, que é sempre caridoso e compassivo. Essas virtudes fazem da união conjugal o sinal mais evidente do amor de Deus.
Na obra da criação nada há mais perfeito que o homem e a mulher, pois os rios, florestas, montanhas e planícies, na sua beleza e esplendor falam-nos de Deus, mas nunca serão à sua imagem e semelhança por isso, na criação do homem e da mulher, toda a obra da Criação é exaltada e atinge o seu cume.
Homem e mulher formam uma unidade perfeita, só comparável a união de Cristo e da sua Igreja, como ensina o Apóstolo Paulo. O próprio homem reconhece essa perfeição quando exclama, diante da mulher “Essa sim é osso dos meus ossos e carne da minha carne”. Jesus não só confirma a legitimidade e autenticidade dessa união, como a coloca em nível de sacramento, tornando-a um sinal do Amor de Deus. Ninguém em sã consciência faltará ao respeito para com o Pavilhão Nacional, mesmo porque se for feito em público, o transgressor sofrerá punição da Lei, é isso que Jesus coloca como exortação a todos – Por isso o Homem não separe aquilo que Deus uniu.
Os discípulos não entenderam toda a magnitude da comunhão de vida entre o homem e a mulher, e em casa falaram reservadamente ao Mestre. Jesus vai então deixar bem claro “O homem que deixar sua mulher e se unir à outra, cometerá adultério contra a primeira, e se a mulher repudia o marido e se casa com outro, comete adultério”.
Que nunca falte de nossa parte enquanto Igreja, a misericórdia e o acolhimento a tantos recasados, mas que também não falte a eles, a humildade de reconhecer que romperam um vínculo sagrado, preferindo falsificar uma união, porque não acreditaram no poder e na força da Graça que um dia receberam no altar, quando manifestaram diante de Deus a decisão de viverem juntos a vida inteira.
2. Um projeto de igualdade
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Os fariseus, procurando motivo para condenar Jesus em questões da Lei, o questionam, agora, sobre o preceito do Decálogo que permite ao homem despedir a sua mulher (Dt 24,1). A Lei, que era atribuída a Moisés, com seu caráter patriarcal machista, vinculava os bens do casamento à posse do marido, relegando a mulher a uma posição de submissão. Reconhecendo o direito do homem de repudiar sua mulher, não explicitava, contudo, quais os motivos que justificariam tal repúdio. Entre os rabinos debatiam-se quais seriam estes motivos. A escola do rabino Hillel, mais seguida, autorizava o repúdio pela simples insatisfação do homem. A escola do rabino Shammai limitava o repúdio apenas nos casos de infidelidade da mulher.
Os fariseus, apegados à Lei, não duvidavam deste direito do homem. Jesus, em sua resposta, associa a Lei à dureza dos corações daquele povo e recorre ao projeto criador de Deus: homem e mulher, criados em uma só carne (primeira leitura), em igualdade de condições. Descartando, assim, o legalismo e o machismo, Jesus remete o homem e a mulher ao projeto criador de Deus, que é elevar a humanidade à plenitude do amor.
Na passagem paralela, no evangelho de Mateus (Mt 19,9; 5,32) é mencionado o direito de despedir a mulher no caso de pornéia (no original grego), de duvidosa interpretação, possivelmente com o sentido de adultério. Neste texto de Marcos, tanto o marido como a mulher podem dispensar o cônjuge, contudo, uma nova união é considerada como adultério. Porém, diante da complexidade da situação, é importante que sejam avaliados com bastante discernimento os casos de novas uniões.
Algumas pessoas, ao trazerem crianças para serem abençoadas por Jesus, são repreendidas pelos discípulos. As crianças são o símbolo dos excluídos, e os discípulos ainda guardam a mentalidade repressiva, o que leva Jesus a aborrecer-se. Acolher uma criança é assumir a humildade, a pequenez e a fragilidade diante de Deus.
Na Epístola aos Hebreus (segunda leitura) fica em evidência seu caráter eminentemente sacrifical, pelo qual, sob dois aspectos, contradiz a imagem de Jesus, Filho de Deus. Jesus, Deus presente humildemente na história, entre os humanos, passa a ser coroado de gloria e honra nos céus; e tal glória é a recompensa do sofrimento, uma vez que Jesus sempre se empenhou em aliviar os sofrimentos, comunicando vida plena com seu amor carinhoso.
3. DEFESA DO MATRIMÔNIO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
O divórcio, prática comum na época, foi fortemente condenado por Jesus. Baseados na Lei mosaica, os maridos não tinham escrúpulos de se desfazer das próprias mulheres, mesmo por motivos banais. Os fariseus, com más intenções, sondaram Jesus para saber a opinião dele a esse respeito. No fundo, queriam saber como ele se posicionava diante da Lei: se a respeitava e se submetia a seus ditames, ou não.
A resposta de Jesus não permitiu aos fariseus concretizar seu intento. O Mestre retomou o relato da criação, fundamento bíblico do matrimônio, e explicitou o projeto de Deus a partir daí. Segundo a vontade divina, ele consiste numa união tão profunda entre homem e mulher, a ponto de atingir o auge da comunhão. Aí, a diversidade é superada por uma unidade indissolúvel, representada pela expressão: "serão os dois uma só carne". Na raiz desta união está o Pai. Ele é quem une. E o que for unido por ele não poderá dissolver-se.
Em última análise, Jesus estava afirmando que, quando se dá o divórcio, é porque, de fato, não houve matrimônio. Um homem que se sente à vontade para mandar embora sua mulher é porque não chegou a formar com ela uma só carne. Quando, porém, Deus une homem e mulher nada e ninguém tem o direito de desuni-los.