Protomártires da Igreja de Roma

Quinta-feira, 30 de junho de 2011


Depois da solenidade universal dos apóstolos São Pedro e Paulo, a liturgia nos apresenta a memória de outros cristãos que se tornaram os primeiros mártires da Igreja de Roma, por isso, protomártires.

O testemunho dos mártires da nossa Igreja nos recorda o que é essencial para a vida, para o cristão, para sermos felizes em Deus, principalmente nos momentos mais difíceis que todos nós temos.

Os mártires viveram tudo em Cristo.

No ano de 64, o imperador Nero pôs fogo em Roma e acusou os cristãos. Naquela época a comunidade cristã, vítima de preconceitos, era tida como uma seita, e inimiga, pois não adoravam o Imperador.

Qualquer coisa que acontecia de negativo, os cristãos eram acusados. Por isso, foram acusados de terem posto fogo em Roma, e a partir daí, no ano 64, começaram a ser perseguidos.

Os escritos históricos em Roma narram que os cristãos eram lançados nas arenas para servirem de espetáculo ao povo, junto às feras. Cobertos de piches, como tochas humanas e muitos outros atos atrozes.

E a resposta era sempre o perdão e a misericórdia.

O Papa São Clemente I escreveu: “Nos encontramos na mesma arena e combatemos o mesmo combate. Deixemos as preocupações inúteis e os vãos cuidados e voltemo-nos para a gloriosa e venerável regra da nossa tradição: consideremos o que é belo, o que é bom e o que é agradável ao nosso criador.”

Protomártires da Igreja de Roma, rogai por nós!


Hoje: Dia do Caminhoneiro


Leituras

Primeira Leitura (Gênesis 22,1-19)

Depois disso, Deus provou Abraão, e disse-lhe: “Abraão!” “Eis-me aqui”, respondeu ele. Deus disse: “Toma teu filho, teu único filho a quem tanto amas, Isaac; e vai à terra de Moriá, onde tu o oferecerás em holocausto sobre um dos montes que eu te indicar.”

No dia seguinte, pela manhã, Abraão selou o seu jumento. Tomou consigo dois servos e Isaac, seu filho, e, tendo cortado a lenha para o holocausto, partiu para o lugar que Deus lhe tinha indicado. Ao terceiro dia, levantando os olhos, viu o lugar de longe. “Ficai aqui com o jumento, disse ele aos seus servos; eu e o menino vamos até lá mais adiante para adorar, e depois voltaremos a vós.”

Abraão tomou a lenha do holocausto e a pôs aos ombros de seu filho Isaac, levando ele mesmo nas mãos o fogo e a faca. E, enquanto os dois iam caminhando juntos, Isaac disse ao seu pai: “Meu pai!” “Que há, meu filho?” Isaac continuou: “Temos aqui o fogo e a lenha, mas onde está a ovelha para o holocausto?” “Deus, respondeu-lhe Abraão, providenciará ele mesmo uma ovelha para o holocausto, meu filho.” E ambos, juntos, continuaram o seu caminho.

Quando chegaram ao lugar indicado por Deus, Abraão edificou um altar; colocou nele a lenha, e amarrou Isaac, seu filho, e o pôs sobre o altar em cima da lenha. Depois, estendendo a mão, tomou a faca para imolar o seu filho. O anjo do Senhor, porém, gritou-lhe do céu: “Abraão! Abraão!” “Eis-me aqui!” “Não estendas a tua mão contra o menino, e não lhe faças nada. Agora eu sei que temes a Deus, pois não me recusaste teu próprio filho, teu filho único.” Abraão, levantando os olhos, viu atrás dele um cordeiro preso pelos chifres entre os espinhos; e, tomando-o, ofereceu-o em holocausto em lugar de seu filho.

Abraão chamou a este lugar "o Senhor providenciará", de onde se diz até o dia de hoje: “Sobre o monte o Senhor providenciará.” Pela segunda vez chamou o anjo do Senhor a Abraão, do céu, e disse-lhe: “Juro por mim mesmo, diz o Senhor: pois que fizeste isto, e não me recusaste teu filho, teu filho único, eu te abençoarei. Multiplicarei a tua posteridade como as estrelas do céu, e como a areia na praia do mar. Ela possuirá a porta dos teus inimigos, e todas as nações da terra desejarão ser benditas como ela, porque obedeceste à minha voz.” Abraão voltou então para os seus servos, e foram juntos para Bersabéia, onde fixou sua residência.

Salmo 114/115

Andarei na presença de Deus, junto a ele, na terra dos vivos.

Eu amo o Senhor, porque ouve
o grito da minha oração.
Inclinou para mim seu ouvido
no dia em que eu o invoquei.

Prendiam-me as cordas da morte,
apertavam-me os laços do abismo;
invadiam-me angústia e tristeza,
eu então invoquei o Senhor:
“Salvai, ó Senhor, minha vida!”

O Senhor é justiça e bondade,
nosso Deus é amor-compaixão.
É o Senhor quem defende os humildes:
eu estava oprimido, e salvou-me.

Libertou minha vida da morte,
enxugou de meus olhos o pranto
e livrou os meus pés do tropeço.
Andarei na presença de Deus,
junto a ele na terra dos vivos.


Evahgelho (Mateus 9,1-8)

Naquele tempo, Jesus tomou de novo a barca, passou o lago e veio para a sua cidade.
Eis que lhe apresentaram um paralítico estendido numa padiola. Jesus, vendo a fé daquela gente, disse ao paralítico: "Meu filho, coragem! Teus pecados te são perdoados."
Ouvindo isto, alguns escribas murmuraram entre si: "Este homem blasfema." Jesus, penetrando-lhes os pensamentos, perguntou-lhes: "Por que pensais mal em vossos corações? Que é mais fácil dizer: Teus pecados te são perdoados, ou: Levanta-te e anda?
Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados: Levanta-te" - disse ele ao paralítico -, "toma a tua maca e volta para tua casa."
Levantou-se aquele homem e foi para sua casa".
Vendo isto, a multidão encheu-se de medo e glorificou a Deus por ter dado tal poder aos homens.

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Jesus Faz “Barba e Cabelo”

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

É até temeroso usar certas expressões como esta, para falar de Jesus, muitos pensam que seria banalizar a sua pessoa e ação, mais banalizado do que Jesus já foi, a partir da sua encarnação, e depois com a morte horrível na cruz, tudo por que? Para estar perto do homem, para amá-lo, comunicar a misericórdia de Deus e o Salvá-lo. Às vezes uma expressão assim, é melhor compreendida e toca mais fundo coração de alguém, do que frases muito batidas, mas que não dizem nada para a vida do ouvinte. Bom, mas vamos ao texto.

Se não entendermos que a Força da Salvação, da Graça Santificante e da Misericórdia de Deus, plenamente manifestadas em Jesus, é maior e mais poderosa do que nossos pecadinhos e pecadões, se não compreendermos que a Palavra penetra fundo chegando no centro da nossa vida, onde outras mensagens não conseguem com a mesma eficácia, permanecemos paralíticos como este homem, ficamos paralisados em nossos pecados, temos medo de encarar o mundo e confrontar a Força do Mal nele presente, como vimos no evangelho de ontem. Tem muito cristão paralítico, que não anda nem desanda, não se abre realmente para a Boa Nova, porque tem medo de perder algo, ainda mais com esse espírito consumista que infesta o coração do homem desse tempo. Paralíticos que atrapalham a vida da comunidade, que não deixa a pastoral caminhar, que faz de um Movimento Religioso algo tão mesquinho, desvirtuando do seu verdadeiro papel.

Tudo isso por quê? Não se acredita que Deus é tão misericordioso desse jeito, não se crê que esse amor de Deus por nós manifestado em Jesus, é realmente grandioso e infinito, paralisia é não conseguir amar com a mesma intensidade de Jesus, fazendo apenas uma “Meia Boca” do seu mandamento maior, dado ás vésperas da sua paixão, Coração amarrado que parece Mula empacadeira, não entende aquilo que é essencial no Cristianismo, na Comunidade de Mateus tinha gente assim, nas nossas também, não na Patagônia, como sempre se diz por aí, está na hora da gente assumir, não é?

Diante de Jesus não tem conversa fiada, a comunidade sentia-se incomodada com a presença daquele paralítico em meio dela, mas tinham Fé e esperança de que Jesus o iria libertar daquela paralisia do coração, que é a pior de todas.

Bom, havia uma paralisia Física sim, mas essa foi Café pequeno para o Poder de Jesus, entretanto, para o Judeu, deficiência física era conseqüência do pecado. O amor de Jesus e a Misericórdia do Pai, envolveu aquele homem naquele momento e o tornou liberto de qualquer mal que o aprisionava. Então uns Escribas, sempre eles, esses doutores que sabem tudo, mas ao mesmo tempo não sabem nada, ficaram horrorizados em seu íntimo mas foram descobertos por Jesus, admitiam até o milagre da deficiência, mas restituir ao homem o poder de amar e sentir-se amado por Deus, aí já era demais.

Muita gente hoje em dia busca uma cura de doenças que abalam a saúde, mas não se dispõe a curar também o coração, para amarem mais, para serem mais igreja, para serem mais corajosos e menos “Frouxos” em seu testemunho. E Jesus manifestou externamente aquilo que já havia realizado interiormente naquele homem. O homem levantou-se e foi para sua casa, onde o amor é essencial na relação entre as pessoas, é na casa e na Família que se aprende a amar como Jesus. O Povo glorificou a Deus, reconhecendo algo Divino em Jesus, os Escribas ruminaram sua raiva, e eu aqui, disse para mim mesmo, com uma enorme alegria no coração “O meu Senhor sempre Vence, Ele sempre faz Barba e Cabelo, aqui dentro do meu coração”

2. Jesus vem remover a culpa imputada pela Lei

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Mateus, preocupado em reunir dez milagres de Jesus, nos capítulos 8 e 9 de seu evangelho, resume esta narrativa da cura do paralítico, bem mais detalhada em Marcos. Embora a preocupação de Mateus seja o caráter messiânico da cura milagrosa, o núcleo da narrativa é o perdão dos pecados. O pecado, no Primeiro Testamento, era qualquer desobediência aos mais de seiscentos preceitos da Lei, impondo restrições minuciosas às práticas comuns do dia a dia.

O povo trabalhador, oprimido e empobrecido, por suas próprias atividades de sobrevivência não tinha condições de observar estes preceitos todos. Assim era considerado pecador. Ainda mais, as doenças e defeitos físicos eram consideradas como castigo pelo pecado. Jesus vem remover a culpa imputada pela Lei, retirando a acusação de pecado do paralítico e libertando-o de sua paralisia.

3. PERDÃO E CURA

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

A declaração de que os pecados do homem paralítico estavam perdoados causou espanto nos adversários de Jesus. Parecia-lhes ser uma ofensa a Deus o que ouviam. Como alguém, no caso Jesus, tinha a ousadia de usurpar um poder divino? O gesto de Jesus era inaceitável para eles. Não passava de uma autêntica blasfêmia.

Jesus não se dobrou a esta interpretação maldosa e errada de sua ação. E se declarou capaz de fazer algo ainda mais divino: curar a paralisia daquele homem. Demonstrando seu poder de curar, Jesus manifestou sua condição de Filho do homem, revestido com poderes conferidos pelo Pai, para agir em nome do Pai. Jesus, que perdoou os pecados daquele homem, também o libertou de sua limitação física.

Portanto, ao agir, Jesus não se prevalece de um poder que não lhe pertence. Ele não é um inimigo de Deus. Antes, é o instrumento escolhido por Deus para que a humanidade se beneficiasse da ação divina de perdoar os pecados e curar as pessoas de seus males.

O duplo gesto de Jesus dá-se na mais total fidelidade a Deus, sem que lhe seja feita concorrência ou que seus poderes sejam usurpados. Contemplar os gestos poderosos de Jesus correspondia a ver Deus prodigalizando a humanidade com seus bens. Porém, os inimigos de Jesus se recusavam a curvar-se diante da evidência.