S. Carlos Borromeu

Quinta-feira, 04 de novembro de 2010


Carlos, o segundo filho de Gilberto, nasceu em 2 de outubro de 1538. Menino ainda, revelou ótimo talento e uma inteligência rara. Ao lado destas qualidades, manifestou forte inclinação para a vida religiosa, pela piedade e o temor a Deus. Ainda criança, era seu prazer construir altares minúsculos, diante dos quais, em presença dos irmãos e companheiros de idade, imitava as funções sacerdotais que tinha observado na Igreja. O amor à oração e o aborrecimento aos divertimentos profanos, eram sinais mais positivos da vocação sacerdotal.

O ano de 1562 veio a Carlos com a graça do sacerdócio. No silêncio da meditação, lançou Carlos planos grandiosos para a reorganização da Igreja Católica. Estes todos se concentraram na ideia de concluir o Concílio de Trento. De fato, era o que a Igreja mais necessitava, como base e fundamento da renovação e consolidação da vida religiosa. Carlos, sem cessar, chamava a atenção do seu tio (que era Cardeal e foi eleito Papa, com o nome de Pio IV) para esta necessidade, reclamada por todos os amigos da Igreja. De fato, o Concílio se realizou, e Carlos quis ser o primeiro a executar as ordens da nova lei, ainda que por esta obediência tivesse de deixar sua posição para ocupar outra inferior.

Carlos sabia muito bem que a caridade abre os corações também à religião. Por isto foi que grande parte de sua receita pertencia aos pobres, reservando ele para si só o indispensável. Heranças ou rendimentos que lhe vinham dos bens de família, distribuía-os entre os desvalidos. Tudo isto não aguenta comparação com as obras de caridade que o Arcebispo praticou, quando em 1569-1570, a fome e uma epidemia, semelhante à peste, invadiram a cidade de Milão. Não tendo mais o que dar, pedia ele próprio esmolas para os pobres e abria assim fontes de auxílio, que teriam ficado fechadas.

Quando, porém, em 1576, a cidade foi atingida pela peste, e o povo abandonado pelos poderes públicos, visto que ninguém se compadecia do povo, ainda procurava os pobres doentes dos quais ninguém lembrava, consolava-os e dava-lhes os santos sacramentos. Tendo-se esgotado todas as fontes de recurso, Carlos lançou mão de tudo o que possuía, para amenizar a triste sorte dos doentes. Mais de cem sacerdotes tinham pago com a vida, na sua dedicação e serviço aos doentes. Deus conservava a vida do Arcebispo, e este se aproveitou da ocasião para dizer duras verdades aos ímpios e ricos esquecidos de Deus.

Gregório XIII, não só rejeitou as acusações infundados feitas ao Arcebispo, mas ainda recebeu Carlos Borromeu em Roma, com as mais altas distinções. Em resposta a este gesto do Papa, o governador de Milão, organizou no primeiro domingo da Quaresma de 1579, um indigno préstito carnavalesco pelas ruas de Milão, precisamente à hora da missa celebrada pelo Arcebispo. O mesmo governador, que tanta guerra ao Prelado movera, e tantas hostilidades contra São Carlos estimulara, no leito de morte reconheceu o erro e teve o consolo da assistência do santo Bispo na hora da agonia. Seu sucessor, Carlos de Aragão, duque de Terra Nova, viveu sempre em paz com a autoridade eclesiástica. O Arcebispo gozou deste período só dois anos.

Quando em outubro de 1584, como era de costume, se retirara para fazer os exercícios espirituais, teve fortes acessos de febre, aos quais não deu importância e dizia: “Um bom pastor de almas, deve saber suportar três febres, antes de se meter na cama”. Os acessos renovaram-se e consumiram as forças do Arcebispo. Ao receber os santos sacramentos, expirou aos 03 de novembro de 1584. Suas últimas palavras foram: “Eis Senhor, eu venho, vou já”. São Carlos Borromeu tinha alcançado a idade de 46 anos.

O Papa Paulo V, canonizou-o em 1610 e fixou-lhe a festa para o dia 04 de novembro.

São Carlos Borromeu, rogai por nós!

(Fonte: Canção Nova)

Quinta-feira, 4 de novembro de 2010

São Carlos Borromeu, Bispo e Amigo dos Pobres, Memória, 3ª do Saltério (Livro III), cor Verde


Hoje: Dia do Inventor

Santos: Carlos Borromeu (arcebispo), Vital e Agrícola (mártires), Piério, João Zedazneli e seus companheiros, Claro (mártir), Joanício, Emerico (beato), Francisco d'Amboise (viúva).

Antífona: O Senhor firmou com ele uma aliança de paz, fazendo-o chefe do seu povo e sacerdote para sempre. (Eclo 45,30)

Oração: Conservai, ó Deus, no vosso povo o espírito que animava são Carlos Borromeu, para que a vossa Igreja, continuamente renovada e sempre fiel ao evangelho, possa mostrar ao mundo a verdadeira face do Cristo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Leituras

I Leitura: Filipenses (Fl 3, 3-8a)

Os verdadeiros circuncidados somos nós

Irmãos, os verdadeiros circuncidados somos nós, que prestamos culto pelo Espírito de Deus, pomos a nossa glória em Cristo Jesus e não pomos confiança na carne. AIiás, também eu poderia pôr minha confiança na carne. Pois, se algum outro pensa que pode confiar na carne, eu mais ainda. Fui circuncidado no oitavo dia, sou da raça de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu filho de hebreus. Em relação à Lei, fariseu, pelo zelo, perseguidor da Igreja de Deus; quanto à justiça que vem da Lei, sempre irrepreensível. Mas essas coisas, que eram vantagens para mim, considerei-as como perda, por causa de Cristo. Na verdade, considero tudo como perda diante da vantagem suprema que consiste em conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor. Palavra do Senhor!

Comentando a I Leitura

Essas coisas, que eram vantagens para mim,considerai-as como perda, por causa de Cristo

Cedemos às vezes à tentação de montar diante de Deus o mesmo aparato cênico que usamos para impressionar os homens. Para obter consideração, fazer carreira ou evitar condenação, exibimos títulos e privilégios. Cultivamos uma série de proteções que podem funcionar no momento oportuno. A "recomendação" ameaça tornar-se verdadeira instituição, oficiosamente codificada. Mas não se pode transferir o mesmo esquema para as relações com Deus. Aqui o "conhecimento" de Cristo é a única coisa que conta. E não é privilégio, mas relacionamento de fé, atitude de confiança. [MISSAL COTIDIANO, ©Paulus, 1997]


Salmo Responsorial: 104 (105), 2-3.4-5.6-7 (R/.1)

Exulte o coração dos que buscam o Senhor!

Cantai, entoai salmos para ele, publicai todas as suas maravilhas! 3Gloriai-vos em seu nome que é santo, exulte o coração que busca a Deus!

Procurai o Senhor Deus e seu poder, buscai constantemente a sua face! Lembrai as maravilhas que ele fez, seus prodígios e as palavras de seus lábios!

Descendentes de Abraão, seu servidor, e filhos de Jacó, seu escolhido, ele mesmo, o Senhor, é o nosso Deus, vigoram suas leis em toda a terra.


Evangelho: Lucas (Lc 15, 1-10)

Haverá alegria no céu por um só pecador que se converte

Naquele tempo, os publicanos e pecadores aproximaram-se de Jesus para o escutar. Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. "Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles". Então Jesus contou-lhes esta parábola:

"Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, e, chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: 'Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!' Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão.

E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e a procura cuidadosamente, até encontrá-la? Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: 'Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido!' Por isso, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte". Palavra da Salvação!

Comentando o Evangelho

Ao encontro dos pecadores

A pedagogia de Jesus, no trato com a humanidade, foi aprendida diretamente do Pai. Este quer ter junto de si todos os seus filhos. Quanto mais distantes estiverem, tanto mais Deus desejará atraí-los com o seu amor. No coração do Pai não há lugar para o ressentimento, o desejo de castigar, o fechamento para o perdão. Tudo nele é amor, compreensão, esquecimento das ofensas recebidas, disposição para acolher e recomeçar.

Foi assim que Jesus tratou todas as pessoas. De modo particular, os pecadores e as vítimas da marginalização social foram objeto de sua acolhida carinhosa. Recusando a se tornar juiz deles, buscava fazer-se próximo, de modo a mostrar-lhes o quanto eram amados pelo Pai. Acolhendo-os e pondo-se à mesa com eles, quebrava um tabu social de segregação a que estavam relegados, revelando-lhes a dignidade de seres humanos. Indo ao encontro deles, manifestava-lhes o propósito divino de não rejeitá-los e seu anseio de fazê-los voltar à casa paterna. Alegrando-se com a sua conversão e disposição a fazer penitência, revelava a confiança do Pai na capacidade do ser humano renunciar ao seu mau caminho para reinserir-se nos caminhos de Deus.

Os adversários olhavam com suspeita para o modo como Jesus tratava os pecadores. Só nutriam o desejo de que fossem punidos por Deus e votados à condenação eterna. Nada mais incompatível com os ideais de Jesus!
[O EVANGELHO NOSSO DE CADA DIA, Ano C, ©Paulinas, 1996]