Santa Catarina de Alexandria
Domingo, 25 de novembro de 2012
Neste dia lembramos a vida desta santa que é inspiradora e protetora de um Estado brasileiro: Santa Catarina. Nascida em Alexandria, recebeu uma ótima formação cristã. É uma das mais célebres mártires dos primeiros séculos, um dos Santos Auxiliadores. O pai, diz a lenda, era Costes, rei de Alexandria. Ela própria era, aos 17 anos, a mais bonita e a mais sábia das jovens de todo o império; esta sabedoria levou-a a ser muitas vezes invocada pelos estudantes. Anunciou que desejava casar-se, contanto que fosse com um príncipe tão belo e tão sábio como ela. Esta segunda condição embargou que se apresentasse qualquer pretendente.
"Será a Virgem Maria que te procurará o noivo sonhado", disse-lhe o ermitão Ananias, que tinha revelações. Maria aparece, de fato, a Catarina na noite seguinte, trazendo o Menino Jesus pela mão. "Gostas tu d'Ele?", perguntou Maria. -"Oh, sim". -"E tu, Jesus, gostas dela?" -"Não gosto, é muito feia". Catarina foi logo ter com Ananias: "Ele acha que sou feia", disse chorando. -"Não é o teu corpo, é a tua alma orgulhosa que Lhe desagrada", respondeu o eremita. Este instruiu-a sobre as verdades da fé, batizou-a e tornou-a humilde; depois disto, tendo-a Jesus encontrado bela, a Virgem Santíssima meteu aos dois o anel no dedo; foi isto que se ficou chamando desde então o "casamento místico de Santa Catarina".
Ansiosa de ir ter com o seu Esposo celestial, Catarina ficou pensando unicamente no martírio. Conta-se que ela apresentou-se em nome de Deus, diante do perseguidor, imperador Maxêncio, a fim de repreendê-lo por perseguir aos cristãos e demonstrar a irracionalidade e inutilidade da religião pagã. Santa Catarina, conduzida pelo Espírito Santo e com sabedoria, conseguiu demonstrar a beleza do seguimento de Jesus na sua Igreja. Incapaz de lhe responder, Maxêncio reuniu para a confundir os 50 melhores filósofos da província que, além de se contradizerem, curvaram-se para a Verdade e converteram-se ao Cristianismo, isto tudo para a infelicidade do terrível imperador.
Maxêncio mandou os filósofos serem queimados vivos, assim como à sua mulher Augusta, ao ajudante de campo Porfírio e a duzendos oficiais que, depois de ouvirem Catarina, tinham-se proclamado cristãos. Após a morte destes, Santa Catarina foi provada na dor e aprovada por Deus no martírio, tendo sido sacrificada numa máquina com quatro rodas, armadas de pontas e de serras. Isto aconteceu por volta do ano 305. O seu culto parece ter irradiado do Monte Sinai; a festa foi incluída no calendário pelo Papa João XXII (1316-1334).
Santa Catarina de Alexandria, rogai por nós!
Hoje:
Dia Nacional do Doador de Sangue
Leituras
Primeira Leitura (Daniel 7,13-14)
Leitura da profecia de Daniel.
7 13 "Olhando sempre a visão noturna, vi um ser, semelhante ao filho do homem, vir sobre as nuvens do céu: dirigiu-se para o lado do ancião, diante de quem foi conduzido.
14 A ele foram dados império, glória e realeza, e todos os povos, todas as nações e os povos de todas as línguas serviram-no. Seu domínio será eterno; nunca cessará e o seu reino jamais será destruído".
Salmo 92/93
Deus é rei e se vestiu de majestade,
glória ao Senhor!
Deus é rei e se vestiu de majestade,
revestiu-se de poder e de esplendor!
Vós firmastes o universo inabalável,
vós firmastes vosso trono desde a origem,
desde sempre, ó Senhor, vós existis!
Verdadeiros são os vossos testemunhos,
refulge a santidade em vossa casa
pelos séculos dos séculos, Senhor!
Segunda Leitura (Apocalipse 1,5-8)
Leitura do livro do Apocalipse.
1 5 Jesus Cristo, testemunha fiel, primogênito dentre os mortos e soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, que nos lavou de nossos pecados no seu sangue
6 e que fez de nós um reino de sacerdotes para Deus e seu Pai, glória e poder pelos séculos dos séculos! Amém.
7 Ei-lo que vem com as nuvens. Todos os olhos o verão, mesmo aqueles que o traspassaram. Por sua causa, hão de lamentar-se todas as raças da terra. Sim. Amém.
8 "Eu sou o Alfa e o Ômega", diz o Senhor Deus, "aquele que é, que era e que vem, o Dominador".
EVANGELHO (João 18,33-37)
Naquele tempo: 18 33 Pilatos entrou no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: "És tu o rei dos judeus?"
34 Jesus respondeu: "Dizes isso por ti mesmo, ou foram outros que to disseram de mim?"
35 Disse Pilatos: "Acaso sou eu judeu? A tua nação e os sumos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste?"
36 Respondeu Jesus: "O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo".
37 Perguntou-lhe então Pilatos: "És, portanto, rei?" Respondeu Jesus: "Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1 UM REINO QUE NÃO É DAQUI
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
A resposta de Jesus à Pilatos, de que o seu reino não é deste mundo, poderá ser mal interpretado, se não se conhecer o contexto do evangelho e o mal entendimento poderá resultar em uma religião extremamente espiritualista, alienada e descomprometida com as realidades terrestres que nos cercam. O cristão sempre tem que ter os pés no chão da história e o olhar no paraíso onde o reino irá atingir a sua plenitude pois o reino de Jesus não é uma utopia mas realidade concreta.
A igreja celebra neste domingo a Festa de Cristo Rei que marca o encerramento do ano litúrgico e convida-nos a refletir sobre a realeza de Jesus porque muito mais que súditos, com ele reinamos e vamos construindo o reino já nesta vida. Importante entendermos que não se trata de dois reinos, um terrestre e um celeste, mas de um único reino que um dia se tornará visível para toda humanidade.
Em sua vida pública Jesus viveu momentos em que poderia declarar-se rei, aliás, o povo e os próprios discípulos em alguns desses momentos quiseram faze-lo um rei porém, Jesus sempre fugiu desse populismo que não leva a nada a não ser alimentar a vaidade humana.
A confirmação de sua realeza diante de Pilatos,se dá em um momento dramático quando Jesus está totalmente só e indefeso pois os amigos mais chegados o abandonaram, o povo, a quem ele saciou a fome, instigado pelas lideranças religiosas, haviam pedido a sua condenação, preferindo libertar Barrabás. É portanto um momento de fracasso total e vergonhosa humilhação sendo assim, nessas condições totalmente desfavoráveis, que Jesus confirma que é rei.
Portanto, podemos compreender em um primeiro momento, que reinar com Jesus significa percorrer o difícil caminho do discipulado que vai sempre na contra mão dos projetos humanos, que buscam o Poder e o Ter como as únicas alternativas se ter o domínio não só de um grupo mas de todas as nações da terra, em um absolutismo cruel que atropela e faz sucumbir todos os sonhos e ideais de um povo, desencadeando ódio e violência entre classes, levantando barreiras entre as nações.
Neste sentido Jesus é o único rei que une e congrega todas as nações da terra, no mandato dos seus discípulos sua ordem foi bem clara:”Ide a todas as nações”. Os grandes impérios humanos que existiram e que ainda vão existir, todos sem exceção irão se acabar porque só o Reino de Deus é eterno e jamais passará. Assim como no passado o rei Davi unificou o norte e o sul, Jesus unificou o mundo inteiro e o seu reino não terá fim.
A arma poderosa que Jesus usou, para expandir o seu reino e torna-lo conhecido no mundo inteiro, não foi o poder bélico de um exército grandioso, nem tão pouco a coragem e valentia dos seus seguidores, que no primeiro confronto com o poder, fugiram todos deixando o mestre entregue nas mãos dos seus perseguidores.
Também não fez uso do poder econômico já que nasceu, viveu e morreu pobre, muito menos utilizou o poder divino para impor à força o seu reino. Mas empregou a força do amor!
Amor que ele manifestou em tantos gestos de acolhimento e misericórdia com os pobres e pecadores pois Jesus nunca quis destruir os que se opuseram ao seu reino mas ao contrário, quis ganha-los oferecendo também a eles a salvação enquanto que os reinos do mundo destroem e eliminam quem se interpõe em caminho Jesus constrói, restaura,renova e edifica o homem todo, sem distinção de raça, cor ou religião.
Por isso como Igreja, sinal deste reino no meio dos homens, muito mais que súditos ou meros simpatizantes somos todos discípulos que devem ter o coração sempre aberto a Deus e aos irmãos, manifestando em nossos gestos e palavras aquele mesmo amor que na manhã de um domingo irrompeu da escuridão da morte derrotando para sempre todas as forças do mal, inaugurando um reino que é definitivo.
A REALEZA DE JESUS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A proclamação da realeza de Jesus deve ser entendida a partir do projeto de Reino anunciado por ele. Os modelos humanos não ajudam a compreender a condição de rei aplicada a Jesus. Seu reino não depende dos esquemas deste mundo, e sim, do querer do Pai.
Por ocasião da paixão de Jesus, as autoridades judaicas apresentaram-no como um subversivo, cujo ideal era tornar-se rei dos judeus, libertando o povo da opressão romana. Jesus, porém, recusou-se a se apresentar como um concorrente de Pilatos. O termo reino tinha, para ele, um significado muito diferente daquele que lhe davam os romanos. O reino de Jesus está sob o senhorio do Pai, que deseja ver todos os seus filhos viverem em comunhão. É um reino de verdade e de justiça, pois nele não se admite nenhuma espécie de marginalização ou opressão; tampouco, que se recorra ao dolo e à mentira para se prevalecer sobre os demais.
No Reino de Deus, a autoridade é serviço. Quem é grande, se faz pequeno; para ser o primeiro, é necessário tornar-se o último. A violência e o ódio aí não têm lugar. Quem quer fazer parte desse Reino deve saber perdoar e estar sempre disposto a se reconciliar.
Este é o Reino que Jesus veio implantar na história humana. Os adversários de Jesus estavam longe de poder compreendê-lo.