Santa Catarina Labouré
Terça-feira, 27 de novembro de 2012
Celebramos neste dia o testemunho de vida cristã e mariana daquela que foi privilegiada com a aparição de Nossa Senhora, a qual deu origem ao título de Nossa Senhora das Graças ou da Medalha Milagrosa.
Santa Catarina de Labouré nasceu em Borgonha (França) a 2 de maio de 1806. Era a nona filha de uma família que, como tantas outras, sofria com as guerras napoleônicas.
Aos 9 anos de idade, com a morte da mãe, Catarina assumiu com empenho e maternidade a educação dos irmãos, até que ao findar desta sua missão, colocou-se a serviço do Bom Mestre, quando consagrou-se a Jesus na Congregação das Filhas da Caridade.
Aconteceu que, em 1830, sua vida se entrelaçou mais intimamente com os mistérios de Deus, pois a Virgem Maria começa a aparecer a Santa Catarina, a fim de enriquecer toda a Igreja e atingir o mundo com sua Imaculada Conceição, por isso descreveu Catarina:
"A Santíssima Virgem apareceu ao lado do altar, de pé, sobre um globo com o semblante de uma senhora de beleza indizível; de veste branca, manto azul, com as mãos elevadas até à cintura, sustentava um globo figurando o mundo encimado por uma cruzinha. A Senhora era toda rodeada de tal esplendor que era impossível fixá-la. O rosto radiante de claridade celestial conservava os olhos elevados ao céu, como para oferecer o globo a Deus. A Santíssima Virgem disse: Eis o símbolo das graças que derramo sobre todas as pessoas que mas pedem''.
Nossa Senhora apareceu por três vezes a Santa Catarina Labouré. Na terceira aparição, Nossa Senhora insiste nos mesmos pedidos e apresenta um modelo da medalha de Nossa Senhora das Graças. Ao final desta aparição, Nossa Senhora diz: "Minha filha, doravante não me tornarás a ver, mas hás-de ouvir a minha voz em tuas orações".
Somente no fim do ano de 1832, a medalha que Nossa Senhora viera pedir foi cunhada e espalhada aos milhões por todo o mundo.
Como disse Sua Santidade Pio XII, esta prodigiosa medalha "desde o primeiro momento, foi instrumento de tão numerosos favores, tanto espirituais como temporais, de tantas curas, proteções e sobretudo conversões, que a voz unânime do povo a chamou desde logo medalha milagrosa".
Esta devoção nascida a partir de uma Providência Divina e abertura de coração da simples Catarina, tornou-se escola de santidade para muitos, a começar pela própria Catarina que muito bem soube se relacionar com Jesus por meio da Imaculada Senhora das Graças.
Santa Catarina passou 46 anos de sua vida num convento, onde viveu o Evangelho, principalmente no tocante da humildade, pois ninguém sabia que ela tinha sido o canal desta aprovada devoção que antecedeu e ajudou na proclamação do Dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora em 1854.
Já como cozinheira e porteira, tratando dos velhinhos no hospício de Enghien, em Paris, Santa Catarina assumiu para si o viver no silêncio, no escondimento, na humildade. Enquanto viveu, foi desconhecida.
Santa Catarina Labouré entrou no Céu a 31 de dezembro de 1876, com 70 anos de idade.
Foi beatificada em 1933 e canonizada em 1947 pelo Papa Pio XII.
Santa Catarina Labouré, rogai por nós!
Leituras
Leitura (Apocalipse 14,14-19)
Leitura do livro do Apocalipse de são João.
14 14 Eu vi ainda uma nuvem branca, sobre a qual se sentava como que um "Filho do Homem", com a cabeça cingida de coroa de ouro e na mão uma foice afiada.
15 Outro anjo saiu do templo, gritando em voz alta para aquele que estava assentado na nuvem: "Lança a tua foice e ceifa, porque é chegada a hora de ceifar, pois está madura a seara da terra".
16 O Ser que estava assentado na nuvem lançou então a foice à terra, e a terra foi ceifada.
17 Outro anjo saiu do templo do céu. Tinha também uma foice afiada.
18 E outro anjo, aquele que tem poder sobre o fogo, saiu do altar e bradou em alta voz para aquele que tinha a foice afiada: "Lança a foice afiada e vindima os cachos da vinha da terra, porque maduras estão as suas uvas".
19 O anjo lançou a sua foice à terra e vindimou a vinha da terra, e atirou os cachos no grande lagar da ira de Deus.
Salmo 95/96
O Senhor vem julgar nossa terra.
Publicai entre as nações: "Reina o Senhor!"
Ele firmou o universo inabalável,
e os povos ele julga com justiça.
O céu se rejubile e exulte a terra,
aplauda o mar com o que vive em suas águas;
os campos com seus frutos rejubilem
e exultem as florestas e as matas.
Na presença do Senhor, pois ele vem,
porque vem para julgar a terra inteira.
Governará o mundo todo com justiça,
e os povos julgará com lealdade.
Evangelho (Lucas 21,5-11)
Naquele tempo, 21 5 como chamassem a atenção de Jesus para a construção do templo feito de belas pedras e recamado de ricos donativos, Jesus disse:
6 "Dias virão em que destas coisas que vedes não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído".
7 Então o interrogaram: "Mestre, quando acontecerá isso? E que sinal haverá para saber-se que isso se vai cumprir?"
8 Jesus respondeu: "Vede que não sejais enganados. Muitos virão em meu nome, dizendo: 'Sou eu'; e ainda: 'O tempo está próximo'. Não sigais após eles.
9 Quando ouvirdes falar de guerras e de tumultos, não vos assusteis; porque é necessário que isso aconteça primeiro, mas não virá logo o fim".
10 Disse-lhes também: "Levantar-se-ão nação contra nação e reino contra reino.
11 Haverá grandes terremotos por várias partes, fomes e pestes, e aparecerão fenômenos espantosos no céu".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Entrevista com Mateus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
____São Mateus, esse evangelho que é atribuído ao Senhor, fala do Fim do Mundo?
____(Mateus rindo...) Claro que não! O nosso Mestre e Senhor Jesus falava de um fato histórico que iria ocorrer no ano 70, quando o templo de Jerusalém foi destruído totalmente.
___Mas para o judeu, a destruição do templo era o fim do mundo, certo?
___(Mateus) sem dúvida! O templo era o centro não só religioso, mas também econômico e político. Não chegava nem aos pés do primeiro, construído pelo Rei Salomão, mesmo assim era belo e a comunidade Judaica falava dele com alegria e um santo orgulho, como essas pessoas que comentam com o Mestre sobre ele.
___São Mateus, mas além de profetizar o fato histórico, deve haver algo a mais, senão o Senhor e suas comunidades não teriam refletido e escrito sobre esse fato, que a primeira vista parece não ter nenhum significado especial. Certo?
___(Mateus) Claro, é isso mesmo ! Nenhuma Instituição Humana, mesmo as de caráter Religioso, não são o Reino de Deus mas apenas um Sinal Sacramental da Salvação que o Reino oferece. O Reino em sua base, que se fundamenta na Justiça e no direito, é eterno e imutável, já as instituições estão sujeitas aos percalços da História Humana e o fim de uma Instituição não significa o Fim do Reino de Deus.
___Opa São Mateus, agora a gente levou um susto, quer dizer que a Igreja Instituição, fundada pelo próprio Jesus, Nosso Senhor e Salvador, vai acabar um dia?
___(Mateus rindo...) Cadê a Igreja Imperialista, cadê a Igreja Medieval? Cadê o Modelo de Igreja antes do Concílio Vaticano II? De certo modo ela não acabou? Não surgiram novos métodos de ser igreja, fala-se até em uma nova evangelização...
____Mas tem muita gente hoje querendo viver do saudosismo de Modelos de Igreja do passado....
____Mateus - Pois é, aí é que está o grande perigo, de se valorizar mais a própria Instituição e sua estrutura, do que os valores do Reino e do Evangelho, que são eternos. Naquele tempo, os Judeus não admitiam que houvesse alguma outra religião que não tivesse o templo como centro de tudo. E o templo acabou....
___Mateus, e esses acontecimentos tenebrosos, que envolvem conflitos humanos e até intempéries da natureza, o que significam?
___Mateus - Toda mudança é traumatizante, você mesmo acabou de dizer que ainda há pessoas de dentro da Igreja, que aí em 2012 ficam olhando para o passado, para a Instituição daquele tempo, porque ficaram abalados com as mudanças e não conseguem olhar e aceitar os desafios do presente....O Mestre citou tais fatos, que nos deixam abalados, para exemplificar essa dificuldade.
___Ah bom...Agora ficou claro, podemos então compreender que a Instituição, com toda a sua estrutura e complexidade, é apenas um meio e não o fim, pois este é o Reino de Deus que jamais passará, enquanto que as nossas Instituições...
____Mateus ---- Isso mesmo, não anunciem aos homens a Instituição, mas o Reino, que é coinstruído com os valores ensinados no evangelho. Chupem e se deliciem com a Laranja doce e saborosa, e deixem a “casca” de lado, ela é apenas a proteção do que está dentro.
2. Dar lugar à novidade de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
O Templo era a sede do judaísmo, no tempo de Jesus. Jesus já denunciara que o Templo tornara-se um antro de ladrões (cf. 23 nov.). A palavra de Jesus sobre a destruição do Templo, além do fato histórico, tem o sentido do abandono da antiga doutrina emanada do Templo para dar lugar à novidade de Jesus.
As religiões excludentes, que consolidam grupos privilegiados religiosos ou raciais, são descartadas para a grande revelação do Deus de amor universal, que chama a si todos os povos e todas as raças, comunicando-lhes sua vida divina e eterna.
Após a menção do Templo, Jesus descarta que o advento de falsos profetas ou de guerras e abalos telúricos sejam sinais da proximidade do fim. Os discípulos devem despertar para a presença atual do Filho do Homem, na pessoa de Jesus, transformando o mundo por sua palavra e sua prática amorosa.
Oração Pai, teu Filho Jesus é sinal de tua presença no meio da humanidade. Que eu saiba acolhê-lo como manifestação de tua misericórdia, e só nele colocar toda a minha segurança.
3. NÃO FICARÁ PEDRA SOBRE PEDRA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A imponência do templo de Jerusalém não impressionava Jesus. As belas pedras e os ex-votos que o adornavam, não passavam de exterioridade. Seu fim se aproximava.
A pregação de Jesus contra o templo situava-se na tradição dos antigos profetas de Israel, que o desmitificaram, anunciando-lhe a destruição. O templo podia vir a baixo, pois havia perdido sua finalidade, passando a acobertar as injustiças cometidas contra o povo. O Deus de Israel fora substituído pelos ídolos. Não tinha sentido acobertar com a capa da fé uma idolatria desenfreada, com sérias conseqüências para a vida do povo pobre.
A situação não era muito diferente no tempo de Jesus. O templo e o sacerdócio estavam sob o domínio de uma aristocracia pouco preocupada com os pobres do País. O templo não era mais a casa do Deus verdadeiro, e sim, de falsos deuses que não questionavam a injustiça cometida contra os indefesos, nem a marginalização em que se encontrava grande parte da população. Eram os deuses dos privilegiados e beneficiados pelo sistema. Portanto, não era o Deus do Reino anunciado por Jesus.
A destruição do templo eliminaria a falsa segurança religiosa de muita gente. E evitaria que se servissem do nome de Deus para acobertar maldades cometidas em nome da fé. É blasfêmia fazer o Deus verdadeiro compactuar com a injustiça.