Santa Cristiana
Quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
A vida de Santa Cristiana é um grande testemunho de que nada é coincidência, mas tudo é providência. Os Georgianos consideram-na o instrumento providencial da sua conversão.
Ela era uma escrava que vivia na Grécia nos princípios do século IV. Teria sido levada cativa para essa terra por guerreiros vitoriosos ou teria lá procurado voluntariamente asilo, fugindo da perseguição que se desencadeara na sua pátria? Ninguém sabia qual era sua verdadeira origem; só a conheciam pelo nome de Cristiana ou Nina (cristã). Era humilde e caridosa e fazia-se estimar.
Quando alguma criança caía doente nessas regiões, a mãe levava-a de porta em porta, a fim de consultar as vizinhas sobre os melhores remédios a aplicar. Um dia, foi ter com ela uma pobre mulher, levando nos braços um menino moribundo. Ao vê-lo, a santa, cuja memória a Igreja celebra hoje, disse: "Eu não posso fazer nada, mas Deus Todo-Poderoso pode restituir-lhe a saúde, se for essa a Sua vontade". Deitou o moribundo no seu próprio catre, cobriu-o com o seu cilício, orou a Deus em nome de Cristo e, a seguir, restituiu à mãe o filho curado.
A fama desse milagre chegou aos ouvidos da rainha da Geórgia, que estava prestes a morrer de uma doença desconhecida. Pediu ela que lhe chamassem Nina, mas esta, cuja inocência já tinha corrido muitos perigos, respondeu: "O meu lugar não é em palácio". Foi então a rainha ter com a escrava e recuperou a saúde. Tanto ela como o rei Mirian quiseram recompensá-la com ricos presentes, mas Cristiana os recusou dizendo: "A única coisa que me faria feliz seria ver-vos abraçar a religião cristã". Mirian levou muito tempo a tomar essa decisão, mas um dia, correndo grave perigo numa caçada às feras, prometeu que, se escapasse ileso, se tornaria cristão. Sabe-se efetivamente que, cerca do ano de 325, ele pediu a Constantino que lhe enviasse missionários. O Imperador enviou-lhe o Bispo Pedro e o Sacerdote Jacob, que batizaram "todos os habitantes da sua capital", lançando assim os fundamentos do Cristianismo nesse país.
Santa Cristiana, rogai por nós!
Hoje:
Dia do Jardineiro, Dia do Jornaleiro
Leituras
Primeira Leitura (Isaías 54,1-10)
Leitura do livro do profeta Isaías.
54 1 Dá gritos de alegria, estéril, tu que não tens filhos; entoa cânticos de júbilo, tu que não dás à luz, porque os filhos da desamparada serão mais numerosos do que os da mulher casada, declara o Senhor.
2 Amplia o espaço da tua tenda, desdobra sem constrangimento as telas que te abrigam, alonga tuas cordas, consolida tuas estacas,
3 pois deverás estender-te à direita e à esquerda; teus descendentes vão invadir as nações, povoar as cidades desertas.
4 Nada temas, não serás desapontada. Não te sintas perturbada, não terás do que te envergonhar, porque vais esquecer-te da vileza de tua mocidade. Já não te lembrarás do opróbrio de tua viuvez,
5 pois teu esposo é o teu Criador: chama-se o Senhor dos exércitos; teu Redentor é o Santo de Israel: chama-se o Deus de toda a terra.
6 Como uma mulher abandonada e aflita, eu te chamo. Pode-se repudiar uma mulher desposada na juventude? - diz o Senhor teu Deus. 7 Por um momento eu te havia abandonado, mas com profunda afeição eu te recebo de novo.
8 Num acesso de cólera volvi de ti minha face. Mas no meu eterno amor, tenho compaixão de ti.
9 Vou fazer hoje como no tempo de Noé: tal como jurei então que o dilúvio de Noé não mais se abateria sobre a terra, do mesmo modo faço juramento de não mais me irritar contra ti, e de nunca mais te atemorizar.
10 Mesmo que as montanhas oscilassem e as colinas se abalassem, jamais meu amor te abandonará e jamais meu pacto de paz vacilará, diz o Senhor que se compadeceu de ti.
Salmo 29/30
Eu vos exalto, ó Senhor, porque vós me livrastes!
Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes,
e não deixastes rir de mim meus inimigos!
Vós tirastes minha alma dos abismos
e me salvastes quando estava já morrendo!
Cantai salmos ao Senhor, povo fiel,
dai-lhe graças e invocai seu santo nome!
Pois sua ira dura apenas um momento,
mas sua bondade permanece a vida inteira;
se à tarde vem o pranto visitar-nos,
de manhã vem saudar-nos a alegria.
Escutai-me, Senhor Deus, tende piedade!
Sede, Senhor, o meu abrigo protetor!
Transormastes o meu pranto em uma festa,
Senhor meu Deus, eternamente hei de louvar-vos!
Evangelho (Lucas 7,24-30)
7 24 Depois que se retiraram os mensageiros de João, ele começou a falar de João ao povo: "Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento?
25 Mas que fostes ver? Um homem vestido de roupas finas? Mas os que vestem roupas preciosas e vivem no luxo estão nos palácios dos reis.
26 Mas, enfim, que fostes ver? Um profeta? Sim, digo-vos, e mais do que profeta.
27 Este é aquele de quem está escrito: ´Eis que envio o meu mensageiro ante a tua face; ele preparará o teu caminho diante de ti´.
28 Pois vos digo: entre os nascidos de mulher não há maior que João. Entretanto, o menor no Reino de Deus é maior do que ele".
29 Ouvindo-o todo o povo, e mesmo os publicanos, deram razão a Deus, fazendo-se batizar com o batismo de João.
30 Os fariseus, porém, e os doutores da lei, recusando o seu batismo, frustraram o desígnio de Deus a seu respeito.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “Evangelizar quem não é evangelizado..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Quem de nós teria coragem de ir a Brasília, onde estão os três poderes que nos governam, e onde também é público e notório ser um antro de corrupção? Pregar a Palavra de Deus aos políticos corruptos, aos governantes e legisladores desonestos e anunciar-lhes o Reino da Justiça Divina? Dei o exemplo de uma classe que tem em seu meio pessoas que vivem em um mar de lamas, mas perto de cada um de nós, sempre tem alguém que parece ignorar a Palavra de Deus e o seu Reino, seriam eles as famosas Ovelhas Perdidas da Casa de Israel, como disse o próprio Jesus.
João Batista rompeu com a Cultura e a religião da sua época e foi anunciar o Reino a um público nada recomendável: as mulheres da Vida e os Publicanos e Cobradores de impostos, pessoas desqualificadas, com quem hoje, muitos pregadores não iriam "perder tempo". Aliás, parece que o seu jeito autêntico e coerente de viver a Fé atraia todas as pessoas a ele, para ouvir sua pregação que anunciava algo diferente. O refrão religioso até então era "Cumprir a Lei de Moisés", João estimula seus ouvintes a uma mudança radical de vida, e quem precisa de conversão não são os que estão na comunidade, mas aqueles que estão fora dela, alheios ao evangelho e ao Reino que Jesus inaugurou.
Este é o mérito de João Batista segundo o próprio Jesus, os Publicanos e Cobradores de Impostos deram-lhe toda atenção e muitos se converteram. João não fazia uma pregação light, adaptada aos usos e costumes das pessoas daquele tempo, mas fala o que tem que ser falado, anunciando um Reino Novo que está chegando e que se fundamenta na Verdade, retidão e justiça. Não facilita para as pessoas falando aquilo que as agrade, não faz média quando anuncia a Santa Palavra e nem com o Grande Herodes, o qual até o admirava, João não teve medo de denunciar o seu pecado de adultério (uma palavra que hoje está quase saindo do nosso vocabulário, e que se tornou pesada e muito dura, até para os cristãos).
Por isso João é comparado por Jesus a uma Voz que grita no deserto, com firmeza e sem rodeios, que não se dobra e nunca se curva diante de valores contrários á Palavra anunciada. A Igreja vive por esses tempos um momento decisivo em sua história, onde o Espírito Missionário impulsiona os Cristãos a irem anunciar, pregar e viver o testemunho da Fé em meio a ambientes aparentemente hostis ao Reino e ao evangelho onde há sempre o perigo dos cristãos serem "engolidos" pelo relativismo, rompendo com a ética e a moral cristã, vivendo um cristianismo não tão exigente e criando um Jesus Cristo que venha mesmo de encontro as suas conveniências. Nesse caso tornam-se caniços que se envergam e se dobram ao sabor do vento.
2. O valor de João
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
A exaltação de João Batista, feita por Jesus, revela a sua importância no projeto de Deus com a encarnação de seu Filho. João era realmente um grande profeta, dando um autêntico testemunho que atraiu a si o povo. Na encarnação, Jesus assume, não só sua humanidade individualizada, mas a humanidade toda, com todos os seus valores, em tudo que é bom, justo e verdadeiro. O próprio Jesus colhe e incorpora estes valores no seu convívio com as pessoas. João Batista é notável pelo seu sentido de justiça e pela ousadia com que se libertou dos vínculos opressores do judaísmo, com sede no Templo de Jerusalém e nas sinagogas. João não é um caniço agitado pelo vento, nem um homem vestido com roupas finas; é um homem livre e dedicado à causa da justiça que promove a vida. Jesus reconhece o valor de João e assume o seu anúncio revelando que é pelo caminho da fraternidade, da justiça e do amor que se faz a comunhão de vida eterna com Deus.
3. A EXALTAÇÃO DE JOÃO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A tarefa de precursor desempenhada por João e a provisoriedade de sua missão poderiam levar os discípulos de Jesus a olhá-lo com desprezo, desmerecendo seu trabalho. Jesus corrigiu esta distorção, exaltando a pessoa de João, a partir de sua inserção no projeto salvífico de Deus. A chegada do Messias Jesus não deveria ser motivo para relegar o Batista ao esquecimento. Tanto um quanto outro estavam a serviço do mesmo projeto divino.
A figura ascética de João, vivendo no deserto e exercendo aí sua tarefa, superava à dos antigos profetas. Ele era a realização do que os profetas haviam anunciado. Era o mensageiro enviado por Deus para preparar os caminhos de seu Messias, convocando o povo à conversão e praticando um batismo de penitência. Sua disponibilidade para colaborar com Deus, no seu desígnio de levar a salvação à toda humanidade fazia dele o maior dentre os nascidos de mulher. Faltou-lhe apenas ter sido discípulo do Reino anunciado e instaurado pelo Messias que ele tinha proclamado. Quem acolheu a pregação de João e se converteu de seus pecados, deu razão a Deus, reconhecendo, no Batista, o sinal da presença divina na História. Quem se mostrou insensível aos seus apelos, recusando-se a converter-se, frustrou os planos de Deus e ficou privado da salvação. Assim, a posição tomada diante de João foi uma posição tomada em relação a Deus.
Oração