Santa Francisca Xavier Cabríni

Quinta-feira, 22 de dezembro de 2011


Chamada por Pio XII de "heroína dos tempos modernos", Santa Francisca nasceu em Sant'Angelo de Lódi, na Lomabardia, Itália, em 1850. Última dos 13 filhos de Agostinho Cabríni e Estela Oldini, recebeu no batismo o nome de Maria Francisca, ao qual mais tarde ajuntou o de Xavier, pelo seu amor e veneração ao apóstolo das Índias.

Aos 11 anos fez voto de castidade. Seguiu a carreira do magistério com as religiosas Filhas do Sagrado Coração de Jesus, em Arluno, terminando-a aos 18 anos. Sentindo vocação divina, pretendeu entrar para essa Congregação religiosa, mas foi recusada por falta de saúde.

Exerceu durante dois anos o cargo de professora primária em Vidardo e durante três anos dedicou-se na sua terra à instrução religiosa da juventude e ao tratamento dos enfermos e daqueles que eram atingidos pela peste. Aos 23 anos tentou mais uma vez ser religiosa nas Filhas do Sagrado Coração, mas de novo obteve uma negativa.

Após isso, Santa Francisca transladou-se à "Casa da Providência" em Codogno, a fim de a reformar, pois estava em franca decadência. Fez a profissão em 1877 e a partir disso, em meio a grandes tribulações e sofrimentos, ela encontrou as sete primeiras companheiras de sua futura Obra.

Três anos mais tarde, fundou uma nova Congregação religiosa. A 10 de novembro de 1880 alojou-se, com sete companheiras, num desmantelado Convento franciscano, onde, a 14 do mesmo mês, deu princípio ao novo Instituto, com a inauguração de uma capela em honra ao Sagrado Coração de Jesus. Um mês mais tarde, a sua Obra recebia a aprovação episcopal. Francisca contava então 30 anos.

Enquanto se dedicava com as companheiras à educação das meninas e à catequização dos rapazes, foi compondo as regras do seu Instituto, obra de prudência sobre-humana, que recebeu aprovação episcopal em 1881 e a definitiva da Santa Sé em 1907. Em 1884, com 7 anos de vida, a Obra já contava com cinco casas.

Em 1887, partiu para Roma onde, a princípio, só encontrou dificuldades e portas fechadas até que, com fé, simplicidade e perseverança, Santa Francisca obteve a autorização do Cardeal Vigário para construir uma escola gratuita para pobres fora da Porta Pia e um asilo infantil na Sabina, em Aspra.

O problema da emigração italiana para a América do Norte preocupava o então Bispo de Placença, Mons. Scalabrini, que pediu à serva de Deus algumas das suas religiosas para irem socorrer aqueles desamparados. Mas a virtuosa fundadora não se decidia a responder, pois pensava nas Missões do Oriente. Foi então consultar o Papa Leão XIII que, após ouvir Francisca, concluiu: "Não ao Oriente mas ao Ocidente". E desde esse momento ficou decidida a sua partida para Nova Iorque, a qual veio realizar pela primeira vez em 1889.

Quase aos 40 anos de idade, começa uma série ininterrupta de viagens, percorrendo a América inteira, transpondo a cavalo a Cordilheira dos Andes, sendo por toda parte conhecida como a "Mãe dos emigrados". Ia de casa em casa, a procura da ovelha perdida, do enfermo e da criança ignorante. Lutou denotadamente contra a fome, as enfermidades e a própria morte.

Em 1912 fez a sua última viagem de Roma a Nova Iorque. A santa fundadora das Missionárias do Sagrado Coração morreu em Illinois, perto de Chicago, a 22 de dezembro de 1917, com 67 anos de idade. Igual era o número das casas que então deixara fundadas e que em 1938 subiam a mais de 100, com cerca de 4.000 religiosas.

A fama das suas virtudes e os prodígios por ela operados fizeram que logo após a morte se começasse o processo da sua beatificação, que veio a se realizar em 1938. Foi canonizada pelo Papa Pio XII a 7 de julho de 1946.

Santa Francisca Xavier Cabríni, rogai por nós!


Hoje:

dia da Consciência Ecológica


Leituras

Primeira Leitura (1 Samuel 1,24-28)
Leitura do primeiro livro de Samuel.

Naqueles dias, 1 24 após tê-lo desmamado, Ana tomou-o consigo, e levando também três touros, um efá de farinha e um odre de vinho, conduziu-o à casa do Senhor em Silo. O menino era ainda muito criança.

25 Imolaram o touro e conduziram o menino a Heli.

26 Ana disse-lhe: "Ouve, meu Senhor, por tua vida, eu sou aquela mulher que esteve aqui em tua presença orando ao Senhor.

27 Eis aqui o menino por quem orei; o Senhor ouviu o meu pedido.

28 Portanto, eu também o dou ao Senhor: ele será consagrado ao Senhor para todos os dias de sua vida". E prostraram-se naquele lugar diante do Senhor.


Salmo 1Sm 2

Meu coração exultou no meu Senhor salvador.

Exulta no Senhor meu coração,
e se eleva a minha fronte no meu Deus.
Minha boca desafia os meus rivais
porque me alegro com a vossa salvação.

O arco dos fortes foi dobrado, foi quebrado,
mas os pobres e os famintos se fartaram.
Muitas vezes deu à luz a que era estéril,
mas a mãe de muitos filhos definhou.

É o Senhor quem dá a morte e dá a vida, faz descer à sepultura e faz voltar; é o Senhor quem faz o pobre e faz o rico, é o Senhor quem nos humilha e nos exalta.

O Senhor ergue do pó o homem fraco,
e do lixo ele retira o indigente,
para fazê-los assentar-se com os nobres
num lugar de muita honra e distinção.


Evangelho (Lucas 1,46-56)

Naqueles dias, 1 46 Maria disse: "Minha alma glorifica ao Senhor,
47 meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador,
48 porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações,
49 porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo.
50 Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem.

51 Manifestou o poder do seu braço: desconcertou os corações dos soberbos.

52 Derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes.

53 Saciou de bens os indigentes e despediu de mãos vazias os ricos.

54 Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia,
55 conforme prometera a nossos pais, em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre".

56 Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois voltou para casa.


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. O CANTO DE MARIA

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Há nas relações humanas uma virtude um tanto fora de moda que se chama Gratidão, pois em uma sociedade onde a Gratuidade cedeu espaço para o mercantilismo e as relações interesseiras, ser grato a alguém parece que não tem muito sentido. A palavra “muito obrigada” virou apenas uma cortesia, um mero formalismo, da boca para fora.

O Canto de Maria, na casa de Isabel, denominado de Magnificat, não é apenas um "muito obrigado a Deus" porque Ele atendeu a seus interesses, concedeu-lhe um favor solicitado, pois diferente da troca ou barganha, a relação de Deus com os homens é pautada pela gratuidade, sem que haja qualquer merecimento da parte de quem é agraciado.

Ser grato a Deus e cantar-lhe um hino de ação de graças quando todos os nossos interesses foram atendidos conforme nosso desejo e pedido é uma obrigação. Eu pedi, Deus me atendeu, e agora estou obrigado a agradecer... Se o modo de Deus agir fosse esse, o Cristianismo não teria passado de uma seita dentro do judaísmo, que possivelmente nem chegaria ao primeiro século de existência. Olhemos com atenção esse canto de Maria...

Primeiro que Deus não espera de nós a gratidão, e nem quer Ele nos ver prostrados, agradecidos pelo bem que ele nos fez, esse tipo de coisa só existe nas relações humanas, quando vivemos a procura de quem "alise" o nosso ego, somos pequenos e bem frágeis, ainda não temos a Generosidade de Deus, que se doa e se entrega, sem esperar absolutamente nada em troca. Não há ser humano, por mais altruísta que seja, que esteja imune a esse sentimento, todos nós, sem exceção, esperamos alguma forma de gratidão, ainda que se faça de graça, por idealismo, a gratidão por parte do outro nos faz um bem imenso, não vejo isso como um pecado...

Primeiro vamos notar que Maria não olha para si e nem para seus interesses ou planos que, aliás, eram outros, por isso na afirmação "O Todo Poderoso fez grandes coisas em meu favor", Maria está rezando com o seu povo que alimentava a grande Esperança Messiânica.

Ester prefigura Maria que, gozando dos favores do Rei, quando este lhe estende o Cetro para que ela faça o seu pedido, Ester intercede pelo povo. Maria canta as grandezas de Deus porque em seu íntimo já está Aquele que irá cumprir todas as promessas feitas a Abraão. Diante de Deus, quem se esvazia de si mesmo, ficará repleto da Graça Divina, mas quem, ao contrário se encher de orgulho e vaidade, vai ficar desapontado justamente porque diante de Deus e da sua obra, se sentirá vazio, por isso os pobres e humildes serão exaltados e irão se fartar, enquanto que os ricos se sentirão pobres, no sentido de sentirem falta de alguma coisa que a riqueza material não consegue oferecer.

Maria será exaltada e sempre lembrada de Geração em Geração, justamente por ser ela a prova inequívoca de que a ação Divina é marcada pela gratuidade, e a partir de Maria todos poderão também experimentar desse Amor Divino que se esvazia daquilo que é, ocultando a Divindade em nossa carne. Em Maria e sempre com ela, todos os que se fazem pobres e pequenos diante de Deus, percorrerão esse mesmo caminho, que conduz o Homem a comunhão plena com Deus, seu destino final, que não está perdido lá no passado, mas está á frente, como promessa de Deus que irá se cumprir...

Essa é a MARAVILHA que Deus realizou, não só em Maria, mas em todos nós, com a encarnação do Verbo Divino...

2. Intervenção de Deus na história

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Lucas nos apresenta o "cântico de Maria" em sequência à proclamação de sua bem-aventurança por Isabel. No Primeiro Testamento são narrados os grandes feitos de sua divindade por seu povo. São espetaculares manifestações de poder contra os inimigos de Israel, com destruições e mortes.

Maria, contudo, proclama que é nela, por sua concepção de Jesus, que Deus fez maravilhas. São as maravilhas do amor de Deus que se comunica a todos os homens e mulheres, na fraternidade e na paz. É o mundo novo que derruba os muros que mantêm os poderosos e ricos em seus privilégios e excluem os humildes e famintos. É o dom de Deus da vida plena e eterna para todos.

A novidade de Jesus é a manifestação concreta da intervenção de Deus na história. Os pobres em suas singelas práticas de solidariedade são acolhidos e saciados por Deus, enquanto que os ricos, apegados às suas riquezas estão à beira da frustração, dispensados de mãos vazias. O cântico de Maria fortalece a esperança dos pobres na conquista do mundo novo possível.

3. O SENHOR FEZ EM MIM MARAVILHAS

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

O hino de louvor, proclamado por Maria ao visitar Isabel, resumiu a pedagogia divina no mistério da salvação. Para salvar a humanidade, Deus contou com instrumentos humildes, como foi o caso de Maria, que não passava de uma simples serva. A salvação resultava da misericórdia divina, presente ao longo da história da humanidade e manifestada na vida de quantos foram tementes a Deus. Por outro lado, a salvação consistia na desarticulação dos esquemas erguidos por pessoas soberbas, que se bastavam a si mesmas, davam as costas para Deus e se prevaleciam do próximo. A segurança dessas pessoas seria arrasada, reduzindo-as a uma situação de total indigência. Só assim haveriam de ter consciência da inutilidade dos bens acumulados. A atitude de Deus com os pobres, os humildes e com quem se faz servidor é radicalmente oposta: os humildes serão elevados e valorizados; os famintos, saciados; os abatidos, reerguidos. Tudo isto é obra do amor.

Maria trazia no ventre aquele que fora destinado por Deus para instaurar a salvação da humanidade. Sinal evidente de que Deus não se esquecia de sua promessas e não abandonava os que necessitavam de salvação. As maravilhas realizadas na vida de Maria seriam, por conseguinte, indício das maravilhas que o Senhor iria realizar na vida de cada ser humano. Toda a humanidade tinha, pois, como Maria, motivos para engrandecer o Senhor.