Santa Rosa de Lima
Terça-feira, 23 de agosto de 2011
Para todos nós, hoje é dia de grande alegria, pois podemos celebrar a memória da primeira santa da América do Sul, Padroeira do Peru, das Ilhas Filipinas e de toda a América Latina. Santa Rosa nasceu em Lima (Peru) em 1586; filha de pais espanhóis, chamava-se Isabel Flores, até ser apelidada de Rosa por uma empregada índia que a admirava, dizendo-lhe: "Você é bonita como uma rosa!".
Rosa bem sabia dos elogios que a envaideciam, por isso buscava ser cada vez mais penitente e obedecer em tudo aos pais, desta forma, crescia na humildade e na intimidade com o amado Jesus. Quando o pai perdeu toda a fortuna, Rosa não se perturbou ao ter que trabalhar de doméstica, pois tinha esta certeza: "Se os homens soubessem o que é viver em graça, não se assustariam com nenhum sofrimento e padeceriam de bom grado qualquer pena, porque a graça é fruto da paciência".
A mudança oficial do nome de Isabel para Rosa ocorreu quando ela tomou o hábito da Ordem Terceira Dominicana, da mesma família de sua santa e modelo de devoção: Santa Catarina de Sena e, a partir desta consagração, passou a chamar-se Rosa de Santa Maria. Devido à ausência de convento no local em que vivia, Santa Rosa de Lima renunciou às inúmeras propostas de casamento e de vida fácil: "O prazer e a felicidade de que o mundo pode me oferecer são simplesmente uma sombra em comparação ao que sinto".
Começou a viver a vida religiosa no fundo do quintal dos pais e, assim, na oração, penitência, caridade para com todos, principalmente índios e negros, Santa Rosa de Lima cresceu na união com Cristo, tanto quanto no sofrimento, por isso, tempos antes de morrer, aos 31 anos (1617), exclamou: "Senhor, fazei-me sofrer, contanto que aumenteis meu amor para convosco".
Foi canonizada a 12 de abril de 1671 pelo Papa Clemente X.
Santa Rosa de Lima, rogai por nós!
Leituras
Primeira Leitura (2 Coríntios 10,17-11;11,1-2)
Irmãos, quem se gloria, glorie-se no Senhor. Pois merece a aprovação não aquele que se recomenda a si mesmo, mas aquele que o Senhor recomenda. Oxalá suportásseis um pouco de loucura de minha parte! Oh, sim! Tolerai-me. Eu vos consagro um carinho e amor santo, porque vos desposei com um esposo único e vos apresentei a Cristo como virgem pura.
Salmo 148
Vós, jovens, vós, moças e rapazes, louvai todos o nome do Senhor!
Louvai o Senhor Deus nos altos céus,
Louvai-o no excelso firmamento!
Louvai-o, anjos seus, todos louvai-o,
Louvai-o, legiões celestiais.
Reis da terra, povos todos, bendizei-o,
E vós, príncipes e todos os juízes;
E vós, jovens, e vós, moças e rapazes,
Anciãos e criancinhas, bendizei-o!
Louvem o nome do Senhor, louvem-no todos.
A majestade e esplendor de sua glória
Ultrapassam em grandeza o céu e a terra.
Ele exaltou seu povo eleito em poderio,
Ele é o motivo de louvor para os seus santos.
É um hino para os filhos de Israel,
Este povo que ele ama e lhe pertence.
Evangelho (Mateus 13,44-46)
Naquele tempo, disse Jesus: "O Reino dos céus é também semelhante a um tesouro escondido num campo. Um homem o encontra, mas o esconde de novo. E, cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo. O Reino dos céus é ainda semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. Encontrando uma de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra".
Comentários do Evangelho
1. INVESTIR NO QUE NÃO SE VÊ...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Um tesouro escondido em um terreno, que ninguém sabe nem vê, mas o homem da parábola o descobriu, mas o escondeu de novo. Voltou para casa e começou a investir tudo o que tinha para comprar aquele terreno.
Talvez o terreno não valia tudo o que ele tinha, e muitas pessoas acharam que ele estava ficando maluco, mas o homem sabia do tesouro que estava lá enterrado, longe dos olhares curiosos. A mesma coisa fez o negociante de pérolas, ao achar a mais preciosa de todas, vendeu tudo o que tinha e a comprou. Não podemos ter o Reino dos Céus como uma prioridade entre tantas outras, não podemos ter os pés em duas canoas, as duas parábolas afirmam que os dois homens abriram mão de tudo o que tinham...isso significa dizer que, diante dos que não sabiam do tesouro, eles estavam perdendo seus bens valiosos, a troco de nada.
O Reino de Deus não é uma realidade visível e, portanto, somente perceptível á luz da Fé, quando a gente o encontra e experimenta seus efeitos em nós, vale a pena tê-lo como a única e mais importante prioridade da nossa vida. Vale a pena arriscar e investir tudo o que somos e termos por causa do Reino, aliás, “Buscai primeiro o Reino de Deus, e tudo mais vos será acrescentado” nos diz o Senhor.
Mas qual é a contrapartida disso tudo ? É muito simples, Jesus descobriu um dia que o desejo do Pai era que o ser humano fosse feliz e se realizasse plenamente, mais do que isso, ele descobriu que a sua missão era justamente colocar em cada ser humano essa real possibilidade de viver a vocação plena do amor. E por isso investiu tudo o que tinha no homem dando-nos algo mais precioso do que qualquer bem material: a sua própria vida, e até a última gota do seu precioso sangue.
Deus acredita no homem e nele investiu seu maior bem, a Vida do seu próprio Filho, e ainda arriscou tudo, porque a correspondência de cada homem a esse inigualável ato de amor, não é uma certeza, pois o Ser humano tem o Livre arbítrio, para dizer sim ou não a este chamado de Deus.
Uma boa pergunta seria essa “Será que temos investido tudo no Reino de Deus, ou somos mesquinhos e calculistas?”
2. Jesus conduz os discípulos à fé
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Na leitura dos evangelhos dois tipos de narrativas chamam a atenção: as parábolas e os milagres. As parábolas são associadas ao ensinamento de Jesus e os milagres são a expressão do poder de Deus nele presente.
Os discípulos de Jesus e suas comunidades ao reterem as memórias de Jesus o fizeram conforme sua sensibilidade e seu imaginário. Os enigmas das parábolas e o espantoso dos milagres são atraentes para a uma piedade mais superficial. Porém Jesus vai conduzindo seus discípulos a um aprofundamento da fé.
Assim os discípulos vão progressivamente percebendo a divindade de Jesus pela manifestação de seu amor, em seus atos e palavras, em toda a simplicidade e dignidade de sua humanidade, fazendo-se igual a nós pela encarnação.
As duas parábolas de hoje, são baseadas em imagens que exprimem a ambição do dinheiro. Contudo Jesus inverte seu sentido, colocando, não o dinheiro ou a riqueza como valor principal, mas sim a busca da concretização do Reino de Deus. Os discípulos são convidados a abandonarem tudo pelo projeto de Deus de resgatar a vida sobre a Terra.
A padroeira da América Latina, Rosa de Lima, foi canonizada pelo seu testemunho de desapego das seduções de riqueza, status, e conforto deste mundo sob controle dos ricos poderosos, para dedicar-se à oração e ao serviço amoroso dos mais necessitados e sofredores.
Oração Pai, que eu seja decidido e rápido em desfazer-me do que me impede de acolher plenamente o teu Reino. Que meu coração nunca se apegue a coisa alguma deste mundo.
3. O VALOR INFINITO DO REINO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Quanta coisa o discípulo deixa de lado quando abraça o Reino! O eventual sentimento de perda – por ter que abrir mão de coisas às quais se tinha apegado – é superado quando descobre o valor infinito do Reino de Deus.
O Reino e Deus não são duas entidades distintas. São uma só e mesma coisa. O Reino é Deus atuando na história humana com o fito de resgatá-la do pecado. É o Criador buscando libertar a criatura humana de tudo quanto a oprime e a mantém escravizada. É o Senhor de todas as coisas que recupera o senhorio absoluto sobre cada ser humano e sobre a História, instaurando o regime do perdão e da graça. É o triunfo da misericórdia, da solidariedade, da partilha, da fraternidade, da justiça!
Existem elementos claramente incompatíveis com o Reino. O discípulo desde logo reconhece ser impossível combiná-los com a sua opção, e percebe a importância de deixá-los de lado. Entretanto, existem bens que não são incompatíveis com o Reino. No entanto, em determinado momento, o discípulo descobre tratar-se de bens menores que devem ser substituídos por um bem maior.
Os personagens da parábola são um exemplo de esperteza: chegam a uma decisão rápida e inteligente. Assim deve agir o discípulo quando se defronta com o Reino e descobre seu valor infinito: "vender tudo quanto possui" para adquiri-lo.