Santa Rosa de Viterbo
Terça-feira, 06 de março de 2012
A santidade é uma graça que o Espírito Santo quer dar a todos, porém, é Ele que vai no tempo d'Ele manifestando para o mundo este dom dado a quem luta diariamente. Por exemplo, Santa Rosa - que lembramos neste dia - muito cedo começou a externar atitudes extraordinárias de coragem e amor ao Senhor.
Nasceu em Viterbo, no ano de 1233, numa pobre e humilde família; quando tinha apenas três anos conta-se que pela sua oração Jesus reviveu uma tia. Com sete anos, Rosa pegou uma forte doença que acabou sendo um meio para sua vida de consagração, pois Nossa Senhora apareceu a ela, restituindo sua saúde e chamando-a à uma total entrega de vida.
Santa Rosa, antes mesmo de alcançar idade, resolveu livremente vestir um hábito franciscano, já que sua meta era entrar na Ordem de Santa Clara de Assis. Menina cheia do Espírito Santo, não ficou parada diante dos hereges cátaros, que semeavam a rejeição às autoridades.
Com apenas doze anos, era instrumento eficaz nas mãos do Pai Celeste, por isso anunciava o Evangelho e denunciava as artimanhas de satanás. Banida pelo imperador, continuou profetizando. Com o falecimento do imperador, ela voltou como heroína para Viterbo. Mesmo sem ser aceita com dezesseis anos pelas Irmãs Clarissas, Santa Rosa perseverou no caminho da santidade e, aos dezoito anos, foi acometida de uma doença que a levou para a Eterna Morada de Deus.
Santa Rosa de Viterbo, rogai por nós!
Leituras
Primeira Leitura (Isaías 1,10.16-20)
Leitura do livro do profeta Isaías.
10 Ouvi a palavra do Senhor, príncipes de Sodoma; escuta a lição de nosso Deus, povo de Gomorra:
16 lavai-vos, purificai-vos. Tirai vossas más ações de diante de meus olhos.
17 Cessai de fazer o mal, aprendei a fazer o bem. Respeitai o direito, protegei o oprimido; fazei justiça ao órfão, defendei a viúva.
18 Pois bem, justifiquemo-nos, diz o Senhor. Se vossos pecados forem escarlates, tornar-se-ão brancos como a neve! Se forem vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã!
19 Se fordes dóceis e obedientes, provareis os melhores frutos da terra;
20 se recusardes e vos revoltardes, provareis a espada. É a boca do Senhor que o declara.
Salmo 49/50
A todos que procedem retamente,
eu mostrarei a salvação que vem de Deus.
"Eu não venho censurar teus sacrifícios,
pois sempre estão perante mim teus holocaustos;
não preciso dos novilhos de tua casa
nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos.
Como ousar repetir os meus preceitos
e trazer minha aliança em tua boca?
Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos
e deste as costas às palavras dos meus lábios!
Diante disso que fizeste, eu calarei?
É disso que te acuso e repreendo,
e manifesto essas coisas aos teus olhos.
Quem me oferece um sacrifício de louvor,
este, sim, é que me honra de verdade.
A todo homem que procede retamente,
eu mostrarei a salvação que vem de Deus."
Evangelho (Mateus 23,1-12)
23 1 Dirigindo-se, então, Jesus à multidão e aos seus discípulos,disse:
2 "Os escribas e os fariseus sentaram-se na cadeira de Moisés.
3 Observai e fazei tudo o que eles dizem, mas não façais como eles, pois dizem e não fazem.
4 Atam fardos pesados e esmagadores e com eles sobrecarregam os ombros dos homens, mas não querem movê-los sequer com o dedo.
5 Fazem todas as suas ações para serem vistos pelos homens, por isso trazem largas faixas e longas franjas nos seus mantos.
6 Gostam dos primeiros lugares nos banquetes e das primeiras cadeiras nas sinagogas.
7 Gostam de ser saudados nas praças públicas e de ser chamados rabi pelos homens.
8 Mas vós não vos façais chamar rabi, porque um só é o vosso preceptor, e vós sois todos irmãos.
9 E a ninguém chameis de pai sobre a terra, porque um só é vosso Pai, aquele que está nos céus.
10 Nem vos façais chamar de mestres, porque só tendes um Mestre, o Cristo. 11 O maior dentre vós será vosso servo.
12 Aquele que se exaltar será humilhado, e aquele que se humilhar será exaltado".
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "A cadeira do Padre"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Já vi muitas discussões inúteis sobre a questão do uso da cadeira chamada presidencial, utilizada nas celebrações, e que só podem ser ocupadas pelos Ministros Ordenados. Em primeiro lugar precisamos saber o que significa a tal cadeira do Padre, embora se pareça com um trono, pois o layout dos nossos presbitérios lembram uma reunião da corte, onde havia a cadeira do trono ladeada por outras cadeiras, reservadas aos ministros do primeiro escalão, ou seja, aqueles que, de certa forma "mandavam" junto com o rei.
Embora não seja a nossa realidade atual, a verdade é que as cadeiras aveludadas e de grande tamanho, colocadas no centro do presbitério, enchem a cabeça de muitos leigos de grandes fantasias, onde o ego se enche de soberba e a pessoa começa a se achar muito importante porque no exercício do seu ministério ocupa uma das cadeiras durante a Santa Missa ou a Celebração da palavra, e se for Ministro da Palavra, irá sentar-se na cadeira do padre e daí a sede de poder é ainda mais forte. Não é qualquer um que pode sentar-se na cadeira do padre e nas igrejas das grandes metrópoles a concorrência é ainda muito maior...
Claro que não é disso que fala a reflexão do evangelho, mas poderíamos usar a expressão "Sentar-se na cadeira do padre", para entender a crítica de Jesus contra os Escribas e Fariseus naquele tempo...
Sentar-se na cadeira de Moisés (expressão colocada pelo evangelista) ou sentar-se na cadeira do padre, significa serem os Donos da Verdade e os detentores de todas as informações importantes da comunidade. É fácil saber se isso está acontecendo na sua comunidade, se lá você tem ouvido muito essa expressão: "Pergunte para FULANO porque isso é só ele quem sabe", pronto! A comunidade é igualzinha a de Mateus, tem gente que sabe ou pensa saber demais, e sem eles nenhuma decisão poderá ser tomada. Eis aí aqueles sobre os quais os corneteiros de plantão dizem jocosamente "Este quer mandar mais que o padre".
Os que se sentam na cadeira do padre, criam regras e mil norminhas na pastoral, no movimento e na liturgia, quando "apertados" por alguém que os enfrentam, terminam com a conhecida frase "Ah... são ordens do nosso padre... Isso é colocar fardos pesados nas costas dos irmãos e irmãs.
Claro que estes, que gostam de sentarem-se na cadeira do padre, automaticamente procuram os primeiros lugares em tudo, na Festa do Padroeiro, equipe de eventos, conselhos paroquiais ou pastorais, CAAE, etc. Qualquer decisão para ser tomada tem que passar pelo crivo deles. Conheci alguém que exercia um ministério há muitos anos e ninguém tinha coragem de tirá-lo do cargo, nem o padre que achava melhor não criar caso com o idoso Senhor, que entre outras coisas era quem escalava os ministros da Eucaristia, e ainda indicava para o padre quem poderia ser ministro.
São críticas severas para nossas comunidades? Sem dúvida alguma. Nas comunidades cristãs há muita riqueza e santidade autêntica de tantos irmãos e irmãs, mas não podemos nos iludir achando que Escribas e Fariseus só havia no tempo de Jesus, ou em uma DIOCESE lá da Patagônia. A conclusão do evangelho nos aponta quem é o único e Verdadeiro Centro das atenções em nossa Igreja: Jesus Cristo, tudo é nele, com ele e por ele. Exatamente por isso que Jesus se apresenta como sendo ele o único Mestre, o único que tem autoridade, o único que é o centro de todas as atenções, sem ele, todo e qualquer ministério não tem nem razão de ser.
E o que fez esse Mestre Supremo? Rebaixou-se à condição de um escravo, sendo ele o maior de todos os maiorais, se fez Servo e ao se humilhar com a morte vergonhosa da cruz, foi exaltado pelo Pai. O Lava-Pés consolida a ação servidora de Jesus.
2. A hipocrisia na prática da lei
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Mateus, inserindo este discurso de Jesus em seu evangelho, chama a atenção para a hipocrisia dos escribas e fariseus e reforça as advertências às suas comunidades para que não se deixem seduzir por suas doutrinas. Eles impõem pesados e insuportáveis fardos aos outros, porém, eles mesmos não os tocam, nem sequer com o dedo.
Pedro, diante da Igreja de Jerusalém, defendeu a liberdade da fé dos gentios, sem a imposição da Lei, afirmando: "Por que tentais a Deus, impondo ao pescoço dos discípulos um jugo que nem nossos pais, nem mesmo nós pudemos suportar?" (At 15,10).
Porém, o jugo de Jesus é leve e suave: é a humildade e o serviço, na alegria da comunhão de vida com o próximo e com Deus.
3. A FALTA DE MISERICÓRDIA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A sensibilidade de Jesus para a falta de misericórdia, no trato mútuo, era evidente. A menor atitude de menosprezo ou insensibilidade, em relação ao próximo, chamava-lhe a atenção. Por isso, aproveitava estas ocasiões para advertir os discípulos.
Os escribas e fariseus estavam, constantemente, na mira de Jesus. Eles tinham certos comportamentos com os quais o Mestre não podia compactuar, por não serem movidos pela misericórdia. Assim, impunham, às pessoas de boa-fé, um acúmulo de prescrições, ao passo que eles mesmos não se sentiam obrigados a cumpri-las. Igualmente, com ar de importância, exigiam que as pessoas lhes deixassem os primeiros lugares nos banquetes, nas sinagogas e nas praças, e que as chamassem com o título honroso de "rabi". E muitas coisas mais! Toda essa maneira de se comportar é que os discípulos deveriam evitar. O Mestre foi explícito: "Não imiteis suas ações!", pois não primam pela misericórdia.
O discípulo espelha-se no modo de agir de Jesus. Contrariamente aos escribas e fariseus, o Mestre não se prevaleceu dos pequenos e fracos, antes, procurou agir com extrema humildade e discrição, jamais buscando grandezas e honrarias mundanas. Seu agir misericordioso desmascarava a arrogância de seus adversários.
Oração