Santa Rosália
Terça-feira, 04 de setembro de 2012
Nascida em Palermo em 1130, viveu por alguns anos na corte de Rogério II, rei da Sicília, sendo seu pai Sinibaldo, descendente de Carlos Magno.
Quando tinha quatorze anos, a Santíssima Virgem apareceu-lhe e aconselhou-a a deixar o mundo. Rosália foi então viver numa gruta no monte Quisquita durante alguns meses e depois foi para o cimo do monte Pellegrino onde acabou por escolher este lugar até o fim de sua vida como lugar de retiro, pela áspera solidão que ofereciam seus penhascos rochosos inclinando sobre o mar azul.
Durante seus últimos dezesseis anos de vida, Rosália levou uma vida de dura penitência sendo alimentada miraculosamente pela Eucaristia. Morreu no ano de 1160, com a idade de 30 anos.
No Século XVII foi encontrado os restos mortais de Santa Rosália, mas, os ossos, recolhidos em uma gruta escavada entre as rochas, não traziam inscrição. O Arcebispo de Palermo, D. Giannetino Doria, constituiu uma comissão de peritos, composta de médicos e teólogos, que, em 11 de fevereiro de 1625, se pronunciou pela autenticidade das relíquias.
Isso reacendeu a devoção popular. Inseriu o nome da santa no Martirológio Romano em 15 de julho e em 4 de setembro.
Em 25 de agosto de 1624, quarenta dias após a descoberta dos ossos, dois pedreiros, enquanto executavam trabalhos junto ao convento dos dominicanos de Santo Estêvão de Quisquina, acharam, numa gruta, uma inscrição latina, muito rudimentar, que dizia: "Eu, Rosália Sinibaldi, filha das rosas do Senhor, pelo amor de meu Senhor Jesus Cristo, decidi morar nesta gruta de Quisquina." Confirmando, assim, as tradições orais da época.
Santa Rosália, rogai por nós!
Leituras
Leitura (1 Coríntios 2,10-16)
Leitura da primeira carta de são Paulo aos Coríntios.
2 10 Todavia, Deus no-las revelou pelo seu Espírito, porque o Espírito penetra tudo, mesmo as profundezas de Deus.
11 Pois quem conhece as coisas que há no homem, senão o espírito do homem que nele reside? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.
12 Ora, nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o Espírito que vem de Deus, que nos dá a conhecer as graças que Deus nos prodigalizou
13 e que pregamos numa linguagem que nos foi ensinada não pela sabedoria humana, mas pelo Espírito, que exprime as coisas espirituais em termos espirituais.
14 Mas o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucuras. Nem as pode compreender, porque é pelo Espírito que se devem ponderar.
15 O homem espiritual, ao contrário, julga todas as coisas e não é julgado por ninguém.
16 Por que quem conheceu o pensamento do Senhor, se abalançará a instruí-lo? Nós, porém, temos o pensamento de Cristo.
Salmo 144/145
É justo o Senhor em seus caminhos.
Misericórdia e piedade é o Senhor,
ele é amor, é paciência, é compaixão.
O Senhor é muito bom para com todos,
sua ternura abraça toda criatura.
Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem,
e os vossos santos, com louvores, vos bendigam!
Narrem a glória e o esplendor do vosso reino
e saibam proclamar vosso poder!
Para espalhar vossos prodígios entre os homens
e o fulgor de vosso reino esplendoroso.
O vosso reino é um reino para sempre,
vosso poder, de geração em geração.
O Senhor é amor fiel em sua palavra,
é santidade em toda obra que ele faz.
ele sustenta todo aquele que vacila
e levanta todo aquele que tombou.
Evangelho (Lucas 4,31-37)
Naquele tempo, 4 31 Jesus desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e ali ensinava-os aos sábados .
32 Maravilharam-se da sua doutrina, porque ele ensinava com autoridade.
33 Estava na sinagoga um homem que tinha um demônio imundo, e exclamou em alta voz: 34 "Deixa-nos! Que temos nós contigo, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei quem és: o Santo de Deus!"
35 Mas Jesus replicou severamente: "Cala-te e sai deste homem". O demônio lançou-o por terra no meio de todos e saiu dele, sem lhe fazer mal algum.
36 Todos ficaram cheios de pavor e falavam uns com os outros: "Que significa isso? Manda com poder e autoridade aos espíritos imundos, e eles saem?"
37 E corria a sua fama por todos os lugares da circunvizinhança.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. O poder de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
A gente pode se perguntar como é possível na comunidade ter uma pessoa possessa do demônio, mas o texto desse evangelho está justamente mostrando que comunidade não é lugar de gente alienada mais de pessoas que livremente fizeram a opção de viver o seu discipulado. Há em Jesus e consequentemente na comunidade cristã, uma força libertadora que supera as Forças do Mal, aqui personificada em um demônio, que havia se apossado de um dos membros. Os ensinamentos de Jesus, suas palavras enchiam de admiração às multidões, que ficavam maravilhadas porque Jesus ensinava como quem tem autoridade.
Claro que Jesus tinha uma oratória eloquente, mas não é da forma de ensinar, que as pessoas se admiram, mas sim do conteúdo, suas palavras geram algo novo em quem as ouve, de modo que as liberta de qualquer Força alienadora.
Ouvir a palavra de Deus marca o início de um processo onde, ter fé será o próximo passo, mas é claro que não poderá ficar só nisso. Até o demônio conhecia Jesus e sabia muito bem quem ele era: o Santo de Deus, olha que bela profissão de Fé! Entretanto, saber quem é Jesus e dizer isso com palavras, não é suficiente para experimentar o processo de libertação, é necessário fazer uma firme e corajosa opção por ele, não dando assim nenhuma chance para o mal, que insiste em nos dominar, como esse demônio.
As palavras de Jesus são rigorosas e firmes "Cala-te e sai dele", e o Espírito maligno abandonou aquele homem, indo embora sem fazer-lhe mal algum. Que ninguém se iluda achando que na comunidade estará protegido da Força do Mal, pois ela age de maneira insistente, na vida dos que aderiram a Jesus, seu evangelho e sua igreja, sem dar trela, é preciso ter a mesma firmeza de Jesus, fazendo com que nossas pastorais e movimentos, possam ser lugar de encontro com Jesus Libertador, e nas celebrações o momento oportuno em que se realiza esse encontro, com a sua palavra, e com a Eucaristia, onde o Cristo presente em nossa vida continua expulsando as forças do mal. No coração do cristão só pode haver lugar para uma Força, a graça e o poder, o Bem supremo que é Jesus.
2. Autoridade de Jesus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Lucas reproduz, com poucas diferenças, a semelhante narrativa de Marcos. Porém, ele a coloca antes da vocação dos primeiros discípulos, enquanto Marcos a coloca depois. O contexto é o do ensinamento com autoridade de Jesus. "Autoridade" significa competência, coerência e autenticidade. O gesto espantoso de exorcismo é uma expressão da força transformadora da sua palavra e de seu ensino, que liberta as mentes das ideologias religiosas que deformam a face de Deus. Em confronto com os ensinamentos de Jesus encontra-se na sinagoga um espírito impuro que o questiona: "Que queres de nós, Jesus de Nazaré? Viste para nos destruir?". É o espírito que reina na sinagoga e Jesus vem libertar os que ali estão submissos a este espírito.
O anúncio da Palavra abala todo sistema religioso convencional e formal. A Palavra fecunda é a que renova as comunidades e a sociedade, promovendo a unidade em torno da justiça, da dignidade humana e da paz.
3. DOIS PROJETOS INCOMPATÍVEIS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
O empenho libertador de Jesus encontrou adversários ferrenhos, que agiam em sentido contrário. A possessão demoníaca era símbolo de um projeto incompatível com o de Jesus. Os demônios tinham-lhe aversão. Sua simples presença era suficiente para arruiná-los. O Mestre tornava-os incapazes de oprimir os seres humanos. Não lhes permitia exercer sua ação maligna sobre as pessoas. Antes, arrancava-as de suas mãos, devolvendo-lhes a liberdade e a capacidade de decidir-se pela razão iluminada por Deus.
A ação do mau espírito não se limita a determinados espaços, considerados profanos. Até mesmo numa assembléia litúrgica, como acontecia na sinagoga de Cafarnaum, encontra-se gente que não é movida pelo espírito de Deus. A simples presença física, num espaço tido como sagrado, não é suficiente para tornar a pessoa imune à ação do espírito inimigo de Jesus. O demônio lança seus tentáculos também aí.
A única maneira de o discípulo do Reino manter-se imune das investidas do demônio consiste em tomar Jesus como centro sua vida. Não mediante uma referência puramente teórica e abstrata, e sim, conformando-se com o projeto de vida do Mestre. Onde impera o amor e a prática da justiça - parâmetro da vida do discípulo -, não existe campo de ação para o mau espírito.