Santa Úrsula
Domingo, 21 de outubro de 2012
Úrsula nasceu no ano 362, filha dos reis da Cornúbia, na Inglaterra. A fama de sua beleza se espalhou e ela passou a ser desejada por vários pretendentes (embora Úrsula tenha feito um voto secreto de consagração total a Deus). Seu pai acabou aceitando a proposta de casamento feita pelo duque Conanus, um general de exército pagão, seu aliado.
Úrsula fora educada nos princípios cristãos. Por isso ficou muito triste ao saber que seu pretendente era pagão. Quis recusar a proposta mas, conforme costume da época, deveria acatar a decisão de seu pai. Pediu, então, um período de três anos para se preparar. Ela esperava converter o general Conanus durante esse tempo, ou então, encontrar um meio de evitar o casamento. Mas não conseguiu nem uma coisa, nem outra.
Conforme o combinado, ela partiu para as núpcias, viajando de navio, acompanhada de onze jovens, virgens como ela, que iriam se casar com onze soldados do duque Conanus. Há lendas e tradições que falam em onze mil virgens, ao invés de onze apenas. Mas outros escritos da época e pesquisas arqueológicas revelaram que foram mesmo onze meninas.
Foram navegando pelo rio Reno e chegaram a Colônia, na Alemanha. A cidade havia sido tomada pelo exército de Átila, rei dos hunos. Eles mataram toda a comitiva, sobrando apenas Úrsula, cuja beleza deixou encantado ao próprio Átila. Ele tentou seduzi-la e lhe propôs casamento. Ela recusou, dizendo que já era esposa do mais poderoso de todos os reis da Terra, Jesus Cristo. Átila, enfurecido, degolou pessoalmente a jovem, no dia 21 de outubro de 383. Em Colônia, uma igreja guarda o túmulo de Santa Úrsula e suas companheiras.
Durante a Idade Média, a italiana Ângela de Mérici, fundou a Companhia de Santa Úrsula, com o objetivo de dar formação cristã a meninas. Seu projeto foi que essas futuras mamães seriam multiplicadoras do Evangelho, catequizando seus próprios filhos. Foi um avanço, tendo em vista que nesta época a preocupação com a educação era voltada apenas para os homens. Segundo a fundadora, o nome da ordem surgiu de uma visão que ela teve.
Atualmente as Irmãs Ursulinas, como são chamadas as filhas de Santa Ângela, estão presentes nos cinco continentes, mantendo acesas as memórias de Santa Ângela e Santa Úrsula.
Santa Úrsula, rogai por nós!
Hoje:
Dia do Contato e ia Nacional do Economista Doméstico
Leituras
Primeira Leitura (Isaías 53,10-11)
Leitura do livro do profeta Isaías.
53 10 Mas aprouve ao Senhor esmagá-lo pelo sofrimento; se ele oferecer sua vida em sacrifício expiatório, terá uma posteridade duradoura, prolongará seus dias, e a vontade do Senhor será por ele realizada.
11 Após suportar em sua pessoa os tormentos, alegrar-se-á de conhecê-lo até o enlevo. O Justo, meu Servo, justificará muitos homens, e tomará sobre si suas iniqüidades.
Salmo 32/33
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
pois, em vós, nós esperamos!
Pois reta é a palavra do Senhor
e tudo o que ele faz merece fé.
Deus ama o direito e a justiça,
transborda em toda a terra a sua graça.
Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem
e que confiam, esperando em seu amor,
para da morte libertar as suas vidas
e alimentá-los quando é tempo de penúria.
No Senhor nós esperamos confiantes,
porque ele é nosso auxílio e proteção!
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
da mesma forma que em vós nós esperamos!
Segunda Leitura (Hebreus 4,14-16)
Leitura da carta aos Hebreus.
4 14 Temos, portanto, um grande Sumo Sacerdote que penetrou nos céus, Jesus, Filho de Deus. Conservemos firme a nossa fé.
15 Porque não temos nele um pontífice incapaz de compadecer-se das nossas fraquezas. Ao contrário, passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado.
16 Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e achar a graça de um auxílio oportuno.
EVANGELHO (Marcos 10,35-45)
35 Aproximaram-se de Jesus Tiago e João, filhos de Zebedeu, e disseram-lhe: "Mestre, queremos que nos concedas tudo o que te pedirmos."
36 Ele perguntou: "Que quereis que vos faça?"
37 Eles responderam: "Concede-nos que nos sentemos na tua glória, um à tua direita e outro à tua esquerda."
38 "Não sabeis o que pedis", retorquiu Jesus. "Podeis vós beber o cálice que eu vou beber, ou ser batizados no batismo em que eu vou ser batizado?"
39 "Podemos", asseguraram eles. Jesus prosseguiu: "Vós bebereis o cálice que eu devo beber e sereis batizados no batismo em que eu devo ser batizado.
40 Mas, quanto ao assentardes à minha direita ou à minha esquerda, isto não depende de mim: o lugar compete àqueles a quem está destinado."
41 Ouvindo isto, os outros dez começaram a indignar-se contra Tiago e João.
42 Jesus chamou-os e deu-lhes esta lição: "Sabeis que os que são considerados chefes das nações dominam sobre elas e os seus intendentes exercem poder sobre elas.
43 Entre vós, porém, não será assim: todo o que quiser tornar-se grande entre vós, seja o vosso servo;
44 e todo o que entre vós quiser ser o primeiro, seja escravo de todos.
45 Porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em redenção por muitos."
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. ENTRE VÓS NÃO SEJA ASSIM
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
O dirigente de uma comunidade de denominação cristã, deve ter sempre a prudência e sabedoria de Deus, para não acabar incorrendo no mesmo erro dos apóstolos. A exortação rigorosa de Jesus neste evangelho de São Marcos precisa soar constantemente aos nossos ouvidos: “Entre vós não deve ser assim...”
Infelizmente, muitas comunidades cristãs vão se tornando a cada dia que passa uma cópia autêntica das instituições do mundo, onde o modo de viver das lideranças e ministros, distoam do evangelho, porque se busca poder, prestígio, fama, sucesso e outras honrarias.
Há certas distinções e privilégios no seio da comunidade, que são uma verdadeira afronta ao evangelho de Cristo. Em certas liturgias pomposas, o carisma que deveria traduzir-se em serviço a favor dos irmãos e irmãs, acaba se tornando motivo de ostentação e até estrelismo em alguns casos, pois desde os ministros até a equipe de leitores, instrumentistas e cantores, ás vezes louva-se não a Deus, mas si mesmo.
Não podemos como Igreja anunciadora do evangelho, nos omitir e temos sim de reconhecer, com o coração dilacerado de dor, que esta é uma realidade dos nossos tempos, porque já não basta termos perdido a capacidade de nos indignar diante da falsidade de muitos políticos e homens públicos, ainda acabamos consentindo entre nós este grave pecado.
Os apóstolos Tiago e João, que posteriormente viriam a se tornar santos mártires, derramando o sangue por causa do evangelho de Cristo, naquele primeiro momento não tinham ainda entendido a proposta de Jesus com o seu reino novo.
Pois de maneira até ousada e petulante, quiseram exigir dele os cargos mais importantes, sentando-se um à sua direita e outro à sua esquerda, quando viesse o seu reino de glória. “Vocês não sabem o que estão pedindo” –censurou-lhes o Senhor.
O cálice que Jesus iria tomar era amargo como fel e o Batismo que iria receber seria nas águas turbulentas da rejeição e da humilhação. Tiago e João aceitaram tomar desse cálice e receber esse batismo, mas realmente, naquele momento, continuavam sem fazer a menor idéia do que aquilo iria significar em suas vidas.
Imaginavam um messias poderoso e vencedor, imbatível e implacável contra os homens maus, mas as profecias de Isaias já falavam de um homem esmagado pela dor e sofrimento; pensavam em ser os primeiros, os mais importantes do grupo, para terem dos demais o prestígio e o reconhecimento; mas Jesus ensina que devem se fazer escravos para servir a todos.
Esperavam um messias dominador que tomaria para si todos os reinados e impérios do mundo, e Jesus lhes profetiza que o Filho do Homem entregará sua vida para resgatar a muitos, sua preciosa vida, sua dignidade messiânica, suas prerrogativas de Filho do Altíssimo, tudo em seu corpo seria esmagado na cruz do calvário, para trazer a salvação àqueles que ele amou até o fim.
Jesus profetiza que os dois discípulos um dia irão experimentar a amargura do cálice das tribulações, rejeição, incompreensão e até a morte, passarão assim pelo Batismo de sangue, derramado por causa do seu evangelho, mas mesmo que façam tudo isso, que trilhem o mesmo caminho que ele irá trilhar, o lugar á direita ou a esquerda depende unicamente do Pai. Esse lugar ao seu lado, no reino de Deus, já está reservado aos homens que realmente acreditarem e mudarem a mentalidade e o coração, por causa do Reino. Antes de ser uma conquista, esse lugar é dom de Deus.
A reação dos demais, que ficaram indignados com Tiago e João, mostra como todos ainda estavam longe de entenderem a missão, a pessoa e os ensinamentos de Jesus, que com todo carinho, amor e paciência, como um professor dedicado, percebendo que a classe ainda não tinha aprendido a lição, vai repeti-la com muita calma, sem exasperar-se.
Eles sonhavam com prestígio e poder no meio do grupo, Jesus fala em serviço. Quem quiser ser grande entre vós, e ser o primeiro, seja o escravo de todos, porque o Filho do Homem não veio para ser servido mas para servir e dar a sua vida como resgate de muitos. Assim, Jesus desmonta diante deles qualquer esquema de poder, não fala em vitória mas em fracasso e derrota, não fala em tomar e conquistar o mundo, mas em dar a vida.
Comunidade cristã é por excelência lugar de serviço, de dar a vida pelos irmãos, de entregar-se a serviço do evangelho de Cristo, com toda coragem e desprendimento. Esse modo de se viver na comunidade, sempre representa a perda de algo. Quantos desistem no meio do caminho e cheios de mágoa desabafam: “Perdi meu tempo”.
Dar a vida é dar o nosso tempo que é tão precioso, porém não o façamos almejando ganhar algo, mas sim para imitar o Nosso Mestre e Senhor, Jesus de Nazaré, aquele que não é um Deus distante, mas que sabe compadecer-se de nossas dores e fraquezas, como afirma o apóstolo Paulo na segunda leitura dessa liturgia, porque ele foi provado em tudo como nós, à exceção do pecado.
2. Crítica ao exercício do poder
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Encontramos em cada um dos três evangelhos sinóticos (Mt, Mc, Lc) três "anúncios da Paixão", nos quais Jesus adverte seus discípulos sobre as provações que ele pressente que sobrevirão em Jerusalém, para onde se dirigem. Em sequência aos segundo e terceiro anúncios, os evangelistas Mateus e Marcos narram a aspiração dos discípulos por usufruírem o poder. Estes evangelistas fazem, assim, um contraste entre o projeto libertador de Jesus, vulnerável à repressão dos poderosos, e a incompreensão desses discípulos apegados à mentalidade de disputa e conquista do poder. O episódio narrado no evangelho de hoje vem em seguida ao terceiro anúncio da Paixão. Jesus e os discípulos estão se dirigindo a Jerusalém e o ministério de Jesus se aproxima do fim. Depois de cerca de três anos de convívio (outono de 27 à primavera de 30), os discípulos ainda manifestam incompreensão em relação à novidade de Jesus. É João, um dos discípulos mais próximos de Jesus, e seu irmão, Tiago, que manifestam suas aspirações em estarem à direita e à esquerda de Jesus, imaginando que ele assumiria o poder (a "glória") em Jerusalém. Porém, quando Jesus é suspenso na cruz, são dois marginalizados que estão à sua direita e à sua esquerda, em duas cruzes.
Diante das pretensiosas e equivocadas reivindicações dos discípulos e das contendas entre eles, Jesus faz uma crítica do exercício do poder neste mundo. Rejeitando, de maneira generalizada, o abuso de poder dos chefes das nações e de seus grandes, Jesus reafirma a novidade do Reino. Enquanto a sociedade é dividida entre poderosos opressores e oprimidos explorados, Jesus propõe a conquista da unidade a partir da humildade e do serviço, resgatando-se a vida dos mais excluídos e marginalizados.
Na visão judaico-deuteronômica, é pelo castigo e sacrifício que se purificam os pecados. O profeta Isaías (Segundo Isaías) apresenta o povo exilado na Babilônia sob a imagem do "Servo de Javé", que por seu sofrimento seria justificado e glorificado com o poder, conforme o "projeto do Senhor" (primeira leitura). Sob esta mesma visão, o sofrimento final de Jesus foi também assim interpretado. A carta aos Hebreus (segunda leitura), a partir da imagem dos sacerdotes que ofereciam os sacrifícios no Templo de Jerusalém, atribui a Jesus ressuscitado o caráter de "eminente sumo sacerdote que atravessou os céus"; esta eminência está no fato de que "Cristo se ofereceu a si mesmo a Deus como vítima sem mancha" (Hb 9,14), ao mesmo tempo como sacerdote e vítima. Louvar a cruz de Jesus como instrumento meritório de salvação da humanidade é consequência da doutrina sacrifical do Antigo Testamento. Esta compreensão não corresponde à realidade do Deus de amor, que tudo cria pelo amor e a todos comunica sua vida divina e eterna pelo amor carinhoso, paterno e materno.
Na encarnação, Deus nos deu seu Filho, Jesus. E o próprio Jesus dedicou sua vida, convivendo com os discípulos e as multidões, para a libertação e o resgate da vida de todos, neste mundo. A vida de Jesus é um testemunho do amor que tudo transforma e gera a vida que permanece para sempre.
3. A GRANDEZA DE SERVIR
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
O Reino de Deus introduziu nova ordem de relações entre as pessoas, muito diferente da mentalidade do mundo. Para quem é mundano, a grandeza consiste em exercer o domínio sobre as pessoas, e mostrar-se cheio de poder, porque a submissão lhe parece fruto do medo. O serviço prestado ao tirano não resulta de um ato amoroso, mas revela-se uma pesada obrigação.
O Reino, pelo contrário, segue na direção oposta. O domínio transforma-se em serviço. O dominado assume a feição do irmão a quem se deve amar e servir. O poder não é utilizado para oprimir, antes, para libertar. A relação de escravidão transforma-se em relação de fraternidade. A grandeza, portanto, para o discípulo do Reino não consiste em ser servido mas em servir e oferecer a própria vida para que o outro possa crescer.
Foi por esta razão que Jesus convidou Tiago e João a mudarem de mentalidade e pensarem segundo os critérios do Reino. O pedido que fizeram ao Mestre talvez escondesse o desejo de exercerem poder sobre os demais companheiros de discipulado, numa espécie de dominação. Pretendiam ocupar um lugar de destaque junto de Jesus, para usufruir do poder. Jesus denunciou esta maneira errada de pensar.
O discípulo deve espelhar-se nele, enviado pelo Pai para colocar-se a serviço da humanidade e dar a vida pela salvação de todos. Esta é a sua grandeza!