Santa Valburga

Sábado, 25 de fevereiro de 2012


Santa Valburga nasceu no ano de 710. Era filha de São Ricardo, rei dos Saxões do Oeste. Santa Valburga tinha dois irmãos: o bispo Vilibaldo e o monge Vunibaldo. Durante uma peregrinação com seu pai, mãe e irmãos aos Lugares Santos, Santa Valburga retirou-se numa abadia. E foi ali que descobriu a beleza do chamado de Deus, consagrando-se inteiramente ao Senhor. Seu pai veio a falecer durante a viagem de volta dessa peregrinação.

Em 748, foi enviada por sua abadessa à Alemanha, junto com outras religiosas, para fundar e implantar mosteiros e escolas entre populações recém-convertidas. Na viagem, uma grande tempestade foi aplacada pelas preces de Valburga, por ela Deus já operava milagres. Naquele país, foi recebida e apoiada pelo bispo Bonifácio, seu tio, que consolidava um grande trabalho de evangelização, auxiliado pelos sobrinhos missionários.

Designou a sobrinha para a diocese de Eichestat onde Vunibaldo havia construído um mosteiro em Heidenheim e tinha projeto para um feminino na mesma localidade. Ambos concluíram o novo mosteiro e Valburga eleita a abadessa. Após a morte do irmão, ela passou a dirigir os dois mosteiros, função que exerceu durante dezessete anos. Nessa época transpareceu a sua santidade nos exemplos de sua mortificação, bem como no seu amor ao silêncio e na sua devoção ao Senhor. As obras assistenciais executadas pelos seus religiosos fizeram destes mosteiros os mais famosos e procurados de toda a região.

Valburga se entregou a Deus de tal forma que os prodígios aconteciam com frequência. Os mais citados são: o de uma luz sobrenatural que envolveu sua cela enquanto rezava, presenciada por todas as outras religiosas e o da cura da filha de um barão, depois de uma noite de orações ao seu lado.

Morreu no dia 25 de fevereiro de 779 e seu corpo foi enterrado no mosteiro de Heidenheim, onde permaneceu por oitenta anos. Mas, ao ser trasladado para a igreja de Eichestat, quando de sua canonização, em 893, o seu corpo foi encontrado ainda intacto. Além disso, das pedras do sepulcro brotava um fluído de aroma suave, como um óleo fino, fato que se repetiu sob o altar da igreja onde o corpo foi colocado.

Nesta mesma cerimônia, algumas relíquias da Santa foram enviadas para a França do Norte, onde o rei Carlos III, o Simples, havia construído no seu palácio de Atinhy, uma igreja dedicada a Santa Valburga. O seu culto, em 25 de fevereiro, se espalhou rápido, porque o óleo continuou brotando. Atualmente é recolhido em concha de prata e guardado em garrafinhas distribuídas para o mundo inteiro. Os devotos afirmam que opera milagres.

Santa Valburga, rogai por nós!


Leituras

Primeira Leitura (Isaías 58,9-14)
Leitura do livro do profeta Isaías.

Assim fala o Senhor: 58 9 "Então às tuas invocações, o Senhor responderá, e a teus gritos dirá: Eis-me aqui! Se expulsares de tua casa toda a opressão, os gestos malévolos e as más conversações;

10 se deres do teu pão ao faminto, se alimentares os pobres, tua luz levantar-se-á na escuridão, e tua noite resplandecerá como o dia pleno.

11 O Senhor te guiará constantemente, alimentar-te-á no árido deserto, renovará teu vigor. Serás como um jardim bem irrigado, como uma fonte de águas inesgotáveis.

12 Reerguerás as ruínas antigas, reedificarás sobre os alicerces seculares; chamar-te-ão o reparador de brechas, o restaurador das moradias em ruínas.

13 Se te abstiveres de calcar aos pés o sábado, de cuidar de teus negócios no dia que me é consagrado, se achares o sábado um dia maravilhoso, se achares respeitável o dia consagrado ao Senhor, se tu o venerares não seguindo os teus caminhos, não te entregando às tuas ocupações e às conversações,
14 então encontrarás tua felicidade no Senhor: eu te farei galgar as alturas da terra, e gozar a herança de Jacó, teu pai; porque a boca do Senhor falou".


Salmo 85/86

Ensinai-me os vossos caminhos e, na vossa verdade, andarei.

Inclinai, ó Senhor, vosso ouvido,
escutai, pois sou pobre e infeliz!
Protegei-me, que sou vosso amigo,
e salvai vosso servo, meu Deus,
que espera e confia em vós!

Piedade de mim, ó Senhor,
porque clamo por vós todo o dia!
Animai e alegrai vosso servo,
pois a vós eu elevo a minha alma.

Ó Senhor, vós sois bom e clemente,
sois perdão para quem vos invoca.
Escutai, ó Senhor, minha prece,
o lamento da minha oração!


Evangelho (Lucas 5,27-32)

Naquele tempo, 5 27 Jesus viu sentado ao balcão um coletor de impostos, por nome Levi, e disse-lhe: "Segue-me".

28 Deixando ele tudo, levantou-se e o seguiu.

29 Levi deu-lhe um grande banquete em sua casa; vários desses fiscais e outras pessoas estavam sentados à mesa com eles.

30 Os fariseus e os seus escribas puseram-se a criticar e a perguntar aos discípulos: "Por que comeis e bebeis com os publicanos e pessoas de má vida?"

31 Respondeu-lhes Jesus: "Não são os homens de boa saúde que necessitam de médico, mas sim os enfermos.

32 Não vim chamar à conversão os justos, mas sim os pecadores".


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. “A alegria de Mateus...”

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Um cobrador de impostos deveria ser uma pessoa bem triste, de um lado era usado pelo sistema Imperialista, para arrecadar valores mas de outro, eram odiados pela maioria do povo e pela liderança dos Judeus que viam neles pessoas inescrupulosas, exploradoras e que roubavam do povo pobre e dos pequenos lavradores uma vez que, eram eles que faziam suas próprias comissões. Basta aqui lembrar de Zaqueu que após a experiência com Jesus, se mostrou disposto a restituir até quatro vezes mais, tudo o que tinha roubado...

A verdade é que, viver dessa maneira, embora se possa ter fartura de bens materiais, acaba sendo triste porque se tem poucos amigos (os da mesma laia) não se tem auto estima, não se pode contar com uma amizade sincera. Quando Jesus passou por Levi, que era o nome de Mateus, o olhou de um modo especial, não era um olhar de ódio como os demais Judeus, nem um olhar acusador que o maldiz... Mas era um olhar amigo que manifestava um amor e um afeto gratuito e incondicional.

Mateus sentiu isso, viu algo diferente em Jesus, senão não seria louco de o segui-lo, pois poderia cair em uma armadilha. Interessante porque Mateus deixa de lado naquele momento, algo que supostamente lhe dava felicidade, conforto e bem estar material, mas não o fazia feliz enquanto pessoa. Percebeu que aquele homem que o chamava tinha uma proposta inédita, talvez fosse sofrer prejuízos em sua economia, mas havia algo que aquele Homem poderia lhe oferecer, e que o faria realizar-se como pessoa, tendo a partir de então uma nova perspectiva que o dinheiro dos impostos não conseguia lhe dar.

O mesmo se pode dizer hoje do consumismo, que de maneira ilusória pode nos dar tudo, mas não nos pode fazer feliz porque Segurança e Felicidade só encontramos no Senhor.

Está explicado porque Mateus correu preparar um grande banquete para Jesus em sua casa. Ele queria comemorar a Vida nova que recebera de Jesus naquele simples chamado. Mas aí surgiu um problema... Os amigos que convidou para a festa especial eram todos da mesma laia que ele. Possivelmente foi este o primeiro trabalho de evangelização do mais novo discípulo, o evangelho não menciona, mas quem sabe quantos que estavam ali, vendo o entusiasmo de Mateus e a sua alegria incontida, e conhecendo de perto Jesus de Nazaré, que sentou à mesa com eles, comeu, bebeu e se divertiu... Não tiveram suas vidas transformadas...

Se Jesus mantivesse a compostura de um Judeu Fiel, jamais iria chamar Mateus para integrar o grupo dos discípulos, e muito menos iria a casa dele, um ambiente mal freqüentado, por gente impura e por inimigos do seu povo. É isso que os Fariseus e os Escribas não compreendem, pois no modo de pensar deles, Deus só se relaciona e traz a Salvação aos que o obedecem e cumprem a Lei de Moisés. Nem notaram que Deus estava bem ali, ao lado deles, e que a sua Misericórdia e amor pelos pecadores era a maior de todas as novidades que os homens poderiam esperar...

Qual é o Jesus que está em nossas comunidades? O moralista ou Aquele que é todo amor e misericórdia, e que sabe acolher a todos, mesmo os piores pecadores...

2. Levi "deixou tudo" e seguiu Jesus

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Jesus passa, vê Levi e lhe diz: "Segue-me". Ele levanta-se e segue-o. Temos aí um sumário literário através do qual podemos imaginar o encontro de Jesus com Levi, seus diálogos, sua amizade, o convite ao seguimento e a adesão de Levi, acontecido ao longo de horas ou dias. Lucas acentua que Levi "deixou tudo" e seguiu Jesus.

Deixar tudo implica não apenas as coisas materiais, posses e riquezas, mas também os esquemas mentais que trazemos conosco através da cultura e da tradição. Estes esquemas mentais que assimilamos contêm o "vírus" da ideologia dominante que favorece os poderosos opressores e exploradores; os discípulos oriundos do judaísmo não deixaram tudo, no que se refere à sua ideologia.

É Marcos quem, ao longo de seu evangelho, mais insiste na dificuldade de eles compreenderem a novidade de Jesus. Lucas também destaca que foi "um grande banquete" que Levi preparou. E que também havia "um grande número de publicanos" presente à mesa. Esta grandeza marca a novidade de Jesus acolhida pelos excluídos, porém rejeitada pelos fariseus e os escribas.

3. VIM CHAMAR OS PECADORES

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

A presença do Filho de Deus, na história humana, tinha uma finalidade bem concreta: trazer salvação para toda a humanidade. Fiel à missão recebida do Pai, Jesus foi em busca dos mais necessitados de salvação. Sua presença no meio dos publicanos e pecadores, com os quais comia e bebia, tinha o objetivo, claramente missionário, de sensibilizá-los para a oferta que o Pai lhes fazia.

Os marginalizados mostraram-se mais sensíveis à presença de Jesus, e mais puderam beneficiar-se dela, do que os escribas e fariseus. Fechados em sua própria arrogância, e seguros de terem a salvação garantida, estes últimos censuravam a atitude do Messias Jesus, quando ele se misturava com gente de má-fama, e dava mostras de sentir-se bem no meio deles.

Pensando bem, os que censuravam Jesus, eram os verdadeiros doentes, que careciam de médico. Segregando-se dos pecadores, revelavam uma grave falta de solidariedade e incapacidade de colocar-se do lado daqueles aos quais Deus queria ver salvos. Pensavam que, assim agindo, agradavam a Deus. Na verdade, estavam indo na contramão, pois o desejo divino era ver toda a humanidade reconciliada consigo.

A presença eficaz de Jesus junto aos pecadores deve inspirar os cristãos, uma vez que sua missão é fazer o amor de Deus fermentar este mundo que precisa ser salvo.