Santo Agostinho de Cantuária

Domingo, 27 de maio de 2012


Monge beneditino, viveu em um mosteiro de Roma fundado por São Gregório Magno. Santo Agostinho na Grã- Bretanha exerceu santamente sua missão de levar muitos à santidade e assim santificar-se.

O Papa São Gregório enviou missionários para anunciar a Boa Nova nas Ilhas Britânicas, 40 monges estavam sob o comando de Agostinho, que corajosamente avançou em direção aos anglo-saxões que possuíam fama de cruéis. Agostinho ao chegar, expôs ao rei sua pregação e pediu-lhe autorização para pregar com seus irmãos.

O trabalho de evangelização foi tão fecundo que, em menos de um ano, mais de dez mil pessoas se converteram, inclusive o rei Etelberto.

Ajudado sempre pelo Papa, Santo Agostinho, na obediência acolheu as direções do Espírito e foi ordenado Bispo. Com o surgimento de novas necessidades pastorais, tornou-se Arcebispo. Com a ajuda de muitos outros missionários, alcançou a graça da conversão, praticamente para todos da ilha. Entrou na Igreja Triunfante, com outros, em 605.

Santo Agostinho de Cantuária, rogai por nós!


Hoje:


Leituras

Primeira Leitura (Atos 2,1-11)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.

2 1 Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. 2 De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados.

3 Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles.

4 Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.

5 Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos de todas as nações que há debaixo do céu.

6 Ouvindo aquele ruído, reuniu-se muita gente e maravilhava-se de que cada um os ouvia falar na sua própria língua.

7 Profundamente impressionados, manifestavam a sua admiração: "Não são, porventura, galileus todos estes que falam?

8 Como então todos nós os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna?

9 Partos, medos, elamitas; os que habitam a Macedônia, a Judéia, a Capadócia, o Ponto, a Ásia,
10 a Frígia, a Panfília, o Egito e as províncias da Líbia próximas a Cirene; peregrinos romanos,
11 judeus ou prosélitos, cretenses e árabes; ouvimo-los publicar em nossas línguas as maravilhas de Deus!"


Salmo 103/104

Enviai o vosso Espírito, Senhor,
e da terra toda a face renovai.

Bendize, ó minha alma, ao Senhor!
Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande!
De majestade e esplendor vos revestis
e de luz vos envolveis como num manto.

Quão numerosas, ó Senhor, são vossas obras!
e que sabedoria em todas elas!
Encheu-se a terra com as vossas criaturas
Bendize, ó minha alma, ao senhor!

Todos eles, ó Senhor, de vós esperam
que a seu tempo vós lhes deis o alimento;
vós lhes dais o que comer e eles recolhem,
vós abris a vossa mão e eles se fartam.

Se tirais o seu respiro, elas perecem
e voltam para o pó de onde vieram.
Enviais o vosso espírito e renascem
e da terra toda a face renovais.


Evangelho (João 20,19-23)

20 19 Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: "A paz esteja convosco!"

20 Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor.

21 Disse-lhes outra vez: "A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós".

22 Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: "Recebei o Espírito Santo.

23 Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos".


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. "RENASCIDOS NO ESPÍRITO"

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

Quando se capricha na reforma de uma casa antiga, mudando totalmente sua fachada, costuma se dizer que ela ficou como nova, a esse respeito, lembro-me também do tempo em que a compra de um sapato novo era onerosa e a gente optava por levar o velho ao sapateiro, que colocava meia sola, passava uma tinta, dava um brilho e quando ia buscar, era como se fosse um sapato novo, e um último exemplo, um dos carros que tive foi uma Brasília, que em certa ocasião mandei fazer uma reforma caprichada e ao sair com ela da oficina, dizia orgulhoso que ficou “novinha” em folha. Nesses três casos, a palavra NOVA é apenas força de expressão, pois a casa, o sapato e a Brasília, continuaram velhos, apenas com aparência de novos. O que o Espírito de Deus realiza em nós, não é uma reforma de fachada, não somos uma casa velha reformada, mas nele somos recriados, renascidos e renovados, passando a ser realmente novas criaturas, porque estamos em Cristo (1 Cor 5, 17-21).

Quando o homem toma conhecimento dessa verdade, fica confuso como Nicodemos, que perguntou a Jesus como é que podia um homem, sendo já velho, nascer de novo, e se era necessário entrar novamente no útero materno. Nas leituras da missa da vigília, e do domingo de Pentecostes descobrimos que esse renascimento e essa renovação não dependem do homem, mas é iniciativa de Deus. Quando celebramos Pentecostes estamos na verdade celebrando o renascimento de todo gênero humano, a renovação de toda humanidade, onde o homem, consciente e crente desta renovação, se une a seu Deus e aos irmãos em comunhão perfeita, na Igreja, que é o Povo da Nova Aliança, a Assembléia ou a reunião dos que crêem e vivem segundo o Espírito, vivenciando um amor que se traduz em serviço, impelido pelos carismas.

Igreja não é um grupo fechado e particular que têm exclusividade sobre o Espírito Santo, monopolizando seus dons e carismas, o Espírito é derramado sobre todos e não canalizado para alguns em particular como pensam algumas correntes religiosas. Todos os textos que ilustram essa Festa de Pentecostes, da missa da Vigília e da própria Festa, não deixam margem para dúvidas a esse respeito. “Derramarei o meu Espírito sobre todo ser humano” – (Joel 3, 1) “todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o espírito os inspirava. Moravam em Jerusalém, judeus devotos de todas as nações do mundo, quando ouviram o barulho, juntaram-se á multidão e cada um os ouvia falarem em sua própria língua” (Atos 2, 4-5) Através do seu Espírito que é único, Deus se comunica com todos os homens no pluralismo de valores, de culturas e religiões, em uma única linguagem!

No espírito descobrimos que somos todos iguais embora queiramos parecer diferentes. Se atendêssemos aos apelos do Espírito, derrubaríamos por terra todas as barreiras que nos separam e homens de todas as nações, culturas e religiões, iriam se dar as mãos e em uma única voz cantariam um único louvor, ao único e verdadeiro Deus, reunidos em uma única Igreja que já não seria mais este ou aquele templo, esta ou aquela denominação religiosa, mas sim as entranhas do homem. Eis aí algo esplendido que Pentecostes nos revela: nascemos de novo e nos renovamos porque Deus em seu Espírito Santo, entra em nós. “Nossos ossos estavam secos, nossa esperança havia acabado , texto que em Ezequiel 17, mostra não só a situação de um povo, que tinha perdido a sua identidade de povo de Deus, mas da própria humanidade, que sem Deus não consegue sonhar, ou esperar nada de bom, mas só tem pesadelos, e neste mesmo texto vemos a maravilhosa profecia “Porei em vós o meu Espírito para que vivais... E os anciãos voltarão a sonhar, e os jovens profetizarão” isso significa que todos, jovens e velhos poderão esperar algo novo, uma nova e feliz realidade.

Essa possibilidade se concretizou ao anoitecer daquele dia, quando Jesus soprou sobre a comunidade dos discípulos, concedendo-lhes o dom da paz e o seu próprio Espírito. Precisamente ali surgiu a nova humanidade, em uma Igreja que na força do Espírito Santo perdeu o medo, abriu suas portas que estavam fechadas e saiu em missão para anunciar a todos os homens essa verdade, que o Espírito do Senhor nos renovou, que em todos os homens, a graça é maior e mais abundante que o pecado. E quando todo homem olhar para dentro de si e tomar consciência dessa verdade, de que é uma Igreja ambulante porque o Senhor habita nele em Espírito, então passará a produzir os frutos doces e saborosos da caridade, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, lealdade e mansidão. Você já fez essa experiência? (Domingo de Pentecostes)

2. Jesus renova a comunicação de sua paz.

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

As festas religiosas, nas religiões primitivas em culturas de economia agrícola, como acontecia em Canaã, eram associadas ao tempo de colheitas, ao longo do ano. Assim acontecia com as festas da Páscoa, dos Ázimos e de Pentecostes, celebradas no Templo de Jerusalém. A festa da Páscoa, que antecipa o primeiro dia dos Ázimos, era celebrada no começo da colheita do trigo (14o dia do mês de Nisã - geralmente em Abril) e a festa de Pentecostes celebrada sete semanas (cinquenta dias) depois.

João, no seu evangelho, após a crucifixão de Jesus na véspera de um sábado, apresenta os grandes eventos do primeiro dia da semana que se inicia. Este dia, o da ressurreição, bem delimitado no evangelho de João, começa com a ida de Maria Madalena ao túmulo de Jesus, de madrugada. Encontrando o túmulo vazio, avisa a Pedro e João, que correm para constatá-lo (cf. 8 abr.). Ao anoitecer deste mesmo dia, os discípulos estão reunidos com as portas fechadas, o que indica o temor que os tomava diante da execução de Jesus pelos judeus. Jesus entra e se põe no meio deles. De imediato lhes comunica a paz, a eles que estavam perturbados. Aquele que fora crucificado se apresentava vivo entre eles, o que é motivo de grande alegria, ainda mais quando Jesus renova a comunicação de sua paz. Soprando sobre eles, comunica-lhes o Espírito Santo. É o Espírito de Amor que liberta do pecado e une a todos formando um só corpo (segunda leitura) na diversidade, na fraternidade, no serviço e na compaixão. É o Espírito que renova a face do mundo inundando-o de amor e paz.

Lucas, na passagem paralela a esta, em seu evangelho, não menciona o dom do Espírito com o sopro de Jesus. É em Atos dos Apóstolos que será feita, com um grande realce, a narrativa do dom do Espírito Santo, com uma teofania caracterizada por grandes sinais espantosos, como acontecimento que ocorre na festa judaica de Pentecostes (primeira leitura). Tal narrativa contrasta com a simplicidade da narrativa de João, bem como com o clima de perseguição aos discípulos, que nela transparece. Trata-se de uma narrativa teológica a fim de vincular o movimento de Jesus aos judeus cristãos de Jerusalém, que continuaram frequentando o Templo até sua destruição, no ano 70, e as sinagogas, das quais foram expulsos na década de 80.

As narrativas da ressurreição e as aparições sucessivas exprimem uma realidade que as antecede. São a confirmação da condição humana e divina de Jesus que, em toda sua vida, revelou o amor libertador e vivificante de Deus, que a todos comunica sua vida divina e eterna.

3. RECEBEI O ESPÍRITO SANTO

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

O dom do Espírito Santo foi um elemento fundamental na experiência missionária dos primeiros cristãos. Com a ascensão do Senhor, eles se viram às voltas com uma tarefa descomunal: levar a mensagem do Evangelho a todo o mundo. A missão exigiria deles inculturar a mensagem, fazendo o Evangelho ser entendido por pessoas das mais variadas culturas. Deveriam ser capazes de enfrentar dificuldades, perseguições e, até mesmo a morte, por causa do nome de Jesus. Muitos problemas proviriam dos judeus, pois a ruptura com eles seria inevitável, dada a intransigência da liderança judaica para com a comunidade cristã que tomaria um rumo considerado inaceitável. Sem dúvida, não faltariam problemas dentro da própria comunidade, causados por partidarismos, falsas doutrinas e atitudes incompatíveis com a opção pelo Reino.

Os discípulos eram demasiado fracos para, por si mesmos, levar a cabo uma empresa tão grande. Jesus, porém, concedeu-lhes o auxílio necessário ao comunicar-lhes o Espírito Santo. Fortalecidos pelo Espírito, eles não se intimidaram, antes, cumpriram, com denodo, o ministério da evangelização.

O dom de Pentecostes renova-se, cada dia, na vida da Igreja. O Espírito, ontem como hoje, não permite que os cristãos cruzem os braços diante do mundo a ser evangelizado.