Santo Amaro
Sábado, 15 de janeiro de 2011
Nasceu em Roma e entrou muito cedo para a vida religiosa. Filho espiritual e grande amigo de São Bento, tornou-se um beneditino com apenas 12 anos de idade. Realidades daquele tempo, mas que apontam para uma necessidade dos tempos atuais. Ele foi apontado, desde muito cedo, como um exemplo de silêncio e também de correspondência às exigências da vida monacal. Vida de austeridade, de ação, de oração; “ora et labora” de fato.
Grande amigo de São Bento, viveu momentos que ficaram registrados. São Gregório foi quem deixou o testemunho de que, certa vez, São Bento, por revelação, soube que um jovem estava para se afogar em um açude. Disse ao então discípulo Amaro que fosse ao encontro daquele jovem. Ele foi. Sem perceber, com tanta obediência, ele caminhou sobre as águas e salvou aquele jovem; depois que ele percebeu que havia acontecido aquele milagre. Retribuíram a ele, mas, claro, ele atribuiu a São Bento, pois só obedeceu.
História ou lenda, isso demonstra como Deus pode fazer o impossível aos olhos humanos na vida e através da vida naqueles que acreditam e buscam corresponder à vocação. Todos nós temos uma vocação comum, a mesma que Santo Amaro teve: a vocação à santidade. Esse santo foi quem sucedeu São Bento em Subiaco, quando este foi para Monte Casino. Ele foi exemplo de virtude, obediência e abertura à ação do Espírito Santo.
Santo Amaro, rogai por nós!
[Canção Nova]
Leituras
Leitura: Hebreus (Hb 4, 12-16)
Jesus, sumo sacerdote misericordioso
Irmãos, a palavra de Deus é viva, eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes. Penetra até dividir alma e espírito, articulações e medulas. Ela julga os pensamentos e as intenções do coração. E não há criatura que possa ocultar-se diante dela. Tudo está nu e descoberto aos seus olhos, e é a ela que devemos prestar contas.
Temos um sumo sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus. Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos. Com efeito, temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado. Aproximemo-nos então, com toda a confiança, do trono da graça, para conseguirmos misericórdia e alcançarmos a graça de um auxílio no momento oportuno.
Palavra do Senhor!
Comentando a I Leitura
Aproximemo-nos, com toda a confiança, do trono da graça
O homem moderno, que se sente tão fortemente atraído a um empenhamento sério em favor da construção de uma nova humanidade, deveria meditar estas palavras. O cristianismo compromete verdadeiramente o homem até o mais profundo de seu ser. Um cristianismo que nasce da “palavra de Deus, viva, eficaz e mais penetrante que uma espada de dois gumes”. Essa palavra de Deus julga “as disposições e intenções do coração”. O homem que quer ser cristão deve decidir-se a sê-lo inteiramente, deixando de lado o que pode constituir impedimento a isso. Jesus exprime repetidas vezes essa necessidade de uma decisão, até mesmo com palavras que parecem hiperbólicas: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus” (Lc 9, 62); “Aquele que ama pai ou mãe mais do que a mim não é digno de mim” (Mt 10, 37); “O Reino dos Céus toma-se à força e os violentos o arrebatam” (Mt 11, 12). A pessoa é chamada a escolher e, se necessário, a deixar tudo.
Mas o homem será capaz de opções tão decisivas? O homem é fraco, medroso, indeciso, inconstante. Eis, pois, o convite, precioso sobretudo nos momentos de grandes decisões: “Aproximemo-nos, com segurança do trono da graça” (v.16). [MISSAL COTIDIANO, ©Paulus, 1997]
Salmo: 18 (19B), 8.9.10.15 (R/.cf.Jo 6, 63c)
Vossas palavras são Espírito, são vida,
tendes palavras, ó Senhor, de vida eterna!
A lei do Senhor Deus é perfeita, conforto para a alma! O testemunho do Senhor é fiel, sabedoria dos humildes.
Os preceitos do Senhor são precisos, alegria ao coração. O mandamento do Senhor é brilhante, para os olhos é uma luz.
É puro o temor do Senhor, imutável para sempre. Os julgamentos do Senhor são corretos e justos igualmente.
Que vos agrade o cantar dos meus lábios e a voz da minha alma; que ela chegue até vós, ó Senhor, meu rochedo e redentor!
Evangelho: Marcos (Mc 2, 13-17)
Jesus vai ao encontro dos pecadores
Naquele tempo, Jesus saiu de novo para a beira do mar. Toda a multidão ia ao seu encontro e Jesus os ensinava. Enquanto passava, Jesus viu Levi, o filho de Alfeu, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: "Segue-me!" Levi se levantou e o seguiu. E aconteceu que, estando à mesa na casa de Levi, muitos cobradores de impostos e pecadores também estavam à mesa com Jesus e seus discípulos. Com efeito, eram muitos os que o seguiam.
Alguns doutores da lei, que eram fariseus, viram que Jesus estava comendo com pecadores e cobradores de impostos. Então eles perguntaram aos discípulos: "Por que ele come com os cobradores de impostos e pecadores?" Tendo ouvido, Jesus respondeu-lhes: "Não são as pessoas sadias que precisam de médico, mas as doentes. Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores".
Palavra da Salvação!
(Leituras paralelas recomendadas: Mt 9, 9-13; Lc 5,27-32)
Comentário do Evangelho
Da marginalização ao discipulado
A passagem de Jesus pela vida de Levi provocou nele uma transformação considerável. Ele saiu imediatamente da marginalização sócio-religiosa para ingressar no discipulado, ao aceitar o convite do Mestre, exigindo dele a renúncia a uma atividade odiosa aos olhos de seus contemporâneos. Doravante, Levi não seria mais um publicano, e sim um discípulo de Jesus. A opção religiosa desse discípulo teve consequências também no plano social.
Na percepção de Jesus, porém, a mudança na vida de Levi deu-se num nível bem diverso. A discriminação, devida à profissão de cobrador de impostos, era irrelevante para o Mestre. Este procurava colocar-se acima dos preconceitos humanos. Importava-lhe, antes, o que se passava no coração de Levi, sentado no seu local de trabalho. Embora vivendo num ambiente corrompido e corruptor, sem dúvida, ele mantinha um elevado padrão de religiosidade. Os preconceitos que recaíam sobre sua categoria profissional não foram suficientes para levá-lo a apegar-se aos bens materiais. Assim, quando Jesus passou, estava suficientemente livre para segui-lo, sem restrições.
Ninguém ficou sabendo da mudança operada na vida de Levi, além dele mesmo, e do próprio Mestre. O homem de fé viu concretizar-se o que, até então, era objeto de esperança. Seguir o Messias Jesus significava ver realizada a promessa divina. Assim, mais que uma marginalização social, Levi superou a verdadeira marginalização religiosa, ao se fazer discípulo do Reino. [O EVANGELHO NOSSO DE CADA DIA, Ano A, ©Paulinas, 1997]