Santo Amaro

Terça-feira, 15 de Janeiro de 2013


Nasceu em Roma e entrou muito cedo para a vida religiosa. Filho espiritual e grande amigo de São Bento, tornou-se um beneditino com apenas 12 anos de idade. Realidades daquele tempo, mas que apontam para uma necessidade dos tempos atuais. Ele foi apontado, desde muito cedo, como um exemplo de silêncio e também de correspondência às exigências da vida monacal. Vida de austeridade, de ação, de oração; “ora et labora” de fato.

Grande amigo de São Bento, viveu momentos que ficaram registrados. São Gregório foi quem deixou o testemunho de que, certa vez, São Bento, por revelação, soube que um jovem estava para se afogar em um açude. Disse ao então discípulo Amaro que fosse ao encontro daquele jovem. Ele foi. Sem perceber, com tanta obediência, ele caminhou sobre as águas e salvou aquele jovem; depois que ele percebeu que havia acontecido aquele milagre. Retribuíram a ele, mas, claro, ele atribuiu a São Bento, pois só obedeceu.

História ou lenda, isso demonstra como Deus pode fazer o impossível aos olhos humanos na vida e através da vida naqueles que acreditam e buscam corresponder à vocação. Todos nós temos uma vocação comum, a mesma que Santo Amaro teve: a vocação à santidade. Esse santo foi quem sucedeu São Bento em Subiaco, quando este foi para Monte Casino. Ele foi exemplo de virtude, obediência e abertura à ação do Espírito Santo.


Hoje:


Leituras

Leitura (Hebreus 2,5-12)
Leitura da carta aos Hebreus.

2 5 Não foi tampouco aos anjos que Deus submeteu o mundo vindouro, de que falamos.

6 Alguém em certa passagem afirmou: "Que é o homem para que dele te lembres, ou o filho do homem, para que o visites?

7 Por pouco tempo o colocaste inferior aos anjos; de glória e de honra o coroaste,

8 e sujeitaste a seus pés todas as coisas". Ora, se lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou que não lhe ficasse sujeito. Atualmente, é verdade, não vemos que tudo lhe esteja sujeito.

9 Mas aquele que fora colocado por pouco tempo abaixo dos anjos, Jesus, nós o vemos, por sua Paixão e morte, coroado de glória e de honra. Assim, pela graça de Deus, a sua morte aproveita a todos os homens.

10 Aquele para quem e por quem todas as coisas existem, desejando conduzir à glória numerosos filhos, deliberou elevar à perfeição, pelo sofrimento, o autor da salvação deles,

11 para que santificador e santificados formem um só todo. Por isso, (Jesus) não hesita em chamá-los seus irmãos,

12 dizendo: "Anunciarei teu nome a meus irmãos, no meio da assembléia cantarei os teus louvores".

  • Palavra do Senhor.

  • Graças a Deus.


Salmo 8

O Senhor vai entrar, é o rei glorioso!

Destes domínio ao vosso Filho

sobre tudo o que criastes.

Ó Senhor, nosso Deus, como é grande

vosso nome por todo o universo!

Perguntamos: "Senhor, que é o homem,

para dele assim vos lembrardes

e o tratardes com tanto carinho?"

Pouco abaixo de Deus o fizestes,

coroando-o de glória e esplendor;

vós lhe destes poder sobre tudo,

vossas obras aos pés lhe pusestes.

As ovelhas, os bois, os rebanhos,

todo o gado e as feras da mata;

passarinhos e peixes dos mares,

todo ser que se move nas águas.


EVANGELHO(Marcos 1,21-28)

— O Senhor esteja convosco.

— Ele está no meio de nós.

— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.

— Glória a vós, Senhor.

1 21 Jesus e seus discípulos dirigiram-se para Cafarnaum. E já no dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e pôs-se a ensinar.

22 Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.

23 Ora, na sinagoga deles achava-se um homem possesso de um espírito imundo, que gritou:

24 "Que tens tu conosco, Jesus de Nazaré? Vieste perder-nos? Sei quem és: o Santo de Deus!

25 Mas Jesus intimou-o, dizendo: "Cala-te, sai deste homem!"

26 O espírito imundo agitou-o violentamente e, dando um grande grito, saiu.

27 Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: "Que é isto? Eis um ensinamento novo, e feito com autoridade; além disso, ele manda até nos espíritos imundos e lhe obedecem!"

28 A sua fama divulgou-se logo por todos os arredores da Galiléia.

  • Palavra da Salvação.

  • Glória a Vós, Senhor!


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Algo novo de lugar tão pequeno

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Sempre me perguntei como era o ensinamento dos Mestres da Lei, ao meditar esse evangelho, pois o povo acabara de encontrar algo novo, um pregador diferente que não precisava de referências outras, para ter credibilidade.

Os Mestres da Lei também falavam bonito, mas eles o faziam com a autoridade da tradição, da Lei, dos Profetas e todos os Santos homens que o precederam. Não era uma autoridade própria que os levava a falar, mas ensinamentos e exortações embasadas nas escrituras, e nem poderia ser diferente e sempre confirmavam com um “Conforme está escrito”, “Conforme falou o profeta”, “Conforme disse nosso Santo Patriarca”. Sem essas referências, aquilo que falavam cairia no vazio, nunca poderiam falar por eles mesmos...

Por acaso não fazemos isso em nossas comunidades, quando queremos que aquilo que falamos, tenha credibilidade e aceitação? “Foi o Padre que falou”, “Foi o Coordenador que falou”, “Isso quem disse foi o Diácono, ou o Ministro da Palavra”. Se houver algum questionamento, a gente sai ileso, porque não fomos nós que falamos, apenas transmitimos o que outro falou. E quando falta incoerência daquele que anuncia, somente o que o outro falou, e falta testemunho de vida, o pessoal costuma dizer que se trata de “Bagre ensaboado”, sai sempre liso e nunca se compromete com aquilo que anuncia...

Assim eram os nossos amigos Mestres da Lei, que sabiam mas não viviam quase nada daquilo que pregavam e ensinavam. Jesus fala com autoridade própria, Ele não precisa embasar aquilo que diz, na tradição das Escrituras, ou na Lei e nos Profetas, ele até as cita em algumas passagens, mas para refrescar a memória dos seus interlocutores. Mas o grande diferencial é que ele VIVE tudo o que anuncia e ensina.

A sua autoridade vem do alto, Nele Deus não manda mais recados, mas fala claramente. Por isso que na sinagoga nesse dia, Deus confirmou essa autoridade única e legítima de Jesus, quando até um espírito mal, que dominava um irmão presente naquela celebração, reconheceu e se submeteu á sua autoridade “Eu sei quem tu és, Tu és o Santo de Deus!”. Mas Jesus não se deixa levar por títulos, ainda que seja a mais pura verdade, e intimou o espírito “Cala-te e sai dele”.

Sempre que anunciamos Jesus Cristo, seu reino e seu Santo Evangelho, mas não o vivemos em nosso dia a dia, incorremos no mesmo grave erro dos Doutores da Lei. Mas sempre que nos esforçamos, por viver, pelo menos um pouco daquilo que cremos e anunciamos aos outros, essa autoridade do alto está em nós, e nossas palavras movidas pela Graça, tem sim o poder de tocar no coração dos ouvintes.

2. Um sopro de vida nova

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Carlos Alberto Contieri, sj - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Um dos traços característicos do Jesus apresentado por Marcos é que ele ensina. O seu ensinamento é novo e feito com autoridade. Como nós teremos a oportunidade de ver, o seu ensinamento é novo porque ele representa uma nova interpretação da Lei que liberta o ser humano para a vida, e na qual é desvelado o rosto misericordioso de Deus. A autoridade do seu ensinamento, grosso modo, é a sua coerência interna, e porque ele comunica um "sopro" de vida. Jesus é apresentado como um judeu piedoso.

O sábado, dia de repouso para celebrar a obra de Deus na criação e na libertação do seu povo da escravidão do Egito, é o dia em que se manifesta o poder do Senhor sobre o mal. Esta é a finalidade do nosso relato: apresentar Jesus como vitorioso sobre o mal. Se o mal procura se esconder na sombra, a presença daquele que é a "Luz do mundo", o "Santo de Deus", desvela, para destruí-lo, o mal presente no ser humano e que o desfigura.

Oração

Senhor Jesus, leva-me a perceber, por trás de teus gestos e palavras, a presença do Pai agindo por meio de ti.

3. PERSONALIDADES INCOMPATÍVEIS

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

A pergunta desesperada do homem possuído por um espírito imundo revela a incompatibilidade radical que existe entre Jesus e tudo quanto lhe é contrário. A frase "Que temos nós contigo, Jesus de Nazaré?" pode ser assim desdobrada: "Que existe em comum entre nós?"; "O que você está querendo fazer conosco?"; "Qual a sua intenção a nosso respeito?".

Evidentemente, entre Jesus e o espírito imundo nada havia em comum. Um libertava o ser humano, o outro o escravizava. Um recuperava as pessoas para Deus, já o outro as afastava sempre mais do projeto do Pai, numa aberta afronta a ele. Um restaurava no coração humano o sentido da vida fraterna e solidária, o outro, pelo contrário, gerava discórdia e divisão. Um encarnava a novidade da misericórdia de Deus, o outro insistia no caminho inconveniente da soberba. Por isso, a única intenção de Jesus era derrotar este espírito mau.

À ordem do Mestre, ele deixou o possesso, depois de agitá-lo violentamente e fazer grande alarido.

Esta é a imagem do que se passa no coração de cada um de nós: o mau espírito reluta em abandonar o espaço conquistado no nosso interior. Se não nos deixamos ajudar por Jesus, corremos o risco de permanecer escravos desse espírito do mal. O discipulado cristão exige que façamos a experiência de ser libertados pelo Mestre, pois é impossível compatibilizá-lo com as forças do mal que age dentro de nós.

Oração

Pai, dá-me forças para que jamais eu permita ao poder do mal prevalecer sobre mim. Seja o meu coração totalmente voltado para ti e para o teu Reino.