Santo Ambrósio
Quarta-feira, 07 de dezembro dce 2011
Hoje fazemos memória em toda a Igreja de Santo Ambrósio, Bispo e Doutor da Igreja. De nobre e distinta família romana, nasceu provavelmente em 339, em Tréviros, onde seu pai exercia o cargo de prefeito das Gálias. A mãe ficou viúva muito cedo e voltou a Roma com três filhos: Marcelina, que se consagrou a Deus e tomou o véu das virgens; Sátiro, que morreu em 378, depois de exercer altos cargos do Estado; e Ambrósio, o último, que seguiu a carreira diplomática, tradicional na família. Ambrósio desde cedo aprendeu a alimentar as virtudes cívicas e morais, ao ponto de ter sido governador da Emília, do Lácio e de Milão, antes de ser Bispo. Estudou Direito antes de estudar Teologia.
A mãe de Ambrósio devia ser cristã praticante e generosa. O Papa Libério (352-366) impôs pessoalmente o véu à filha dela, Marcelina, e parece que visitava a casa da nobre senhora romana. Todos da família beijavam a mão de Libério. Ambrósio, ainda criança, depois de se despedir do Pontífice, tratou de imitá-lo e estendeu a mão aos criados e à irmã, para que a beijassem. Marcelina recusou-a com bons modos mas ele respondia: "Não sabes que eu também hei-de ser Bispo?" Dizia então Ambrósio, por brincadeira, mais do que sabia. No entanto, era para isso que a Divina Providência o destinava. Ambrósio era governador de Milão. Com a morte do Bispo de Milão, chamado Ariano, Ambrósio foi para a eleição do novo Bispo, a fim de evitar grandes conflitos. Em meio a confusão, de repente uma criança grita: "Ambrósio, Bispo!". O Clero e o povo aderiu e todos aclamaram:"Queremos Ambrósio Bispo!". O povo teve que teimar durante uma semana, até que vendo nisto a voz de Deus, Ambrósio que ocupava alto cargo no Império Romano e somente era catecúmeno, cedeu a vontade do Senhor. O 1° Concílio de Niceia (325) tinha proibido que subisse ao Episcopado qualquer neófito. Mas o Papa e o Imperador aprovaram a eleição. Depois de batizado, foi ordenado sacerdote e logo em seguida Bispo de Milão. Tudo isso no ano de 374.
Providencialmente usou as qualidades de organizador e administrador para o bem da Igreja, podendo assim atuar no campo pastoral, político, doutrinal, litúrgico, ao ponto de merecer o título de grande Doutor e Padre do Cristianismo no Ocidente. Sua figura política ficou marcante, principalmente quando aplicou ao Imperador uma dura penitência pública comum, pois teria Teodósio consentido uma invasão à cidade de Tessalônica, que resultou na morte de muitos. À Imperatriz Justina, que desejou restaurar a estátua da deusa Vitória, opôs-se valentemente enquanto viveu. Santo Ambrósio, como homem de Deus, partilhou sua riqueza material e espiritual com o povo; jejuava sempre; pai carinhoso e tão grande orador que teve papel importante na conversão de Santo Agostinho. Deixou muitos escritos e morreu com 60 anos no ano de 397, após 23 anos de serviço ao seu amado Cristo, com estas palavras: "Não vivi de tal modo que tenha vergonha de continuar vivendo; mas não tenho medo de morrer, porque temos um Senhor que é bom".
Santo Ambrósio, rogai por nós!
Leituras
Primeira Leitura (Isaías 40,25-31)
Leitura do livro do profeta Isaías
40 25 "A quem então poderíeis comparar-me, que possa ser a mim igualado?", diz o Santo.
26 Levantai os olhos para o céu e olhai. Quem criou todos esses astros? Aquele que faz marchar o exército completo, e a todos chama pelo nome, o qual é tão rico de força e dotado de poder, que ninguém falta ao seu chamado.
27 Por que dizer-te então, ó Jacó, por que repetir, ó Israel: "Escapa meu destino ao Senhor, passa meu direito despercebido a meu Deus?"
28 Não o sabes? Não o aprendeste? O Senhor é um Deus eterno. Ele cria os confins da terra, sem jamais fatigar-se nem aborrecer-se; ninguém pode sondar sua sabedoria.
29 Dá forças ao homem acabrunhado, redobra o vigor do fraco.
30 Até os adolescentes podem esgotar-se, e jovens robustos podem cambalear,
31 mas aqueles que contam com o Senhor renovam suas forças; ele dá-lhes asas de águia. Correm sem se cansar, vão para a frente sem se fatigar.
Salmo 102/103
Bendize, ó minha alma, ao Senhor.
Bendize, ó minha alma, ao Senhor,
e todo o meu ser, seu santo nome!
Bendize, ó minha alma, ao Senhor,
não te esqueças de nenhum de seus favores!
Pois ele te perdoa toda culpa
e cura toda a tua enfermidade;
da sepultura ele salva a tua vida
e te cerca de carinho e compaixão.
O Senhor é indulgente, é favorável,
é paciente, é bondoso e compassivo.
Não nos trata como exigem nossas faltas
nem nos pune em proporção às nossas culpas.
Evangelho (Mateus 11,28-30)
Naquele tempo, Jesus tomou a palavra e disse: 11 28 "Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei.
29 Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas.
30 Porque meu jugo é suave e meu peso é leve."
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Pesado Fardo"
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Nunca me esqueço de uma historinha que nos anos 70 um sacerdote contou em uma homilia, do menino que estava em uma escola perto de sua casa, e que iria disputar uma partida de futebol em uma escola da cidade grande. Ele tinha um irmão deficiente, que não se locomovia e que queria muito ver o jogo, e como eram muito pobres, bem cedinho o irmão que jogava futebol, agarrou o outro e pegou a estrada levando-o em suas costas.
Estrada a fora, quase uma hora de caminhada, o irmão ia suando e bufando carregando o outro em sua costa, mas quando as pessoas manifestavam pena ao vê-lo cansado e suando, e diziam que o outro era muito pesado para sua idade, o menino mirradinho dizia com sorriso nos lábios "Ele não é pesado, pois é meu irmão". Tudo o que se faz com amor não pesa...
No tempo de Jesus, o fardo pesado que muito pesava na costa do povo era a Lei, que os Doutores e Sábios impunham sem dó....Era a obrigatoriedade de fazer as coisas e cumprir os mandamentos. A Religião da tristeza, da cara amarrada onde as pessoas são obrigadas a fazer algumas coisas, e se obriga tanto, e se determina tanto, que a pessoa acaba fazendo por obrigação, fazem com mau humor, expressão de amargura, vão para a comunidade atuar na pastoral, como um boi que vai para o matadouro...As vezes nas comunidades, as lideranças e a coordenação "pega pesado", na orientação e distribuição das tarefas ...Mais parece um encarregado dando ordem ao subordinado. Faltam espiritualidade e motivação evangélica que só pode nascer do amor...
Por que o Julgo de Jesus é leve? Justamente porque é motivado pelo amor, quando se faz com amor se sente prazer e alegria naquilo que se faz, não há cara feia, mau humor, irritação, cólera, reclamação, exigências, desentendimentos, divisões e inimizades, competições por cargos importantes. Quando essas coisas acontecem é um claro indício de que o fardo está pesado, pois falta a leveza do amor, da doação a comunidade e aos irmãos e irmãs.
Nesse caso é até melhor não fazer, porque fazer por mera obrigação, algo que Jesus ensinou a fazer por amor, é mentir e enganar a nós mesmos e aos irmãos. Não vale a pena...
Por isso o evangelho é um convite para rever nossa caminhada em comunidade, e o modo como fazemos as tarefas e funções que a Igreja nos confia.
Ir a Jesus é abastecer-se da sua Palavra e da Eucaristia, é descobrir a cada dia que o sentido de ser cristão está em se fazer servo, como nosso Mestre e Senhor se fez... E assim, feito desse modo, nada será pesado ou insuportável porque fazendo pelos irmãos e irmãs... nenhum,a tarefa é pesada mas sim prazerosa...
2. Jesus atrai todos a si
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Em vez da ida à sinagoga ou ao Templo, onde se sentavam os sábios e entendidos que humilhavam e subjugavam o povo, Jesus convida os pequeninos e pobres: "Vinde a mim...". Jesus atrai todos a si, pois traz a proposta de um mundo novo, de justiça, paz e amor. Àqueles que estão curvados sob o pesado fardo do legalismo opressor e deprimente do Templo e da sinagoga Jesus propõe seu jugo leve e suave. Este jugo é a suave opção pelas bem-aventuranças proclamadas por Jesus, caminho para a felicidade e para a vida eterna. É o serviço na alegria e na solidariedade que caracterizam a comunidade fraterna unida a Deus, aberta e acolhedora a todos que se sentirem atraídos a ela. É o sentido da amizade, da vida e do compromisso que é encontrado por aqueles que vivem na solidão da incompreensão e da exclusão e que recebem da comunidade a acolhida, o respeito, o afeto, e se sentem valorizados. Temos aqui um dos mais belos, suaves e sedutores convites ao seguimento de Jesus. São palavras de Jesus para todas as pessoas e para todos os tempos. Ser discípulo de Jesus, conhecê-lo, desfrutar de sua presença e de suas palavras é encontrar a paz. É encontrar o repouso na dinâmica do amor e da partilha da vida. Jesus, manso e humilde de coração é o Jesus presente no nosso dia a dia, na família, no trabalho, em nossa comunidade missionária, comunicando a todos a própria vida eterna.
3. EU VOS DAREI REPOUSO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Vindo a este mundo, Jesus deparou-se com uma humanidade marcada pela opressão, vítima do pecado e da maldade, e ansiosa de libertação. Esta realidade era patente, sobretudo entre os mais pobres daquele tempo. Ao mesmo tempo em que eram oprimidos pelos romanos, que ocupavam o País, eram vistos com desprezo pelos fariseus e mestres da Lei, por não se dedicarem à religião com a intensidade exigida. Ou, então, eram esmagados com o rigor de uma religião feita de observância escrupulosa de preceitos irrelevantes. Sua pobreza era vista, por alguns, como sinal de castigo divino, já que um dos sinais da bênção divina era, exatamente, a posse de muitos bens. Em suas aflições, não tinham a quem recorrer, pois os grandes do País só sabiam explorá-los, sem lhes oferecer nada em troca.
A presença de Jesus trouxe alento para os pobres. O Reino anunciado por ele fundava-se em relacionamentos fraternos e não admitia a opressão de uns pelos outros. Sendo um Reino de igualdade, ficava superada a visão classista que privilegia alguns e marginaliza os demais. No Reino, os pobres eram bem-aventurados e não malditos, como se pensava. Jesus, em suma, propunha-se a aliviar a carga pesada imposta sobre os mais fracos. Quem se aproximasse dele, haveria de encontrar repouso para as suas aflições.
Oração