Santo Ambrósio de Sena

Terça-feira, 20 de março de 2012


O santo de hoje nasceu no ano de 1220 em Sena, Itália, dentro de um contexto familiar diferente. Ao ter nascido com uma deformação física, sua família – nobre – o renegou e o entregou a uma ama de leite, que recebeu a ordem de viver com a criança afastada deles.

Isso tudo foi providência na vida de Ambrósio, porque esta ama, mulher de fé, foi uma verdadeira mãe, alimentado-o e assim, foi acontecendo a recuperação do menino.

Com uma certa idade a família o acolheu. Ambrósio estava no processo de cura interior de reconciliação, mas já os havia perdoado. Aceitou, para um bem maior, os bens terrenos que ele teve como direito, usando-os para o bem dos pobres. O castelo foi se tornando aos poucos um hospital, lugar de acolhimento aos mais necessitados.

Com 18 anos renunciou a tudo e foi para os Dominicanos, tornando-se um pregador cheio do Espírito Santo.

Um homem do perdão e da reconciliação. Faleceu em Sena, durante uma pregação. Morreu no serviço, no ministério.

Santo Ambrósio, rogai por nós!


Hoje:

Início do outono, dia do contador de Histórias


Leituras

Primeira Leitura (Ezequiel 47,1-9.12) Leitura da profecia de Ezequiel.

47 1 Conduziu-me então à entrada do templo. Eis que águas jorravam de sob o limiar do edifício, em direção ao oriente (porque a fachada do templo olhava para o oriente). Essa água escorria por baixo do lado direito do templo, ao sul do altar.

2 Fez-me sair pela porta do norte e contornar o templo do lado de fora até o pórtico exterior oriental; eu vi a água brotar do lado sul.

3 O homem foi para o oriente com uma corda na mão: mediu mil côvados; a seguir fez-me passar na água, que me chegou até os tornozelos. Mediu ainda mil côvados e me fez atravessar a água, que me subiu até os joelhos.

4 Mediu de novo mil côvados e fez-me atravessar a água, que me subiu até os quadris.

5 Mediu, enfim, mil côvados; e era uma torrente que eu não podia atravessar, de tal modo as águas tinham crescido! E era preciso nadar, era um curso de água que não se podia passar (a vau).

6 "Viste, filho do homem?" falou-me, e me levou ao outro lado da torrente.

7 Ora, retornando, avistei nas duas margens da torrente uma grande quantidade de árvores.

8 "Essas águas, disse-me ele, dirigem-se para a parte oriental, elas descem à planície do Jordão; elas se lançarão no mar, de sorte que suas águas se tornarão mais saudáveis.

9 Em toda parte aonde chegar a corrente, todo animal que se move na água poderá viver, e haverá lá grande quantidade de peixes. Tudo o que essa água atingir se tornará são e saudável e em toda parte aonde chegar a torrente haverá vida.

10 Na praia desse mar estarão pescadores; eles estenderão suas redes desde Engadi até Engalim, e haverá aí peixes de toda espécie em abundância, como no grande mar.

11 Mas seus mangues e charcos não serão saneados, abandonados que estão ao sal.

12 Ao longo da torrente, em cada uma de suas margens, crescerão árvores frutíferas de toda espécie, e sua folhagem não murchará, e não cessarão jamais de dar frutos: todos os meses frutos novos, porque essas águas vêm do santuário. Seus frutos serão comestíveis e suas folhas servirão de remédio".


Salmo 45/46

Conosco está o Senhor do universo!
O nosso refúgio é o Deus de Jacó.

O Senhor para nós é refúgio e vigor,
sempre pronto, mostrou-se um socorro na angústia;
assim não tememos se a terra estremece,
se os montes desabam, caindo nos mares.

Os braços de um rio vêm trazer alegria
à cidade de Deus, à morada do Altíssimo. Quem a pode abalar? Deus está no seu meio!
Já bem antes da aurora, ele vem ajudá-la.

Conosco está o Senhor do universo!
O nosso refúgio é o Deus de Jacó!
Vinde ver, contemplai os prodígios de Deus
e a obra estupenda que fez no universo.


Evangelho (João 5,1-16)

5 1 Houve uma festa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.

2 Há em Jerusalém, junto à porta das Ovelhas, um tanque, chamado em hebraico Betesda, que tem cinco pórticos.

3 Nestes pórticos jazia um grande número de enfermos, de cegos, de coxos e de paralíticos, que esperavam o movimento da água. 4
5 Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos.

6 Vendo-o deitado e sabendo que já havia muito tempo que estava enfermo, perguntou-lhe Jesus: "Queres ficar curado?"

7 O enfermo respondeu-lhe: "Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada; enquanto vou, já outro desceu antes de mim".

8 Ordenou-lhe Jesus: "Levanta-te, toma o teu leito e anda".

9 No mesmo instante, aquele homem ficou curado, tomou o seu leito e foi andando. Ora, aquele dia era sábado.

10 E os judeus diziam ao homem curado: "E sábado, não te é permitido carregar o teu leito".

11 Respondeu-lhes ele: "Aquele que me curou disse: 'Toma o teu leito e anda'".

12 Perguntaram-lhe eles: "Quem é o homem que te disse: 'Toma o teu leito e anda?'"

13 O que havia sido curado, porém, não sabia quem era, porque Jesus se havia retirado da multidão que estava naquele lugar.

14 Mais tarde, Jesus o achou no templo e lhe disse: "Eis que ficaste são; já não peques, para não te acontecer coisa pior".

15 Aquele homem foi então contar aos judeus que fora Jesus quem o havia curado.

16 Por esse motivo, os judeus perseguiam Jesus, porque fazia esses milagres no dia de sábado.


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. "Mergulhando nas águas borbulhantes..."

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Imaginem a cena nos pórticos em redor da piscina de Betesda, tomada de cegos, coxos e paralíticos, quando é dada a largada começa a correria e o esforço dos coitados dos deficientes em conseguir chegar e se jogar na piscina, e pelo que entendi, só um por vez era curado. Havia aqueles que tinham sorte e traziam seus acompanhantes que os guiavam ou o carregavam até a piscina, mesmo assim, era uma verdadeira disputa para ver quem chegava primeiro. O problema não era a cura em si, mas superar os demais e chegar á frente de todos...

Nosso pobre paralítico nem isso tem, fica em seu lugarzinho e quando é dada a largada o coitado até tenta, mas inutilmente, sempre alguém, melhor das pernas passa á sua frente. Há 38 anos ele sonha com uma cura física, mas pelo jeito iria morrer paralítico se Jesus não aparecesse por ali. A pergunta de Jesus parece bem óbvia "Queres ficar curado?". Se o cara estivesse estressado, iria responder de maneira indelicada "Não, só estou aqui me bronzeando um pouco". Mas prestemos atenção nessa pergunta, Jesus não perguntou se ele queria chegar á piscina, mas se queria ser curado, o que é diferente...

Mas o paralítico entendeu dessa forma, isso é, a cura era o de menos, a dificuldade era chegar na piscina, sua resposta assim o demonstra "Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada, enquanto vou, já outro desceu antes de mim"Trata-se de alguém que só enxerga na ótica do sistema, nada vê e nem experimenta fora de sua religião, o que fazia dele um paralítico, não penso, Deus pensa por mim, não preciso fazer nada, Deus fará por mim, nem tenho vontade própria.

Poderão argumentar que a resposta está correta e o paralítico expõe sua necessidade, precisa de alguém que o carregue até o tanque. Talvez Jesus esteja ali, se oferecendo para fazê-lo. Entretanto, Jesus supera tudo quanto a religião possa oferecer, ele não precisa de nenhum método de cura, fórmula mágica ou rito misterioso, simplesmente vai dizer ao paralítico "Levanta-te, toma o teu leito e anda".

A cura que as águas borbulhantes propiciavam, provém de Deus, ora, a presença de Jesus dispensava, portanto qualquer rito. A reflexão leva nossas comunidades cristãs a pensar, que é muito grande o perigo de super valorizarmos o rito e o formalismo religioso, tornando secundária a ação da Graça de Deus, que está em tudo e em todos como algo essencial.

Qual o perigo desse modo de pensar? Atermos-nos à cura física que é o caso desse homem ex-paralítico. Jesus o encontrou no templo e o exortou a uma conversão profunda e sincera, que iria lhe trazer muito mais do que a simples cura. "Não tornes a pecar". Mas qual pecado? Podemos nos perguntar... Exatamente o pecado de deixar passar despercebido em nossa relação com Deus, aquilo que é o essencial, transformando a religião em uma barganha para atender aos nossos interesses, menosprezando assim a verdadeira e única água borbulhante, a Fonte de água Viva que é Jesus Cristo.

2. Jesus liberta, recuperando a dignidade humana

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Nesta narrativa do evangelho de João destacam-se o seu simbolismo e os detalhes do diálogo.

A Porta das Ovelhas era o acesso dos comerciantes estrangeiros a Jerusalém. A cura pelas águas da piscina era uma crença pagã. Jesus se dedica àquela multidão de doentes, cegos, coxos e paralíticos que ali estavam e eram excluídos do judaísmo. Não participavam da festa da Páscoa, que estava sendo celebrada. Buscavam socorro para suas doenças em uma devoção pagã.

Jesus revela que ele próprio é a resposta tanto para as crenças do judaísmo como para as crenças pagãs. Ele liberta as pessoas restaurando-lhes a capacidade de ver e agir, recuperando sua dignidade e vida. Isto perturba os poderosos.

3.COLABORANDO COM O PRÓXIMO

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

A presença de Jesus era aquilo que faltava para que o paralítico obtivesse a cura desejada. O imenso desejo de ser curado levou-o, durante 38 longos anos, à piscina de Betesda, cujas águas, ao pôr-se em movimento, restituíam a saúde ao primeiro que nelas entrasse. No entanto, por ser paralítico, aquele homem não tinha agilidade suficiente para antecipar-se aos demais doentes. Resultado: permanecia ali, curtindo sua esperança de cura, enquanto outros eram miraculados.

A chegada de Jesus abriu-lhe a inesperada perspectiva de ser curado, sem necessidade do contato com as águas revoltas. E o milagre aconteceu. A seguir, obedecendo à ordem de Jesus, ele pegou a cama na qual jazia, e pôs-se a caminhar, sem dificuldade.

Este fato evangélico ajuda-nos a descobrir um sentido novo, na paixão de Jesus. Tal qual este doente de Jerusalém, toda a humanidade encontrava-se como que paralisada por causa do pecado, ansiando, ardentemente, pela libertação. Por si mesmas, as pessoas não conseguiriam atingir este objetivo. Necessitaram, pois, da ajuda de Jesus, cuja vida consistiu em colaborar para que todos nós pudéssemos superar a paralisia do pecado, e caminhar livremente para Deus. Em última análise, todos somos como o paralítico. Só Jesus, por sua morte e ressurreição, pode propiciar-nos a libertação.