Santo André Apóstolo
Quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Hoje a Igreja está em festa, pois celebramos a vida de um escolhido do Senhor para pertencer ao número dos Apóstolos.
Santo André nasceu em Betsaida, no tempo de Jesus, e de início foi discípulo de João Batista até que aproximou-se do Cordeiro de Deus e com São João, começou a segui-lo, por isso André é reconhecido pela Liturgia como o "protocleto", ou seja, o primeiro chamado: "Primeiro a escutar o apelo, ao Mestre, Pedro conduzes; possamos ao céu chegar, guiados por tuas luzes!"
Santo André se expressa no Evangelho como "ponte do Salvador", porque é ele que se colocou entre seu irmão Simão Pedro e Jesus; entre o menino do milagre da multiplicação dos pães e Cristo; e, por fim, entre os gentios (gregos) e Jesus Cristo. Conta-nos a Tradição que depois do Batismo no Espírito Santo em Pentecostes, Santo André teria ido pregar o Evangelho na região dos mares Cáspio e Negro.
Apóstolo da coragem e alegria, Santo André foi fundador das igrejas na Acaia, onde testemunhou Jesus com o seu próprio sangue, já que foi martirizado numa cruz em forma de X, a qual recebeu do santo este elogio: "Salve Santa Cruz, tão desejada, tão amada. Tira-me do meio dos homens e entrega-me ao meu Mestre e Senhor, para que eu de ti receba o que por ti me salvou!"
Santo André Apóstolo, rogai por nós!
Hoje:
Dia do Síndico, Dia do Estatuto da Terra
Leituras
Primeira Leitura (Romanos 10,9-18)
Leitura da carta de são Paulo aos Romanos.
10 9 Portanto, se com tua boca confessares que Jesus é o Senhor, e se em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
10 É crendo de coração que se obtém a justiça, e é professando com palavras que se chega à salvação.
11 A Escritura diz: "Todo o que nele crer não será confundido".
12 Pois não há distinção entre judeu e grego, porque todos têm um mesmo Senhor, rico para com todos os que o invocam,
13 porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
14 Porém, como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue?
15 E como pregarão, se não forem enviados, como está escrito: "Quão formosos são os pés daqueles que anunciam as boas novas?"
16 Mas não são todos que prestaram ouvido à boa nova. É o que exclama Isaías: "Senhor, quem acreditou na nossa pregação"? 17 Logo, a fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da palavra de Cristo.
18 Pergunto, agora: "Acaso não ouviram? Claro que sim! Por toda a terra correu a sua voz, e até os confins do mundo foram as suas palavras".
Salmo 18/19A
Seu som ressoa e se espalha em toda a terra.
Os céus proclamam a glória do Senhor,
e o firmamento, a obra de suas mãos;
o dia ao dia transmite essa mensagem,
a noite à noite publica essa notícia.
Não são discursos nem frases ou palavras,
nem são vozes que possa ser ouvidas;
seu som ressoa e se espalha em toda a terra,
chega aos confins do universo a sua voz.
Evangelho (Mateus 4,18-22)
4 18 Jesus, caminhando ao longo do mar da Galiléia, viu dois irmãos: Simão (chamado Pedro) e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores.
19 E disse-lhes: "Vinde após mim e vos farei pescadores de homens".
20 Na mesma hora abandonaram suas redes e o seguiram.
21 Passando adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, que estavam com seu pai Zebedeu consertando as redes. Chamou-os,
22 e eles abandonaram a barca e seu pai e o seguiram.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Pescadores mudam de Vida..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Ao narrar o chamado dos primeiros quatro discípulos, Mateus coloca entre eles André, cuja Festa a Igreja hoje celebra. Nada de extraordinário fez André a mais que os outros, Simão seu irmão e os outros dois irmãos Tiago e João, Filhos de Zebedeu. Ao declinar-lhes os nomes e filiação, e o que faziam quando foram chamados, o texto nos apresenta um Deus plenamente encarnado em nossa natureza humana, e que se revela no dia a dia de nossa vida, nas tarefas quotidianas (muitos pensam que só na Igreja é lugar de se fazer a experiência de Deus) , mas Jesus Cristo nos quer por inteiro, do jeito que somos e naquilo que estamos fazendo.
O verbo "abandonar" não significa tanto o distanciamento daquilo que faziam, Jesus não quer que ninguém viva de "brisa", deixando de lado suas realidades e necessidades humanas para dedicar-se apenas as coisas da alma, mas ele nos quer por inteiro pois a Salvação que nos oferece é integral e portanto, uma interpretação equivocada do texto poderia nos levar a uma alienação religiosa.
Não sendo o texto do evangelho uma biografia dos primeiros discípulos e muito menos uma reportagem jornalística do fato, não dá para se saber quem eram os primeiros discípulos e que ideais alimentavam no coração, Mateus simplesmente afirma que, aqueles pescadores, ao conhecerem Jesus e ouvirem no coração o seu chamado, se encantaram com ele e o seguiram, o discipulado não nos arranca do mundo, ao contrário, nos insere nele porém, a vida ganha novo sentido e novo rumo, quando assumimos Jesus como nosso Senhor e Mestre.
Sobre abandonar o barco, as redes e a família, significa uma opção radical por Jesus e o seu Reino, algo que nos renova por dentro e por fora, algo que é permanente em nossa vida, e que nunca mais deixaremos, pois manifestar a Fé em Jesus Cristo não é algo temporário, com dia e hora marcada, mas é Viver intensamente a Vida Nova dele recebida, mesmo na fragilidade humana e nos acontecimentos banais do dia a dia.
A cada dia e momento é preciso fazer a escolha certa, priorizar o Reino e o discipulado, que nos conduz a novos horizontes, portanto, todo dia é dia de deixar algo para trás, rompendo com o que não é perene, para ficar com o que permanece para sempre: Jesus Cristo, nosso Mestre e Senhor, assim como fizeram André e os demais.
2. Jesus proclama a proximidade do Reino e exorta à conversão
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Após a prisão de João Batista por Herodes, Jesus retorna à Galiléia, desprezada pelos judeus da Judéia. Diferenciando-se de João Batista, que pregava em regiões retiradas e o povo se dirigia a ele, Jesus inicia seu ministério orientado para as regiões habitadas, indo ao encontro daquelas populações, mais ou menos concentradas em aldeias e cidades, através da Galiléia. Jesus proclama a proximidade do Reino e exorta à conversão à justiça, assumindo o mesmo anúncio de João Batista.
Marcos, bem como Mateus e Lucas, narra o chamado dos quatro primeiros discípulos às margens do Mar da Galiléia, onde sobreviviam trabalhando como pescadores: Pedro e André, Tiago e João. André e Pedro eram originários de Betsaida, cidade gentílica ao norte do Lago de Genesaré. André é um nome de origem grega.
O evangelho de João narra este chamado já na ocasião em que Jesus havia se dirigido para ser batizado por João Batista, quando alguns discípulos do Batista se dispõem a seguir Jesus.
O chamado, narrado em estilo sumário, na realidade se fez em um clima de diálogo e conhecimento mútuo e amadurecimento, seguindo-se o seguimento de Jesus.
3. COMPANHEIROS NA MISSÃO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
O chamado de Jesus deu uma guinada vida de um grupo de pescadores do Mar da Galiléia. O Mestre os queria como companheiros na missão, para fazer deles pescadores de homens. O seguimento exigia várias rupturas. A mais imediata consistiu em "deixar as redes e o barco", seus instrumentos de trabalho, para assumir um tipo novo de atividade. A segunda diz respeito ao mundo familiar: os filhos "deixam o seu pai". Como conseqüência, devem deixar sua terra e suas tradições para se colocar a serviço de um projeto de alcance universal.
A metáfora da pescaria sublinha aspectos importantes do exercício da missão. Enquanto pescadores de homens, deverão ser pacientes e perseverantes, quando os resultado do trabalho não corresponder ao esforço empregado. Deverão enfrentar, sem medo, as tempestades e as adversidades, quando no horizonte da missão despontar perseguição e morte.
Deverão estar sempre dispostos para o trabalho, alimentados por uma forte dose de otimismo e de alegria. Sobretudo, deverão ser movidos pela esperança de, apesar das adversidades, ver seu trabalho reconhecido pelo Pai.
A decisão de deixar tudo associava, definitivamente, os discípulos ao Mestre Jesus. Como o Mestre, estariam a serviço da implantação do Reino de Deus na história, esperando contemplar a vitória do bem, da verdade, da justiça, do perdão, da igualdade e do respeito por todos, sem distinção. Este foi o projeto de vida levado a cabo por Jesus, embora sua caminhada se concluísse com a morte de cruz. Por esse caminho, seguem também seus companheiros.