Santo André Kim e companheiros mártires

Terça-feira, 20 de setembro de 2011


Tornamos célebre neste dia o testemunho dos 103 mártires coreanos que foram canonizados pelo Papa João Paulo II, na sua visita a Seul em maio de 1984.

Tudo começou no Século XVII, com o interesse pelo Cristianismo por parte de um grupo de letrados que ao lerem o livro do missionário Mateus Ricci com o título "O verdadeiro sentido de Deus", tiveram a iniciativa de encarregar o filho do embaixador coreano na China, na busca das riquezas de Jesus Cristo. Yi Sung-Hun dirigiu-se ao Bispo de Pequim que o catequizou e batizou, entrando por aí a Boa Nova na Coréia, ou seja, por meio de um jovem e ousado leigo cristão que, com amigos, fundaram uma primeira comunidade cristã.

Com a eficácia do Espírito, começaram a evangelizar de aldeia em aldeia ao ponto de somarem, em dez anos, dez mil testemunhas da presença do Ressuscitado.

Várias vezes solicitaram do Bispo de Pequim o envio de sacerdotes, a fim de organizarem a Igreja. Roma, porém, era de difícil acesso e o Papa sofria com a prepotência de Napoleão, resultado: somente a Igreja pôde socorrer aos cristãos coreanos, trinta anos depois, quando os cristãos coreanos tinham sido martirizados aos milhares, juntamente com os 103 mártires, dentre estes: André Kim, o primeiro padre coreano morto em 1845; dez clérigos e 92 leigos.

Alguns testemunhos ficaram gravados, e dentre tantos: "Dado que o Senhor do céu é o Pai de toda a humanidade e o Senhor de toda a criação, como podeis pedir-me para o trair? Se neste mundo aquele que trair o pai ou a mãe não é perdoado, com maior razão, não posso nunca, trair aquele que é o Pai de todos nós!" (Teresa Kwon).

Os primeiros mártires coreanos escreveram, com sangue, as primeiras páginas da história na Igreja da própria pátria. Na data da canonização, bicentenária do início da evangelização da Coréia, esta nação contava com 1.4000.000 católicos, 14 Dioceses, 1.200 sacerdotes, 3.500 religiosos e 4.500 catequistas, atestando mais uma vez a frase de Tertuliano:

"O sangue dos mártires é sangue de novos cristãos!"

Santo André Kim e companheiros mártires, rogai por nós!


Hoje: Dia do Funcionário Municipal, Dia do Gaucho, Dia Internacional da Limpeza


Leituras

Primeira Leitura (Esdras 6,7-8.12.14-20)
Leitura do livro de Esdras.

Naqueles dias, o rei Dario escreveu ao governador do território da outra margem do rio Eufrátes: "Deixai continuar os trabalhos da casa de Deus; que o governador dos judeus e seus anciãos reconstruam-na no seu lugar. Também ordeno como é que se deve proceder com aqueles anciãos dos judeus, tendo em vista a reconstrução da mencionada casa de Deus: das receitas reais provenientes dos impostos de além-rio, a despesa será fielmente paga a esses homens, a fim de que a obra não sofra interrupção.

O Deus que fez habitar ali o seu nome destrua todo rei, todo povo que ousar fazer qualquer coisa para mudar este decreto e destruir essa casa de Deus que está em Jerusalém! Eu, Dario, dei esta ordem: seja ela pontualmente executada".

Os anciãos dos judeus puseram-se a construir o templo e fizeram progresso, sustentados pelas profecias de Ageu, o profeta, e de Zacarias, filho de Ado. Prosseguiram a construção, segundo a ordem do Deus de Israel, e segundo a ordem de Ciro, de Dario e de Artaxerxes, rei da Pérsia. Terminou-se o edifício no terceiro dia do mês de Adar no sexto ano do reinado de Dario.

Os israelitas, os sacerdotes, os levitas e os demais repatriados celebraram com júbilo a dedicação dessa casa de Deus. Ofereceram, por ocasião dessa dedicação, cem touros, duzentos carneiros, mil e quatrocentos cordeiros e doze bodes como vítimas pelos pecados de todo Israel, segundo o número das tribos de Israel. Estabeleceram os sacerdotes segundo as suas classes, e os levitas segundo suas divisões, para celebrar o culto de Deus em Jerusalém, de conformidade com as prescrições do livro de Moisés.

Os repatriados celebraram a Páscoa no dia catorze do primeiro mês. Os sacerdotes e os levitas, sem exceção, tinham-se purificado; todos estavam puros. Imolaram a Páscoa por todos os repatriados, pelos seus irmãos, os sacerdotes, e por si mesmos.


Salmo 121/122

Que alegria, quando me disseram: "Vamos à casa Senhor!"

Que alegria, quando ouvi que me disseram:
"Vamos à casa do Senhor!"
E agora nossos pés já se detêm,
Jerusalém, em tuas portas.

Jerusalém,cidade bem edificada
num conjunto harmonioso;
para lá sobem as tribos de Israel,
as tribos do Senhor.

Para louvar, segundo a lei de Israel,
o nome do Senhor.
A sede da justiça lá está
e o trono de Davi.


Evangelho (Lucas 8,19-21)

Naquele tempo, a mãe e os irmãos de Jesus foram procurá-lo, mas não podiam chegar-se a ele por causa da multidão.

Foi-lhe avisado: "Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e desejam ver-te". Ele lhes disse: "Minha mãe e meus irmãos são estes, que ouvem a palavra de Deus e a observam".


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Uma ofensa ou um elogio á sua Mãe?

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

___Olha São Lucas, esse evangelho pode ser interpretado de maneira equivocada, já vi pessoas dizendo que Jesus ofendeu á mãe dele, com as palavras dirigidas á comunidade, a Mãe lá na porta e ele parece que não estava nem aí com ela...

___Como sempre Lucas esboçou um sorriso "Que tal perguntar a Maria, o que ela sentiu naquele momento"

___Maria, a Senhora sentiu-se ofendida com essas palavras do seu Filho?

___Claro que não ! Antes de eu acolher Jesus no meu ventre, por desígnio do Pai, eu já o havia acolhido em meu coração e em minha vida. A minha ligação com meu Filho, não estava apenas na relação Mãe-Filho, nós não éramos apenas parentes, eu me fiz discípula dele, antes de ser sua mãe.

___Ah...então ele fez na verdade um elogio perante a comunidade?

___O discípulo do meu Filho não busca elogios, o que ele quiz foi ensinar a comunidade a importância de se ouvir e praticar a Palavra de Deus.

___Ah minha Santa Maria, então trazendo para os dias de hoje, o que a gente poderia dizer a comunidade?

___Que não basta estar presente na Igreja templo com os irmãos e irmãs, é preciso SER Igreja, estar em comunhão e em plena sintonia com a Palavra, com o testemunho permanente da Verdade que meu Filho ensinou. A pertença à comunidade se torna consistente, não apenas na presença física, mas na nossa plena adesão á Jesus e seu evangelho...

2. Fazer a vontade do Pai

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Depois da instrução de Jesus às multidões e aos seus discípulos sob a forma de parábolas, Lucas introduz esta narrativa para que os discípulos compreendam que aquilo que ouviram deve ser posto em prática.

O "ouvir a palavra de Deus e a por em prática" é expresso no evangelho de Mateus como o fazer "a vontade do Pai de Jesus, que está nos céus". Este tema já havia sido apresentado por Lucas na parábola do homem que constrói a casa sobre a rocha.

Freqüentemente se faz a leitura bíblica em uma perspectiva de devoção e elevação espiritual individual. Contudo o sentido mais consistente dos textos bíblicos é de nível comunitário e social.

Particularmente os evangelhos com o anúncio do Reino de Deus e da conversão visam a formação de comunidades que se constituam em uma nova sociedade. A devoção pessoal só é conseqüente quando leva ao compromisso comunitário e social.

Nesta narrativa de Lucas, presente também nos outros sinóticos, o foco não é as relações afetivas na família, mas o sentido sócio-religioso da mesma. A família não deve ser um elo de uma corrente genealógica que garanta a inclusão em um grupo privilegiado, como assim se consideravam os descendentes de Abraão, mas deve ser um foco de irradiação do amor universal de Deus.

Assim a casa da família deve ser o núcleo das novas comunidades que vivem a experiência do Reino de Deus.

Oração Pai, que minha condição de membro da grande família do Reino se expresse no meu modo de proceder. Pela disposição a amar, quero dar provas de ser teu filho.

3. O FRUTO DA PALAVRA

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

A vivência sincera da Palavra de Deus estabelece entre o discípulo do Reino e Jesus uma profunda comunhão. Mas também, entre os mesmos discípulos, a Palavra produz frutos de fraternidade e solidariedade. Em ambos os casos, os laços interpessoais podem mostrar-se mais fortes que os provenientes das relações familiares.

Disto resulta a nova família do Reino em que a paternidade provém de Deus, e a convivência entre os membros pauta-se pelo amor e pela igualdade, para além de raça, de condição social e de diferença de gênero. Ser judeu ou pagão, escravo ou livre, homem ou mulher são distinções irrelevantes para a família do Reino. A possibilidade de viver a comunhão desponta no horizonte, deixando de lado tudo o que possa ser motivo de divisão.

Desta forma, no contexto do Reino, relativiza-se a família natural de Jesus. O fato de ser sua mãe ou seus irmãos tinha pouca relevância. Esta familiaridade não lhes dava precedência na relação com o Mestre. Seria inútil exigir este direito, já que o haviam perdido.

Tanto a mãe quanto os seus parentes deveriam fazer o caminho de sua relação com Jesus passar pela submissão à Palavra de Deus. Doravante, serão seus familiares os que, como ele, ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática.