Santo Apolinário

Sexta-feira, 05 de agosto de 2011


Neste mesmo dia em que comemoramos a dedicação da Basílica de Santa Maria Maior em Roma, lembramos com alegria da vida de santidade do mais antigo Bispo de Ravena: Santo Apolinário. Nascido no Séc. I numa família pagã, foi convertido por Deus em Roma, através da pregação do apóstolo São Pedro.

No tempo de Apolinário o paganismo e sincretismo estavam dominando todo o Império e, por isso, todo evangelizador corria grandes riscos de vida. Com a missão indicando a evangelização do Norte da Itália, foi ele edificar a Igreja de Ravena, a qual tornou-se na Itália, depois de Roma, pólo do Cristianismo.

Por causa de Jesus Cristo e do Seu Reino, lutou contra as tentações, permaneceu fiel, com coragem sofreu e suportou até mesmo as torturas como confessor e, mais tarde, o martírio. Conta-nos a história que diante do Édito de Milão em 313, a Igreja Católica adquiriu liberdade religiosa e com isso pôde livremente evangelizar o Império Romano, assim como venerar seus santos; é deste período que encontramos em Ravena grande devoção ao Santo Bispo do qual celebramos hoje, herói da nossa fé.

Santo Apolinário, rogai por nós!


Hoje: Dia Nacional da Saúde


Leituras

Primeira Leitura (Deuteronômio 4,32-40)

Moisés falou ao povo, dizendo: "Escuta os tempos que te precederam, desde o dia em que Deus criou o homem na terra. Pergunta se houve jamais, de uma extremidade dos céus à outra, uma coisa tão extraordinária como esta, e se jamais se ouviu coisa semelhante. Houve, porventura, um povo que, como tu, tenha ouvido a voz de Deus falando do seio do fogo, sem perder a vida? Algum deus tentou jamais escolher para si uma nação do meio de outra, por meio de provas e de sinais, de prodígios e de guerras, com mão poderosa e braço estendido, e de prodígios espantosos, como o Senhor, vosso Deus, fez por vós no Egito diante de vossos olhos? Tu foste testemunha de tudo isso para que reconheças que o Senhor é Deus, e que não há outro fora dele.

Fez-te ouvir a sua voz do céu para a tua instrução, e na terra mostrou-te o seu grande fogo, e o ouviste falar do meio das chamas. Porque amou teus pais, e elegeu a sua posteridade depois deles, tirou-te do Egito com a força de seu poder, despojando em teu favor povos mais numerosos e mais robustos do que tu, para introduzir-te em suas terras e dá-las a ti em herança, como estás vendo hoje.

Sabe, pois, agora, e grava em teu coração que o Senhor é Deus, e que não há outro em cima no céu, nem embaixo na terra. Observa suas leis e suas prescrições que hoje te prescrevo, para que sejas feliz, tu e teus filhos depois de ti, e prolongues teus dias para sempre na terra que te dá o Senhor, teu Deus".


Salmo 76/77

Penso em vossas maravilhas, ó Senhor!

Recordando os grandes feitos do passado,
vossos prodígios eu relembro, ó Senhor;
eu medito sobre as vossas maravilhas
e sobre as obras grandiosas que fizestes.

São santos, ó Senhor, vossos caminhos!
Haverá deus que se compare ao nosso Deus?
Sois o Deus que operastes maravilhas,
vosso poder manifestastes entre os povos.

Com vosso braço redimistes vosso povo,
os filhos de Jacó e de José.
Como um rebanho conduzistes vosso povo
e o guiastes por Moisés e Aarão.


Evangelho (Mateus 16,24-28)

Em seguida, Jesus disse a seus discípulos: "Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á. Que servirá a um homem ganhar o mundo inteiro, se vem a prejudicar a sua vida? Ou que dará um homem em troca de sua vida? Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai com seus anjos, e então recompensará a cada um segundo suas obras. Em verdade vos declaro: muitos destes que aqui estão não verão a morte, sem que tenham visto o Filho do Homem voltar na majestade de seu Reino".

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Na Contra mão da Pós Modernidade...

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Usando do nosso imaginário, se Jesus se encarnasse hoje no mundo da pós-modernidade, e viesse com uma proposta dessas, iria perder longe para muitas igrejas que optaram pela tal Teologia da Prosperidade. Fazemos parte de uma sociedade que tem outros princípios e motivações religiosas.

Gozar a Vida da maneira mais prazerosa possível, evitar ao máximo qualquer tipo de sofrimento ou dissabor, velejar sempre com o vento favorável e pensar antes de tudo em nós mesmos, nosso conforto, nossa comodidade, nosso lugar, nosso prestígio, nosso poder, nosso sucesso, nosso marketing, nossa carreira, e esta lista egocêntrica é interminável.

Nesse jeito de viver o sofrimento não tem sentido, a cruz é loucura, a humilhação e o aniquilamento são inimagináveis porque o lema é “Viver e gozar a Vida”.

O convite vem em uma proposta que bate de frente com essa forma de pensar e viver “Se alguém quiser vir comigo...” Logo de início fica muito claro que a vida cristã é uma resposta a essa proposta, ninguém sinta-se obrigado a nada, quem sentir n o coração o desejo de seguir Jesus, tem que saber das condições que Ele coloca, mas a adesão ao projeto de Deus, deve partir de uma total liberdade.

“Tome a sua cruz e siga-me...” Aceitar e carregar a cruz, seguir a Jesus é pensar diferente do que o sistema nos coloca, é ter a ousadia de caminhar na direção oposta a que caminha o mundo, adotando outros princípios de vida que têm como base a Justiça, a igualdade, o amor partilhado no serviço gratuito, e só o fato de pensar diferente e caminhar um caminho diferente, poderá trazer grandes dissabores, as cruzes que se apresentam são muitas, e que requerem paciência e perseverança.

Esse antagonismo entre Salvação e Perdição também é fácil de ser compreendido. Seguindo por outros caminhos que não sejam os propostos por Cristo, o homem pensará que está tendo um ganho, quando na verdade está perdendo, porque coloca o sentido da sua vida naquilo que não tem sentido...viver, gozar a vida, mas um dia tudo acaba, tudo termina. E daí, de que valeu todo o prazer que se encontrou? Salvar-se significa ter esta visão de algo muito melhor, que ainda não chegou, mas que estamos ajudando a construir.

O Cristão deixa de ganhar algo menos valioso, porque crê e vive uma Vida Nova, seguindo assim os mesmos passos de Jesus. E uma última exortação, ser Cristão não é menosprezar a Vida Humana e todas as suas implicações, ao contrário, é saber dar a cada coisa o seu valor, ter os pés bem fincados no chão da nossa história, porém, com os olhos fitos no Senhor, vislumbrando um novo horizonte, e que só é possível na Virtude da Fé... Naquele que abriu-nos esse novo horizonte ao dar-nos a própria vida.

2. A liberdade dos filhos de Deus

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Jesus, acompanhado dos discípulos, está iniciando a caminhada com destino a Jerusalém, onde pressente o confronto fatal com as autoridades do Templo, sendo, por isso, repreendido por Pedro. Após censurar Pedro, Jesus reforça a instrução aos discípulos quanto ao despojamento e a disponibilidade que devem ser assumidos por eles.

"Renunciar a si mesmo" é abandonar as propostas de sucesso e segurança oferecidas pelos poderosos deste mundo, particularmente através dos meios de comunicação. São propostas sedutoras que escravizam os "incluídos" e arrasam os excluídos. Encontrar a vida é assumir a bem-aventurança dos pobres e colocar-se a serviço dos irmãos.

"Carregar a sua cruz" significa enfrentar as dificuldades e sofrimentos impostos por um sistema capitalista perverso a quem nele não se insere, vivendo a liberdade dos filhos de Deus. É a bem-aventurança dos perseguidos por sua adesão à causa da justiça. O dito final (v.28) é independente e aparece nos três sinóticos. Exprime a tardia compreensão dos discípulos da atualidade do Reino, entre eles, após morte de Jesus.

3. RENUNCIAR A SI MESMO

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

O seguimento de Jesus exige do discípulo renunciar a si mesmo e ser capaz de defrontar-se com a cruz, resultante desta sua opção.

A renúncia de si mesmo predispõe o discípulo a acolher a proposta de Jesus, sem subordiná-la aos seus projetos pessoais, e sem privá-la daqueles elementos que não convém. O discípulo abraça a proposta de Jesus, assim como ela é, sem adaptações. Para isto, precisa superar seu comodismo e tudo quanto o impede de ser generoso.

Tomar a cruz significa assumir sua opção pelo Reino até as últimas conseqüências, mesmo as mais dolorosas. A cruz do discipulado não se identifica com um sofrimento ou com uma morte quaisquer. Muito menos essa cruz é buscada por si mesma, numa atitude velada de masoquismo. A cruz aparece na vida do discípulo quando, permanecendo fiel ao Reino, ele não pactua com as solicitações do mal, a ponto de atrair sobre si a ira de seus adversários. Ela resulta da fidelidade a Deus.

O discípulo reconhece estar em jogo, aqui, a sua própria salvação. O alerta de Jesus é inequívoco: quem pretende desviar-se da cruz, pensando, assim, poder salvar-se, coloca-se no caminho da condenação; quem, pelo contrário, enfrenta a cruz por causa de Jesus, encontrará a salvação. Por conseguinte, a sabedoria do discipulado passa pela cruz.