Santo Edmundo

Terça-feira, 20 de novembro de 2012


Reinava Offa nos Estados ingleses. Desejando terminar seus dias em Roma, no exercício da piedade e da penitência, passou a coroa para Edmundo, de quinze anos de idade, descendente dos antigos reis anglo-saxões da Grã-Bretanha.

Edmundo, segundo os seus historiadores, foi coroado no dia de Natal de 885. Suas qualidades morais tornaram-no modelo dos bons reis. Tinha grande aversão aos lisonjeiros; toda a sua ambição era manter a paz e assegurar a felicidade dos súditos. Daí o grande zêlo na administração da justiça e na implantação dos bons costumes nos seus Estados. Foi o pai dos súditos, sobretudo dos pobres, protetor das viúvas e dos órfãos, sustento e apoio dos fracos. O fervor no serviço de Deus realçava o brilho das suas outras virtudes. A exemplo dos monges e de várias outras pessoas piedosas, aprendeu o saltério de cor.

No décimo quinto ano do seu reinado, foi atacado pelos Dinamarqueses Hínguar e Hubla, príncipes desta nação, verdadeiros piratas, que foram desembarcar na Inglaterra. Edmundo, a princípio, manteve-se sereno, confiando num tratado que tinha feito com os bárbaros logo que vieram para o seu país. Mas quando viu que não respeitaram o tratado, reuniu o seu exército. Mas os infiéis receberam auxílios. Perante este reforço do inimigo, Edmundo sentia-se impotente para o combater.

Então os bárbaros fizeram-lhe várias propostas que recusou, por serem contrárias à religião e à justiça que devia aos súditos. Preferiu expor-se à morte a trair sua consciência. Carregaram-no de pesadas cadeias e levaram Edmundo à tenda do general inimigo. Fizeram-lhe novas propostas. Respondeu com firmeza que a religião lhe era mais cara do que a vida, e que nunca consentiria em ofender a Deus, que adorava. Hínguar, enfurecido com esta resposta, mandou açoitá-lo cruelmente.

O santo sofreu todos os maus tratos com paciência invencível, invocando o Sagrado Nome de Jesus. Por fim, foi condenado a ser decapitado, recebendo a palma do martírio a 20 de novembro de 870.

Os ingleses consideraram-no mártir e dedicaram-lhe numerosas igrejas.

Santo Edmundo, rogai por nós!


Hoje:

Dia do Auditor Interno, Dia Nacional da Consciência Negra, Dia do Esteticista, Dia do Biomédico e Dia do Técnico em Contabilidade


Leituras

Leitura (Apocalipse 3,1-6. 14-22.)
Leitura do livro do Apocalipse de são João.

3 1 Ao anjo da igreja de Sardes, escreve: "Eis o que diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas. Conheço as tuas obras: és considerado vivo, mas estás morto.
2 Sê vigilante e consolida o resto que ia morrer, pois não achei tuas obras perfeitas diante de meu Deus.
3 Lembra-te de como recebeste e ouviste a doutrina. Observa-a e arrepende-te. Se não vigiares, virei a ti como um ladrão, e não saberás a que horas te surpreenderei.
4 Todavia, tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram suas vestes; andarão comigo vestidas de branco, porque o merecem.
5 O vencedor será assim revestido de vestes brancas. Jamais apagarei o seu nome do livro da vida, e o proclamarei diante do meu Pai e dos seus anjos.
6 Quem tiver ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
14 Ao anjo da igreja de Laodicéia, escreve: Eis o que diz o Amém, a Testemunha fiel e verdadeira, o Princípio da criação de Deus.
15 Conheço as tuas obras: não és nem frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente!
16 Mas, como és morno, nem frio nem quente, vou vomitar-te.
17 Pois dizes: 'Sou rico, faço bons negócios, de nada necessito' - e não sabes que és infeliz, miserável, pobre, cego e nu.
18 Aconselho-te que compres de mim ouro provado ao fogo, para ficares rico; roupas alvas para te vestires, a fim de que não apareça a vergonha de tua nudez; e um colírio para ungir os olhos, de modo que possas ver claro. 19 Eu repreendo e castigo aqueles que amo. Reanima, pois, o teu zelo e arrepende-te.
20 Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo.
21 Ao vencedor concederei assentar-se comigo no meu trono, assim como eu venci e me assentei com meu Pai no seu trono.
22 Quem tiver ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas".


Salmo 14/15

Ao vencedor, dar-lhe-ei o direito
De sentar-se comigo no meu trono.

"Quem morará em vossa casa?"
É aquele que caminha sem pecado
e pratica a justiça fielmente;
que pensa a verdade no seu íntimo
e não solta em calúnias sua língua.

Que em nada prejudica o seu irmão,
nem cobre de insultos seu vizinho;
que não dá valor algum ao homem ímpio,
mas honra os que respeitam o Senhor.

Não empresta o seu dinheiro com usura
nem se deixa subornar contra o inocente.
Jamais vacilará quem vive assim!


Evangelho (Lucas 19,1-10)

19 1 Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade.
2 Havia aí um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos recebedores de impostos.
3 Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura.
4 Ele correu adiante, subiu a um sicômoro para o ver, quando ele passasse por ali.
5 Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: "Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa".
6 Ele desceu a toda a pressa e recebeu-o alegremente.
7 Vendo isto, todos murmuravam e diziam: "Ele vai hospedar-se em casa de um pecador".
8 Zaqueu, entretanto, de pé diante do Senhor, disse-lhe: "Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo".
9 Disse-lhe Jesus: "Hoje entrou a salvação nesta casa, porquanto também este é filho de Abraão".
10 Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Como Zaqueu...

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Há um verbo interessante nessa narrativa do evangelista São Lucas, carregado de sentido teológico: Zaqueu subiu em uma árvore, para poder ver Jesus. Como se tivéssemos em baixo de nós um grande espelho, esse ato na verdade é invertido, e quando, como Zaqueu, subimos, na verdade descemos.

Na História da Salvação, desde o antigo Testamento até o tempo da Plenitude em Jesus Cristo, as muitas “subidas” significam a “Ascese espiritual” onde, referências geográficas como montes e montanhas, e nomes de forte simbolismo como Sinai e Horeb, entre outros, apontam para esse Ver, conhecer e experimentar a Deus, que se revela aos homens. Essa teologia rica em sinais Teofánicos, continua com maior intensidade no Novo Testamento, no Sermão da Montanha, Tabor, Getsêmani e por fim o Monte Gólgota ou Calvário.

Entre os Salmos, formas da devoção popular para expressar seus pedidos, desejos, angústias e alegrias, temos o Salmo das Subidas, que se refere a peregrinação do Povo Judeu ao templo, lugar do encontro e da experiência com o Deus da Aliança, e nos anos 60 lembro-me de um canto de entrada que lembrava essa ascese “Com a Igreja subiremos, no altar do Senhor....” .É preciso subir, elevar-se, quem quiser ver, ouvir e experimentar a Jesus, terá de subir, Como Pedro Thiago e João que viram a transfiguração do Senhor no alto do Monte Tabor, mas esse SUBIR supõe um DESCER.

Zaqueu , antes de subir naquela árvore, teve de descer de si mesmo, do seu posto de chefe dos cobradores de impostos, do seu Status de pessoa importante, se sua posição social, por que e para que? Porque tinha ouvido falar de Jesus e queria conhecê-lo, mas havia duas coisas que o atrapalhavam nesse seu desejo, de um lado a multidão que se aglomerava em torno de Jesus e o ocultavam dos demais, e de outro, uma deficiência física: era baixinho, mas o maior empecilho estava no fato de que era “alto” em poder, em riqueza e importância social, o que Zaqueu tinha de baixa estatura, tinha de grandeza na sociedade, era muito rico, nos lembra o Evangelista....Rico não precisa subir em árvores para ver uma celebridade, possivelmente estará junto com a celebridade no palco ou palanque montado. Rico não precisa espremer-se em meio a multidão, pois tem os melhores lugares reservado junto com a sua comitiva.

Mas o coração de Zaqueu andava inquieto há muito tempo, não foi coisa de momento pois esse pensamento vinha sendo gestado em seu coração, exatamente como Maria, que antes de acolher Jesus em seu ventre, já o tinha acolhido em seu coração.

E como o coração tem razões, que a própria razão desconhece, naquele momento Zaqueu esqueceu do seu cargo, da sua posição, da sua importância, do decoro que deve pautar as ações de alguém que ocupa um cargo importante e subiu na figueira para ver Jesus passar e assim, acabou sendo encontrado por Jesus. Quando desejamos vê-lo Ele já nos encontrou, o Deus Poderoso e Onipotente, não entra em nossa vida sem o nosso consentimento, não força, não exige, mas chama e propõe.

Por isso que a vida de Zaqueu mudou naquele dia, antes de acolhê-lo em sua casa já o tinha acolhido em seu coração e daí a Salvação aconteceu. “Hoje a Salvação entrou nessa casa, isso é, no coração e na vida de Zaqueu. Quem conhece e experimenta Jesus movido por um desejo profundo, não conseguirá mais ser o mesmo, a vida é transformada e renovada, a conversão de Zaqueu e o seu desejo sincero de devolver ao próximo o que havia fraudado, é apenas conseqüência da sua adesão a Jesus o Filho de Deus, adesão que vem do kerígma provocado pelo primeiro anúncio, e que só é possível quando, a exemplo do nosso Mestre e Senhor, também tenhamos a humildade de descer de nós mesmos, para poder com Ele subir, COMO ZAQUEU...

2. O interesse por Jesus

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Lucas, como bom literato, realça com cores vivas os personagens sobre os quais discorre. Zaqueu, chefe dos publicanos e rico, é apresentado como figura vivaz e simpática. Sendo baixinho, não podia ver Jesus no meio da multidão. Com simplicidade e desinibido, corre a uma figueira, antes que outro chegue, e sobe nela para ver Jesus. Ficam manifestos, assim, o entusiasmo e o interesse de Zaqueu por Jesus. Jesus, levantando os olhos, o percebe e propõe ficar em sua casa, naquele dia. Zaqueu, prontamente, propõe restabelecer a justiça e partilhar sua riqueza com os pobres, afirmando-se, assim, como um convertido.

Jesus vem revelar a misericórdia do Pai que perdoa os pecados e convida à conversão indiscriminadamente. A obra de fé de quem se converte é a prática do bem, da justiça e da partilha.

3. ACOLHENDO A SALVAÇÃO

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

O encontro de Jesus com Zaqueu mostra como é possível um rico obter a salvação, embora seja mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus. Não é que os ricos estejam, necessariamente, fadados à condenação. Mas é preciso que se deixem transformar, com sinceridade, pelo Reino anunciado por Jesus.

O processo de conversão de Zaqueu começou com o desejo de ver Jesus. Tal era a intensidade deste desejo que ele, por ser de baixa estatura, não duvidou em sair correndo, e subir numa árvore para ver o Mestre passar. A disposição de expor ao ridículo seu prestígio de homem rico leva a suspeitar que Zaqueu nutria algo mais que mera curiosidade de ver Jesus. E de seu posto de observador, não é ele quem vê Jesus. É Jesus quem o vê e se autoconvida para hospedar-se na casa dele.

Então, dá-se uma reviravolta na vida daquele homem que era odiado por muitos, por ser funcionário dos romanos e explorador do povo judeu. O sinal da conversão revela-se pela disposição de distribuir metade de seus bens aos pobres e de restituir, quatro vezes mais, a quantia que porventura houvesse roubado de alguém. Sua salvação teve início, quando ele saiu de seu mundo cujo eixo era o dinheiro, foi capaz de descobrir o próximo e fazer por ele um gesto de amor. Portanto, os ricos se salvam, se se deixam transformar pelo amor.