Santo Estanislau
Quarta-feira, 11 de abril de 2012
Celebramos a vida de Santo Estanislau, que nasceu no ano 1030, pouco tempo depois do Cristianismo ter entrado na Polônia. Santo Estanislau foi sacerdote na Igreja de Cracóvia.
O lugar geográfico da Polônia era causa de muitos transtornos internos e externos, porém, nada se comparava ao rei da Polônia - Boleslau II - que era guerreiro, cruel, devasso e opressor. Por escolha do Espírito Santo, Estanislau tornou-se bispo daquela região; e, como tal, teve que se tornar um "João Batista", já que o rei dava um grande vexame no campo moral.
Estanislau é amado por toda Polônia como um santo que profundamente amou os pobres, evangelizou e morreu mártir. Em 1079, o rei Boleslau num ato de loucura atingiu com um punhal Estanislau, durante a Santa Missa, lugar onde o santo uniu seu sacrifício ao Sacrifício de Cristo.
Santo Estanislau, rogai por nós!
Leituras
Leitura (Atos 3,1-10)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias, 3 1 Pedro e João iam subindo ao templo para rezar à hora nona.
2 Nisto levavam um homem que era coxo de nascença e que punham todos os dias à porta do templo, chamada Formosa, para que pedisse esmolas aos que entravam no templo.
3 Quando ele viu que Pedro e João iam entrando no templo, implorou a eles uma esmola.
4 Pedro fitou nele os olhos, como também João, e disse:" Olha para nós".
5 Ele os olhou com atenção esperando receber deles alguma coisa.
6 Pedro, porém, disse: "Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!"
7 E tomando-o pela mão direita, levantou-o. Imediatamente os pés e os tornozelos se lhe firmaram. De um salto pôs-se de pé e andava.
8 Entrou com eles no templo, caminhando, saltando e louvando a Deus.
9 Todo o povo o viu andar e louvar a Deus.
10 Reconheceram ser o mesmo coxo que se sentava para mendigar à porta Formosa do templo, e encheram-se de espanto e pasmo pelo que lhe tinha acontecido.
Salmo 104/105
Exulte o coração dos que buscam o Senhor.
Dai graças ao Senhor, gritai seu nome,
anunciai entre as nações seus grandes feitos!
Cantai, entoai salmos para ele,
publicai todas as suas maravilhas!
Gloriai-vos em seu nome que é santo,
exulte o coração que busca a Deus!
Procurai o Senhor Deus e seu poder,
buscai constantemente a sua face!
Descendentes de Abraão, seu servidor,
e filhos de Jacó, seu escolhido,
ele mesmo, o Senhor, é nosso Deus,
vigoram suas leis em toda a terra.
Ele sempre se recorda da aliança,
promulgada a incontáveis gerações;
da aliança que ele fez com Abraão
e do seu santo juramento a Isaac.
Evangelho (Lucas 24,13-35)
24 13 Nesse mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios.
14 Iam falando um com o outro de tudo o que se tinha passado.
15 Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o mesmo Jesus aproximou-se deles e caminhava com eles.
16 Mas os olhos estavam-lhes como que vendados e não o reconheceram.
17 Perguntou-lhes, então: "De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes?"
18 Um deles, chamado Cléofas, respondeu-lhe: "És tu acaso o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu estes dias?"
19 Perguntou-lhes ele: "Que foi?" Disseram: "A respeito de Jesus de Nazaré. Era um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo.
20 Os nossos sumos sacerdotes e os nossos magistrados o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram.
21 Nós esperávamos que fosse ele quem havia de restaurar Israel e agora, além de tudo isto, é hoje o terceiro dia que essas coisas sucederam.
22 É verdade que algumas mulheres dentre nós nos alarmaram. Elas foram ao sepulcro, antes do nascer do sol;
23 e não tendo achado o seu corpo, voltaram, dizendo que tiveram uma visão de anjos, os quais asseguravam que está vivo.
24 Alguns dos nossos foram ao sepulcro e acharam assim como as mulheres tinham dito, mas a ele mesmo não viram".
25 Jesus lhes disse: "Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que anunciaram os profetas!
26 Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse na sua glória?"
27 E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras.
28 Aproximaram-se da aldeia para onde iam e ele fez como se quisesse passar adiante.
29 Mas eles forçaram-no a parar: "Fica conosco, já é tarde e já declina o dia". Entrou então com eles.
30 Aconteceu que, estando sentado conjuntamente à mesa, ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lho.
31 Então se lhes abriram os olhos e o reconheceram mas ele desapareceu.
32 Diziam então um para o outro: "Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?"
33 Levantaram-se na mesma hora e voltaram a Jerusalém. Aí acharam reunidos os Onze e os que com eles estavam.
34 Todos diziam: "O Senhor ressuscitou verdadeiramente e apareceu a Simão".
35 Eles, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Jesus, a presença contagiante..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
O evangelho da Oitava da Páscoa vem mostrando de maneira mais clara e objetiva essa presença de Jesus Vivo em nossas comunidades e como ela motiva e influencia diretamente a ação pastoral da Igreja, sempre direcionando-a para o anúncio e o testemunho. O caminho de Emaús mostra, em um primeiro momento, que rumo tomou a comunidade, marcada pela decepção, frustração, e um profundo desânimo. O que faremos sem Jesus?
O sonho do Novo Reino havia se acabado, o que era Eterno, Imortal e Poderoso, havia sido submetido a uma morte infame, humilhante e vergonhosa. Não há nada mais a fazer a não ser voltar para casa e ficar a espera de um Novo Messias, guardar aquele sonho bom, e a esperança que ele havia despertado no coração dos discípulos.
Mas um estranho se junta a eles nessa estrada de Emaús, que não leva a lugar nenhum, o estranho logo manifesta aquilo que os dois discípulos desanimados transmitem: desânimo e tristeza. Nada pior do que quando em nossas comunidades instala-se o desânimo e a tristeza, diante de projetos pastorais que fracassam, diante de eclesiologias que não se harmonizam com a Vida Paroquial, diante da falta de comunhão, pastores que não pastoreiam, evangelizadores que não evangelizam, profetas que calam a boca....ah que quadro desolador!
Deixamos que esses fracassos humanos ofusquem a presença da Vida Plena, Jesus, sua Graça Operante e Santificante, seu ato Salvífico, que nos redime e nos revigora, olhamos a instituição e não sentimos o seu Coração bater, uma Igreja sem alma e sem dinamismo, nossos olhos velados pelo desânimo e tristeza, anda com o Senhor, dialoga com Ele nessa caminhada, mas não o percebe.
Ora, de onde vem tanto desânimo senão de uma má compreensão da Palavra Libertadora? A Palavra é viva e eficaz e até a celebramos, mas não permitimos que a Palavra se torne ação concreta em nossa vida pessoal e na vida em comunidade. Teorizamos a Palavra, nos encantamos com ela, a achamos belíssima, mas não identificamos a sua Fonte que é o Senhor, há quem confunda a Santa Palavra com alguma ideologia..., nascida da carne e não do Espírito.
O Verbo Encarnado faz ferver o coração dos discípulos que finalmente se abrem para ouvi-la, o quadro não havia mudado, o enredo ainda trazia a tristeza, mas agora algo mudou no coração dos dois companheiros e irmãos de caminhada: descobriram que não estavam mais sozinhos, que Jesus caminhava com eles. A Palavra proclamada pelo próprio Senhor, aponta para s sua presença real no partir do pão.
Palavra e Eucaristia, a porta que se abre no mistério da Fé, para mostrar e revelar a presença real de Jesus que caminha com a sua Igreja desde á sua origem até o presente e assim será até o final dos tempos. Ter Fé é saber enxergar nas ações da Comunidade o AGIR de Jesus, manifestado nas ações e pensamentos humanos, que chegarão um dia à sua plenitude, percorrendo os mesmos caminhos de Jesus de Nazaré, que não excluem o fracasso e a derrota, mas que olhar da Fé consegue descortinar o novo Horizonte para onde caminha e há de chegar todos os que creem...
Os discípulos compreenderam que tudo isso estava ali diante deles, como uma feliz possibilidade, e por isso voltaram correndo para a Comunidade, lugar por excelência onde Jesus tornou possível viver a aventura da Fé, celebrada e vivida...
2. Jesus continua presente entre seus discípulos
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Neste texto de Lucas temos uma narrativa didática, elaborada a partir de elementos de pregação e catequese da tradição das primeiras comunidades. Após a morte de Jesus na cruz, seus discípulos sentiram-se frustrados. A herança religiosa messiânica deles, nacionalista e triunfalista, impedia-lhes que compreendessem Jesus. Suas esperanças fundavam-se em um messias, da linhagem de Davi, que conduziria o povo judeu a uma glória e poder acima de todas as nações. Jesus não foi este messias.
Contudo, uma releitura das Escrituras, à luz da partilha do pão feita por Jesus, faz com que os olhos se abram e se perceba a presença do Ressuscitado. Toda a vida de Jesus foi uma partilha com as multidões, com os pobres e excluídos. Como pão do céu que dá a vida ao mundo (Jo 6,32-33), Jesus continua presente entre seus discípulos, até o fim dos tempos.
3. OS DISCÍPULOS DE EMAÚS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A expressão "como sois sem inteligência e lentos para crer" indica que Jesus não chegou a ser entendido plenamente pelos discípulos. Com seus atos e suas palavras, revela que sua comunhão com o Pai é a comunhão do amor que gera a vida. O grande gesto simbólico deste amor foi a partilha do pão com os discípulos e com as multidões. As tradições e a cultura neste mundo são marcadas por uma ideologia de enriquecimento e de poder, fria e sem amor. Assim era a expectativa messiânica da tradição de Israel, partilhada pelos discípulos que esperavam que Jesus fosse um messias nacionalista poderoso. Os discípulos de Emaús, dialogando com o ressuscitado, só o reconheceram no gesto da partilha do pão. A comunidade que dialoga, acolhe e partilha, descobre Jesus presente em seu meio.