Santo Henrique e Santa Cunegundes
Quarta-feira, 13 de julho de 2011
Muitos acusam a Idade Média como um "tempo de trevas" na História, e não tem como não pensar isto se não abrirmos os olhos e olharmos para o alto, pois neste lugar é que se encontram as luzes deste período, ou seja, os inúmeros santos e santas. Henrique e Cunegundes fazem parte deste "lustre", pois viveram uma perfeita harmonia de afetos, projetos e ideais de santidade.
Henrique era filho de duque e nasceu num castelo na Alemanha em 973. Pertencia à uma família santa e por isso foi educado também por cônegos e, mais tarde, pelo bispo de Ratisbona, adquirindo assim toda uma especial formação cristã. Conta-se que espiritualmente ele preparou-se intensamente para assumir o trono da Alemanha, mas isto sem saber, pois ainda jovem sonhara com estas breves palavras: "Entre seis"; e com isto interpretou primeiramente que teria seis dias antes de morrer, mas, como não aconteceu, preparou-se em vista de seis meses e em seguida seis anos até, por Providência, assumir o reinado.
No caso de Henrique o adágio de que "por trás de um grande homem está uma grande mulher" funcionou, pois casou-se com a princesa de Luxemburgo, Cunegundes, uma mulher de muitas virtudes e inúmeros dons ao ponto de ajudar por 27 anos seu esposo na organização do império e implantação do Reino de Deus. Com a morte de Henrique II e seu reconhecimento de santidade, Conegundes foi morar num mosteiro, onde cortou o cabelo, vestiu hábito pobre e passou a obedecer suas superioras até ir ao encontro de Henrique no céu, isto quando tinha 61 anos. Sendo assim, ambos morreram sob a coroa de Sacro Romano no império terrestre e a coroa da Glória no império celeste.
Santo Henrique e Santa Cunegundes, rogai por nós!
Hoje: Dia do Engenheiro de Saneamento, Dia do Cantor, Dia Mundial do Rock
Leituras
Primeira Leitura (Êxodo 3,1-6.9-12)
Moisés apascentava o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madiã. Um dia em que conduzira o rebanho para além do deserto, chegou até a montanha de Deus, Horeb. O anjo do Senhor apareceu-lhe numa chama (que saía) do meio a uma sarça. Moisés olhava: a sarça ardia, mas não se consumia. “Vou me aproximar, disse ele consigo, para contemplar esse extraordinário espetáculo, e saber porque a sarça não se consome.”
Vendo o Senhor que ele se aproximou para ver, chamou-o do meio da sarça: “Moisés, Moisés!” “Eis-me aqui!” respondeu ele. E Deus: “Não te aproximes daqui. Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa. Eu sou, ajuntou ele, o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó”. Moisés escondeu o rosto, e não ousava olhar para Deus. "Agora, eis que os clamores dos israelitas chegaram até mim, e vi a opressão que lhes fazem os egípcios.
Vai, eu te envio ao faraó para tirar do Egito os israelitas, meu povo”. Moisés disse a Deus: “Quem sou eu para ir ter com o faraó e tirar do Egito os israelitas?” “Eu estarei contigo, respondeu Deus; e eis aqui um sinal de que sou eu que te envio: quando tiveres tirado o povo do Egito, servireis a Deus sobre esta montanha”.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo 102/103
O Senhor é indulgente, é favorável.
Bendize, ó minha alma, ao Senhor,
e todo o meu ser, seu santo nome!
Bendize, ó minha alma, ao Senhor,
não te esqueças de nenhum de seus favores!
Pois ele te perdoa toda culpa
e cura toda a tua enfermidade;
da sepultura ele salva a tua vida
e te cerca de carinho e compaixão.
O Senhor realiza obras de justiça
e garante o direito aos oprimidos;
revelou os seus caminhos a Moisés
e, aos filhos de Israel, seus grandes feitos.
Evangelho (Mateus 11,25-27)
Por aquele tempo, Jesus pronunciou estas palavras: "Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos.
Sim, Pai, eu te bendigo, porque assim foi do teu agrado. Todas as coisas me foram dadas por meu Pai; ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelá-lo".
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Não há segredos entre o Pai e o Filho...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Certa ocasião na empresa onde trabalhei, estávamos aguardando um Chefe Novo, ao lado de quem eu iria trabalhar, a equipe estava alvoroçada, pintaram um homem grosseiro, cheio de maldade, que tratava os funcionários com desprezo e indiferença, falei a meu pai sobre o meu receio e ele perguntou "Mas você conhece esse Chefe Novo, já conversou com ele?" E diante da minha negativa ele orientou-me a aguardar, acolher o novo encarregado, e depois de alguns dias seria mais fácil emitir um juízo sobre ele. E assim fiz, com o novo chefe convivi até a sua aposentadoria, era de fato exigente e rigoroso, mas nos tornamos amigos e convivemos ao longo de 20 anos lado a lado. Não era uma pessoa perfeita, tinha lá os seus defeitos, mas também não era o monstro que pintaram para nós, nos dias que precederam a sua chegada. Agora fica mais fácil entender uma coisa: Só Jesus conhece intimamente Deus Pai e tem toda autoridade para falar dele...
Tem gente pregando um Deus que não tem nada a ver com o Pai de Jesus, um Deus imponente, exigente demais, que só quer complicar a nossa vida proibindo nos fazer um monte de coisas das quais gostamos. Outros acham que Deus só se achega dos homens importantes e sábios, pois só estes têm condições de compreendê-lo. Hoje Jesus desmonta esse modo super errado de pensar sobre Deus, sua oração é de pura alegria, Deus não age segundo os critérios humanos, os pequenos e insignificantes têm pleno acesso á sua Revelação, já os grandes que se julgam importantes... Nunca vão conseguir compreendê-lo. Jesus conhece o Pai e sabe que ele é exatamente assim, totalmente diferente daquilo que pintam e apregoam e por isso se enche de alegria Louvando e Bendizendo o Pai.
O conhecimento de Deus supõe um total comprometimento com o seu Plano manifestado em Jesus, a Teologia ajuda bastante, mas Deus ainda prefere um coração puro, vazio de orgulho e vaidade, é aí que ele se revela, através de Jesus.
2. A exaltação de Jesus aos pequeninos
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
A exaltação de Jesus aos pequeninos que acolheram a revelação faz contraste com as cidades que o rejeitaram, na narrativa que antecede, neste evangelho de Mateus. Nas cidades estão os sábios e entendidos, inseridos no sistema de poder e comprometidos com ele. Eles são cooptados e usufruem os benefícios deste sistema. Abandonam a disponibilidade e o compromisso para com as mudanças propostas pelo projeto de Jesus. O que foi desprezado por aqueles sábios e entendidos, particularmente os doutores da lei, foi revelado aos pobres e excluídos que acolheram Jesus.
A revelação do Reino provoca uma subversão de valores no mundo. Os valores mundanos de poder e dinheiro são rejeitados, vigorando agora, como valores supremos, o amor, a liberdade, a vida e a paz. O conhecer a Deus é aderir e ter a experiência destes valores. Aos pobres e pequeninos, marginalizados e não apegados às riquezas, é dado o conhecimento de Deus. A introdução a esta fala de Jesus, "Naquela ocasião Jesus pronunciou estas palavras...", é significativa. Sugere que as palavras que seguem possam ter sido extraídas de fórmulas litúrgicas de louvor das primeiras comunidades, onde se fazia a memória de Jesus. Esta é a única passagem em todo Segundo Testamento, em que o Pai é invocado como Senhor dos céus e da terra.
3. LOUVANDO O PAI
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A oração de Jesus resulta de uma experiência vivida no seu ministério. Enquanto os líderes religiosos do povo resistiam em aceitá-lo e converter-se ao Reino, o povo simples e inculto mostrava-se receptivo diante de sua mensagem, deixando-se tocar por ela. O fracasso junto aos sábios e doutores era, pois, compensado pelo êxito junto aos pequeninos.
Refletindo sobre este episódio, Jesus detecta a ação do Pai no coração de quem é tido como incapaz de penetrar nas profundezas do saber teológico. Evidentemente, o saber revelado pelo Pai aos pequeninos não é de caráter intelectual. Pouca serventia teria para eles um saber que leva ao orgulho e à arrogância. Eles carecem de um saber existencial, que lhes toque o fundo do coração, predispondo-os para assimilar a sabedoria do Reino. Esta, sim, pode trazer salvação, por gerar solidariedade, partilha, reconciliação, vida em comunhão. A sabedoria revelada por Deus leva os pequeninos a se reconhecerem todos como irmãs e irmãos, convocados pelo Pai para viverem o amor. Quem adquire este tipo de sabedoria, coloca-se no caminho da salvação, o caminho de Deus.
Quanto aos sábios, a auto-suficiência impede-os de entrar numa dinâmica de amor-comunhão, por recusarem a se colocar no mesmo nível dos demais. Instruídos por si mesmos, estão fadados a cultivar uma sabedoria puramente humana, ineficaz em termos de salvação.