Santo Hugo de Grenoble

Domingo, 01 de abril de 2012


O santo de hoje nasceu em Castelo Novo, na França, no ano de 1053. Fez toda uma caminhada de formação, tornou-se sacerdote e depois foi levado ao Papa Gregório VII para ser ordenado bispo.

Ele disse o seu "sim". Assumiu o bispado em Grenoble e se deparou com uma realidade do Clero, leigos e famílias, que precisavam de uma renovação no Espírito Santo.

Na oração, na penitência, no sacrifício, nas vigílias, junto com outros irmãos, ele foi sendo esse sinal de formação e muitas pessoas foram abraçando e retomando o Evangelho.

Passado algum tempo, Hugo retirou-se para um mosteiro beneditino, mas por obediência a um pedido do Papa, retornou à diocese.

Homem zeloso pela comunhão da Igreja, participou do Concílio em Viena e combateu toda mentalidade que buscava um "cisma" na Igreja, e com outros bispos semeou a paz, fruto da Verdade.

De tantos sacrifícios que fez, oferecendo pela Igreja e pela salvação das almas, ficou muitas vezes doente, mas não desistia. Diante de sua debilidade física, o Papa Inocêncio II o dispensou. Passado um tempo, com quase 80 anos, veio a falecer.

Santo Hugo de Grenoble, rogai por nós!


Leituras

Primeira Leitura Is 50,4-7 *Leitura do Livro do Profeta Isaias**

O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo. O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás. Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado.


Salmo Sl 22(21)

Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes e ficais longe do meu grito e minha prece?

  1. Riem de mim todos aqueles que me vêm, torcem os lábios e sacodem a cabeça: "Ao Senhor se confiou, ele o liberte e agora o salve, se é verdade que ele o ama!"

  2. Cães numerosos me rodeiam furiosos, e por um bando de malvados fui cercado. Transpassaram minhas mãos e os meus pés e eu posso contar todos os meus ossos.

  3. Eles repartem entre si as minhas vestes e sorteiam entre si a minha túnica. Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe, ó minha força, vinde logo em meu socorro!

  4. Anunciarei o vosso nome a meus irmãos e no meio da assembléia hei de louvar-vos! Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores, e respeitai-o, toda a raça de Israel!


Evangelho Mc 15, 1-39

1.Logo pela manhã se reuniram os sumos sacerdotes com os anciãos, os escribas e com todo o conselho. E tendo amarrado Jesus, levaram-no e entregaram-no a Pilatos.

2.Este lhe perguntou: És tu o rei dos judeus? Ele lhe respondeu: Sim.

3.Os sumos sacerdotes acusavam-no de muitas coisas.

4.Pilatos perguntou-lhe outra vez: Nada respondes? Vê de quantos delitos te acusam!

5.Mas Jesus nada mais respondeu, de modo que Pilatos ficou admirado.

6.Ora, costumava ele soltar-lhes em cada festa qualquer dos presos que pedissem.

7.Havia na prisão um, chamado Barrabás, que fora preso com seus cúmplices, o qual na sedição perpetrara um homicídio.

8.O povo que tinha subido começou a pedir-lhe aquilo que sempre lhes costumava conceder.

9.Pilatos respondeu-lhes: Quereis que vos solte o rei dos judeus?

10.(Porque sabia que os sumos sacerdotes o haviam entregue por inveja.)

11.Mas os pontífices instigaram o povo para que pedissem de preferência que lhes soltasse Barrabás.

12.Pilatos falou-lhes outra vez: E que quereis que eu faça daquele a quem chamais o rei dos judeus?

13.Eles tornaram a gritar: Crucifica-o!

14.Pilatos replicou: Mas que mal fez ele? Eles clamavam mais ainda: Crucifica-o!

15.Querendo Pilatos satisfazer o povo, soltou-lhes Barrabás e entregou Jesus, depois de açoitado, para que fosse crucificado.

16.Os soldados conduziram-no ao interior do pátio, isto é, ao pretório, onde convocaram toda a coorte.

17.Vestiram Jesus de púrpura, teceram uma coroa de espinhos e a colocaram na sua cabeça.

18.E começaram a saudá-lo: Salve, rei dos judeus!

19.Davam-lhe na cabeça com uma vara, cuspiam nele e punham-se de joelhos como para homenageá-lo.

20.Depois de terem escarnecido dele, tiraram-lhe a púrpura, deram-lhe de novo as vestes e conduziram-no fora para o crucificar.

21.Passava por ali certo homem de Cirene, chamado Simão, que vinha do campo, pai de Alexandre e de Rufo, e obrigaram-no a que lhe levasse a cruz.

22.Conduziram Jesus ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer lugar do crânio.

23.Deram-lhe de beber vinho misturado com mirra, mas ele não o aceitou.

24.Depois de o terem crucificado, repartiram as suas vestes, tirando a sorte sobre elas, para ver o que tocaria a cada um.

25.Era a hora terceira quando o crucificaram.

26.A inscrição que motivava a sua condenação dizia: O rei dos judeus.

27.Crucificaram com ele dois bandidos: um à sua direita e outro à esquerda.

28.[Cumpriu-se assim a passagem da Escritura que diz: Ele foi contado entre os malfeitores (Is 53,12).]

29.Os que iam passando injuriavam-no e abanavam a cabeça, dizendo: Olá! Tu que destróis o templo e o reedificas em três dias,
30.salva-te a ti mesmo! Desce da cruz!

31.Desta maneira, escarneciam dele também os sumos sacerdotes e os escribas, dizendo uns para os outros: Salvou a outros e a si mesmo não pode salvar!

32.Que o Cristo, rei de Israel, desça agora da cruz, para que vejamos e creiamos! Também os que haviam sido crucificados com ele o insultavam.

33.Desde a hora sexta até a hora nona, houve trevas por toda a terra.

34.E à hora nona Jesus bradou em alta voz: Elói, Elói, lammá sabactáni?, que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?

35.Ouvindo isto, alguns dos circunstantes diziam: Ele chama por Elias!

36.Um deles correu e ensopou uma esponja em vinagre e, pondo-a na ponta de uma vara, deu-lho para beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias vem tirá-lo.

37.Jesus deu um grande brado e expirou.

38.O véu do templo rasgou-se então de alto a baixo em duas partes.

39.O centurião que estava diante de Jesus, ao ver que ele tinha expirado assim, disse: Este homem era realmente o Filho de Deus.


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. "ACOLHAMOS NOSSO REI!"

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP

Lembro-me quando Pedro Augusto Rangel elegeu-se primeiro prefeito da minha cidade de Votorantim recém emancipada, e o povo se aglomerava no jardim "Bolacha", onde ele passou com um grupo numeroso, a gente ficava na calçada em meio a multidão e acenávamos com a mão, enquanto que ele nos retribuía com acenos e sorrisos. Eu me senti orgulhoso por estar lá, apesar de ser um menino, pois o fato do prefeito ter retribuído o aceno, dava-me a nítida impressão de que ele olhava para mim. Essa troca de olhares, sorrisos, acenos, tudo é um sinal exterior daquilo que interiormente estamos sentindo. Eu na verdade não sentia nada, mas percebi que meu pai estava emocionado e dizia todo radiante “Esse é dos nossos, é do povão”.

O povo simples, postado á beira do caminho que levava a Jerusalém, se identificavam com Jesus de Nazaré, havia em todos aqueles corações, marcados pela esperança, um sentimento de alegria, porque o esperado reino messiânico estava chegando naquele homem: Jesus de Nazaré, montado em um jumentinho, para por um fim no reino da pomposidade. O mesmo sentimento presente no coração do povo estava também no coração do Messias, porém, a salvação e libertação que ele trazia era em seu sentido mais amplo.

A procissão do Domingo de Ramos exterioriza esse acolhimento, essa aceitação de Jesus, no coração e na vida de quem crê, mas precisamos tomar muito cuidado, para que o nosso canto de Hosana, não fique no oba-oba do entusiasmo momentâneo, pois proclamá-lo nosso Rei e Senhor, significa um rompimento com qualquer mentalidade ou cultura da modernidade, é a experiência profunda da conversão sincera, é a prática de uma espiritualidade que ultrapassa a religiosidade ou o simples devocional, e que nos coloca na linha do discipulado.

A ruptura se faz necessária justamente porque as vozes contrárias ao Reino, dos Poderes do mundo, tentarão sempre abafar ou distorcer a palavra de Deus. Por isso, o servo sofredor, apresentado por Isaias na primeira leitura, é alguém “duro na queda”, inflexível, convicto da missão, e que nunca se deixa “engambelar”, porque tem a língua sempre afiada, não para cortar a vida do próximo, mas para proclamar as Verdades de Deus, reconfortando os tristes e abatidos, despertando esperança no coração de todos os que o ouvem. Ainda é esse mesmo Deus que lhe abre ou ouvidos para que escute como discípulo.

Escutar como discípulo requer a disposição interior em doar-se totalmente por esta causa, por isso este Servo sofredor, que a igreja aplicou a Jesus, coloca toda sua confiança no Deus que vem ao seu auxílio, e que jamais o irá desapontar. Há ainda nessa liturgia, uma atitude que não deve faltar na vida de quem se dispõe a acolher Jesus Cristo como seu único Senhor e Salvador, é o esvaziamento, em grego “kênose”, que encontramos na segunda leitura dessa liturgia, quem quiser encher-se como um pavão, e alimentar a vaidade da santidade, nunca poderá ser discípulo autêntico, pois o Cristo que hoje acolhemos é o Cristo da vergonha e humilhação, é o Cristo rebaixado á condição de servo, é o Cristo que morre nu, pendurado em uma cruz, em uma morte vergonhosa e extremamente humilhante.

Acolher e ovacionar Jesus neste domingo de ramos é bastante comprometedor, por isso que a procissão expõe a fé da nossa igreja publicamente, acenar com os ramos, cantar nossos hinos de louvores e de Hosana, significa a disposição, a coragem e a fidelidade, para percorrer esse mesmo caminho, na firmeza inabalável, ainda que o mundo nos apresente tantos atalhos sedutores, onde podemos ser cristãos adocicados, ou se preferirem, cristãos de “meia tigela”, sem sofrimento e sem nenhum compromisso com o ensinamento do evangelho, como dizia um compadre na porta da igreja, em tom de brincadeira “Ser cristão é coisa muito boa, o que atrapalha é a cruz”, assim pensa a maioria dos cristãos da modernidade, e o próprio Pedro – Chefe da Igreja – também pensava, pois negou o mestre por três vezes, hoje se nega muito mais.

O evangelho da paixão nos mostra o elemento fundamental na vida do cristão: a oração, mas não aquela em que choramingamos diante de Deus, pedindo para que ele mude a nossa sorte, nos favorecendo em tudo aquilo que queremos, mas oração igual à de Cristo em sua agonia.

E finalmente, em um momento tenebroso, Lucas descreve a prisão de Jesus, como uma vitória momentânea das trevas sobre a luz. Jesus hoje continua preso, querem abafar o seu ensinamento, distorcer a essência do seu evangelho, amenizar as exigências do ser cristão, transformando-o em um cristianismo mais “light”. É bom durante a procissão de ramos, fazermos um questionamento: De que lado nós estamos? Senão, esta Semana chamada de Santa, será apenas mais uma entre muitas, cheia de piedade e devoção, e sensibilidade capaz de arrancar lágrima dos olhos, nada que uma boa dramatização teatral, também não consiga fazê-lo...

2. A vida de Jesus é um testemunho do amor que gera a vida.

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Pelo grande destaque dado às memórias da Paixão, nos quatro evangelhos, pode-se pensar que elas teriam se constituído nas primeiras tradições veiculadas sobre Jesus, surgidas entre as primitivas comunidades cristãs. Percebe-se nelas a influência da tradicional celebração da Páscoa do Primeiro Testamento, com a imolação do cordeiro, de acordo com a prática sacrifical, templária e sacerdotal, projetada na tardia narrativa do Êxodo, aplicada à morte de Jesus.

O caráter sacrifical atribuído à morte de Jesus na cruz está na raiz da tradição e da espiritualidade que consideram o sofrimento como meritório e redentor. Na realidade a morte de Jesus foi um imenso crime praticado por aqueles que, usufruindo do poder, procuram destruir qualquer empenho de luta pela justiça, libertação e promoção da vida. A vida de Jesus é um testemunho do amor que tudo transforma e gera a vida que permanece para sempre.

O evangelho de Marcos, bem como o de Mateus e o de João, introduz as narrativas da Paixão com duas narrativas de ceias. Uma primeira ceia na qual Jesus é ungido por uma mulher e, outra, a última ceia, com os discípulos. A imagem da refeição, do banquete, é tradicional como representativa da comunhão do povo com Deus. O início do ministério de Jesus, no evangelho de João, se faz em uma festa de núpcias, onde se come e se bebe. Várias são as parábolas em que Jesus compara o Reino de Deus a um banquete celestial.

Na ceia em Betânia, o bálsamo perfumado com o qual Jesus é ungido por uma mulher é a expressão do amor que vivifica. É este amor que deve ser dirigido aos pobres, com os quais Jesus se identifica. "A mim não tereis sempre, pobres tendes sempre convosco". A Boa-Nova caracteriza-se pela prática do amor solidário aos pobres, excluídos e ameaçados em sua vida. O que a mulher fez deve ser perpetuado: "em qualquer parte do mundo em que se proclamar esta Boa-Nova, se recordará em sua honra o que ela fez".

Em sua última ceia com os discípulos, Jesus celebra a vida e o amor, na partilha. A proximidade da Paixão não significa o fim do projeto de Deus, mas o início de uma nova etapa, com o ministério e o testemunho dos discípulos de Jesus. O dom da comunicação e do amor supera as sombras da morte. A alegria de viver, de servir, de partilhar, de solidarizar-se com os irmãos alimenta a chama da vida e tem o sabor de eternidade.