Santo Ildefonso

Quarta-feira, 23 de Janeiro de 2013


Nasceu no ano de 606, em Toledo, no dia 8 de dezembro. Um homem de oração, foi discernindo a vontade de Deus também nas perdas. Ficou órfão e, em meio aos bens que possuía, fez de tudo para a construção de um mosteiro para religiosos. Um homem de discernimento, que não quer dizer sem medo, sem dificuldades.

Os santos não foram super-homens, mas pessoas de carne e osso que foram se deixando transformar por Aquele que é o santo dos santos: Jesus Cristo. Ele que, pelo poder do Espírito Santo, opera maravilhas no coração que se abre.

Santo Ildefonso, um coração aberto para as vontades de Deus, mesmo contra a própria vontade. Aconteceu que o Bispo de sua localidade havia falecido e o povo o elegeu. Ele se escondeu num convento, mas foi descoberto e aceitou este grande serviço para o povo de Deus. Foi um grande instrumento de Deus e devoto da Santíssima Virgem.

Ele propagou a Festa da Expectação de Nossa Senhora, em 18 de dezembro – Nossa Senhora do Ó, como ficou conhecida. Fruto desse amor, ele recebeu a graça de uma aparição da Virgem Maria, chamando-o de “meu capelão” e presenteando-o com uma casula do céu. Assim diz o seu testemunho.

Um homem revestido de humildade, de vida, de oração na vida sacramental, por isso foi um grande pastor para o seu povo. Não evangelizou sozinho, pois os santos bem sabiam e continuam a saber o quanto nós precisamos uns dos outros para que a evangelização aconteça, para que muitos conheçam esse doce nome que tem nosso Senhor Jesus Cristo. Os santos foram aqueles que se consumiram pelo Evangelho para que muitos conheçam Jesus Cristo.

Santo Ildefonso, rogai por nós!


Hoje:


Leituras

Leitura (Hebreus 7,1-3.15-17)
Leitura da carta aos Hebreus.

7 1 Este Melquisedec, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão quando este regressava da derrota dos reis e o abençoou,

2 ao qual Abraão ofereceu o dízimo de todos os seus despojos, é, conforme seu nome indica, primeiramente "rei de justiça" e, depois, "rei de Salém", isto é, "rei de paz".

3 Sem pai, sem mãe, sem genealogia, a sua vida não tem começo nem fim; comparável sob todos os pontos ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre.

15 Isto se torna ainda mais evidente se se tem em conta que este outro sacerdote, que surge à semelhança de Melquisedec,

16 foi constituído não por prescrição de uma lei humana, mas pela sua imortalidade.

17 Porque está escrito: "Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedec".

Palavra do Senhor.


Salmo 109/110

Tu és sacerdote eternamente

segundo a ordem do rei Melquisedeque!

Palavra do Senhor ao meu Senhor:

"Assenta-te ao lado meu direito

até que eu ponha os inimigos teus

como escabelo por debaixo de teus pés!"

O Senhor estenderá desde Sião

vosso cetro de poder, pois ele diz:

"Domina com vigor teus inimigos.

Tu és príncipe desde o dia em que nasceste;

na glória e esplendor da santidade,

como o orvalho, antes da aurora, eu te gerei!"

Jurou o Senhor e manterá sua palavra:

"Tu és sacerdote eternamente,

segundo a ordem do rei Melquisedeque!"


EVANGELHO(Marcos 3,1-6)

— O Senhor esteja convosco.

— Ele está no meio de nós.

— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.

— Glória a vós, Senhor!

Naquele tempo, 3 1 entrou Jesus na sinagoga e achava-se ali um homem que tinha a mão seca.

2 Ora, estavam-no observando se o curaria no dia de sábado, para o acusarem.

3 Ele diz ao homem da mão seca: "Vem para o meio."

4 Então lhes pergunta: "É permitido fazer o bem ou o mal no sábado? Salvar uma vida ou matar?" Mas eles se calavam.

5 Então, relanceando um olhar indignado sobre eles, e contristado com a dureza de seus corações, diz ao homem: "Estende tua mão!" Ele estendeu-a e a mão foi curada.

6 Saindo os fariseus dali, deliberaram logo com os herodianos como o haviam de perder.

  • Palavra da Salvação.

  • Glória a Vós, Senhor!


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Os Moralistas de plantão...

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Na sinagoga havia muita gente piedosa mas havia também os moralistas de plantão, aqueles que ficam de olho na vida das pessoas, quem são e o que fazem, para poder condená-las. Naquele dia havia um homem na celebração que sofria de uma enfermidade em uma das mãos, e como era sábado, a "turma do amendoim", dos que gostam de fazer tudo certinho, ficaram de olho em Jesus porque sabiam que ele iria querer curar aquele homem e era dia de sábado.

Jesus sempre percebia as intenções dos seus adversários e então chamou para o meio da comunidade o homem da mão seca, e fez uma pergunta muito provocante "No sábado é permitido fazer o bem ou o mal? Salvar uma vida ou matar?". Os seus adversários ficaram sem resposta...

O que está no centro da lei de Moisés é o homem e a sua vida, o resto é relativo.Todo dia e toda hora é hora de se fazer o bem, nenhuma lei poderá cercear a liberdade de se fazer o bem a uma pessoa. Para o homem que teve a sua mão curada, a partir daquele dia o Sábado passou a ter um significado especial, pois foi o dia em que ele fez a experiência com Jesus Cristo, o Deus da Vida que quer o bem de todos.

Já os Fariseus, cumpridores ferrenhos de toda a lei, naquele sábado, longe de estar perto de Deus em seu repouso, premeditaram o mal em seus corações, quando decidiram conspirar contra Jesus para prendê-lo. Quando somos moralistas em excesso, e agimos com rigor ao olhar o comportamento do irmão, não experimentamos o que Deus trem de mais especial para o homem: sua misericórdia e seu infinito amor.

Esse Cristo que coloca a Vida e a dignidade das pessoas acima de qualquer lei ou interesse, continua a incomodar a muitos que querem "matá-lo" no coração das pessoas, no seio da família e até nas comunidades.

2. Para Jesus importa fazer o bem, salvar a vida

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por Carlos Alberto Contieri, sj - e disponibilizado no Portal Paulinas)

É a última perícope das "controvérsias galileanas". Permanece o sábado como unidade de tempo, que continua a ser objeto importante de desacordo e distância entre Jesus e seus opositores. Parece que o "eles" do versículo 2 sejam os fariseus e os herodianos (cf. v. 6).

Para eles fazer o bem no dia de sábado é não fazer; para Jesus, ao contrário, fazer o bem é agir em favor do outro, libertá-lo de suas amarras, e não fazer nada é fazer o mal, pois não existe alternativa neutra: "Em dia de sábado, o que é permitido: fazer o bem ou fazer o mal, salvar uma vida ou matar?" Talvez a indiferença dos que o acusavam ("ficaram calados") é que tenha levado o narrador a concluir que a causa da distorção na interpretação da lei do descanso sabático seja a "dureza de coração" (v. 5).

Aparece, aqui, no final das controvérsias galileanas o desejo de matar Jesus. Desde o início do evangelho de Marcos, o ouvinte ou leitor do evangelho sabe que a interpretação e a consequente prática da lei foi um dos motivos da condenação e morte de Jesus. O outro motivo será a "inveja" (Mc 15,10).

A antecipação do motivo da condenação e morte de Jesus, no início do evangelho, fez com que muitos comentaristas considerassem o evangelho de Marcos um grande relato da paixão.

Oração

Pai, sejam minhas mãos usadas somente para a prática do bem. Livra-me de mantê-las fechadas a quem precisa de minha ajuda, e de usá-las para fazer o mal.

3. A MÃO RECUPERADA

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

A deficiência física do homem encontrado por Jesus, na sinagoga, era mais grave do que, à primeira vista, se podia imaginar. Na antropologia bíblica, a mão está carregada de simbolismo. A partir deste universo simbólico é que se deve interpretar a situação do homem da mão ressequida.

A mão está ligada à idéia de força e de poder. Estar na mão do outro significava estar sob o seu poder. Para falar do poder da língua, um provérbio bíblico refere-se à "mão da língua". A expressão "salvar-se com as próprias mãos" tinha o sentido de salvar-se com as próprias forças. Diz-se que os habitantes de determinada cidade não puderam fugir, por ocasião de um incêndio, porque "as mãos não estavam com eles", isto é, não tinham forças nem possibilidade de escapar. A mão direita era sinal de força, de sabedoria e de felicidade. Já a mão esquerda era sinal de fraqueza, de ignorância e de desgraça.

Entende-se, assim, por que a iniciativa de cura foi de Jesus e não do homem doente. Este havia se tornado uma pessoa sem iniciativa e incapaz de lutar por seus direitos. Nestas condições, era vítima da desumanização.

Curando-o, Jesus tomou a iniciativa de humanizá-lo, de fazê-lo voltar a ser gente, com força e poder para lutar pelos seus direitos. É como se tivesse sido recriado! Com a mão recuperada, estava novamente apto para fazer o bem.

Oração

Pai, sejam minhas mãos usadas somente para a prática do bem. Livra-me de mantê-las fechadas a quem precisa de minha ajuda, e de usá-las para fazer o mal.