Santo Inácio de Loyola
Terça-feira, 31 de julho de 2012
Neste dia celebramos a memória deste santo que, em sua bula de canonização, foi reconhecido como tendo "uma alma maior que o mundo".
Inácio nasceu em Loyola na Espanha, no ano de 1491, e pertenceu a uma nobre e numerosa família religiosa (era o mais novo de doze irmãos), ao ponto de receber com 14 anos a tonsura, mas preferiu a carreira militar e assim como jovem valente entregou-se às ambições e às aventuras das armas e dos amores. Aconteceu que, durante a defesa do castelo de Pamplona, Inácio quebrou uma perna, precisando assim ficar paralisado por um tempo; desse mal Deus tirou o bem da sua conversão, já que depois de ler a vida de Jesus e alguns livros da vida dos santos concluiu: "São Francisco fez isso, pois eu tenho de fazer o mesmo. São Domingos isso, pois eu tenho também de o fazer".
Realmente ele fez, como os santos o fizeram, e levou muitos a fazerem "tudo para a maior glória de Deus", pois pendurou sua espada aos pés da imagem de Nossa Senhora de Montserrat, entregou-se à vida eremítica, na qual viveu seus "famosos" Exercícios Espirituais, e logo depois de estudar Filosofia e Teologia lançou os fundamentos da Companhia de Jesus. A instituição de Inácio iniciada em 1534 era algo novo e original, além de providencial para os tempos da Contra-Reforma. Ele mesmo esclarece: "O fim desta Companhia não é somente ocupar-se com a graça divina, da salvação e perfeição da alma própria, mas, com a mesma graça, esforçar-se intensamente por ajudar a salvação e perfeição da alma do próximo".
Com Deus, Santo Inácio de Loyola conseguiu testemunhar sua paixão convertida, pois sua ambição única tornou-se a aventura do salvar almas e o seu amor a Jesus. Foi para o céu com 65 anos e lá intercede para que nós façamos o mesmo agora "com todo o coração, com toda a alma, com toda a vontade", repetia.
Santo Inácio de Loyola, rogai por nós!
Leituras
Leitura (Jeremias 14,17-22)
Leitura do livro do profeta Jeremias.
14 17 E tu lhes dirás: Que se me fundam em lágrimas os olhos, noite e dia sem descanso, porquanto de um golpe horrível foi ferida a virgem, filha de meu povo, e sua chaga não tem cura!
18 Se saio pelos campos, encontro homens atravessados pela espada; e se regresso à cidade, eu vejo outros passando pelo tormento da fome. Até o profeta e o sacerdote perambulam sem rumo pela terra.
19 Repelistes Judá, de verdade, e vossa alma se desgostou de Sião? Por que nos feristes de mal incurável? Esperamos a salvação; nada, porém, existe de bom; aguardamos a era de soerguimento, mas só vemos o terror!
20 Senhor! Conhecemos nossa malícia e a iniqüidade de nossos pais. (Bem sabemos) que pecamos contra vós.
21 Pela honra, porém, de vosso nome, não nos abandoneis, nem desonreis o vosso trono de glória. Lembrai-vos! E não rompais o pacto que conosco firmastes.
22 Haverá, entre os vãos ídolos dos pagãos, algum que provoque a chuva? Ou é o céu que proporciona os aguaceiros? Não! Sois vós, Senhor, nosso Deus, vós, em quem depositamos nossa esperança; vós, que todas essas coisas haveis criado.
Salmo 78/79
Por vosso nome e vossa glória, libertai-nos!
Não lembreis as nossas culpas do passado,
mas venha logo sobre nós vossa bondade,
pois estamos humilhados em extremo.
Ajudai-nos, nosso Deus e salvador!
Por vosso nome e vossa glória, libertai-nos!
Por vosso nome, perdoai nossos pecados!
Até vós chegue o gemido dos cativos:
libertai com vosso braço poderoso
os que foram condenados a morrer!
Quanto a nós, vosso rebanho e vosso povo,
celebramos vosso nome para sempre,
de geração em geração vos louvaremos.
Evangelho (Mateus 13,36-43)
13 36 Então, Jesus despediu a multidão. Em seguida, entrou de novo na casa e seus discípulos agruparam-se ao redor dele para perguntar-lhe: Explica-nos a parábola do joio no campo.
37 Jesus respondeu: O que semeia a boa semente é o Filho do Homem.
38 O campo é o mundo. A boa semente são os filhos do Reino. O joio são os filhos do Maligno.
39 O inimigo, que o semeia, é o demônio. A colheita é o fim do mundo. Os ceifadores são os anjos.
40 E assim como se recolhe o joio para jogá-lo no fogo, assim será no fim do mundo.
41 O Filho do Homem enviará seus anjos, que retirarão de seu Reino todos os escândalos e todos os que fazem o mal
42 e os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes.
43 Então, no Reino de seu Pai, os justos resplandecerão como o sol. Aquele que tem ouvidos, ouça.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. “Casa, lugar do conhecimento...”
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
A palavra “Casa” que aparece no início do evangelho, não é apenas um advérbio de lugar, mas é uma referência importante tratando-se de um lugar especial onde os discípulos estão sequiosos por um conhecimento mais aprofundado da Palavra anunciada por Jesus, que agora, deixando de lado a linguagem comparativa das parábolas, fala as claras sobre o significado do ensinamento, poderíamos dizer que, depois de dar “mingau” ou “papinha” à multidão, vai dar aos seus discípulos um alimento mais sólido.
A nossa Igreja só recentemente é que vem valorizando a formação dos leigos, em cursos organizados pela arquidiocese, ou nas próprias paróquias, e assim, comunidade é essa “Casa” onde na nossa experiência com o Senhor, vamos aprofundando o seu ensinamento nas verdades reveladas por Deus. Comunidade não deve ser só o lugar do SENTIR, mas também do PENSAR, para que se tenha o discernimento mais preciso sobre o Reino de Deus, que em forma de semente foi plantado por Jesus no coração do homem.
Quando não se aprofunda esse rico ensinamento, e se prefere ficar só na “papinha ou mingau”, a nossa Fé não é tão consistente e acabamos confundindo joio com o trigo e este Joio, plantado em nós pelo Maligno, nos desfigura totalmente, tornando-nos imagem do Maligno e não de Deus e quanto menos conhecimento tem,os da palavra, mais vamos perdendo a capacidade de discernir, e mais vamos cultivando o joio em nosso coração, confundindo-o com o trigo.
Daí que um belo dia seremos surpreendidos, no dia da colheita, quando o Senhor mandar recolher o trigo em seus celeiros, quando descobrirmos que perdemos tempo em nossa vida, cultivando joio, iremos então sentir um ódio mortal por termos sido enganados pelo Mal, mas aí será muito tarde e só nos restará remoer o nosso ódio, com um choro amargo e o ranger de dentes.
Que tal começar agora, a fazer uma limpeza no jardinzinho do nosso coração, arrancando sem piedade o joio, e cultivando com alegrias o trigo bom? Para isso é preciso buscar o conhecimento da Palavra, nessa casa que é a nossa comunidade, onde o Senhor nos fala direto ao coração.
2. O sentido das parábolas.
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Na sua coleção de sete parábolas, reunidas no capítulo 13 de seu evangelho, Mateus apresenta a parábola do joio semeado entre o trigo. A seguir, no texto de evangelho de hoje, ele apresenta a sua explicação, como já havia feito para a parábola das sementes lançadas em diferentes tipos de terreno (cf. Mt 13,18-23). A explicação é feita de modo alegórico, isto é, a cada imagem da parábola é dada uma interpretação.
Nesta interpretação alegórica de Mateus, a parábola tem um sentido escatológico, de julgamento no fim dos tempos com a trágica condenação dos que praticam o mal e a salvação dos justos. O dualismo discriminatório na parábola e as imagens cruéis deste julgamento são muito características de Mateus, com o que fica obscurecida a mensagem e o testemunho de amor e misericórdia de Jesus.
Contudo, na parábola podemos encontrar um sentido atual, na medida em que remove as pretensões de se julgar e condenar alguém.
3. DUAS SORTES DISTINTAS
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A explicação da parábola do joio e do trigo ofereceu a Jesus a ocasião para explicitar o destino final de quem se identifica com a má semente, e de quem se identifica com a boa semente.
Os primeiros são chamados de escandalosos, pois praticam a iniqüidade, ou seja, recusam-se a pautar suas vidas pelos parâmetros do Reino. São indivíduos sem lei, e só fazem o que mais lhes convém. Como só lhes convém a maldade, seu destino será a condenação eterna.
Os segundos são chamados de justos. Sua justiça corresponde, exatamente, em optarem pelo Reino como projeto de vida, sem se desviarem do caminho certo. Os justos norteiam suas vidas pelo amor, e acreditam na força do bem e da verdade. Jamais pactuam com a injustiça, nem empregam a violência para fazer valer seus direitos. Eis por que fulgirão como o Sol, no Reino do Pai.
A exortação de Jesus - "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça" - soa como uma espécie de advertência para os discípulos em vista de uma escolha a ser feita. A sorte de cada opção já está traçada. Cabe ao discípulo agir com inteligência.