Santo Inocêncio

Segunda-feira, 12 de março de 2012


O santo recordado hoje foi Papa da nossa Igreja nos anos de 401 a 417; nasceu perto de Roma. Pertencia ao Clero até chegar à Cátedra de Pedro. Trabalhou na construção de muitas igrejas, no culto aos mártires, elaborou e definiu os livros consagrados e inspirados da Bíblia.

Dentre tantos acontecimentos, que marcaram o pontificado de Santo Inocêncio, foram três os que se destacaram: a luta contra o Pelagianismo; corrigiu um temível imperador; protegeu como pôde Roma dos invasores. Pelágio foi um monge que semeava a mentira doutrinal sobre o pecado original e outras mentiras que invalidavam a necessidade da graça e da redenção do Cristo. Santo Inocêncio, com a ajuda do Doutor da Graça – Santo Agostinho – e de outros mais condenou a heresia pelagiana.

Quanto ao imperador, denunciou a traição deste para com São João Crisóstomo, e com relação aos invasores, que assaltaram Roma, Santo Inocêncio fez de tudo para afastar esses bárbaros da Cidade Eterna. Este grande santo, empenhado pela paz e conversão dos pagãos, é considerado um dos maiores Santos Padres do Cristianismo.

Santo Inocêncio, rogai por nós!


Hoje:

Dia do Bibliotecário


Leituras

Primeira Leitura (2 Reis 5,1-15)
Leitura do segundo livro dos Reis.

5 1 Naamã, general do exército do rei da Síria, gozava de grande prestígio diante de seu amo, e era muito considerado, porque, por meio dele, o Senhor salvou a Síria; era um homem valente, mas leproso.

2 Ora, tendo os sírios feito uma incursão no território de Israel, levaram consigo uma jovem, a qual ficou a serviço da mulher de Naamã.

3 Ela disse à sua senhora: "Ah, se meu amo fosse ter com o profeta que reside em Samaria, ele o curaria da lepra!"

4 Ouvindo isso, Naamã foi e contou ao seu soberano o que dissera a jovem israelita.

5 O rei da Síria respondeu-lhe: "Vai, que eu enviarei uma carta ao rei de Israel". Naamã partiu com dez talentos de prata, seis mil siclos de ouro e dez vestes de festa.

6 Levou ao rei de Israel uma carta concebida nestes termos: "Ao receberes esta carta, saberás que te mando Naamã, meu servo, para que o cures da lepra".

7 Tendo lido a missiva, o rei de Israel rasgou as vestes e exclamou: "Sou eu porventura um deus, que possa dar a morte ou a vida, para que esse me mande dizer que cure um homem da lepra? Vede bem que ele anda buscando pretextos contra mim".

8 Quando Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei tinha rasgado as vestes, mandou-lhe dizer: "Por que rasgaste as tuas vestes? Que ele venha a mim, e saberá que há um profeta em Israel".

9 Naamã veio com seu carro e seus cavalos e parou à porta de Eliseu.

10 Este mandou-lhe dizer por um mensageiro: "Vai, lava-te sete vezes no Jordão e tua carne ficará limpa".

11 Naamã se foi, despeitado, dizendo: "Eu pensava que ele viria em pessoa, e, diante de mim, invocaria o Senhor, seu Deus, poria a mão no lugar infetado e me curaria da lepra.

12 Porventura os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, não são melhores que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles e ficar limpo?" E, voltando-se, retirou-se encolerizado.

13 Mas seus servos, aproximando-se dele, disseram-lhe: "Meu pai, mesmo que o profeta te tivesse ordenado algo difícil, não o deverias fazer? Quanto mais agora que ele te disse: Lava-te e serás curado". 14 Naamã desceu ao Jordão e banhou-se ali sete vezes, como lhe ordenara o homem de Deus, e sua carne tornou-se tenra como a de uma criança.

15 Voltando então para o homem de Deus, com toda a sua comitiva, entrou, apresentou-se diante dele e disse: "Reconheço que não há outro Deus em toda a terra, senão o de Israel. Aceita este presente do teu servo".


Salmo 41/42

Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo:
e quando verei a face de Deus?

Assim como a corça suspira pelas águas correntes,
suspira igualmente minha alma
por vós, ó meu Deus!

A minha alma tem sede de Deus
e deseja o Deus vivo.
Quando terei a alegria de ver
a face de Deus?

Enviai vossa luz, vossa verdade:
elas serão o meu guia;
que me levem ao vosso monte santo,
até a vossa morada!

Então irei aos altares do Senhor,
Deus da minha alegria.
Vosso louvor cantarei ao som da harpa,
meu Senhor e meu Deus!


Evangelho (Lucas 4,24-30)

4 24 Disse Jesus: "Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na sua pátria.

25 Em verdade vos digo: muitas viúvas havia em Israel, no tempo de Elias, quando se fechou o céu por três anos e meio e houve grande fome por toda a terra;
26 mas a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia.

27 Igualmente havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu; mas nenhum deles foi limpo, senão o sírio Naamã".

28 A estas palavras, encheram-se todos de cólera na sinagoga.

29 Levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até o alto do monte sobre o qual estava construída a sua cidade, e queriam precipitá-lo dali abaixo.

30 Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se.


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. "Quando o exemplo vem de fora..."

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Nos meus tempos de repórter, certa ocasião fui á Delegacia fazer uma matéria sobre um ancião que havia matado um jovem a marretadas, um crime brutal que revoltou a população. O criminoso tinha mais de 70 anos e ficou detido alguns dias já que seu estado de saúde era meio grave. Conversei com ele na sala do Delegado onde estava depondo e me pediu para interceder por ele, para que o soltassem, pois precisa tomar remédios para seu problema cardíaco. Na conversa, o ancião disse que na cela onde estava, os demais presos o estavam ajudando, e como a sua prisão não era ainda definitiva, naquela semana não vinha comida para ele, e um dos detentos, cedia a marmita para ele na hora do almoço, se alimentando com um pedaço de pão.

História que o carcereiro confirmou-me mais tarde, dizendo que o rapagão que cedia a comida, ficava com a barriga roncando de fome, e quando os outros comentavam ele dizia "A danada da fome eu tenho e muita, mas me corta o coração ver o velhinho doente, preso aqui com a gente, e ainda com fome". Um outro cedia o cobertor quando percebia que de noite ele estava com frio.

Não procurei saber sobre a ficha criminal dos dois companheiros solidários ao ancião, que ficou detido apenas uma semana e depois saiu, para responder processo em liberdade. Mas é interessante e até estranho notar que um marginal, que está pagando sua culpa com a justiça, consiga sentir compaixão de alguém que sofre ao seu lado. Longe de mim dizer que os dois são bonzinhos e que são um exemplo a serem seguidos, mas neste gesto de bondade para com o companheiro de infortúnio, há sem dúvida alguma uma abertura de coração para a GRAÇA e daí acontece algo de bom: Deus se revela...

Qual era o problema da comunidade de Lucas, e da comunidade judaica de sua cidade Nazaré? Exatamente esse, o de não admitir que fora da comunidade houvesse revelações de Deus e as pessoas o experimentassem. Um erro terrível que nós todos podemos cometer, quando nos recusamos a ver as maravilhas de Deus acontecendo na vida de outras pessoas, que não são da nossa Igreja e não professam a mesma Fé que nós. O Sírio Naamã, curado da lepra pelo Profeta Elias, a viúva de Sarepta, favorecida por um milagre do profeta Eliseu, são dois ótimos exemplos lembrados por Jesus, e que causa ira nos da sua comunidade, uma ira tão grande que pretendiam matá-lo... ainda mais quando Jesus afirma , que é o próprio Deus que envia seus profetas a essas pessoas que não pertencem a religião oficial.

Foi para eles que Jesus veio, e com esses, portanto, deve ser o nosso compromisso maior enquanto Igreja de Cristo, se sairmos dos limites da nossa comunidade iremos nos surpreender ao encontrar pessoas exemplares, fiéis observadoras dos valores do evangelho, e que dão um testemunho bastante convincente, estando sempre abertas para acolher a Palavra de Deus e a colocá-la em prática, ao manifestar amor, respeito e carinho com a vida dos irmãos e irmãs.

2. Fé na Palavra Profética

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Dirigindo-se aos moradores de Nazaré, Jesus evoca a memória dos dois profetas populares do antigo reino de Israel, Elias e Eliseu. Elias entrou em confronto direto com o rei Acab e Eliseu em confronto com Jorão, filho de Acab, articulando o fim de sua dinastia.

Elias e Eliseu são a expressão da defesa dos interesses dos pobres e excluídos diante dos poderosos, reis e sacerdotes, que submetiam o povo através de ídolos e ideologias. A viúva de Sarepta, que teve seu filho ressuscitado por Elias, e o sírio Naamã, que foi curado da lepra por Eliseu, são dois gentios, estranhos ao povo de Israel, que tiveram fé nos profetas. Em sua própria terra, Jesus defronta-se com o povo cativo à doutrina dos fariseus difundida através das sinagogas. Como os profetas, Jesus se empenha em libertar aqueles possuídos por este espírito doutrinário, porém é incompreendido e rejeitado.

3. A DUREZA DE CORAÇÃO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – ######Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

A reação dos habitantes de Nazaré, diante da pregação de Jesus, foi de aberta rejeição. Foi tal o desprezo pelas palavras do Mestre, que eles decidiram eliminá-lo lançando-o de um precipício.

É possível imaginar a decepção de Jesus, diante da rejeição de seus conterrâneos. Ele tentou compreender a situação, rememorando as experiências de profetas do passado que, rejeitados por seu povo, foram bem acolhidos pelos estrangeiros. Assim aconteceu com Elias: num tempo de seca e fome, beneficiou uma mulher estrangeira, da terra dos sidônios. O mesmo sucedeu com Eliseu: curou da lepra um general sírio, ao passo que, em Israel, essa doença vitimava muitas pessoas.

A conclusão de Jesus foi clara: já que o povo de sua cidade insistia em não lhe dar atenção, ele sentiu-se obrigado a ir em busca de quem estivesse disposto a acolhê-lo. Aos duros de coração, no entanto, só restava o castigo.

Longe de nós seguirmos o exemplo do povo de Nazaré. Jesus quer encontrar, em nós, abertura para acolhê-lo e disponibilidade para converter-nos. Ninguém é obrigado a aceitar este convite. Entretanto, fechar-se para Jesus significa recusar a proposta de salvação que ele, em nome do Pai, veio nos trazer.