Santo Irineu
Terça-feira, 28 de junho ded 2011
Celebramos a memória do grande bispo e mártir, Santo Irineu que, pelos seus escritos, tornou-se o mais importante dos escritores cristãos do século II. Nascido na Ásia Menor, foi discípulo de São Policarpo, que por sua vez conviveu diretamente com o Apóstolo São João, o Evangelista.
Ao ser ordenado por São Policarpo, Irineu foi para a França e assumiu várias funções de serviço à Igreja de Cristo (que crescia em número de comunidades e necessidade de pastoreio). Importante contribuição deu à Igreja do Oriente quando foi em missão de paz para um diálogo com o Papa Eleutério sobre a falta de unidade na data da celebração da Páscoa, pois o Oriente corria ao risco de excomunhão, sendo fiel ao significado do seu próprio nome – portador da paz – logrou êxito nessa missão, já que isto nada interferia na unidade da fé.
Ao voltar da missão deparou-se com a morte do bispo Potino, o qual o havia enviado para Roma e, sendo assim, foi ele o escolhido para sucessor do episcopado de Lião. Erudito, simples, orante e zeloso bispo, foi Santo Irineu quem escreveu contra os hereges, sobre a sucessão apostólica e muito dos dados que temos hoje, sobre a história da Igreja do século II. Este grande bispo morreu mártir na perseguição do imperador Severo.
Santo Irineu, rogai por nós!
Primeira Leitura (Gênesis 19,15-29)
Naqueles dias, ao amanhecer, os anjos instavam com Lot, dizendo: “Levanta-te, toma tua mulher e tuas duas filhas que estão em tua casa, para que não pereças também no castigo da cidade.” E, como ele demorasse, aqueles homens tomaram pela mão a ele, a sua mulher e as suas duas filhas, porque o Senhor queria salvá-los, e o levaram para fora da cidade. Quando já estavam fora, um dos anjos disse-lhe: “Salva-te, se queres conservar tua vida. Não olhes para trás, e não te detenhas em parte alguma da planície; mas foge para a montanha senão perecerás.” Lot disse-lhes: “Oh, não, Senhor! Já que vosso servo encontrou graça diante de vós, e usastes comigo de grande bondade, conservando-me a vida, vede, eu não me posso salvar na montanha, porque o flagelo me atingiria antes, e eu morreria. Eis uma cidade bem perto onde posso abrigar-me. É uma cidade pequena e eu poderei refugiar-me nela. Permiti que o faça – ela é pequena – e terei a vida salva.” Ele disse-lhe: “Concedo-te ainda esta graça: não destruirei a cidade a favor da qual me pedes. Apressa-te e refugia-te lá porque nada posso fazer antes que lá tenhas chegado.” Por isso, puseram àquela cidade o nome de Segor.
O sol levantava-se sobre a terra quando Lot entrou em Segor. O Senhor fez então cair sobre Sodoma e Gomorra uma chuva de enxofre e de fogo, vinda do Senhor, do céu. E destruiu essas cidades e toda a planície, assim como todos os habitantes das cidades e a vegetação do solo. A mulher de Lot, tendo olhado para trás, transformou-se numa coluna de sal.
Abraão levantou-se muito cedo e foi ao lugar onde tinha estado antes com o Senhor. 28 Voltando os olhos para o lado de Sodoma e Gomorra e sobre toda a extensão da planície, viu subir da terra um fumo espesso como a fumaça de uma grande fornalha. Quando Deus destruiu as cidades da planície, lembrou-se de Abraão e livrou Lot do flagelo com que destruiu as cidades onde ele habitava.
Salmo 25/26
Tenho sempre vosso amor ante meus olhos.
Provai-me, ó Senhor, e examinai-me,
Sondai meu coração e o meu íntimo!
Pois tenho sempre vosso amor ante meus olhos;
Vossa verdade escolhi por meu caminho.
Não junteis a minha alma à dos malvados,
Nem minha vida à dos homens sanguinários;
Eles têm as mãos cheias de crime;
Sua direita está repleta de suborno.
Eu, porém, vou caminhando na inocência;
Libertai-me, ó Senhor, tende piedade!
Está firme o meu pé na estrada certa;
Ao Senhor eu bendirei nas assembléias.
Evangelho (Mateus 8,22-27)
Naquele tempo, Jesus subiu a uma barca com seus discípulos. De repente, desencadeou-se sobre o mar uma tempestade tão grande, que as ondas cobriam a barca. Ele, no entanto, dormia. Os discípulos achegaram-se a ele e o acordaram, dizendo: "Senhor, salva-nos, nós perecemos!" E Jesus perguntou: "Por que este medo, gente de pouca fé?" Então, levantando-se, deu ordens aos ventos e ao mar, e fez-se uma grande calmaria. Admirados, diziam: "Quem é este homem a quem até os ventos e o mar obedecem?"
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Esse é o Cara...
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
As pericopes presentes no evangelho de Mateus sempre concluem com essas interrogações, frutos da admiração pelos prodígios que Jesus realizava. “Quem é este homem, a quem até os ventos e o mar obedecem...”, e se fosse hoje iam dizer “Esse é Cara”.
Será que esse evangelho quer contar uma história de pescaria que quase acabou em tragédia, se não fosse a presença de Jesus ? Claro que não, se não Jesus só seria, quando muito, protetor dos pescadores Profissionais, fala-se muito em pescaria, rede e peixe, barcos, porque esta era a realidade do quadro econômico da Galiléia.
As comunidades de Mateus, bem depois da morte e ressurreição de Jesus, uns sessenta anos no mínimo, daí prá mais, estavam em crise na Fé, o Cristianismo, que em seu início sem apresentou tão bom e atraente, já não era a Bola da Vez.
Muitas da comunidade já tinham desistido, as coisas não davam certo, tinha muitas perseguições, e participar da comunidade era uma grande dificuldade, o pressuposto do cristianismo era o Senhor Ressuscitado que estava na Comunidade, segundo a pregação dos apóstolos e da segunda geração de cristãos que começa a aparecer...Mas então, porque as coisas não davam certo ? Por que os cristãos tinham tantos dissabores até na vida pessoal?
Daí surgiu essa bela reflexão, Jesus, que nós não vemos com os olhos humanos, porque está em seu estado glorioso, continua no meio deles, para dizer isso, Mateus colocou que na barca Jesus dormia, ainda se fosse um Transatlântico enorme, daqueles que nem se abala com a tempestade, e Jesus estivesse confortavelmente instalado em alguma cabine de luxo, no aconchego de uma cama, ainda vá lá... mas não! Ele estava na proa de um barquinho frágil, encolhido a um canto puxando uma “Palha”, sossegado, no meio de um temporal... Por aí dá para perceber que se trata de uma reflexão...
Moral da Historia, Jesus é aquele que tem o domínio sobre as Forças da Natureza, nada está fora dele, tudo está sob seu domínio, esta é uma prerrogativa só de quem é Deus...
A mensagem é simples, na caminhada em comunidade devemos ter como virtudes a Fé e a Esperança, continuar firme na caminhada, mesmo que aparentemente parece que as coisas não estão dando certo, pois Jesus está no Leme da Barca que é a Igreja, em uma rota que já chegou no Terceiro Milênio de sua história... e conduzirá a Igreja ao Porto Seguro que é a Casa do Pai. Alguém aí quer contestar? Basta olhar para trás: quantos Titanics possantes e poderosos, já afundaram...
2. A fidelidade à palavra de Deus
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Mateus resume a narrativa de Marcos paralela a esta. Assim ele faz também com as demais narrativas de milagres da coleção de dez milagres reunidos nos capítulos 8 e 9 de seu evangelho, preocupado em destacar o caráter messiânico atribuído a Jesus. Nos evangelhos temos seis narrativas semelhantes envolvendo dificuldades dos discípulos na travessia do mar.
Três delas, esta de Mateus e as paralelas em Marcos e Lucas, durante uma travessia de barco para o território gentílico. Jesus, após despertar, conjura o vento e o mar agitados. A estas três segue-se a narrativa da cura dos endemoninhados gerasenos. Outras três seguem-se às narrativas da partilha eucarística dos pães entre Jesus, os discípulos e a multidão, e Jesus caminha sobre as águas. Estas narrativas são em um estilo de teofania (manifestações espantosas da natureza associadas à manifestação de Deus), surgidas entre as comunidades primitivas. São um estímulo à fé das comunidades na eficácia da palavra de Jesus, diante do mar agitado de uma sociedade elitista que serve ao dinheiro e gera a exclusão e o sofrimento. A confiança e a fidelidade à palavra de Deus nos movem à prática transformadora desta sociedade.
3. UMA FÉ PEQUENINA
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A experiência de estar numa barquinha, em meio a uma forte tempestade, serviu para testar a profundidade da fé dos discípulos. E provou ser ainda muito pequena, como declarou Jesus.
A presença serena do Senhor, dormindo tranqüilo, mesmo estando a barca para ser engolida pelas ondas, não foi bastante para criar no coração dos discípulos a certeza de que não afundariam. No desespero, acordaram Jesus pedindo para livrá-los da morte iminente. Jesus os censurou por terem demonstrado uma fé tão incipiente.
A barquinha em meio à tormenta retratava a vida das primitivas comunidades cristãs. Elas corriam o risco de serem tragadas pelas ondas das perseguições e dificuldades que afloravam de toda parte. A primeira reação era a de desesperar-se e pensar que estava tudo perdido e não seriam capazes de fazer frente àquela situação.
Entretanto, elas não se davam conta da presença discreta, mas efetiva, do Senhor em seu meio. O Ressuscitado não havia deixado os seus entregues à própria sorte. Pelo contrário, ele estava aí, participando da sorte da comunidade e garantindo sua sobrevivência. Jamais as pressões dos inimigos e perseguidores seriam suficientemente fortes para por abaixo a comunidade. O medo não se justificava. O Senhor estava com sua comunidade.