Santo Onésimo

Quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012


Bispo e mártir, Santo Onésimo teve em sua história São Paulo e também os amigos dele. O que se sabe concretamente sobre Onésimo está testemunhado na carta de São Paulo a Filémon que começa assim: “Paulo, prisioneiro de Jesus Cristo, e seu irmão Timóteo, a Filémon, nosso muito amado colaborador”(Filémon 1,1). Foi nessa missão de São Paulo que ele encontrou-se com um fugitivo escravo chamado Onésimo, cujo nome significa, em grego, útil.

Onésimo abandonou a casa de seu senhor, provavelmente levando os bens próprios deste. A partir do versículo 8, São Paulo, pede para seu amigo uma intercessão. “Por esse motivo, se bem que eu tenha plena autoridade em Cristo para prescrever-te o que é da tua obrigação, prefiro fazer apenas um apelo para a sua caridade. Eu, Paulo, idoso como estou e, agora, preso por Jesus Cristo, venho suplicar-te em favor deste meu filho que gerei na prisão: Onésimo”(Filémon 1,8-10). Esta expressão de São Paulo, de gerar, significa evangelizar, cuidar; não apenas dar a conhecer a Cristo, mas acompanhar o crescimento do cristão.

Era assim o relacionamento de amor entre Paulo e Onésimo. Mas São Paulo sabia que Onésimo precisava ir ao encontro de Filémon. Então, prossegue: “Ele poderá ter sido de pouca serventia para ti, mas agora poderá ser útil tanto para ti quanto para mim. Torno a enviá-lo para junto de ti e é como se fosse o meu próprio coração, que é amor do apóstolo, um amor que se compadece e que toma a causa”. Por isso, não só Onésimo foi ao encontro de Filémon, como este o dispensou e o perdoou.

O santo de hoje ajudou São Paulo em sua missão e chegou a ser escolhido como Bispo que, por amor a Cristo, deixou-se apedrejar, perdoando a todos e sendo testemunho para os cristãos.

Santo Onésimo, rogai por nós !


Hoje: Dia do Repórter


Leituras

Primeira Leitura (Tiago 2,1-9)
Leitura da Carta de São Tiago.

2 1 Meus irmãos, na vossa fé em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, guardai-vos de toda consideração de pessoas.

2 Suponde que entre na vossa reunião um homem com anel de ouro e ricos trajes, e entre também um pobre com trajes gastos;
3 se atenderdes ao que está magnificamente trajado, e lhe disserdes: "Senta-te aqui, neste lugar de honra", e disserdes ao pobre: "Fica ali de pé", ou: "Senta-te aqui junto ao estrado dos meus pés",
4 não é verdade que fazeis distinção entre vós, e que sois juízes de pensamentos iníquos?

5 Ouvi, meus caríssimos irmãos: porventura não escolheu Deus os pobres deste mundo para que fossem ricos na fé e herdeiros do Reino prometido por Deus aos que o amam?

6 Mas vós desprezastes o pobre! Não são porventura os ricos os que vos oprimem e vos arrastam aos tribunais?

7 Não blasfemam eles o belo nome que trazeis?

8 Se cumprirdes a lei régia da Escritura: Amarás o teu próximo como a ti mesmo, sem dúvida fazeis bem.

9 Mas se vos deixais levar por distinção de pessoas, cometeis uma falta e sereis condenados pela lei como transgressores.


Salmo 33/34

Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido!

Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo,
seu louvor estará sempre em minha boca.
Minha alma se gloria no Senhor;
que ouçam os humildes e se alegrem!

Comigo engrandecei ao Senhor Deus,
exaltemos todos juntos o seu nome!
Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu,
e de todos os temores me livrou.

Contemplai a sua face e alegrai-vos,
e vosso rosto não se cubra de vergonha!
Este infeliz gritou a Deus e foi ouvido,
e o Senhor o libertou de toda angústia.


Evangelho (Marcos 8,27-33)

Naquele tempo, 8 27 Jesus saiu com os seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe, e pelo caminho perguntou-lhes: "Quem dizem os homens que eu sou?"

28 Responderam-lhe os discípulos: "João Batista; outros, Elias; outros, um dos profetas".

29 Então perguntou-lhes Jesus: "E vós, quem dizeis que eu sou?" Respondeu Pedro: "Tu és o Cristo".

30 E ordenou-lhes severamente que a ninguém dissessem nada a respeito dele.

31 E começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem padecesse muito, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas, e fosse morto, mas ressuscitasse depois de três dias.

32 E falava-lhes abertamente dessas coisas. Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo.

33 Mas, voltando-se ele, olhou para os seus discípulos e repreendeu a Pedro: "Afasta-te de mim, Satanás, porque teus sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens".


COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. "O Entusiasmo de Pedro..."

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

Retomamos a reflexão de ontem quando falamos sobre o périgo de uma Fé superficial, marcada pelo entusiasmo inicial, e que é apenas o início de um longo processo e que jamais nesta vida poderá ser compreendida como um final pois uma conversão pronta e acabada, não existe nesta vida.

No evangelho de hoje nos confrontamos com Pedro Apóstolo, com esse exato perfil: a Fé entusiasmante e arrebatadora, que acha que a experiência feita ocasionalmente com Jesus Cristo, já resolveu todos os seus problemas, estando tudo pronto e agora é só aguardar a hora do arrebatamento definitivo para o céu.

"Tu és o Cristo" o Messias prometido, nós somos os primeiros a acolhê-lo e a partir de agora tudo vai dar certo em nossas vidas. Pedro e os demais tinham razões de sobra para pensarem assim, os sinais que Jesus realizara, milagres e curas, ressurreição de mortos, com alguém ao nosso lado, com todo esse poder, não precisamos de mais nada nessa vida.

Pois essa "Fé" do "Tudo vai dar certo" é logo descartada por Jesus, que para desmontá-la na cabeça e no coração de Pedro e dos demais, começa a falar da sua paixão, morte e ressurreição. Mas Pedro, que não queria mudar sua mentalidade e postura em relação a Jesus, tem a ousadia de chamar o Mestre de Lado dando-se ao direito de repreendê-lo.

O homem da pós-modernidade têm essa mesma ousadia de Pedro, quando não aceita o evangelho em sua originalidade, quando quer adaptar o ensinamento de Jesus á vida moderna, inventando um cristianismo que pega mais "leve", sem tanto compromisso e fidelidade, principalmente na questão da ética e moral, pois quando se trata de aceitar Jesus Cristo, admitir que ele é Deus, todo mundo assina em baixo, mas quando essa Fé exige mudanças no meu modo de pensar e de agir, daí somos todos do time de Pedro, que naquele momento foi chamado de Satanás por Jesus, exatamente por não querer aceitar o jeito de agir de Deus.

2. Jesus é o Cristo

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Com a decisão de ir para Jerusalém, Jesus, no caminho, pergunta aos discípulos: "Quem dizem as pessoas que eu sou?". Respondendo, os discípulos mencionam a opinião do povo: Jesus seria um profeta como João Batista, Elias, ou algum outro da tradição. Pedro, por sua vez, responde dando a sua interpretação: Jesus é o Cristo (ou messias). Porém, o messias do judaísmo seria um líder empenhado na conquista do poder.

Jesus, percebendo que eles não o compreendem bem, pede-lhes silêncio sobre isto. Falando dos sofrimentos que poderia enfrentar em Jerusalém, onde ia fazer seu anúncio libertador aos peregrinos que para lá acorriam, Pedro se escandaliza, pois tal coisa não corresponde ao messias esperado. Jesus o repreende severamente. Pedro ainda tem em mente as coisas dos homens, e não as coisas de Deus.

Oração Pai, revela-me a verdadeira identidade de Jesus, servo fiel, cuja vida esteve totalmente entregue em tuas mãos. E dá-me a graça de, como ele, ser fiel a ti.

3. A IDENTIDADE REVELADA

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

Ao longo do Evangelho, Jesus proíbe terminantemente que propaguem seus grandes feitos, mormente aqueles milagres que mais explicitavam sua condição de Messias. Com isto, tentava evitar ser enquadrado em esquemas incompatíveis com o seu projeto messiânico. A empolgação diante dos milagres poderia levar a identificações apressadas.

Num dado momento, Jesus revelou sua identidade messiânica e ofereceu aos discípulos uma chave de compreensão. Sem dúvida, ele era o Messias. Não, porém, um Messias glorioso, cheio de majestade e poder. Antes, devia sofrer muito, ser rejeitado e padecer a morte, para, então, ressuscitar.

Jesus identificou-se como Messias servidor, destinado a pagar o preço de sua opção. Sua glória consistia em colocar-se a serviço dos pobres e marginalizados. Seu poder manifestava-se nos gestos poderosos de cura de multidões abatidas por doenças e enfermidades ou vítimas da opressão dos espíritos impuros. Portanto, uma visão de Messias desprovida de mundanismo, antes toda voltada para o querer do Pai.

Os discípulos precisaram de tempo e paciência para assimilar a revelação de Jesus. Afinal, estavam contaminados pelas esperanças messiânicas do povo. Teriam preferido um Messias glorioso, a um Messias, servo sofredor.