Santo Teodósio

Terça-feira, 11 de janeiro de 2011


Teodósio, cujo nome significa "um presente de Deus", nasceu na Capadócia, atual Turquia, em 423, de pais ricos, nobres cristãos. Recebeu uma boa e sólida formação desde a infância sendo educado dentro dos preceitos da fé católica. Quando ainda muito jovem, era ele quem fazia as leituras nas assembleias litúrgicas de sua cidade. Um dia, lendo a história de Abraão, identificou-se com ele e descobriu que seu caminho era o mesmo do patriarca, que deixara sua terra para se encaminhar aonde Deus lhe apontava. Teodósio decidiu fazer o mesmo, seguindo inicialmente em peregrinação à Terra Santa, para conhecer os caminhos trilhados por Jesus.

Dotado de dons especiais como da profecia, prodígio, cura e conselho, sentiu a confirmação do seu chamado por Deus, ao se encontrar com Simeão, o estilista, outro Santo que havia optado por viver acorrentado e numa torre alta construída por ele mesmo. Simeão que nunca o tinha visto ou conhecido, o chamou pelo próprio nome e o avisou de que Deus o havia escolhido para converter e salvar muita gente. Teodósio entrou então para um convento próximo à Torre de Davi, onde rapidamente foi escolhido para a provedoria de uma igreja consagrada a Nossa Senhora. Mas sentia que aquela não era a sua obra, preferia a vida solitária da comunidade monástica do deserto, como era usual naquela época.

Depois, seguindo a orientação de São Longuinho, que o aconselhava em sonhos, foi habitar numa caverna, que segundo dizem fora ocupada pelos Reis Magos ao regressarem de Belém. Alí se entregou às duras penitencias e orações, passando a pregar com um senso de humildade que contagiava a todos que por lá passavam. Logo começou a receber discípulos e outros monges formando uma nova comunidade religiosa cenobítica, isto é, viviam uma vida retirada, mas em comunicação servindo a comunidade movidos pelos mesmos interesses, princípios e prerrogativas cristãs.

Numerosos discípulos, de diversas nacionalidades, foram atraídos e reunidos por ele. Edificou três conventos, um para os que falavam grego, outro para os eslavos e o terceiro para os de idiomas orientais como hebreu, árabe e persa. Todos nos arredores de Belém. Construiu também três hospitais, um para anciãos, outro para atender todos os tipos de doenças e o terceiro para os que tinham enfermidades mentais. Aliás uma idéia muito nova para essa época e pouco frequente no mundo inteiro. Além disso ergueu quatro igrejas.

Sua fama o levou ao posto de arquimandrita da Palestina, isto é, superior geral de todos os monges. Mas sua atuação contra os hereges acabou por condená-lo ao exílio, por confrontar-se com o Imperador Anastácio. Só quando o imperador morreu é que ele pôde voltar à Palestina reconquistando seu posto de liderança entre os monges. Quando Teodósio morreu, com cento e cinco anos, em 529, seu corpo foi depositado na cova feita por ele mesmo, há muitos anos, naquela gruta onde os Reis Magos dormiram, entre Jerusalém e Belém. Seu enterro foi acompanhado pelo Arcebispo de Jerusalém e muitos cristãos da Cidade Santa assistiram ao seu funeral onde aconteceram inúmeras graças e prodígios, que ainda sucedem no local de sua sepultura, embora tenha sido profanada e saqueada pelos árabes sarracenos. Seu culto se difundiu rapidamente pelo mundo cristão e se mantém ainda hoje muito forte.

Santo Teodósio, rogai por nós.

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Leituras

1 Leitura: Hebreus (Hb 2, 5-12)

Que todos os anjos o adorem

Não foi aos anjos que Deus submeteu o mundo futuro, do qual estamos falando. A este respeito, porém, houve quem afirmasse: “O que é o homem, para dele te lembrares, ou o filho do homem, para com ele te ocupares? Tu o fizeste um pouco menor que os anjos, de glória e honra o coroaste, e todas as coisas puseste debaixo de seus pés”. Se Deus lhe submeteu todas as coisas, nada deixou que não lhe fosse submisso. Atualmente, porém, ainda não vemos que tudo lhe esteja submisso. Jesus, a quem Deus fez pouco menor do que os anjos, nós o vemos coroado de glória e honra, por ter sofrido a morte. Sim, pela graça de Deus em favor de todos, ele provou a morte. Convinha de fato que aquele, por quem e para quem todas as coisas existem, e que desejou conduzir muitos filhos à glória, levasse o iniciador da salvação deles à consumação, por meio de sofrimentos. Pois tanto Jesus, o santificador, quanto os santificados, são descendentes do mesmo ancestral; por esta razão, ele não se envergonha de os chamar irmãos, dizendo: “Anunciarei o teu nome a meus irmãos; e no meio da assembleia te louvarei”.

Palavra do Senhor!

Comentando a I Leitura

Convinha que por meio dos sofrimentos levasse o iniciador da salvação deles à consumação

A grande afirmação desta leitura é o fundamento de nossa fé cristã: Cristo nos é mandado pelo Pai para livre-nos do pecado. Pela graça de Deus, ele experimenta a morte em benefício de todos (V.9). Mas de que modo o faz? Por sua dupla realidade de verdadeiro homem e de verdadeiro Filho de Deus. Como verdadeiro homem, torna-se nosso irmão: “não se envergonha de chamá-los irmãos” (V. 12). Como verdadeiro Filho de Deus, intercede eficazmente junto ao Pai por todos os seus irmãos. Sacerdote separado dentre os homens, realiza um sacrifício de expiação pelos homens. Pelo batismo, nós também começamos a formar parte da família dos filhos de Deus que é a Igreja. Mas a nossa vida de cada dia, o trabalho, o divertimento, o relacionamento com os outros, as opções concretas, em que medida estão impregnadas da convicção de que somos filhos de Deus e irmãos de Cristo? [MISSAL COTIDIANO, ©Paulus, 1997]


Salmo: 8, 2a.5.6-7.8-9 (R/.cf 7)

Destes domínio ao vosso filho sobre tudo o que criastes

Ó Senhor, nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo! Perguntamos: “Senhor, que é o homem, para dele assim vos lembrardes e o tratardes com tanto carinho?”

Pouco abaixo de Deus o fizestes, coroando-o de glória e esplendor; vós lhe destes poder sobre tudo, vossas obras aos pés lhe pusestes.

As ovelhas, os bois, os rebanhos, todo o gado e as feras da mata; passarinhos e peixes dos mares, todo ser que se move nas águas.


Evangelho: Marcos (Mc 1, 21b-28)

Jesus ensina em Cafarnaum e cura um endemoniado

Estando com seus discípulos em Cafarnaum, Jesus, num dia de sábado, entrou na sinagoga e começou a ensinar. Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da lei.

Estava então na sinagoga um homem possuído por um espírito mau. Ele gritou: "Que queres de nós, Jesus nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o santo de Deus". Jesus o intimou: "Cala-te e sai dele!" Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu. E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: "O que é isto? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!" E a fama de Jesus logo se espalhou por toda parte, em toda a região da Galiléia.

Palavra da Salvação!

(Leituras paralelas recomendadas: Mt 7,28-29; Lc 4,31-37; Lc 4,31-37)

Comentário do Evangelho

Personalidades incompatíveis

A pergunta desesperada do homem possuído por um espírito imundo revela a incompatibilidade radical que existe entre Jesus e tudo quanto lhe é contrário. A frase “Que temos nós contigo, Jesus de Nazaré?” pode ser assim desdobrada: “Que existe em comum entre nós?”; “O que você está querendo fazer conosco?”; “Qual a sua intenção a nosso respeito?”.

Evidentemente, entre Jesus e o espírito imundo nada havia em comum. Um libertava o ser humano, o outro o escravizava. Um recuperava as pessoas para Deus, já o outro as afastava sempre mais do projeto do Pai, numa aberta afronta a ele. Um restaurava no coração humano o sentido da vida fraterna e solidária, o outro, pelo contrário, gerava discórdia e divisão. Um encarnava a novidade da misericórdia de Deus, o outro insistia no caminho inconveniente da soberba. Por isso, a única intenção de Jesus era derrotar este espírito mau.

À ordem do Mestre, ele deixou o possesso, depois de agitá-lo violentamente e fazer grande alarido. Esta é a imagem do que se passa no coração de cada um de nós: o mau espírito reluta em abandonar o espaço conquistado no nosso interior. Se não nos deixamos ajudar por Jesus, corremos o risco de permanecer escravos desse espírito do mal. O discipulado cristão exige que façamos a experiência de ser libertados pelo Mestre, pois é impossível compatibilizá-lo com as forças do mal que agem dentro de nós. [O EVANGELHO NOSSO DE CADA DIA, Ano A, ©Paulinas, 1997]