Santos Ponciano e Hipólito
Sábado, 13 de agosto de 2011
Os santos de hoje, viveram caminhos que se chocaram durante a vida, no entanto, Ponciano e Hipólito se reconciliaram quando enfrentaram o exílio. Ponciano foi zeloso Papa da Igreja de Cristo, eleito em 230, enquanto Hipólito, um fecundo escritor e orador.
Aconteceu que, naquele tempo, rompeu um cisma na Igreja, onde Hipólito defendia um tal rigorismo que os adúlteros, fornicadores e apóstatas não mereceriam perdão, mesmo diante de arrependimento. Ponciano, o Papa da Misericórdia, não concordava com este duro princípio e nem outras reflexíveis cheias de boa fé, porém que não revelavam o coração do Pai, o qual escolheu a Igreja como instrumento deste amor que perdoa e salva.
Ponciano, que confirmava a fé nos cristãos, diante do clima de perseguição criado pelo imperador Maximiano, foi denunciado e, por isso, preferiu prudentemente renunciar ao serviço de Papa, visando o bem da Igreja e acolheu o exílio. Na ilha da Sardenha encontrou exilado também o sacerdote Hipólito e, em meio aos trabalhos forçados, se reconciliaram, sendo que Hipólito renunciou aos seus erros, antes de colherem em 235 o "passaporte" do Céu, ou seja o martírio.
Santos Ponciano e Hipólito, rogai por nós!
Hoje: Dia do Economista
Leituras
Primeira Leitura (Josué 24,14-29)
Naqueles dias, Josué disse a todo o povo: "Agora, pois, temei o Senhor e servi-o com toda a retidão e fidelidade. Tirai os deuses que serviram vossos pais além do rio e no Egito, e servi o Senhor. Porém se vos desagrada servir o Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses, a quem serviram os vossos pais além do rio, se aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porque, quanto a mim, eu e minha casa serviremos o Senhor". O povo respondeu: "Longe de nós abandonarmos o Senhor para servir outros deuses.
O Senhor é o nosso Deus, ele que nos tirou, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da servidão; e que operou à nossa vista maravilhosos prodígios e guardou-nos ao longo de todo o caminho que percorremos, entre todos os povos pelos quais passamos. O Senhor expulsou diante de nós todas essas nações, assim como os amorreus que habitam na terra. Nós também, nós serviremos o Senhor, porque ele é o nosso Deus".
Josué disse ao povo: "Vós não podereis servir o Senhor, porque ele é um Deus santo, um Deus zeloso que não perdoará as vossas rebeliões e os vossos pecados. Se abandonardes o Senhor para servir outros deuses, ele se voltará contra vós e vos fará mal, e vos consumirá, depois de vos ter feito bem. Não, clamou o povo, porque é o Senhor que nós queremos servir!" Josué disse-lhes: "Sois testemunhas contra vós mesmos de que escolhestes o Senhor para prestar-lhe culto". "Somos testemunhas!", responderam eles. "Agora, pois, tirai os deuses estranhos que estão no meio de vós e inclinai os vossos corações para o Senhor, Deus de Israel". "Nós serviremos o Senhor, nosso Deus", respondeu o povo a Josué, "e obedeceremos à sua voz".
Desse modo, Josué fez um pacto naquele dia com o povo e deu-lhe, em Siquém, leis e prescrições. Josué escreveu tudo isso no livro da lei de Deus, tomou em seguida uma pedra muito grande e erigiu-a ali, debaixo do carvalho que estava no santuário do Senhor.
E disse a todo o povo: "Esta pedra servirá de testemunho contra nós, porque ela ouviu todas as palavras que o Senhor nos disse; ela servirá de testemunho contra vós, para que não abandoneis o vosso Deus". Então Josué despediu o povo, cada um para a sua propriedade. E aconteceu depois disso que Josué, filho de Nun, servo do Senhor, morreu com a idade de cento e dez anos.
Salmo responsorial 15/16
O Senhor é a porção da minha herança!
Guardai-me, ó Deus, porque em vós me refugio!
Digo ao Senhor: "Somente vós sois meu Senhor.
Ó Senhor, sois minha herança e minha taça,
meu destino está seguro em vossas mãos!"
Eu bendigo o Senhor, que me aconselha
e até de noite me adverte o coração.
Tenho sempre o Senhor ante meus olhos,
pois, se o tenho ao meu lado, não vacilo.
Vós me ensinais vosso caminho para a vida;
junto a vós, felicidade sem limites,
delícia eterna e alegria ao vosso lado!
Evangelho (Mateus 19,13-15)
Naquele tempo, foram-lhe, então, apresentadas algumas criancinhas para que pusesse as mãos sobre elas e orasse por elas. Os discípulos, porém, as afastavam. Disse-lhes Jesus: "Deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque o Reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham". E, depois de impor-lhes as mãos, continuou seu caminho.
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. Nossas “Crianças”
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Convém primeiramente dar uma explicação importante, hoje na Família as crianças, de maneira até exagerada são o centro das atenções, tendo muitos dos seus desejos atendidos, o que é pernicioso em sua formação. Na comunidade também sempre há pessoas abnegadas e catequistas desapegadas, que com amor verdadeiramente materno, as acolhe e dedica-lhes seu tempo e trabalho pastoral. Na sociedade a criança ainda não tem a devida atenção, mas há até legislação específica para elas nos Direitos da Criança e do adolescente. A palavra criança, nesse contexto, tem outro significado.
No tempo de Jesus, as crianças tinham um valor diferente do que hoje se tem, elas eram desamparadas e não tinham qualquer influência sobre os adultos, tanto é, que nem eram contadas no censo. Então, quem são as crianças da comunidade hoje ? Há pessoas maduras na Fé, que agem com equilíbrio, bom censo, sabem se situar diante de certos acontecimentos, são abertas ao diálogo, sabem interpretar os acontecimentos da vida em comunidade, e mesmo diante de escândalos não perdem a serenidade. Não há uma maneira de se dimensionar a Fé, mas seguramente pode se afirmar que, pessoas com esse perfil, cresceram na Fé e estão no caminho certo.
Mas há também nas comunidades muitas pessoas, que por uma série de razões ainda não cresceram na Fé, são problemáticas, complicadas ao se relacionar com os demais, são possessivas, mandonas, turronas, não têm noção das coisas, fazem interpretações equivocadas de certos acontecimentos, enfim, pessoas que têm essa conduta, ainda não cresceram na Fé, estão em um lento processo de formação, sendo portanto CRIADAS, daí a palavra Criança.
Ao lado dessas há outra categoria de crianças, as simples, empobrecidas, sem cultura, que nunca são consultadas, porque sua opinião não é importante. Jamais seriam indicadas para algum ministério, coordenação, humanamente falando não teriam possibilidade, entretanto, são elas as preferidas do Pai, as prediletas no coração de Deus, e devem portanto ser o foco de nossa atenção.
Quando tivermos a oportunidade de prestarmos algum serviço pastoral a um desses, não podemos nos esquecer disso, façamos sempre o melhor, sentindo grande alegria e prazer em servi-los.
2. Na nova ordem do Reino dos céus estão integradas as pessoas simples
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
As multidões que acorriam a Jesus levavam, comumente, adultos enfermos, paralíticos, cegos, surdos-mudos e possuídos por espíritos impuros. Eram as numerosas vítimas da exclusão do sistema dominador. Este era, também, o futuro a ser esperado para as crianças.
Agora, ao cortejo dos que são levados a Jesus, incluem-se estas crianças. As crianças são, também, integrantes do universo social dos fracos e marginalizados, formado pelos impuros, pecadores, pobres, gentios.
Ainda mais, dentro da família a criança é, com frequência, vítima indefesa da dominação possessiva e da violência inconsciente dos pais que, por sua vez, carregam a carga de um mundo de conflitos.
A imposição das mãos de Jesus, acompanhada da oração, era uma esperança de que a elas fosse reservado um futuro melhor. "A pessoas assim, como as crianças, é que pertence o Reino dos Céus". A observação de Jesus tem um duplo aspecto, o da inversão da ordem social e o da conversão interior dos discípulos.
A nova ordem social a ser implantada com o Reino, não é a dos adultos conformados ou satisfeitos, empenhados na busca de sucesso, status e riqueza. Na nova ordem do Reino dos céus estão integradas as pessoas simples, confiantes no Pai, fraternas, comunicativas, acolhedoras e solidárias, em busca do novo, de um futuro promissor de um mundo melhor.
3. UM REPÚDIO À MARGINALIZAÇÃO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
A atitude de Jesus de acolher as criancinhas, que eram apresentadas para que lhes impusesse as mãos e rezasse por elas, foi chocante para os discípulos. Estes as repeliam. A reação deles não foi motivada pelo receio de que estivessem esperando de Jesus um gesto mágico, nem eram movidos por ciúme ou por impaciência. Simplesmente, eram ainda incapazes de compreender o verdadeiro sentido do ministério de Jesus. A atitude do Mestre deveria ser bem considerada, para dela tirar as devidas lições.
O gesto de impor as mãos sobre as criancinhas aconteceu quando Jesus estava a caminho de Jerusalém, onde se consumaria o seu ministério. Momento terrivelmente sério de sua vida! No entanto, pelo caminho, mostrava-se sempre pronto a deter-se para acolher os humildes, os doentes e quem carecia de sua misericórdia. Embora a situação fosse grave, os pequeninos continuavam a ocupar o mesmo lugar no seu coração. Gesto semelhante deveriam fazer os seus discípulos.
Contrariando a mentalidade de seu tempo, Jesus repudiava a marginalização à qual as criancinhas eram relegadas. As que lhe foram apresentadas, tornaram-se símbolo das crianças de todos os tempos e lugares, as quais deverão ser tidas como modelo de atitude existencial dos discípulos do Reino. Estes devem primar pela humildade e pequenez diante de Deus, rejeitando toda atitude soberba e orgulhosa.