São Bento

Segunda, 11 de julho de 2011


Abade vem de "Abbá", que significa pai, e isto o santo de hoje bem soube ser do monaquismo ocidental. São Bento nasceu em Núrcia, próximo de Roma, em 480, numa nobre família que o enviou para estudar na Cidade Eterna, no período de decadência do Império.

Diante da decadência – também moral e espiritual – o jovem Bento abandonou todos os projetos humanos para se retirar nas montanhas da Úmbria, onde dedicou-se à vida de oração, meditação e aos diversos exercícios para a santidade. Depois de três anos numa retirada gruta, passou a atrair outros que se tornaram discípulos de Cristo pelos passos traçados por ele, que buscou nas Regras de São Pacômio e de São Basílio uma maneira ocidental e romana de vida monástica. Foi assim que nasceu o famoso mosteiro de Monte Cassino.

A Regra Beneditina, devido a sua eficácia de inspiração que formava cristãos santos por meio do seguimento dos ensinamentos de Jesus e da prática dos Mandamentos e conselhos evangélicos, logo encantou e dominou a Europa, principalmente com a máxima "Ora et labora". Para São Bento a vida comunitária facilitaria a vivência da Regra, pois dela depende o total equilíbrio psicológico; desta maneira os inúmeros mosteiros, que enriqueceram o Cristianismo no Ocidente, tornaram-se faróis de evangelização, ciência, escolas de agricultura, entre outras, isso até mesmo depois de São Bento ter entrado no céu com 67 anos.

São Bento, rogai por nós!


Hoje: Dia Mundial da População


Primeira Leitura (Êxodo 1,8-14.22)

Naqueles dias, subiu ao trono do Egito um novo rei, que não tinha conhecido José. Ele disse ao seu povo: "Vede: os israelitas tornaram-se numerosos e fortes demais para nós.

Vamos! É preciso tomar precaução contra eles e impedir que se multipliquem, para não acontecer que, sobrevindo uma guerra, se unam com os nossos inimigos e combatam contra nós, e se retirem do país". Estabeleceu, pois, sobre eles, feitores para acabrunhá-los com trabalhos penosos: eles construíram para o faraó as cidades de Pitom e Ramsés, que deviam servir de entreposto.

Quanto mais os acabrunhavam, porém, tanto mais eles se multiplicavam e se espalhavam, a ponto de os egípcios os aborrecerem. Impunham-lhes a mais dura servidão, e amarguravam-lhes a vida com duros trabalhos na argamassa e na fabricação de tijolos, bem como com toda sorte de trabalhos nos campos e todas as tarefas que se lhes impunham tiranicamente.

Então o faraó deu esta ordem a todo o seu povo: "Todo menino que nascer, atirá-lo-eis ao Nilo. Deixareis, porém, viver todas as meninas".

— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.


Nosso auxílio está no nome do Senhor.

Se o Senhor não estivesse ao nosso lado,
que o diga Israel neste momento;
se o Senhor não estivesse ao nosso lado
quando os homens investiram contra nós,
com certeza nos teriam devorado
no furor de sua ira contra nós.

Então as águas nos teriam submergido,
a correnteza nos teria arrastado
e, então, por sobre nós, teriam passado
essas águas sempre mais impetuosas.
Bendito seja o Senhor, que não deixou
cairmos como presa de seus dentes!

Nossa alma como um pássaro escapou
do laço que lhe armara o caçador;
o laço arrebentou-se de repente,
e assim nós conseguimos libertar-nos.
O nosso auxílio está no nome do Senhor,
do Senhor que fez o céu e fez a terra!


Evangelho (Mateus 10,34-11,1)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: "Não julgueis que vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz, mas a espada. Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra, e os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa. Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho mais que a mim, não é digno de mim.

Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. Aquele que tentar salvar a sua vida, perdê-la-á. Aquele que a perder, por minha causa, reencontrá-la-á.

Quem vos recebe, a mim recebe. E quem me recebe, recebe aquele que me enviou. Aquele que recebe um profeta, na qualidade de profeta, receberá uma recompensa de profeta. Aquele que recebe um justo, na qualidade de justo, receberá uma recompensa de justo.

Todo aquele que der ainda que seja somente um copo de água fresca a um destes pequeninos, porque é meu discípulo, em verdade eu vos digo: não perderá sua recompensa". 11 1 Após ter dado instruções aos seus doze discípulos, Jesus partiu para ensinar e pregar nas cidades daquela região.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor!

COMENTÁRIOS DO EVANGELHO

1. Afinal Espada ou a Paz?

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)

O ouvinte da Palavra de Deus, nesse imenso aerópago que é a internet, ao ler esse evangelho terá a impressão de que já o refletiu recentemente, de fato, noventa por cento do texto é o mesmo do dia 26 de Junho 13º Domingo do Tempo Comum, então vamos nos ater a alguns versículos novos que surgiram no evangelho de hoje, para não sermos repetitivos...

Minha equipe de Teólogos populares me questionou sobre o versículo inicial que é muito contraditório, afinal, em uma visão mais adocicada de Jesus, dizemos que Ele é a nossa Paz, Ele mesmo ao reencontrar-se com a comunidade enquanto Ressuscitado, por três vezes desejou-lhe a Paz, e na saudação em nossas celebrações, desejamo-nos a Paz do Senhor, ou a Paz de Jesus, como queiram.

Agora Jesus vem dizer que esse negócio de Paz não é com ele, mas sim que veio trazer a espada. Fale a verdade, isso é meio “duro” de engolir... Será que o redator desse evangelho não errou na colocação? Afinal, se Jesus dissesse “Eu vim trazer a Paz e não a espada, seria muito mais bonito e coerente, e facílimo de entender”

Aqui é bom entendermos a tal da Paz Romana, que significa ter tudo sob controle, tudo dominado, ninguém questionando, ninguém contestando, todos falando AMÉM ao poder, isso era Paz para os Romanos. Não gosto muito da expressão “o nosso Povo é pacífico e ordeiro”, gosta da ordem estabelecida, procura mantê-la porque assim está bom, mas está bom para quem?

Esse versículo desencadeia todas as demais afirmações contidas nesse evangelho, o Cristianismo é uma Religião de Contestação e questionamento. Já vimos na semana passada as conseqüências disso na vida dos cristãos: perseguição, opressão, tortura, castigo e morte! Espada divide e traz ruptura até nas relações afetivas familiares, no modo de encarar e preservar a verdadeira Vida, que não sapo as coisas que o mundo oferece. Só pode acolher bem um Discípulo de Jesus, quem pensa e age segundo o evangelho, e sabe que ser cristão é arrumar uma bela de uma encrenca.Quem acolher e der abrigo, reconhecer nele o próprio Cristo, não ficará sem a sua recompensa.

Concluo esse pensamento com um rápido exemplo: quando inaugurou a Igreja Matriz de Votorantim no ano de 1972, eu esta lá, no auge dos meus 22 anos, e durante a bela celebração, senti uma imensa alegria, quando o Padre chamou ao altar, ao final da celebração, todos os que ajudaram nos mutirões, desde o alicerce até o acabamento.

Senti uma alegria inexplicável em saber que um pouquinho do meu suor lá deixei nos carrinhos de terra que empurrava, ou nos tijolos que a gente trazia até onde os Pedreiros estavam trabalhando...

Alegria eterna e muito maior, sentirá todos os que, quando o Reino se tornar visível e atingir a plenitude, forem acolhidos por Deus, como seus colaboradores que ajudaram, nem que tenha sido com um tijolinho, na construção do Reino, onde o Mestre de Obras é o próprio Filho de Deus...

2. O sentido da vida está na comunhão com Deus

(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)

Encerrando o Sermão da Montanha, Mateus apresenta mais alguns ditos e sentenças de Jesus, no contexto de envio missionário dos discípulos. As sentenças iniciais também são encontradas em Lucas, porém no contexto mais amplo de advertência quanto às exigências de seu seguimento. O primeiro dito exprime a missão de Jesus: ele veio à história humana como sinal de contradição: dividir nas tradições conservadores para unir no amor. O segundo dito é a expressão impressiva da nova realidade da fé, na qual os laços de sangue são superados pela fidelidade a Jesus. Na mesma perspectiva, o sentido da vida está na comunhão com Deus e não na busca de segurança no poder e no dinheiro. Em conclusão temos os ditos que orientam sobre a acolhida dos missionários, os quais representam o próprio Jesus.

3. ADESÃO TOTAL A JESUS

(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

A adesão do discípulo a Jesus tem o mesmo caráter totalizante da adesão a Deus no Antigo Testamento.

Segundo a Lei mosaica, o fiel deveria amar a Deus "com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças". Algo semelhante Jesus exige dos discípulos. Mesmo os laços mais sagrados de sangue ficam em segundo plano para quem aceita ser seguidor do Mestre. Quem coloca pai, mãe, filho ou filha, acima dele, renega sua condição de discípulo. Esta liberdade diante dos laços familiares possibilita-lhe estar disponível para seguir Jesus no caminho da cruz, se preciso, enfrentando a própria a morte. Não se trata de uma apologia da cruz, valorizada por si mesma, mas da liberdade e disponibilidade para viver o discipulado com todas as suas conseqüências.

As palavras de Jesus são de extrema clareza: quem se dispõe a segui-lo deve, como ele, aderir incondicionalmente ao projeto do Pai, sem meias-medidas ou atenuantes. É tudo ou nada!

A dureza das condições para o discipulado poderia amedrontar quem se predispõe a tornar-se discípulo, ou quem já é discípulo. Estaria Jesus exigindo uma espécie de desprezo aos familiares mais caros? Ou transformando o discipulado em fuga da família? Nada disso! O discipulado exige apenas que tudo, até mesmo o amor aos familiares, seja vivido na perspectiva do Reino. O discípulo amará seu pai, sua mãe, seu filho ou sua filha de uma maneira particular, quiçá até mais profunda, porque revestida pelo amor do Reino!