São Berardo e companheiros mártires
Segunda-feira, 16 de janeiro de 2011
Em 1219, São Francisco enviou esses missionários para a Espanha, que estava tomada por mouros. Passaram por Portugal a pé, com dificuldades. Dependendo da Divina Providência, chegaram a Sevilha. Ali começaram a pregar, principalmente como testemunho de vida. Eram 3 sacerdotes e dois irmãos religiosos que incomodaram muitas pessoas ao anunciar o Evangelho. Acompanhado pelo testemunho, teve quem abrisse o coração para Cristo e as conversões começaram a acontecer. Pregaram até para o rei mouro, porque, também ele merecia conhecer a beleza do Santo Evangelho. Porém, anunciar o Evangelho naquele tempo, como nos dias de hoje, envolve riscos e eles foram presos por isso. Por influência do rei mouro, eles foram deportados para Marrocos e, ao chegarem lá, continuaram evangelizando; uma pregação sobre o reino de Deus, sobre o único amor que pode converter.
Graças a Deus, devido aos sinais, principalmente àquele tão concreto de Deus, que é a conversão e a mudança da mentalidade, as pessoas começaram a seguir Cristo e a querer o batismo. Mas isso incomodou também o rei mouro que, influenciado por fanáticos, prendeu os cinco franciscanos, depois os açoitou e decapitou.
Os santos mártires que, em 1220, foram mortos por causa da verdade, hoje, intercedem por nós.
São Francisco, ao saber da morte dos seus filhos espirituais, exultou de alegria, pois eles tinham morrido por amor a Jesus Cristo.
São Berardo e companheiros mártires, rogai por nós!
Leituras
Primeira Leitura (1 Samuel 15,16-23)
Leitura do primeiro livro de Samuel.
15 16 Samuel disse-lhe: "Basta! vou cientificar-te do que o Senhor me disse esta noite". "Fala", disse Saul.
17 E Samuel: "Por pequeno que foste aos teus próprios olhos, acaso não te tornaste o chefe das tribos de Israel, e não te consagrou o Senhor, rei de Israel?
18 O Senhor te havia dado uma ordem, e te havia dito que votasses ao interdito esses pecadores, os amalecitas, combatendo-os até o completo extermínio.
19 Por que não ouviste a sua voz? Por que te lançaste sobre os despojos fazendo o mal aos olhos do Senhor?"
20 "Mas eu obedeci à voz do Senhor", replicou Saul; "fui pelo caminho que ele me traçou, trouxe Agag, rei de Amalec, e votei ao interdito os amalecitas.
21 O povo somente tomou dos despojos algumas ovelhas e bois, à guisa de primícias do interdito, para os sacrificar ao Senhor, teu Deus, em Gálgala".
22 Samuel replicou-lhe: "Acaso o Senhor se compraz tanto nos holocaustos e sacrifícios como na obediência à sua voz? A obediência é melhor que o sacrifício e a submissão vale mais que a gordura dos carneiros.
23 A rebelião é tão culpável quanto a superstição; a desobediência é como o pecado de idolatria. Pois que rejeitaste a palavra do Senhor, também ele te rejeita e te despoja da realeza!"
Salmo responsorial 49/50
A todo homem que procede retamente eu mostrarei a salvação que vem de Deus.
Eu não venho censurar teus sacrifícios,
pois sempre estão perante mim teus holocaustos;
não preciso dos novilhos de tua casa
nem dos carneiros que estão nos teus rebanhos.
Como ousas repetir os meus preceitos
e trazer minha aliança em tua boca?
Tu, que odiaste minhas leis e meus conselhos
e deste as costas às palavras dos meus lábios!
Diante disso que fizeste, eu calarei?
Acaso pensas que eu sou igual a ti?
É disso que te acuso e repreendo
e manifesto essas coisas aos teus olhos.
Quem me oferece um sacrifício de louvor,
este, sim, é que me honra de verdade.
A todo homem que procede retamente
eu mostrarei a salvação que vem de Deus.
Evangelho (Marcos 2,18-22)
18 Ora, os discípulos de João e os fariseus jejuavam. Por isso, foram-lhe perguntar: "Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam?"
19 Jesus respondeu-lhes: "Podem porventura jejuar os convidados das núpcias, enquanto está com eles o esposo? Enquanto têm consigo o esposo, não lhes é -possível jejuar.
20 Dias virão, porém, em que o esposo lhes será tirado, e então jejuarão.
21 "Ninguém prega retalho de pano novo em roupa velha; do contrário, o remendo arranca novo pedaço da veste usada e torna-se pior o rasgão.
22 E ninguém põe vinho novo em odres velhos; se o fizer, o vinho os arrebentará e perder-se-á juntamente com os odres mas para vinho novo, odres novos."
COMENTÁRIOS DO EVANGELHO
1. "Quando se perde o melhor da Festa..."
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
Jejum no contexto desse evangelho significa uma interiorização para aquilo que há de vir, significa guardar toda a alegria para exultar-se quando vier Aquele que o nosso coração sonha e alimenta a esperança. Na Bíblia, que conta a experiência de Vida de um Povo com seu Deus, vira e mexe se compara o Reino com um grande banquete. Para o povo simples de Israel, principalmente os mais pobres, que tinham apenas uma refeição principal ao dia, imaginar um banquete já trazia alegria no coração além de água na boca. Banquetear-se é comer "até ficar triste" como diz o povo. Pois o Reino era assim anunciado, muita comida e bebida, carnes gordas e vinhos nobres.
Não podemos interpretar literalmente o texto Bíblico que faz essa comparação, senão vamos pensar que o Deus Cristão é aquele que enche o nosso estômago. Não é isso! Deus manifestado em Jesus é aquele que sacia toda nossa fome, preenche totalmente todo nosso ser fazendo-nos realizar plenamente a ponto de não sentirmos falta de nada nesta vida quando vivemos com ele a comunhão. Não é assim que saímos de um banquete? De barriga cheia e totalmente satisfeitos... Dizem até que na cultura judaica, o convidado, em um gesto de gratidão e delicadeza deveria, ao final da refeição "arrotar" demonstrando assim a sua plena satisfação...
Pois os discípulos de Jesus já estavam comendo e se regalando em uma festança danada de boa, com a presença entre eles, do próprio Senhor, o Messias esperado por todos enquanto que os de João e os Fariseus ainda estavam á espera, fazendo jejum á espera do noivo e assim perdendo o melhor da festa... Enquanto estes vinham com o milho, os de Jesus já retornavam com o Fubá...
Por que isso acontecia? Não é porque os discípulos de Jesus eram mais espertos ou mais inteligentes, mas sim porque abriram o coração para acolher com alegria o Mestre Jesus que trazia algo de novo e inédito, que a velha religião não tinha para oferecer. Crer em Jesus de Nazaré e tornar-se discípulo exigia um desprendimento de todo pensamento antigo, da tradição religiosa do passado. E daí, os que se julgavam muito entendidos em religião, os Fariseus, não queriam abrir mão de suas convicções religiosas, era melhor ficar com o legalismo e o religiosamente correto do que correr o risco de perder a salvação.
Hoje o recado é muito válido a todos nós cristãos do segundo, a essência da verdadeira relação com Deus é o amor, a busca da justiça e da igualdade, o respeito e a valorização da vida humana, se não nos abrirmos e nos adequarmos para o método novo de evangelização e de anuncio do Reino na pós modernidade, ficando fechados em nossas velharias religiosas, com a mente e o coração trancados para os que pensam diferente, estamos pregando retalho de pano novo em roupa velha, o tecido não irá resistir.
A essência do Cristianismo é sempre a mesma, anunciamos Jesus Cristo, o mesmo de Ontem, de hoje e de sempre, mas precisamos usar os novos métodos nessa missão, senão vamos todos "mofar" em nossas igrejas, pastorais e movimentos, com nossas práticas espirituais que não levam a lugar nenhum repetindo assim o comportamento farisaico...
2. Jesus rompe com a tradicional piedade da Lei
(O comentário do Evangelho abaixo é feito por José Raimundo Oliva - e disponibilizado no Portal Paulinas)
Após ser questionado pelos fariseus por comer com os publicanos e pecadores, agora é cobrada de Jesus a observância do jejum e das orações rituais. Jesus rompe com a tradicional piedade da Lei. Além de se sentar à mesa com companhias pouco recomendáveis segundo os critérios do legalismo religioso, "comem e bebem" desprezando os jejuns rituais.
A parábola que segue é bastante sugestiva: ninguém corta uma roupa nova para tirar um remendo para colocar em uma roupa velha! Perde-se a roupa nova e a velha fica desajustada. A parábola é bem clara. Não se deve fragmentar a nova realidade revelada por Jesus para adaptá-la às expectativas da velha tradição. Também, a velha tradição, desgastada e de uma cultura ultrapassada, não suporta a novidade de Jesus.
Com sentido semelhante segue a parábola dos odres. O vinho novo, ao fermentar, arrebenta os odres velhos, e se perdem um e outro. Vinho novo em odres novos. Jesus vem para aqueles que se dispõem a renovar seus corações.
3. A MISTURA INCONVENIENTE
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).
Jesus não admitia intromissões indevidas na maneira como orientava seus discípulos. Aqui e acolá, os fariseus davam palpites e eram repreendidos. Não aceitava que se misturasse, inconvenientemente, a novidade do Reino trazida por ele com os esquemas caducos da uma religiosidade feita de exterioridades.
O fato de os seus discípulos não jejuarem deu pé para um entrevero com os fariseus. Estes não podiam entender como aqueles não jejuavam, enquanto eles faziam não só os jejuns prescritos, mas também, os jejuns voluntários, manifestando, assim, uma piedade acima de qualquer suspeita. Portanto, digna de ser imitada.
Isto não impressionava Jesus, pois ele pensava a partir de outros parâmetros. Enquanto estivesse com os discípulos, seria tempo de alegria e festa. Portanto, nada de jejuns e penitências. Só quando fossem privados da presença do Mestre, é que haveriam de jejuar, preparando-se para a sua nova vinda, tempo de alegria sem fim. Seria insensato formar um grupo de penitentes, quando não era o momento para isto.
O período de convivência com o Mestre teria uma finalidade bem diferente: preparar-se para a missão, deixar-se instruir, abrir o coração para acolher o testemunho dele. Quando Jesus tivesse partido, aí sim, teria início uma nova etapa na caminhada, na qual seria justificável jejuar. Cada coisa em seu tempo.